Convento de Santo António / Igreja de Santo António

IPA.00006903
Portugal, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Arca e Ponte de Lima
 
Arquitectura religiosa, medieval, maneirista, barroca e rococó. Convento franciscano capucho composto por igreja e zona coventual a desenvolver-se no lado direito, com noviciado anexo à fachada posterior. Igreja de planta longitudinal composta por nave antecedida por galilé, capelas adossadas ao lado esquerdo e capela-mor mais estreita, com coberturas diferenciadas em falsas abóbadas de berço, e iluminada pelos vãos rasgados na fachada lateral e na principal. Fachadas com cunhais apilastrados, os da fachada principal com silhares almofadados, rematados por pináculos. A fachada principal remata em empena, com os vãos rasgados em eixo, seguindo a tipologia mais simples dos edifício integráveis na Província da Conceição, compondo arco abatido de acesso à galilé, com portal axial de verga recta, o janelão do coro e óculo circular, o primeiro ladeado por nichos. No lado direito, campanário de dois registos separados por friso e cornija, o inferior com janelas rectilíneas e o superior com uma sineira em arco de volta perfeita e remate em frotnão interrompido por balaústre, semelhante ao do Convento de São Pedro do Sul. Interior com coro-alto em asa de cesto, assente em pilastras, possuindo guarda de madeira ripada, com cadeiral de braços volutados e assentos amovíveis e pequeno órgão positivo de armário. No lado do Evangelho, três capelas adossadas, com estruturas retabulares de talha policroma e dourada, maneiristas, rococós e neoclássicos, surgindo, no lado oposto, púlpito quadrangular neoclássico e dois vãos de confessionários. Os vãos possuem sanefas e sanefão de talha neoclássica. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas, com acesso à Via Sacra e sacristia, com os armários dos cálices e amitos e arcaz de talha barroca joanina. O convento desenvolve-se em torno de claustro com três arcadas, surgindo, na ala da fachada principal, a portaria, surgindo na oposta aCasa do Capítulo, aparecendo na ala oposta à igreja a zona de refeição, com cozinha e refeitório, ligados por uma ministra, despensa, adega e o De Profundis, onde se situa o lavabo e as escadas de acesso ao piso superior, marcadas por um oratório. Sobre estes despendências, as celas. Convento bastante amputado e transformado em núcleo museológico, de que subsiste a igreja, relativamente bem conservada, e uma ala do primitivo convento. A fachada principal da igreja é estreita e longilínea, revelando as sucessivas alterações que foi sofrendo, nunca assumindo as características típicas da Província da Conceição, excepto no que concerne à introdução de nichos com imaginária. Da fundação tardo-medieval mantém parte da empena da capela-mor integrada na estrutura do edifício, sendo visível a cachorrada que sustinha a cobertura da mesma, bem como as cruzes de sagração do imóvel, de que resta uma na capela-mor. Possui, ao contrário dos seus congéneres, várias capelas particulares adossadas e possuía, ainda, duas no terreiro, que desapareceram para dar lugar à Igreja da Ordem Terceira, no séc. 18; destas destaca-se a dos fundadores do Convento, seccionada em duas e ostentando uma estrutura decorativa manuelina, composta por colunelos e remate em falsa platibanda, a qual se assemelha à existente na Sé de Viana do Castelo, mais precisamente na Capela de Pêro Anes de Caminha, a denominada Capela dos Camaridos, executada na década de 30 do século XVI por mestre ainda não identificado, mas que seria galego ou proveniente do estaleiro da Sé de Braga (SERRÃO, 1998, p. 75). No interior das capelas, destaca-se a decoração da Capela do Rosário, com retábulo maneirista e dois túmulos em forma de essa, armoriados e com registo epigráfico. Mantém, no interior, as grades-confessionários, feitas em meados do séc. 18, mas segundo um estilo anacrónico, o do barroco nacional, bastante semelhantes às de Santo António de Viana, actualmente implantadas na Sé de Viana. A capela-mor mantém um sarcófago medieval e, na Via Sacra, surge uma estrutura retabular joanina e várias sepulturas epigrafadas, uma delas do fundador da Capela. Na portaria, regista-se, no nicho, vários azulejos hispano-mouriscos, surgindo, na via Sacra, azulejo do tipo tapete e, na sacristia, de figura avulsa. O arcaz da sacristia é do tipo híbrido, demarcando a transição de duas tipologias, a mais antiga marcada por painéis pintados, sendo a mais recente constituída por vários nichos para introdução de relicários. Na fachada posterior, erguia-se o noviciado, o único do Partido do Minho da Real Província da Conceição, tendo bastante afluência.
Número IPA Antigo: PT011607350252
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos Capuchos (Real Província da Conceição)

