Igreja Paroquial de Teixeira / Igreja de São Bartolomeu

IPA.00006867
Portugal, Bragança, Miranda do Douro, União das freguesias de Sendim e Atenor
 
Arquitectura religiosa, quinhentista e barroca. Igreja paroquial de planta longitudinal, composta e nave única, com fachada principal em empena truncada por dupla sineira e portal em arco apontado de duas arquivoltas, ostentando no interior um painel de frescos quinhentistas de sabor popular, retábulo colateral de talha dourada barroca, de estilo nacional, e retábulo-mor de talha branca e policroma de carácter popular. Igreja quinhentista com frontispício em empena truncada por dupla sineira com a cornija desta e do portal axial bosantada, o que lhe confere feição mais antiga, possuindo ainda certo eixo de verticalidade dado pelo posicionamento do portal e da sineira. A sineira apresenta um alpendre, de uma água, sobre um varandim lajeado e suportado por pilares, que apesar da alteração nos materiais empregues é um elemento característico da arquitectura religiosa da região de Miranda do Douro. O travejamento e o forro da cobertura interior da nave apresentam uma excelente decoração entalhada, constituindo, provavelmente, o remanescente de um antigo tecto de alfarje; os pares de cachorros que constituem as linhas de asnas, inferiormente com calabros, lembram a Igreja de Nossa Senhora de Oliveira, em Guimarães. A nave apresenta um interessante fresco quinhentista, revelando pintura mural de forte sabor popular. Pia baptismal com taça circular decorada com cruzes de Malta relevadas.
Número IPA Antigo: PT010406010030
 
Registo visualizado 467 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal, composta por nave única e capela-mor, rectangulares, com sacristia e anexo, rectangulares, adossados a N., e alpendre adossado a S. Volumes escalonados, com cobertura homogénea em telhado de três águas prolongando-se em aba sobre as ilhargas. Fachadas com aparelho de alvenaria regular de granito à vista e com paramentos rebocados e caiados. Fachada principal, orientada a O., com portal de arco apontado, com duas arquivoltas sobre impostas lisas, sendo a arquivolta exterior bosantada. A fachada é encimada por cornija saliente, na qual se rasga, ao centro, dupla sineira de arco pleno, com remate em empena de cornija saliente, bosantada, sobrepujada por cruz. Entre as ventanas, um silhar decorado com uma imagem relevada de Cristo Crucificado, de sabor popular. Fachada N. com porta de verga recta de acesso ao anexo. Fachada E. com janelo rectangular na sacristia. Fachada S. com escada de acesso à sineira, portal de arco apontado na nave, com duas arquivoltas sobre impostas lisas, sendo a arquivolta exterior moldurada, e sendo precedido por alpendre; na capela-mor, janela rectangular. INTERIOR rebocado e caiado. Nave com pia baptismal junto à porta principal, do lado do Evangelho. Neste mesmo lado, pintura mural a fresco formando painéis delimitados entre si por colunas, representando Santa Catarina, Santa Luzia, São Miguel e as Almas, a Fuga para o Egipto, São Nicolau, Santa Salomé, a Ascensão de Nossa Senhora e o Calvário. No lado da Epístola, púlpito rectangular, pétreo, com balaustrada de madeira. No topo da nave, junto ao arco triunfal, retábulo, em talha dourada e policroma, dedicados a Nossa Senhora do Rosário. Arco triunfal, de arco pleno, assente em impostas lisas, conservando no arranque as primitivas aduelas. A capela-mor apresenta porta de verga recta de acesso à sacristia, do lado do Evangelho. Altar-mor, sobrelevado e com acesso por um degrau, com mesa de altar, em madeira, destacada, ostentando retábulo em talha branca, dourada e pintada, albergando, centralmente, a Sagrada Custódia, sobre trono. Pavimento lajeado, na capela-mor, e soalhado com guia central, transversal e longitudinal, em lajes de granito, na nave. Tecto da nave do tipo "gamela", de madeira, sobre travejamento moldurado e decorado com motivos vegetalistas e geométricos, e o da capela-mor em masseira, pintado com motivos vegetalistas.

Acessos

Largo da Igreja

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Rural, integração harmónica num largo, calcetado e em terra batida, no centro da povoação, com um adro, parcialmente sobrelevado, fronteiro ao arruamento principal de Teixeira, tendo adossada o antigo cemitério e apresentando no adro um cruzeiro no adro.

