Monóptero de São Gonçalo

IPA.00000692
Portugal, Bragança, Mogadouro, Penas Roias
 
Nicho provavelmente construído no séc. 17 / 18, inspirado nos templetes clássicos, constituindo um exemplar de grande raridade no país, com grande rigor compositivo e construção exemplar em cantaria de granito. Apresenta planta circular e é composto por soco com vários degraus, sobre o qual assentam seis plintos paralelepipédicos com colunas salomónicas, de capitéis jónicos, sobrepostas por entablamento e remate em platibanda balaustrada, encobrindo o arranque da cobertura em cúpula que, no interior, cobria a imagem central de São Gonçalo.
Número IPA Antigo: PT010408120037
 
Registo visualizado 2117 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Religioso  Nicho    

Descrição

Planta circular composta por soco formado por quatro degraus, com toro e escócia invertidos, sobre o qual se dispõem seis plintos paralelepipédicos, com o remate das faces laterais mais largo e a face posterior menos cuidada, onde assentam seis colunas salomónicas, de 1.90m de altura, de capitéis jónicos. Nas colunas, apoia-se duplo entablamento circular, de 3.00m, com vários frisos e cornijas, mais salientes no enfiamento das colunas, sobre o qual se desenvolve platibanda em balaustrada de cantaria, com acrotérios no alinhamento das colunas, constituindo o remate superior. A balaustrada encobre o arranque de uma cúpula semi-destruída, em tijolo, com vestígios de reboco. No interior, encostados a cada plinto surgem elementos de cantaria frontalmente afeiçoados e perece terem existido bancos de cantaria. Possui pavimento de lajes tendo ao centro uma cavidade rectangular, de 0.87 x 0.58, onde estaria implantada a base da imagem de São Gonçalo.

Acessos

Penas Róias, Largo da Quinta Nova, Quinta da Nogueira

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria nº 647/2012, DR, 2.ª série, n.º 212, de 02 novembro 2012

Enquadramento

Rural, isolado, nas proximidades da Ribeira de São Gonçalo. Insere-se no Lg. da Quinta Nova, na confluência com a Quinta da Nogueira, a qual é envolvida por altos muros e conserva dois altos portais de acesso. O monóptero implanta-se adaptado ao declive do terreno, envolvido por área circular pavimentada a pedras soltas miúdas, sendo enquadrado por árvores de grande porte; na proximidade, existe uma pequena construção.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: nicho

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 (conjectural)

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 15 - A "Villa" de Mogadouro passa a ter como donatário os Távoras; 1571, 8 Junho - nas casas em que repousava Luís Álvares de Távora, do Conselho do Rei e Senhor da vila de Mogadouro, autorizou com D. Filipa de Vilhena, a construção de uma ermida na sua Quinta de Negrão Frio, no termo da vila de Penas Róias, com invocação de São Gonçalo, onde se pudesse dizer missa, pelo ermitão da ermida de Santiago do termo da vila de Mogadouro, Fernando Álvares; para se poder refazer e consertar a capela quando necessário, os senhores hipotecavam tudo o que na altura rendia a dita quinta de Negrão Frio e as outras duas terras que estavam junto da quinta, estipulando também que os ditos senhores e seus sucessores do morgado sejam sempre padroeiros da dita ermida, podendo apresentar ermitão depois do falecimento de Fernando Álvares e tirá-los quando quisessem, não podendo Fernando Álvares pôr em sua vida ali outro ermitão; Fernando Álvares aceitou a doação e comprometeu-se a fazer a capela na quinta à sua própria custa; posteriormente, um documento da História do Bispado de Miranda refere que dentro da propriedade da Casa de Távora ficou a dita igreja que se mandou arruinar ficando somente a capela-mor, que de momento serve para se recolherem os gados e em memória da devoção que os lugares vizinhos tinham ao santo, erigiu o Senhor um "capitel" sobre colunas salomónicas em que está a imagem de São Gonçalo, obra de alabastro, mas com a impossibilidade de nela se dizer missa; séc. 17 / 18 - provável construção do monóptero pelos Távoras, dedicado a São Gonçalo, possivelmente para abrigo de caçadores, onde estes oravam e agradeciam a caçada, na confluência da Quinta da Nogueira, no tempo uma reserva de caça grossa, e a Quinta Nova, mas onde era impossível dizer-se missa, conforme o documento refere; 1758 - início do inventário e sequestro dos bens da Casa de Távora na sequência do atentado contra D. José a 3 de setembro, pelo Doutor António Luís Pragana, Corregedor da Comarca de Mogadouro, e tendo por escrivão Simão Pedro de Moraes e por meirinho Custódio José Ribeiro; 1759 - conclusão do sequestro dos bens da Casa dos Távora; 1781 - em processo revisório, os Távoras são declarados inocentes; devido à reabilitação da família, a quinta da Nogueira volta à sua posse; 1797 - Columbano de Castro informa que a grande coutada que fora dos Távoras é então do Conde de São Vicente, pertencente a um dos ramos dos Távoras; posteriormente, a quinta é vendida a Teodoro Pinto Basto, que a vende depois a uma família inglesa Dagge, do Porto; 1958 - segundo Moraes Machado "até mesmo a estátua do famoso patrono, esculpida em dura e escura pedra, desapareceu em época recente..."; 1993, 21 junho - proposta de classificação de particular; 26 agosto - proposta de abertura do processo de classificação da DRPorto; 31 agosto - despacho de abertura do processo de classificação do Vice-Presidente do IPPAR; 2001, 29 junho - proposta da DRPorto para a classificação como Imóvel de Interesse Público; 2011, 18 abril - nova proposta da DRCNorte para a classificação como Monumento de Interesse Público e estabelecimento de Zona Especial de Proteção; 05 dezembro - parecer favorável à classificação do imóvel e estabelecimento de Zona Especial de Proteção da SPAA do Conselho Nacional de Cultura; 2012, 14 março - Anúncio n.º 5711/2012, DR, 2.ª série, n.º 53, do projeto de decisão relativo à classificação como Monumento de Interesse Público e fixação da respectiva Zona Especial de Protecção.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito; cobertura em cúpula de tijolo revestida superiormente a argamassa e interiormente rebocada; pavimentos e degraus em granito.

Bibliografia

ALVES, Francisco Manuel, Memórias Arqueológico - Históricas do Distrito de Bragança, vol. 10; Guia de Portugal, vol. 5, Coimbra, 1988; GUERRA, Luiz de Bivar - Inventários e sequestros das Casas de Távora e Atouguia em 1759. Lisboa: Edições do Arquivo do Tribunal de Contas, 1954; MACHADO, Casimiro de Moraes, O Culto do Beato Fr. Gonçalo de Amarante, Boletim da C. de Etnografia e História, série VII - VIII, Porto, 1958; MOURINHO, António Rodrigues, Documentos para o estudo da arquitectura religiosa na antiga diocese de Miranda do Douro - Bragança, 1545 a 1800, s.l., Tipalto - Tipografia do Planalto, Lda. 2009; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/156167 [consultado em 11 janeiro 2017].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

A imagem que dizem ter existido no centro da construção terá sido roubada e levada para uma aldeia das redondezas.

Autor e Data

Isabel Sereno 1998 / Paula Noé 2011

Actualização

 
 
 
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