Descrição

Complexo conventual composto por igreja e uma das alas do antigo convento, desenvolvido no lado direito. IGREJA de planta longitudinal composta por nave, antecedida por galilé, três capelas laterais profundas adossadas à fachada lateral esquerda, e capela-mor mais estreita e baixa, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, ou em cantaria de granito aparente, percorridas por soco de cantaria, flanqueadas por cunhais do mesmo material e rematadas em cornija e beirada ou em cachorrada e beirada simples (fachada lateral esquerda). Fachada principal virada a SO. circunscrita por cunhais almofadados, rematados por pináculos fusiformes sobre plintos paralelepipédicos, rematada em empena com cruz latina no vértice e rasgada pelo vão de acesso à galilé, em arco abatido e moldura almofadada, protegido por grades metálicas pintadas de verde. O vão está encimado por nicho em arco de volta perfeita assente em impostas salientes, rodeado de volutas e com pingente, sobre o qual surge o janelão do coro de perfil rectilíneo e com caixilharia de guilhotina, ladeado por dois nichos em arco de volta perfeita, com abóbadas de concha, molduras recortadas e remate em frontão semicircular, contendo as imagens pintadas de São Francisco e São Pedro de Alcântara; o janelão é encimado por óculo circular com moldura simples. No interior da galilé, rebocada e pintada de branco, com abóbada de berço abatido, também rebocada e pintada de branco, e pavimento em lajeado de granito, o portal axial de verga recta e moldura recortada, tendo, no lado esquerdo, vão rectilíneo com moldura recortada, de acesso ao espaço museológico dos Terceiros, que constituía a primitiva Capela do Senhor dos Passos, tendo, no lado oposto, porta de verga recta e moldura recortada de acesso à antiga portaria, actual zona de recepção do Museu. Fachada lateral esquerda marcada pelo corpo das capelas com pequena fresta e rasgada, na capela-mor por duas janelas rectilíneas em capialço. Fachada lateral direita adossada à zona conventual e fachada posterior adossada a casa de habitação. No lado esquerdo da fachada principal, ligeiramente saliente, o campanário de dois registos definidos por friso e cornija, o inferior com janela rectilínea e o superior com sineira em arco de volta perfeita, rematado em frontão interrompido por pináculo do tipo balaústre. INTERIOR rebocado e pintado de branco, com coberturas em falsas abóbadas de berço de madeira, assentes em cornijas de cantaria, e pavimentos em lajeado de granito. Os vãos possuem sanefas com friso triplo, que sustenta uma cornija e um espaldar contracurvo, vazado por óculo circular, contendo festões de flores e acantos; sobre o arco triunfal, um sanefão *2 com estrutura semelhante e decoração de festões drapeados na zona inferior, albarradas laterais e, no óculo, as armas seráficas, tudo envolvido por acantos e folhas de louro. Coro-alto em asa de cesto, assente em pilastras toscanas, com guarda em ripado de madeira, com acesso por porta de verga recta no lado da Epístola, onde surge gravada a data "1632". No espaço, cadeiral em madeira de castanho, com duas ordens de 30 cadeiras, com assentos amovíveis e braços volutados, tendo espaldar apainelado. No lado do Evangelho, armário embutido com portadas de madeira e vidro simples. No espaço, um órgão positivo de armário, No sub-coro, com tecto pintado com cartelas de enrolamentos, concheados e acantos, a central com a data "1760", surge o guarda-vento de madeira de castanho, formando almofadados e com marmoreados fingidos, ladeado por dois confessionários de madeira e por duas pias de água-benta em cantaria de granito, com taças hemisféricas. Ainda sob este espaço, dois vãos rectilíneos, correspondentes aos confessionários, que ligavam por ralo quadrangular para o espaço da portaria. No lado do Evangelho, a primeira capela é dedicada ao Senhor dos Passos *3, com as paredes pintadas de marmoreados fingidos e cobertura em falsa abóbada de berço, ornada por duplo friso, o interior vegetalista; possui retábulo de talha pintada e dourada. Sucede-se a Capela de Nossa Senhora do Rosário *4, com cobertura em falsa abóbada de madeira e pavimento axadrezado, integrando as antigas sepulturas, duas delas com inscrições. No lado do Evangelho, possui um túmulo dúplice, seiscentista, construído em calcário branco e vermelho, contendo, no remate, a coroa de visconde e as armas dos Melo e Lima, surgindo, no lado oposto, as armas da família Lima e Melo. No topo da capela, o retábulo de talha dourada. A terceira capela *5 encontra-se seccionada em duas, dedicadas ao Calvário e São Sebastião, ornada por dois arcos de volta perfeita, rendilhados, assentes em finos colunelos e mainel torso, flanqueado por pilares também torsos e rematado por platibanda fingida, surgindo, no primeiro, as armas dos Noronha, com quem vários membros da família Lima foram casados, e, no segundo, as armas dos Lima, Silva e Sotomaior; têm coberturas em falsas abóbadas de berço, rebocadas e pintadas e pavimentos em lajeado de granito, estando ligadas por arco em asa de cesto sobre pilastras e possuem estruturas retabulares de talha dourada. Estas duas últimas capelas e o espaço do presbitério, elevado por um degrau, encontra-se protegido por grades-confessionários executadas em pau-preto, com embutidos de jacarandá, formadas por grades torneadas, tendo, nos topos, confessionários fixos, rectilíneos, divididos em duas ordens de apainelados, definidas por friso emoldurado, composto por linha de folhagens estilizadas, e flanqueados por elegantes balaústres, formando duas ordens sobrepostas, com apontamentos fitomórficos. Os painéis são almofadados em ponta de diamante, o inferior marcado por uma albarrada envolvida por folhagem de acantos e camélias estilizadas, rematando o superior em friso de acantos estilizados e cornija. Junto às grades, surge, no lado do Evangelho, nicho de alfaias em cantaria de granito, rodeado por azulejo monocromo branco, com barra fitomórfica azul sobre fundo branco. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras toscanas, ladeado, no lado do Evangelho, por uma estrutura de falsos embutidos a formar acantos, sustentados por mísulas, que enquadrava a primitiva estrutura retabular *6. A capela-mor tem os vãos pintados com motivos vegetalistas, surgindo, no lado do Evangelho, vestígios das primitivas cruzes de sagração e um túmulo embutido na parede, no lado do Evangelho, posto a descoberto, nas recentes obras e pertencente a Vasco Fernandes Coutinho *7. Na parede testeira, um retábulo *8 pintado de branco e dourado, de planta convexa e um eixo definido por duas colunas coríntias, com o terço inferior marcado por festões, assentes em plintos ornados com motivos fitomórficos sinuosos, que sustentam urnas e um espaldar curvo, rematado em frontão semicircular, onde se implanta enorme resplendor dourado, tudo profusamente decorado por motivos fitomórficos; ao centro, tribuna em arco de volta perfeita com trono expositivo de cinco degraus, na base da qual surge o sacrário embutido, decorado por espigas de trigo, um símbolo Eucarístico. CONVENTO composto por uma ala rectangular, adossada ao campanário, com a fachada virada a SE. definida por três panos de dois pisos, o do lado esquerdo correspondente à antiga portaria, rasgado por janela de verga recta; o imediato, ligeiramente mais baixo, tem quatro janelas sobrepostas, todas rectilíneas, as superiores longilíneas; o terceiro, o mais elevado, possui três vãos no piso inferior, encimados por quatro janelas no superior, a do extremo esquerdo protegida por grades e as centrais de menores dimensões. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, com pavimento em lajeado de granito no piso inferior e em soalho no superior, com coberturas planas, rebocadas e pintadas de branco. A antiga portaria tem um nicho *9 rodeado por azulejos elaborados segundo a técnica de aresta, ostentando exemplares geométricos, alguns com estrelas, e outros com elementos fitomórficos. Liga a um corredor onde se situam as escadas de acesso ao segundo piso, o elevador e a porta que liga à Via Sacra. Esta ostenta revestimento em azulejo de padronagem policroma, de 6x6, constituindo o padrão P-605 (SIMÕES, p. 21), com uma estrutura retabular dedicada a Nossa Senhora da Graça, inserida em vão formado por vários almofadados geométricos, surgindo, no fecho, a data de 1678; no interior, um retábulo de talha policroma e de planta recta, com um eixo definido por quarteirões, rematado por baldaquino de feitura mais recente, com lambrequins demasiado estáticos, que não se coadunam com a qualidade da restante talha. O espaço possui várias sepulturas epigrafadas, distinguindo-se a do fundador da capela, Paulo Pereira da Mesquita *10. A sacristia tem as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejo de figura avulsa, onde abundam aves, vários animais, flora e elementos satíricos. Cobertura em apainelados geométrico, formando um quadrado, dividido numa fiada de caixotões, que centram um octógono, criado por painéis, com molduras marmoreadas e decoração de acantos pintada. O arcaz ocupa a totalidade da parede, composto por doze gavetões em pau-preto, com ferragens recortadas e vazadas, e encimado por espaldar de talha dourada e policroma Joanina, tendo, ao centro, nicho definido por quarteirões e encimado por sanefa de lambrequins, de onde pendem drapeados a abrir em boca de cena; o oratório é flanqueado por apainelados, divididos por quarteirões e por anjos atlantes, os imediatos formando quatro rectângulos, sucedendo-se dois painéis pintados, a representar, no lado esquerdo, Santo António com o Menino e, no oposto, São Francisco a adorar o Crucificado; nas ilhargas, as imagens de São Boaventura e São Luís Bispo *11. Com acesso pela sacristia, adossada à fachada posterior do templo, ergue-se a casa da tribuna, onde é visível a existência da primitiva empena posterior, em cantaria de granito aparente e com a cornija sustentada por cachorrada *12.

Acessos

Avenida dos Plátanos. WGS84: 41º45'52.96''N., 8º35'13.18''O.

Protecção

Em vias de classificação (Homologado como IIP - Imóvel de Interesse Público, Despacho de fevereiro 1974 do Secretário de Estado da Cultura *1

Enquadramento

Urbano, adossado, com implantação harmónica, na zona ribeirinha, junto ao Rio Lima. Tem acesso pela Avenida Cinco de Outubro, uma ampla alameda de plátanos, parcilmente pavimentada a terra batida, de onde evoluem as escadas de acesso ao imóvel, que se separa da mesma por uma zona ajardinada, com pequeno jardim formal disposto em socalcos. Junto ao muro de acesso, a Fonte do Terreiro, constituída por uma taça, sustentada por mísula, para onde jorra água a partir de uma bica em forma de florão; tinha um enorme tanque, ainda existente em 1975. No lado direito, surge um edifício de habitação e vários terrenos de cultivo, bem como zona ajardinada, de feitura recente, permitindo a ligação entre a Avenida Cinco de Outubro e a EN 203, que passa junto aos imóveis que surgem na fachada posterior do Convento. Na lado oposto, ergue-se, nos antigos terrenos que compunham a cerca, a Villa Moraes (v. PT011607350087). Pouco distante, surge a Igreja de Nossa Senhora da Guia (v. PT011607350029). Encontra-se adossado e articulado com a Igreja da Ordem Terceira de Ponte de Lima (v. PT011607350045), com a qual partilha um amplo terreiro, protegido, no lado direito, por um muro bastante elevado, rebocado e pintado de branco.