Descrição Complementar

A fachada O. apresenta dois pares de consolas, ladeando o portal, denunciando um alpendre que resguardaria a entrada principal. A sineira apresenta um alpendre, de duas águas, em cimento, com um varandim lajeado, sobre consolas de granito, e com parapeito em tijolo, suportado por prumos de cimento, tendo acesso por escada colocada junto ao portal S. O alpendre da fachada S. apresenta uma cobertura de uma água suportado por duas colunas, de secção quadrangular, à esquerda, e circular, à direita, assentando esta no muro do cemitério. Escada de acesso à sineira em dois lanços, interpostos por patamar, apresentando parapeito em ferro. A pia baptismal assenta num soco de dois degraus circulares, tendo base cilíndrica e taça circular decorada com cruzes de Malta relevadas. O muro do cemitério, rebocado e caiado e com os cunhais em cantaria sobrepujados por pináculos, tem um portal de verga recta, apresentando na padieira cartela inscrita com a data 1716, encimado por pináculos e cruz latina, ao centro, de hastes de remate trilobado. No adro encontra-se um cruzeiro com um soco de três degraus quadrangulares, sobre o qual assenta base que suporta fuste, monolítico, de secção circular, sendo rematado por capitel toscano e encimado por uma cruz latina de secção quadrangular.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Bragança - Miranda)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 16 - época provável de construção da igreja; 1560, década - pintura dos frescos da nave; 1716 - data inscrita em cartela na porta do cemitério; séc. 18 - construção do altar de Nossa Senhora do Rosário; 1758 - o cura era apresentado pelo abade de Travanca, anexa à Igreja de São Julião de Paçó, pertencente ao padroado da Companhia de Jesus, do Colégio de Bragança; 1759, 3 Setembro - decreto de expulsão da Companhia de Jesus passando todos os seus bens para o erário régio; 1774, 4 Julho - provisão régia de D. José incorporando os bens da Companhia de Jesus no património da Universidade de Coimbra, que assumiu a administração das rendas que os colégios possuíam pelo país; 1775, Junho - o património do Colégio do Santo Nome de Jesus existente no bispado de Bragança foi entregue ao procurador da Universidade, António José de Escovar, o qual, percorreu os vários locais onde esses bens existiam e os recebeu na presença de Manuel António Pinto de Escovar, juiz de fora de Bragança; 1835, 5 Maio - decreto incorporando nos Bens Próprios Nacionais os bens da Universidade, continuando, no entanto, a receber os seus rendimentos; 1848, 21 Novembro - decreto delimitando como bens da Universidade apenas os edifícios estritamente necessários para o seu funcionamento, ou seja, os que se situavam em Coimbra; séc. 20, meados - remodelação do arco triunfal.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria, com paramentos em aparelho de alvenaria regular de granito à vista e rebocados e caiados, com vãos em cantaria, sineira em cantaria, altares em madeira, púlpito de pedra, balaustrada de madeira, cobertura em madeira telhada, pavimentos em lajes graníticas e soalhado, portas de madeira, janelas gradeadas e envidraçadas, alpendre com colunas de granito e cobertura de madeira telhada, alpendre da sineira em granito, cimento e tijolo, parapeito de escada em ferro, cruzeiro em granito.

Bibliografia

MOURINHO (JÚNIOR), António Rodrigues, A talha nos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso nos séculos XVII e XVIII, s/l, 1984, p. 129; BANDEIRA, Ana Maria Leitão, QUEIRÓS, Abílio, O Colégio do Santo Nome de Jesus de Bragança: Formação do seu Padroado e Benfeitores que contribuíram para o seu engrandecimento in Páginas da História da Diocese de Bragança-Miranda. Congresso Histórico. Actas, Bragança, 1997, pp. 429 - 444.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Arquivo da Universidade de Coimbra: : Livro das Fazendas, Quintas, Casais e Igrejas e do mais que pertence a este Colégio de Bragança - IV-1.ª E-22-5-5; Igrejas da Universidade - IV-1.ª E-15-3

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1939 - reparação do altar-mor; 1998 - reparações gerais da igreja.

Observações

Em meados deste século, o arco triunfal foi reconstruído em cimento, encontrando-se espalhadas pelo adro algumas aduelas do primitivo. O aparelho da fachada principal apresenta sinais evidentes dos sucessivos arranjos que sofreu nos seus paramentos, tanto exterior como interiormente.

Autor e Data

Alexandra Lima e Paulo Amaral 1999

Actualização

 
 
 
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