Forte de Nossa Senhora das Mercês / Forte de Catalazete / Pousada da Juventude de Catalazete

IPA.00006814
Portugal, Lisboa, Oeiras, União das freguesias de Oeiras e São Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias
 
Arquitectura militar, setecentista. Forte costeiro.
Número IPA Antigo: PT031110040013
 
Registo visualizado 1345 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Forte    

Descrição

De planta pentagonal irregular, o edifício apresenta volumetria escalonada sendo a cobertura efectuada por terraço. Alçado principal (a N.) vazado a eixo por portal de verga recta e emolduramento simples de cantaria. No perímetro murado da construção, na face virada a S., a abertura de 9 canhoneiras, distribuídas pelos diferentes alçados (4 no lado orientado a SO., 4 no lado orientado a SE., e 1 do lado O.). Na parte virada a S., 3 guaritas - de planta circular e cobertura cónica - coincidentes com os vértices da estrutura murária. No INTERIOR distingue-se incorporada uma outra estrutura de planta trapezoidal, em plano altimétrico dominante: definida por muros animados por guaritas é servida do lado N. (adossado à face interna do alçado principal) por compartimentos rectangulares destinados a serviços de apoio. Voltado a S. edifício de 2 pisos, de planta rectangular, volumetria paralelepipédica e cobertura efectuada por telhado a 4 águas *1.

Acessos

EN 6, Avenida Marginal, Catalazete. WGS84 (graus decimais) lat.: 38.677929, long.: - 9.317561

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado, implantado junto à orla marítima, entre o Forte do Areeiro e a Feitoria.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: forte

Utilização Actual

Comercial e turística: pousada da juventude

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Associação Portuguesa de Pousadas de Juventude

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1762 - construção de uma bateria composta por parapeito de alvenaria, entre a Feitoria e o Forte de Santo Amaro ou do Areeiro, tendo por finalidade o reforço das defesas da fortaleza de São Julião da Barra, construindo-se, poucos anos mais tarde, um muro de pedra e cal que fechou o recinto; 1763, Jan. - visita do Tesoureiro-Geral da Marinha ao então designado Forte Novo das Mercês, costatando-se que o mesmo se encontrava artilhado com 9 bocas de fogo (7 de ferro de calibre 24 e 2 de bronze de calibre 40) e a sua guarnição sob o comando do Capitão Sebastião Pereira de Mesquita; 1777 - o forte, apesar de artilhado (com 10 peças) e municiado (com 276 balas), encontrava-se entregue a uma família de paisanos que o habitava, para fins de conservação e guarda, nessa data ainda a fortificação era aberta pelo lado de terra; 1793 - obras de conservação; 1796 - o forte encontrava-se então artilhado com 10 bocas de fogo (de calibre 24); 1804 - a guarnição do forte era de 2 cabos e 13 soldados; 1805 - o forte estava artilhado com 11 bocas de fogo (de calibre 24) e guarnecido com 2 cabos de esquadra e 16 soldados de Pé de Castelo; 1824 - o forte era governado pelo tenente-coronel Pedro José Botelho de Gouveia (tendo-se mantido artilhado e quase sempre guarnecido, mesmo após a Guerra Peninsular, ao contrário do verificado com a maioria das fortificações costeiras); 1824, Set. a Dez. - o governo do forte é confiado ao tenente-coronel José Inácio Tinoco de Sande Vasconcelos; 1825 - nomeação do tenente-coronel das Companhias Provisórias de Angola Luís António de Mendonça como governador do forte; 1831 - encontrava-se o forte artilhado com 6 bocas de fogo (de calibre 36) e guarnecido por 1 sargento, 1 cabo e 20 soldados de artilharia, tendo-se procedido a disparos por ocasião do ataque da esquadra francesa do almirante Roussin, os quais constituiram, ao que parece, a única acção bélica efectuada pela fortificação de Catalazete; no final desse ano o forte é reedificado; 1832 - o forte (artilhado com 10 bocas de fogo) estava sob o comando do major José Joaquim de Santana; 1833 - não tendo tomado partido por nenhuma das facções (absolutista ou liberal), durante a Guerra Civil, o forte é evacuado pela sua guarnição; 1851 - apesar de nominalmente sob o comando do tenente-coronel Pedro Celestino de Barros, o forte encontra-se com efeito desactivado, em mau estado de conservação e apenas habitado por um soldado veterano; 1856 - apesar do estado de ruína em que se encontrava o forte (cuja reparação é então orçada em 1 conto de reis) o major José Maria Guedes Trinité é nomeado seu governador; 1872 - ocupava o cargo de governador do forte o capitão reformado Barão de Sabroso; 1888, Out. - celebração de um contrato de arrendamento do forte ao Conselheiro João José Mendonça Cortês (pela quantia de 30$000 reis anuais e por um período de 9 anos), conhecido por João das Máquinas (pela sua dedicação aos inventos mecânicos), o qual transforma a antiga fortificação em sua residência e de sua esposa D. Elisa de Miranda Pereira de Meneses (filha dos viscondes de Meneses); 1897 - no seguimento de demanda judicial por não pagamento do aluguer, João José Mendonça Cortês é obrigado a abandonar o forte; 1899 / 1910 - é nomeado governador do forte o major reformado José Joaquim da Costa Bento; 1937 - no forte residiam várias famílias do pessoal da Direcção do Serviço de Obras e Propriedades Militares; 1941 - o ciclone de Fevereiro deste ano danifica consideravelmente a antiga fortificação; 1942 - por ocasião da abertura da avenida marginal e afim de que o forte fosse restaurado no âmbito do arranjo paisagístico da orla marítima as autoridades militares entregam-no ao Ministério das Finanças, que o cede seguidamente à Junta Autónoma das Estradas; 1952 - apesar de cedido à Brigada Naval da Legião Portuguesa (para ampliação da Colónia de Férias Dr. Pedro Teotónio Pereira), o forte permanece como residência de famílias do pessoal da Direcção do Serviço de Obras e Propriedades Militares, cujo processo de despejo se arrasta; 1954 - a Legião Portuguesa desiste de tomar posse do forte, devolvendo-o ao Ministério das Finanças; 1955 - conclui-se finalmente o processo de despejo dos residentes no forte e inicia-se uma campanha de obras de restauro; 1958 - o forte é entregue, como Colónia de Férias, à Mocidade Portuguesa; 1959, 17 Janeiro - inauguração das obras de adaptação do forte a pousada; 1962 - o Forte funciona como Pousada da Mocidade Portuguesa; 1973 - o antigo forte (convertido em colónia de férias) é entregue ao Secretariado para a juventude; 1977 - a antiga fortificação é entregue à Associação Portuguesa de Pousadas de Juventude.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira.