Descrição Complementar

Órgão positivo de armário, com a caixa pintada de azul, encimado por cornija marmoreada de vermelhos, de perfil contracurvo, contendo, no interior, um castelo e dois nichos, todos com gelosias em forma de acantos enrolados dourados, faltando-lhe várias flautas de montra; possui um teclado cromático e 10 registos, de onde se distinguem o Cheio, 15.ª, 19.ª, Flautim, Oitava Real e Pífaro. Retábulo da primeira Capela lateral de talha dourada, com planta recta e um eixo definido por duas colunas marmoreadas, com o terço inferior estriado e afestoado, com capitéis coríntios, que sustentam frisos e urnas, que flanqueiam um espaldar curvo, decorado por festões e rematado por frontão interrompido por volutas, encimado por elementos vegetalistas vazados. A segunda capela tem retábulo de talha dourada, de planta recta, com três eixos definidos por colunas com o terço inferior marcado por grotesco, superiormente espiralado e com capitéis coríntios, assentes em plintos e consolas, as quais terão resultado, talvez, de uma intervenção setecentista; sustentam entablamento com friso coroado por acantos, e uma tabela rectangular horizontal, com a pintura de Deus Pai, rodeado por aletas recortadas e enroladas, encimado por pequeno frontão semicircular, onde se reconhece a pomba do Espírito Santo. Ao centro, painel rectilíneo saliente, com moldura ovalada, que rodeia resplendor, com a imagem do orago, flanqueada por painéis pintados, sendo difícil reconhecer o que representam, por se encontrarem muito escurecidos, e mísulas com imaginária. No lado direito tem uma lápide alusiva à fundação da capela, onde se lê "CAPELLA DE DOM ALVARO DE MELLO E SEVS HERDEIROS A QVAL REEDIFICOV SEV NETO DOM FRANCISCO DE LIMA COMO SENHOR. E PADROEIRO DELLA", surgindo, no lado oposto, as armas da família Lima e Melo, terciadas em pala, com o primeiro "(…) de ouro com quatro palas de vermelho (Limas); 2, cortado: o primeiro de prata, com um leão de púrpura, armado e lampassado de vermelho (Silva); o segundo de prata, com três faixas xadrezadas, de vermelho e de ouro, de três tiras (Sotomaior)", com o terceiro ostentando as seis besantes de prata dos Melo (Armorial Lusitano, pp. 306 e 355). Nos túmulos, as inscrições: "SEPVLTVRA DE FRANCISCO DE SOVZA DE CASTRO GOVERNADOR E CAPPITAM GERAL QUE FOY DAS FORTALEZAS E CIDADES DE MALACA E DAMÃO E DE SVA MVLHER DONA ESPERANSA DE NORONHA E DE SEVS FILHOS FRADIQVE LOPES DE SOVZA E DONNA MESSIA DE VILHENA E OS OSSOS DE TODOS MANDOV TRESLADAR DA INDIA PARA ESTA CAPELLA SEV GENRO DOM FRANCISCO DE LIMA"; no superior, a seguinte: "SEPVLTVRA DE DONNA JSABEL DE SOVZA DE CASTRO E DE DONNA ESPERANSA DE NORONHA MOLHER QUE FOI DE DOM FRANCISCO DE LIMA O QVAL LHE TRESLADOV SEVS OSSOS DA INDIA PARA ESTE LVGAR". Sobre estes, surgem as armas, terciadas em pala, tendo a primeira e a segunda cortadas com as armas dos Sousa, "(…) o primeiro e o quarto de prata, com cinco escudetes de azul, postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes do primeiro esmalte, postos em sautor; o segundo e o terceiro de prata, com um leão de púrpura", com a terceira apresentando seis besantes de prata dos Melo (Armorial Lusitano, pp. 355 e 511). A pedra de armas da Capela de São Sebastião apresenta-se terciada em pala, a primeira "(…) de ouro com quatro palas de vermelho (Limas); 2, cortado: o primeiro de prata, com um leão de púrpura, armado e lampassado de vermelho (Silva); o segundo de prata, com três faixas xadrezadas, de vermelho e de ouro, de três tiras (Sotomaior); 3, cortado de Sotomaior e de Silva". A dos Noronha é esquartelada "(…) o primeiro e o quarto de prata, com cinco escudetes de azul em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes (…) o segundo e o terceiro, com um castelo de ouro, aberto, iluminado e lavrado de azul, mantelado de prata com dois leões afrontados de púrpura, armados e lampassados de vermelho (…)" (Armorial Lusitano, pp. 306 e 397). A Capela do Calvário tem estrutura retabular de três eixos, o central de maiores dimensões, com tribuna contracurva, rematada por pequeno espaldar com apainelados, cartelas com encanastrados, com o fecho ostentando as cinco chagas de Cristo, rematando em cornija contracurva, de inspiração borromínica; o fundo encontra-se pintado por pequenas flores, contendo o actual orago e vestígios das duas mísulas. Lateralmente, dois nichos protegidos por baldaquinos de lambrequins, sob as quais, surgem as portas de acesso à tribuna e a um espaço que fica atrás da mesma, constituindo uma primitiva sacristia. A Capela de São Sebastião possui um pavimento em cantaria axadrezada, onde se acha uma sepultura com a inscrição "AQUI JAZ ANTONIO DOS SANTOS CRUZ NASCEU EM 24 DE JULHO DE 1850 E FALECEU A 14 DE MARÇO DE 1871 EM TESTEMUNHO DE GRATIDÃO E ETERNA SAUDADE LHE DEDICÃO SEUS PAIS ESTA MEMORIA". No topo, um retábulo de talha policroma, com marmoreados fingidos e dourados, com planta recta e três eixos definidos por quatro pilastras largas, ornadas por concheados e acantos. Ao centro, um pequeno nicho de volta perfeita, com o orago, na base do qual surge, embutido, o sacrário, rodeado por rocalhas e com a porta ornada por uma cruz latina; nos eixos laterais, mísulas bojudas, encimadas por concheado, à guiza de baldaquino. A estrutura remata em frontão semicircular, acompanhando o perfil da cobertura, decorado com motivos concheados e acantos dourados. Na Via Sacra, surgem várias sepulturas, como a do Fundador com a inscrição "SEPVLTVRA DE PAVLO PEREIRA DA MESQVITA & HERDEIROS INSTITVIDOR DESTA CAPELLA COM FABRICA PERPETVA ANNO 1678". Aparecem, ainda, junto à porta que liga à capela-mor, a sepultura de Maria Álvares Varejão, com a lápide inscrita: "SEPULTURA DE MARIA ALVARES VAREJÃO ERA DE 1608".

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: municipal / Privada: Ordem Terceira

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 15 / 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIRO: António Pereira (1752); Jerónimo Pereira (1752); João da Cunha (1795); Jorge Grande (1780); Manuel de Oliveira (1745-1747); ENSAMBLADOR: António do Salvador (1753-1754). ENTALHADOR: Frei Jorge dos Reis (1620); Manuel José Rodrigues (1819-1820; 1831-1832). ESCULTOR: Mestre Custódio (1771). FERREIRO: Mestre Tomé (1796-1797). MESTRE DE OBRAS: Martim Anes (1481-1499). PEDREIROS: Gaspar Pires Machado (1604); Mestre Caldas (1780); Mestre Carvalhal (1780); Mestre Luís (1752-1766). PINTOR: Frei Santa Rita (1809); Mestre Silvestre (1829-1839). PINTOR de AZULEJO: Manuel Borges (atr., séc. 18).

Cronologia

1481, 19 Julho - Bula de Sisto IV aprovando a fundação do Convento; 1483, 1 Fevereiro - doação do Convento pelos fundadores, D. Leonel de Lima e D. Filipa da Cunha, aos Observantes; 1485, 20 Novembro - benção da igreja por D. Gil, bispo auxiliar de Braga *13, executada pelo mestre biscainho Martim Anes; 1494, 14 Abril - D. Leonel, já viúvo, doa umas propriedades para formar a cerca, mandando-a murar; 1495, 13 Abril - morte de D. Leonel, sepultado com a esposa na Capela de Nossa Senhora da Piedade; 1495, final - execução do claustro pelo sucessor de D. Leonel, D. João de Lima, talvez pelo mestre Martim Anes; 1497 - colocação de uma Nossa Senhora do Parto no retábulo-mor; séc. 16 - fundação da capela de Nossa Senhora do Rosário, fundada por D. Álvaro de Melo, dedicada a Nossa Senhora da Humildade; 1520 - fundação da Capela da Senhora da Graça, no terreiro, por um notário da vila; 1537, 5 Junho - fundação da Capela do Espírito Santo por Aires Pinto e a mulher, Leonel Filgueira, à qual vinculavam todos os seus bens; feitura de um arco gótico de acesso à mesma; 1545, 13 Maio - falecimento de Aires Pinto, deixando a esposa mais $100 para missa no dia dos Fiéis de Deus; 1549, 24 Janeiro - testamento de D. Joana de Melo, desejando ser sepultada na Capela do Rosário, junto ao marido João Gomes de Abreu; 1568 - o convento integra a Província Capucha de Santo António; instituição de um noviciado; 1593, 26 Abril - testamento de D. Inácia Pereira Pacheco, que desejava ser sepultada na Capela do Rosário; 24 Agosto - início da reforma da área conventual, por ordem de Frei Diogo de Santiago, consistindo na feitura de duas alas de dormitório, o refeitório e cozinha, pelo valor de 252$462; séc. 16, final - doação à comunidade da Fonte da Vacariça, com a condição da construção de uma fonte para a população; séc. 17 - feitura dos retábulos colaterais; doação de um cálice de prata por João Baptista Cerqueira; 1601 - sepultura de António de Caldas de Lima na Capela do Rosário; 1602 - a Fonte da Vacariça foi integrada no interior da cerca, passando a denominar-se de São Francisco; 1604 - conclusão do muro da cerca, feito por Gaspar Pires Machado, por 73$080; 1608 - sepultura na Via Sacra de Maria Álvares Varejão; 1609, 11 Agosto - sepultura de António de Abreu de Lima na Capela do Rosário; 1610 - sepultura da esposa do interior, D. Ana de Magalhães, no mesmo local; 1614 - feitura dos retábulos colaterais e mor, com madeira doada pelo padroeiro D. Lourenço de Lima; feitura da imagem de Santo António, por ordem de frei Francisco Baptista, em Lisboa, por 13$600, doados por Isabel Gonçalves, da Ordem Terceira de São Francisco; transferência da imagem de Nossa Senhora da Graça para a sacristia; 1619 - ampliação do arco triunfal, por ordem do guardião Frei António de Penalva; douramento dos retábulos colaterais e mor; 1620 - feitura da imagem de Nossa Senhora da Conceição para colocar no nicho sobre o portal, por ordem de Frei António de Penalva, atribuída a Frei Jorge dos Reis; 1624 - instalação da Ordem Terceira de São Francisco; 1630-1632 - ampliação das paredes e abertura de 3 frestas na nave; 1636, 1 Fevereiro - feitura do cruzeiro da cerca por Frei Melchior dos Reis; 1637 - morte de D. Lourenço de Lima Brito, padroeiro do convento, o qual deixou 30 arratéis de velas e um quarto de vinho branco anuais, dando, para a alimentação semanal dos frades, 1 alqueire de trigo, 3 de azeite e 2$880; 10 Dezembro - o seu filho, D. Luís de Lima Brito e Nogueira, confirmou as doações e acrescentou 31$800 anuais sobre o real de Vila Nova de Cerveira; 1639 - ordem de Frei Duarte de Santa Clara para destruir a torre sineira e fazer um campanário na fachada principal; feitura da cela do sacristão; transferência do noviciado da fachada principal para um corpo construído na fachada posterior; 1641, 27 Fevereiro - sepultura de D. Antónia de Barros de Magalhães na Capela do Rosário; 1647, 18 Julho - D. João IV doa 26 cântaros de azeite; 1653, 15 Setembro - sepultura de Pedro Gomes de Abreu na Capela do Rosário; 1654, 1 Julho - abertura de um poço na horta; 25 Dezembro - falecimento de D. Joana de Vasconcelos e Meneses, sepultada na capela-mor; 1656 - feitura da varanda da enfermaria, por ordem de frei Bernardino de São Pedro; 1658, 13 Novembro - sepultura de João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa, conde de Castelo Melhor, na capela-mor; 25 Dezembro - sepultura de D. Manuel de Melo na capela-mor; 1659 - sepultura de Manuel Pita da Rocha e da mulher Maria Lopes Cerqueira na Via Sacra, em troca de bens perpétuos; 1662 - ampliação do refeitório, à custa da dimensão do De Profundis, por ordem de Frei João do Espírito Santo; 1665 - feitura da varanda da enfermaria, por ordem de Frei Bernardino de São Pedro; 1668, 5 Setembro - sepultura na Via Sacra do padre João Baptista Cerqueira, que deixou 5$000 para a botica e várias peças de roupa; 1670, 16 Agosto - doação da Capela da Via Sacra a Paulo Pereira da Mesquita e Barbosa, concedendo-lhe duas sepulturas no local, uma delas ocupada pela esposa, Ana Pereira, em Maio de 1668; para tal, deixava 10$000 anuais e todos os seus bens; instalação da Ordem Terceira na Capela de Nossa Senhora da Misericórdia *14, no terreiro; 4 Setembro - foi assente o retábulo de Nossa Senhora do Rosário, doado por João Gomes Abreu e Pêro de Araújo de Lima, netos do fundador; 1671 - feitura de nicho em pedra na parede do claustro, onde se colocou uma imagem de Nossa Senhora da Conceição; 1672, 18 Fevereiro - D. Francisco de Lima, comendador da Ordem de Cristo e Cavaleiro da Casa Real, vinculou a capela, doando 850$000 a juro no almoxarifado de Santarém, 400$000 na Câmara de Lisboa e 401$195 em Salvaterra de Magos, deixando a Quinta de Beirotas, nos Olivais, a do alcaide-mor de Sintra, no Campo Grande, quinta com moinhos, no Seixal, casas no Bairro Alto, tudo administrado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa; os restantes herdeiros da Capela (Pêro de Araújo de Lima, Francisco de Lima, Leonel de Abreu, João de Melo e João Gomes de Abreu) protestaram; 12 Maio - elaboração do estatuto do Noviciado, revelando que o Convento tinha 18 frades e vários leigos, sendo de grandes dimensões; 1673 - construção de um alpendre na Capela da Graça, sustentado por 4 colunas; 1677, 14 Julho - envio de relíquias para o Convento por D. Francisco de Lima; 1684 - D. Francisco de Lima foi sepultado na Capela do Rosário; 1687 - a Capela do Espírito Santo era de Jácome Soares; séc. 18 - a igreja possuía 68 sepulturas e o claustro 73; a Capela do Espírito Santo possuía uma pintura do Pentecostes; colocação de uma Nossa Senhora das Dores, de quatro palmos de altura, no retábulo colateral do Evangelho, mandada executar por frei Paulo de São Bento; pintura dos azulejos da sacristia, atribuíveis a Manuel Borges; 1704 - reforma do convento, tendo a Câmara local contribuído com 600$000; colocação do De Profundis paralelo ao refeitório e cozinha, permitindo aumentar os respectivos espaços, por ordem de Frei João da Visitação; execução do jardim formal no terreiro, por ordem de Frei João da Visitação; 1705, 28 Janeiro - falecimento de Paulo Barbosa, que se havia retirado para umas casas junto ao convento, sepultado na Via Sacra, passando a administradora da Capela a Misericórdia de Ponte de Lima; 24 Abril - nascimento da Real Província da Conceição, por Breve de Clemente XI; 6 Setembro - inauguração da cozinha, após a obra de ampliação; 1708 - a Capela da Senhora da Graça do terreiro foi desactivada por ordem de Frei António do Sacramento, que colocou no local a Capela do Senhor dos Passos; frei António do Sacramento manda demolir a abóbada da capela e cobri-la de madeira; 1722 - cisão da Capela de Nossa Senhora da Piedade em duas, por ordem do guardião frei Marcos da Conceição, tendo-se removido o retábulo primitivo, para permitir a introdução da Capela do Santíssimo e uma sacristia; pintura da abóbada de madeira da capela-mor, com uma Senhora da Conceição ao centro; 1723 - demolição da Capela da Misericórdia do terreiro para a construção da nova Igreja da Ordem Terceira; construção de um novo refeitório; 1728, 8 Agosto - a Capela do Rosário tinha o rendimento anual de 42$664, que eram despendidos com azeite, cera e 8 capelães para a celebração das missas; 1732, 21 Janeiro - sepultura de António de Abreu de Lima, na Capela do Rosário; 1736 - sepultura de D. Antónia Joana da Gama e Andrade na Capela do Rosário; 1743 - frei Paulo de São Bento mandou colocar no retábulo colateral da Epístola as imagens de Santa Ana e Santa Quitéria; pintura do tecto da sacristia; feitura das imagens da Sagrada Família; 1744 - demolição da Capela do Senhor dos Passos, utilizada como portaria, para construção da nova portaria e campanário, com reforma da fachada principal da igreja; transporte da imagem de Nossa Senhora da Graça para uma capela existente na zona mais alta da cerca; feitura das imagens em terracota da fachada principal; apeamento da imagem de Santo António; 1746 - execução de um novo retábulo e imaginária para a capela da Via Sacra; feitura do armário e arcaz da sacristia por frei António do Salvador; 1747 - ampliação da fachada principal em altura; conclusão da obra do coro-alto; contrato com o carpinteiro Manuel de Oliveira para a execução da cobertura da nave, em madeira, semelhante à que fizera sobre o coro, dando o síndico a madeira e 150$000; plantação de carvalhos na mata por galegos, por 1$140; elaboração de uma cruz e uma grade para o frontal da capela da Via Sacra; 1749 - feitura da cantareira da cozinha; 1749-1750 - acrescento das paredes e frestas da igreja, por 70$826, obrigando à execução de nova cobertura, de madeira proveniente de Albergaria, que importou em 170$401; execução, pintura e colocação da vidraça do nicho da parede do "De Profundis", por 2$975; 1750 - feitura das escadas de acesso à portaria por 4$800; execução do cadeiral com 40 lugares, por ordem de Frei Simão da Assunção; 1750-1751 - feitura do coro-alto; 1751 - reforma do dormitório, com demolição das paredes e as celas foram refeitas; execução das instalações sanitárias, importando a obra em 138$010; execução da guarda do coro-alto e respectiva maquineta, por ordem de Frei Simão da Assunção; feitura do armário e estante do coro-alto; 1751-1752 - feitura do muro da horta e respectiva porta, por 1$880; 1752 - demolição de dois plátanos do terreiro, para a construção da Igreja da Ordem Terceira e deslocação da Fonte do Terreiro para o paredão do adro; construção de um noviciado pelo pedreiro Luís e os carpinteiros António e Jerónimo Pereira, por 388$114; 1753 - execução da pia de pedra da cozinha, por 2$400; 1753-1754 - construção das grades-confessionários pelo frade leigo natural de Vila Real, frei António do Salvador, por 73$963; 1755 - feitura do alpendre da Capela da Senhora da Graça da cerca; 1755-1759 - reforma profunda do imóvel, com lajeamento da ala principal do claustro e as colunas do lado da hospedaria, por 100$960; 1756-1757 - feitura da porta carral, por 10$265; 1757 - sepultura de António José de Abreu de Lima na Capela do Rosário; 1759 - ampliação em altura dos muros da cerca; 1760 - sepultura de Doroteia de Sá de Meneses e Silva na Capela do Espírito Santo; pintura do tecto do sub-coro; feitura do púlpito, dourado por 8$000; remoção da imagem da Senhora do Parto do retábulo-mor para a sacristia; descrição do Convento na Crónica da Província *15; 1763 - sepultura na Capela do Espírito Santo de António Soeiro, irmão da administradora, D. Quitéria; lajeamento da portaria por 17$000; 1765 - feitura da cerca dos pomares, por 13$235, e poda das laranjeiras; 1766 - assentamento do lavabo do refeitório pelo pedreiro Luís, por 2$300; 1767-1768 - foi executado um resplendor para a imagem de Nossa Senhora da Piedade, que importou em $945; 1770 - lajeado o adro da igreja, importando em 3$750; 1770-1775 - feitura do que faltava na varanda do claustro, com cobertura e pavimento em madeira, por 70$430; 1771 - limpeza e pintura das imagens da fachada pelo escultor Custódio, por 2$700; início da construção do novo noviciado em espaço separado; 1772 - o antigo retábulo maneirista da Capela de Nossa Senhora das Dores do Convento de Santo António de Viana foi colocado na Capela de São Sebastião; feitura de um novo resplendor para a Senhora da Piedade, por $945 e de uma espada para Nossa Senhora das Dores, por 1$200; 1774-1775 - feitura da estante capitular, por 1$355; 1776 - mudança dos túmulos da Capela do Rosário do lado da Epístola para o Evangelho por ordem do guardião frei Francisco da Conceição; 1776-1777 - construção do relógio; 1778-1779 - pintura do adro por 2$745; 1778-1780 - feitura de um muro em torno do noviciado por 27$840; 1783 - pintura e douramento da imagem da Senhora das Dores do nicho da escada; 1790-1793 - execução do órgão; 1796-1797 - colocação de uma grade na barbearia, feita por Mestre Tomé, por 32$640; 1780 - execução do supedâneo da capela-mor por Jorge Grande, com pedra proveniente de Santa Marinha, por 10$500; um desenho, mostra-nos o convento demolido, com 7 celas viradas à fachada principal; construção da casa da Aula por 64$380, tendo o convento integrado a rede nacional de educação; 1783 - douramento do retábulo da Capela da Varanda e de quatro custódias de madeira dourada para as relíquias, por 70$290; 1785-1786 - feitura do sino do relógio por 17$800; 1788 - colocação de um retábulo pintado e dourado no noviciado, por 70$000; séc. 18, final - pintura das modinaturas da igreja; 1799-1800 - construção da tulha por 7$945; 1801-1803 - pintura do guarda-vento com marmoreados fingidos por 68$580; 1801-1803 - revestimento do refeitório com azulejo, cuja colocação importou em 22$720; 1813 - execução da casa do forno e respectivo forno, por 15$780; 1819-1820 - feitura de 23 janelas na zona conventual, por 40$560; feitura do retábulo-mor por Manuel José Rodrigues, que executou, ainda, 38 castiçais para o trono e tocheiros de madeira para a banqueta; pintura da estrutura por 23$090; 1820-1821 - feitura do muro da vinha e respectiva porta por 2$960; 1821-1822 - edificação da casa do alambique por 14$755; 1822-1824 - feitura do supedâneo em cantaria e madeira, por 128$270; 1826 - derrocada do muro da mata, que sofreu um arranjo por 13$680; 1829-1839 - pintura da pia de água benta do coro-alto, pelo Mestre Silvestre; séc. 19, década de 30 - feitura das sanefas e sanefão por Manuel José Rodrigues; provável execução do retábulo da primeira capela lateral pelo mesmo entalhador; substituição das estruturas retabulares; 1831-1832 - feitura do púlpito por Manuel José Rodrigues, pela quantia de 16$580, incluindo o douramento; 1833 - era cumprido o legado de Gastão Coutinho, padroeiro da Capela do Capítulo, dedicada a Cristo; colocação de grades pintadas no noviciado por 1$400; 1834 - aquisição de um relógio para a sala da Aula, por 3$200; extinção das Ordens Religiosas e o convento foi avaliado em 6:390$000 e todas as terras e terreiros em 1:170$000; a imagem de Nossa Senhora da Graça transitou para a Capela do Rosário e, mais tarde, para a fachada posterior da Matriz; 4 Junho - inventário dos bens do mosteiro *16; 9 Junho - arrendamento da Quinta da Cerca, hospedaria e casa dos moços; arrematação da vinha existente nas adegas de cima e de baixo, milho e centeio; 1836, 5 Março - pedido do edifício para tribunal; pedido do noviciado pela Irmandade de Santo António, para construção de um cemitério; 30 Setembro - remoção da livraria e parte do recheio; 3 Outubro - a Paróquia solicita a doação do imóvel; cedência do mesmo à Ordem Terceira de São Francisco; 1855, 23 Abril - arrematado em hasta pública por António Manuel Gonçalves por 1:031$000, que o demoliu e vendeu os materiais; 1878 - implantação do cemitério municipal na cerca e venda da mata a José Joaquim Lopes por 1:170$000; venda de terrenos para a construção da Villa Moraes; 1892 - restauro da igreja por subscrição pública; 1908, 20 Setembro - a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário da Matriz pede para se instalar na Capela do Rosário, procedendo a várias obras no espaço; 1909 - colocação da imagem do Senhor dos Passos na primeira capela lateral; 1978 - criação do Museu dos Terceiros no mesmo Convento; 2002 - assinatura de protocolo entre o Instituto Limiano - Museu dos Terceiros e a Câmara Municipal de Ponte de Lima, para "o restauro e gestão conjunta do espaço"; sequencialmente, procedem-se a obras de remodelação do imóvel, integrando-o num projecto museológico; 2008 - reabertura do museu ao público; 2021, 05 abril - Despacho n.º 3533/2021 relativo à credenciação do Museu dos Terceiros e consequente integração na Rede Portuguesa de Museus, em DR, 2.ª série, n.º 65.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria e alvenaria de granito, aparente ou rebocado e pintado; pilastras, cunhais, cruzes, pináculos, muros, pavimentos, nichos, pias de água-benta, colunas, cornijas, cachorros, bacia do púlpito, modinaturas, cachorros em cantaria de granito aparente; retábulos, coberturas, guardas, arcaz, armários de madeira de carvalho, castanho, pau-preto ou pau-santo; silhares de azulejo tradicional; janelas com vidros simples; grades em ferro; coberturas em telha.

Bibliografia

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Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

DGARQ/TT: AHMF, Conventos extintos, Convento de Santo António de Ponte de Lima, cx. 2244, ADVC: Cartórios Notariais, Livro de Notas do Tabelião de Ponte de Lima, Baltazar Correia de Sá, 3.º ofício, 4.21.4.31., fl. 41-43; ADB: Monástico-conventuais, OFM, Província da Conceição, Convento de Santo António de Ponte de Lima, Livro da Fábrica das Capelas, 1725-1834, F18, Livro das Ordinárias e Legados, 1725-1832, F19, Livro das Sepulturas, 2 vols., 1753-1832, F20 e F21, Livro de Contas, 3 vols., F15 a F17, Ordem Terceira - Inventário da Fábrica, F22; AHMPL: Livros de Receitas e Despesas da Irmandade do Rosário de Ponte de Lima, 1909-1911, CSR 14, Ordem Terceira de São Francisco de Ponte de Lima, "Inventario geral de todos os Moveis, alfaias e mais haveres da Irmandade de Santo Antonio dos Frades", 1909 ISAF 12, Ordem Terceira de São Francisco de Ponte de Lima, "Livros de Actas da Ordem Terceira de São Francisco de Ponte de Lima", ISAF 4, Ordem Terceira de São Francisco de Ponte de Lima, "Livros de Receitas e Despesas da Ordem Terceira de São Francisco de Ponte de Lima", 1924-1952, 3 vols., ISAF 6 a 9

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1593 - reboco da igreja e claustro; 1632 - reforma da Capela do Rosário; 1635 - reforma da Capela de Nossa Senhora da Graça; 1673 - reforma do coro-alto; 1699 - reforma do sino grande por ordem de frei João da Visitação que importou em 70$000; séc. 18 - reforma da Capela de Nossa Senhora da Graça, com a feitura do forro em madeira de castanho e pintura e douragem do altar; 1704 - ampliação do dormitório da horta, com o aparecimento de mais 5 celas; 1723 - arranjo do dormitório do Coro, virado à fachada principal; 1743 - reforma dos retábulos colaterais por ordem de frei Paulo de São Bento; 1747 / 1748 - conservação nos muros da cerca por pedreiros e rebocadores, por 2$750; 1749 - reforma da hospedaria, caiada e retelhada com a telha reaproveitada da igreja; reforma das capelas da cerca, com pintura e colocação de novos telhados; feitura das cortinas para a janela da sacristia da Capela da Senhora da Mata, por 5$285; 1749 / 1750 - conserto dos taburnos da nave por $980; restauro dos confessionários por $980; 1750 - restauro da talha e douramento do retábulo do Calvário com a compra de um livro de ouro por 3$025; obras de restauro do retábulo-mor; 1752 - colocação de um novo forno na cozinha, por $160; 1753 - colocação de uma pia de pedra na cozinha, por 2$400; arranjo dos muros da mata por $200; 1755 - caiação da portaria por 5$050; 1756 / 1757 - arranjo do retábulo da Via Sacra por 12$640; 1759 - pintura do retábulo-mor; pintura dos caixilhos das janelas da portaria por 2$400; pintura dos caixilhos da janelas da sacristia da Capela de Nossa Senhora da Mata, por 2$400; 1765 - conserto de carpintaria e cantaria no dormitório, por 42$260; 1766 - reforma do forro do refeitório pelo pedreiro Luís; 1765 / 1766 - arranjo dos telhados da enfermaria por 81$270; 1766 / 1767 - ampliação das escadas regrais, por 92$362; 1767 / 1768 - pintura e feitura do altar da Capela do Calvário por 36$780; 1770 - arranjo das escadas da enfermaria, por 1$150; 1773 - arranjo de duas celas por $100; 1774 - pintura do retábulo-mor, que importou em 18$510; 1774 / 1775 - restauro da Fonte do Terreiro por $995; reforma da porta carral; 1775 - pintura do retábulo de Nossa Senhora do Rosário, por 15$600, altura em que terá sofrido uma reforma nas colunas; 1776 / 1777 - arranjo de uma cela, por $710; 1778 - restauro da moldura do quadro da sacristia por 2$800; 1780 - reforma de todas as janelas e caixilharias do convento e colocação de grades pelos pedreiros Carvalhal e Caldas, importando em 401$205; 1786 - conserto da janela que iluminava a Escada das Matinas, por 3$415; 1787 / 1788 - arranjo da pia de pedra da cozinha e lajeado da chaminé, por 11$000; 1788 - conserto dos taburnos da nave por 24$000; restauro do dourado da Capela do Calvário por 14$200; 1794 - feitura de uma janela na enfermaria, por 1$615; 1795 - reforma da enfermaria pelo carpinteiro João da Cunha, por 65$365; 1800 - reforma e pintura da cozinha, por 11$900; 1806 - conserto do alpendre da sacristia da Capela de Nossa Senhora da Mata; reforma das capelas da cerca por 32$880; 1807 - arranjo do sino principal por $900; 1808 - restauro das grades-confessionários; 1808 / 1809 - conserto do órgão por 8$000; 1809 - colocação de vidraças nas janelas do dormitório por 19$200; 1810 - arranjo da janela do De Profundis por 8$810; construção de uma clarabóia para iluminação da Capela da Varanda, dedicada à Santíssima Trindade; 1812 - refeito o muro do pomar e colocação de uma cancela por 18$400; 1816 - conserto do relógio por 25$000; 1817 / 1818 - conserto do forro da igreja por 15$930; conserto do órgão por 4$800; 1819 - restauro dos taburnos, com colocação de novas molduras em pedra, por 55$145; 1819 / 1820 - restauro do forro da igreja por 2$040; restauro do muro da horta por 7$780; restauro do relógio por 1$320; 1820 - colocação de uma nova porta no De Profundis, com as respectivas dobradiças e chumbadouros, por 4$105; feitura de 8 celas e uma janela, por 126$755; 1820 / 1821 - arranjo do Senhor do Calvário da maquineta do coro por $440; 1821 / 1822 - pintura e douramento da Capela do Calvário por 18$915; 1822 - conserto do telhado por 6$880; restauro do arco da Capela do Rosário por $060; tratamento e pintura das madeiras das varandas do claustro por 57$770; pintura do nicho da portaria por 6$210; 1824 - reforma das frestas da adega por 4$175; 1825 - conserto das varandas do claustro por 7$620; arranjo do forno, por 4$130; arranjo total da casa dos moços por 70$110; 1826 - execução da banqueta do altar do Calvário por 34$000; feitura da porta da adega, por 5$480; 1827 - pavimento da última quadra do claustro, em madeira, por 11$000; 1828 / 1829 - restauro da moldura do quadro da sacristia por 1$920; reforma da pedraria do lavabo da sacristia por 5$800; 1829 / 1830 - reforma dos marmoreados fingidos da porta do coro-alto, pelo Mestre Silvestre; 1830 - reforma profunda do sino principal por 53$700; 1831 - arranjo do forno, por 2$190; reforma das portas do galinheiro, em madeira de castanho, por 16$535; desmontagem do órgão e afinamento, por 5$000; 1832 - pintura de 2 celas pelo irmão Santa Rita, por $670; 1833 - forro e caiação das varandas do claustro por 48$898; colocação de pavimento em madeira na enfermaria, por 1$615; 1834 - conserto do muro da mata por 3$050; arranjo do sino grande e reforço da estrutura do campanário com gatos, por 3$785; CONFRARIA NOSSA SENHORA ROSÁRIO: séc. 19 / 20 - reforma do pavimento da Capela do Rosário, tendo sido colocado um xadrez; ORDEM TERCEIRA: séc. 19 / 20 - reforma do pavimento das Capelas do Fundador.

Observações

*1 - DOF: Igreja de São Francisco e Igreja de Santo António dos Capuchos com remanescentes do Convento, incluindo o Claustro. *2 - a colocação do sanefão obrigou ao apeamento do Calvário que existia sobre o arco triunfal. *3 - esta capela foi dedicada, primitivamente, ao Espírito Santo; *4 - foi dedicada, praticamente desde a sua existência, a Nossa Senhora do Rosário, apesar de ser referido, inicialmente, no local, o patrono São Sebastião e, primitivamente, Nossa Senhora da Humildade; no pavimento, existiam as sepulturas de D. Inácia Pereira: "SEPVLTVRA DE D. IGNACIA PEREIRA [Pacheco], MVLHER DE DIOGO GOMES DE ABREU FIDALGO DA CASA DE ELREI, ERA DE 1593" e a de António Caldas de Lima, com o epitáfio "SEPVLTVRA DE ANTONIO CALDAS DE LIMA E SEOS HERDEIROS 1601", com uma pedra de armas esquartelada dos Lima, Melo, Abreu e Taborda. *5 - a Capela era dedicada a Nossa Senhora da Piedade, conhecida como a Capela do Padroeiro, D. Leonel de Lima, onde este se fez sepultar com a esposa, sendo, inicialmente, denominada como Capela do Pranto; para o local, o Visconde fundador, D. Leonel de Lima doou uma imagem de Nossa Senhora do Pranto, colocada numa estrutura retabular, situada no lado direito, orientando a capela com o mesmo sentido da igreja; no pavimento, surgia uma sepultura armoriada de Rui David, com a inscrição "RVI DAVID 1600" e um brasão encimado pela expressão "FLOREBIT IN TEMPORE SVO". *6 - eram de talha dourada, dispostos em ângulo, com planta recta e um eixo definido por duas colunas, com o terço inferior marcado, que sustentavam entablamento e uma tabela rectangular vertical, flanqueada por quarteirões e sobrepujada por frontão semicircular, com enormes resplendores; ao centro, nicho em arco de volta perfeita com as imagens do orago; no lado do Evangelho, a imagem de Santo António com o Menino na mão direita, havendo, ainda, um conjunto escultórico composto por Nossa Senhora, São José e um Menino, constituindo uma Sagrada Família, estofada; contudo, em 1901, já se tinha verificado uma alteração na imaginária da estrutura, surgindo o Santo António, ladeado por Nossa Senhora da Saúde com resplendor de folha e por um São José com o Menino; sobre a banqueta, um Crucifixo, quatro castiçais prateados e quatro jarras; o de Nossa Senhora da Conceição tinha a imagem do orago, ladeada pela de Santa Ana e Santa Quitéria; em 1901, surgiam as de Santa Ana e São Joaquim, existindo, sobre a banqueta, um Crucificado, quatro tocheiros dourados, quatro jarras e um resplendor com dois corações. *7 - sobre o túmulo surgiam as armas esquarteladas do defunto, uma com as armas dos Lima e dos Cunha e outro com as quinas de Portugal e cinco estrelas (JOSÉ, vol. II, p. 31), surgindo, no friso, o seguinte epitáfio "AQVI JAZ VASCO FERNANDES COUTINHO CAVALLEIRO DO CONSELHO D'EL-REY FOI MORTO NO COMBATE DE SETTE EGREJAS QUE D. AFFONSO V TOMOV" (SOLEDADE, p. 190). *8 - A tribuna era fechada por uma tela pintada a representar Santo António, que surgia no centro da composição, em glória, com o Menino no regaço; D. Leonel de Lima doou a este retábulo, uma relíquia de um espinho da Coroa de Cristo, "(...) dentro de uma cana cristalina, engastada no meio de uma custodia de prata sobredourada." (JOSÉ, vol. II, p. 21), e que teria "(...) no seu comprimento quasi a largura de tres dedos, e entende-se que he de junco marinho. No pé tira muyto de pardo para branco com h?as pintas mais escuras" (SOLEDADE, p. 191); mais tarde, a relíquia foi mudada para o sacrário do altar da Conceição, o colateral da Epístola, colocada junto à relíquia do Santo Lenho; a primitiva estrutura possuía uma tribuna com trono, fechado por um quadro com a "(...) representação da Concessão da Indulgencia da Porciuncula por Christo Senhor nosso ao Serafico Patriarca de pintura admiravel, ladeado pelas imagens de São Francisco e São Pedro de Alcântara. No alto do retabulo se venerão taobem outras duas Imagens na mesma fórma fabricadas, huma de São Boaventura, outra de São Luiz Bispo de Tolosa". *9 - no nicho, aos pés de Cristo, a imagem desaparecida de São Francisco a receber os estigmas; surgia, ainda, um segundo nicho com a imagem de São Francisco com Cristo nos braços, três armários de madeira e uma sineta. *10 - sobre o arco do retábulo, existia "(...) huma tarja fabricada em madeira, ao modo de pedra de armas, em que se delineou em boa pintura hum escudo com os brazões de Pereiras, Barbozas", estando, ao lado do retábulo, uma lápide alusiva à fundação da Capela (JOSÉ, vol. II, p. 78); junto à porta que ia da Via Sacra para o claustro, surgia um pequeno jazigo de granito, embutido na parede, onde estavam as cinzas de frei Pedro da Carnota e os ossos do beato frei Salvador, a qual tinha um epitáfio: "A SEPUVLTVRA DE PADRE FREI PERO CARNOTO E DE PADRE FREI SALVADOR AMBOS DE SANTA VIDA"; a urna era ladeada por uma lápide com a inscrição: "PARA ESTE TVMVLO NO ANNO DE 1714 A 20 DE NOVEMBRO TRASLADARAMSE AS CINZAS DO PADRE FREI PERO CARNOTO COM OS OSSOS DO BEATO FREI SALVADOR FALECEU NO CONVENTO NO ANNO DE 1572, VEIAMSE SVAS ADEMIRAVEIS VIDAS NA HISTORIA SERAPHICA 3". *11 - a ladear o Crucificado, estariam as imagens de Nossa Senhora e por São João Evangelista; sobre um anterior arcaz, pinturas murais, a representar Santos Franciscanos e uma Santa Clara, ambas destacadas durante os trabalhos de restauro, tendo-se perdido a segunda durante esse processo; a primeira foi alvo de um péssimo restauro, efectuado, de maneira infeliz, pela Mural da História, que buscou a original, sendo o repinte que a escondia de melhor qualidade; no espaço, o espelho para os celebrantes; nas paredes, surgiam um quadro com a imagem da Virgem encontrando Cristo ressuscitado e dois retratos de benfeitores; na sacristia existiam uma custódia grande toda de prata dourada, três cálices com os pés de latão e as copas de prata douradas, com as competentes patenas e colheres também de prata dourada, sete castiçais, sendo três de latão e pequenos e quatro de madeira, dois deles bem dourados, um turíbulo com a naveta e colher tudo de latão, um gomil e bacia de estanho e uma galheta grande, de estanho. *12 - O claustro era quadrangular, com três arcadas por ala, sustentadas por quatro colunas, com portaria virada à fachada principal, estando, no lado oposto à igreja, o refeitório e cozinha, junto ao De Profundis e escadas regrais; junto à Via Sacra e escadas das Matinas, a Casa do Capítulo; no segundo piso, virada à fachada principal, sete celas, situando a enfermaria no lado oposto; na livraria existiam 856 livros, entre os quais se contavam 350 de oratória sacra. *13 - no Agiológio Lusitano é referido que a benção foi feita pelo bispo de Braga, D. Miguel, em Setembro de 1480 (CARDOSO, p. 419), o que não pode ser real, pois, nesta data, o bispo era D. Luís Pires (1468-1480). *14 - a Ordem Terceira tinha, na sua Capela, conforme inventário de 1683, as imagens de São Francisco a receber os estigmas, com resplendor de glória de serafins, São Roque, Nossa Senhora da Conceição com resplendor e manto de tafetá azul, Santa Rosa de Viterbo com o Menino, Santa Bona, Santa Isabel da Hungria, Santa Isabel de Portugal, São Luís, rei de França, Santo Elesário, São Ivo, Santa Margarida da Cortona e um São Francisco; tinham, ainda, um pendão de seda, uma cruz das procissões, um cálice de prata dourada e patena, 4 castiçais de madeira, um bufete, 2 bancos, uma cadeira, uma escrivaninha de pau-preto; na casa do despacho, construída entre 1683 e 1691, as imagens de São Francisco e São Ivo num pequeno oratório. *15 - no arco da galilé, surgia a pedra de armas dos padroeiros, em pedra de Ançã, apeada em data incerta e no coro-alto 3 quadros, um de menores dimensões; em cada ângulo da quadra do claustro existia uma laranjeira, tendo, ao centro, um chafariz, com uma armação, que lhe servia de dossel, formando um caramanchão tecido de jasmineiros; na ala Nordeste, situava-se o cemitério dos religiosos, com vinte e duas sepulturas, surgindo, na parede desta ala o túmulo de frei Carlos de Jesus, inicialmente sepultado na ala do cemitério dos monges e, em 1713, transportados para junto da parede do De Profundis, onde foi colocada uma lápide com inscrição: "Aqui jazem os Ossos do veneravel Frei Carlos de JESVS filho desta Provincia natural de Santarem, e nella resplandeceo, em virtudes, e Sanctidade faleceo em 20 de Junho de 1691 trasladados em 1713"; surgiam, ainda, três sepulturas laicas, todas armoriadas: "(...) a primeira tem no escudo as armas reaes, com linha rasgante: a segunda hum Lirio, e dous Leoens das partes armados com quatro estrellas em os quatro partes: a terceyra tem o escudo quarteado, com coelhos e duas fayxas."; junto à porta do De Profundis, estava um nicho protegido por vidraça, contendo, no interior, a imagem encarnada e estofada de Nossa Senhora da Conceição, de pedra e de tamanho natural; o Capítulo tinha a sepultura do padroeiro no pavimento, com as armas dos Sequeira e dos Soares de Albergaria, com cinco vieiras e uma cruz florida e o epitáfio "AQVI JAZ BALTHAZAR DE SEQUEIRA ANNO DE ..."; a estrutura retabular possuía um Calvário, com a presença das três Marias; na entrada do coro-alto, surgia, na parede, uma cruz de madeira pintada de preto, com a imagem do Crucificado, de tamanho natural ; o sino tinha a representação da Imaculada e a inscrição "DICATUM, OFFERTUM, & CONSECRATUM DEIPARAE MARIAE VIRGIN: IMMACULATAE CONCEPTIONIS 1699"; o Noviciado tinha, no lado direito, a cela do mestre, surgindo cubículos de um lado e outro; sobre a porta, a inscrição "AD QUID VENISTI?" e possuía uma capela.com retábulo do Noviciado, onde se inseria a imagem da Virgem, sem outro título definido, com coroa de folha, ladeada por São Francisco e Santa Ana (JOSÉ, vol. II, p. 120); a cerca era composta por amplo terreiro, terra de cultivo, uma horta e mata, com vários arbustos e árvores; no terreiro, um jardim, de onde partia uma rua, a maior da cerca, que levava à mata; possuía um cruzeiro de pedra e várias capelas. Na rua do Cruzeiro, a Capela de São Francisco a receber os estigmas; no final da rua uma Capela da Senhora da Agonia, com Cristo morto, deitado no sepulcro, rodeado pela Virgem, São João Evangelista, Santa Maria Madalena e duas figuras, feitas em terracota; na zona mais alta, a Capela de São João Baptista, com imagem do orago em terracota; a de Nossa Senhora da Graça, com retábulo de talha, pintado e dourado, com a imagem flanqueada pelas imagens de São Joaquim e Santa Ana, todas com resplendores de folha; o orago era de pedra, com 4 a 5 palmos, com o Menino nos braços. Existia, ainda a Capela da Senhora da Mata, com retábulo pintado e dourado, tendo, ao centro, um nicho envidraçado com a imagem em terracota do orago, surgindo, ainda, um nicho com São Francisco das Chagas, em cantaria; tinha uma sacristia antecedida por alpendre. Tinha a Fonte de São Francisco e a de São Bernardino, com um nicho, surgindo, ainda, um poço. *16 - o Inventário de 1834 descreve os elementos desaparecidos: o altar colateral com a invocação de Santo António, era dourado e pintado, tendo ao centro oratório envidraçado com imagem de Santo António de vulto, com resplendor, e o Menino na mão; era ladeado pelas imagens de Nossa Senhora e São José e outra do Menino Deus, todas douradas e prateadas; a primeira capela do Evangelho, o altar do Sacramento, era dourada e pintada, tinha oratório envidraçado central, contendo a imagem de Nossa Senhora, dourada, com cortina de seda vermelha; lateralmente tinha as imagens de São Sebastião, encarnada, e de São Brás, sendo esta pintada e dourada; sobre a banqueta, tinha o tabernáculo dourado; no altar do Senhor da Piedade, o retábulo era antigo, pintado e dourado, tendo ao centro oratório envidraçado com Santo Cristo em grande vulto com a Senhora da Piedade aos pés que tinha o Senhor Morto no regaço; ladeavam-no dois anjos de vulto e ainda as imagens de Nossa Senhora e São João Evangelista, também de vulto ordinário; o altar do Espírito Santo tinha retábulo antigo e pintado com painel central de Pentecostes; à esquerda da capela-mor o altar da Nossa Senhora da Conceição tinha retábulo moderno, com o oratório sem vidraça albergando a imagem do orago, de grande vulto, pintado e dourado, com coroa; lateralmente tinha as imagens de Santa Ana e de Santa Quitéria, pintada e douradas; na boca do oratório existia custódia de pau; no arco triunfal existiam dois anjos de madeira pintados, obra antiga e, inferiormente, dois anjos tocheiros; junto ao altar de Nossa senhora da Conceição ficava a porta travessa com painel pintado com o Calvário; no coro havia um grande oratório sobre a grade, com imagem do Senhor, de três palmos, cruz pintada de preto e, lateralmente, imagens menores de São João e Nossa Senhora, de vulto, ordinária; estante coral antiga com 8 livros e quadrados velhos na parede da frente do coro; a capela da varanda tinha um retábulo antigo, pintado e dourado, com um painel representando Jesus, Maria José, e o altar tinha toalha de seda velha, três sacras, só uma envidraçada, uma cruz de pau antigas pintadas com um crucifixo de marfim, mais ou menos de um palmo, e quatro custódias de pau douradas; uma galheta de estanho, surgindo, junto ao altar, três mochos de madeira; a capela do Noviciado tinha um retábulo, bem pintado e dourado, com oratório envidraçado no centro, contendo a imagem de Nossa Senhora com um manto de chita branco e flores vermelhas, e coroa de obra dourada; tinha ainda as imagens de São Joaquim e de Santa Ana, de vulto, ambas com resplendor de folha, pintadas e douradas; a da Senhora era de vulto ordinário e no altar tinha castiçais de pau ordinários pintados e dourados, toalha de linho e coberta de chita e duas credências maiores, ambas de pau ordinário; na capela da enfermaria existia um altar pequeno e antigo, dourado e pintado, com oratório central, com vidraça, albergando Nossa Senhora das Dores, de vulto ordinário e resplendor também ordinário, três sacras (sem vidros) e seis castiçais de pau pequeno, muito ordinários; ao lado do altar, existiam quatro quadros, sem vidros, dois com caixilhos, e um lampião de folha; no cimo das escadas do Profundis havia um oratório grande, de pau guarnecido de talha antiga, pintado, com vidraças quebradas, pintado por dentro de azul com ramos vermelhos, tendo imagem Nossa Senhora das Dores, em vulto ordinário, com espada pequena e resplendor de prata; a imagem era dourada e pintada; a capela do capítulo no claustro tinha retábulo pequeno antigo, dourado e pintado, tendo no centro crucifixo de dois palmos, com uma cruz pintada de verde e dois castiçais de pau velhos, pintadas de azul; a capela de São Boaventura, situada no claustro, tinha um retábulo muito antigo, pintado e dourado, com oratório central sem vidraça, contendo imagem do orago, de pau, muito velho, altar com seis castiçais de pau, pintado de verde, também muito velho; na parede dos claustros havia um oratório com a imagem de Nossa Senhora da Conceição, de pau, de grande vulto, com coroa de folha, pintada e dourada, mais dois castiçais e duas sacras de pau, muito velho e o oratório de vidraça; existiam ainda 21 quadros em caixilhos, uns pequenos outros maiores, alguns ordinários, outros muito velhos, menos um que era grande, representava a Última Ceia e estava no refeitório, e os outros em montes; o convento tinha cinco sinos, três na torre, maiores, e dois mais pequenos, um na portaria e outro à entrada do refeitório; na cerca existiam as seguintes capelas: a Capela do Senhor Morto, com imagem e mais nove em barro quebrado e uma cruz de pau velho pintado de preto; a de São João, com imagem de barro velho; a de Nossa Senhora da Mata, com retábulo antigo pintado tendo ao centro oratório envidraçado com imagem de Nossa Senhora em vulto ordinário pintado e dourado com coroa de folha, e 4 castiçais de pau muito velhas; nicho com imagem de São Francisco das Chagas tudo de pedra.

Autor e Data

Paula Noé 1992 / Paula Figueiredo 2009

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