Bibliografia

Revista Popular, Vol 2, 1849-50; LEAL, A. Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Vols. 6 e 7, Lisboa, 1875 - 1876; COLAÇO, Branca de Gonta, ARCHER, Maria, Memórias da Linha de Cascais, Lisboa, 1943; VIDEIRA, M. P., Monografia de Paço de Arcos, Caxias, 1947; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959, 1º Volume, Lisboa, 1960; SANTOS, H. Madureira dos, Catálogo dos Decretos do Extinto Conselho de Guerra, Vol. 6, Lisboa, 1966; AZEVEDO, Carlos, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Vol. II, Lisboa, 1963; CALLIXTO, Carlos Pereira, Fortificações Marítimas e Fluviais do Concelho de Oeiras, Oeiras, 1986; Conheça as Fortificações Marítimas do Concelho de Oeiras, in Jornal A Zona, 09.10.1986; CALLIXTO, Carlos Pereira, Senhor Presidente da Câmara de Oeiras, Cuidado com o Forte de Catalazete, in Correio da Manhã, 23.11.1988; CRISPIM, Mário Núncio, LOBO, Pedro Vasconcelos, (coord. de), Retratos de Oeiras, Oeiras, 1994; ROCHA, Filomena Isabel, Oeiras. O Património, a História, Oeiras, 1996; Plano de Salvaguarda do Património Construído e Ambiental do Concelho de Oeiras, Oeiras, 1999.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; AHM: 1ª Divisão, 19ª Secção, Caixa 322, Nº 57, 3ª Divisão, 1ª Secção, Caixa 7, Nº 23, 3ª Divisão, 1ª Secção, Caixa 9, Nº 1, 3ª Divisão, 9ª Secção; AML: Caixa 3, Nº 11, Caixa 5, Nº 6 ; AHM: Arquivo de Carlos Pereira Callixto, Fundo 38, Série 9, Caixa 557, Nº 172, Livro Nº 7.200; DSFOE: Processo do Prédio Militar Nº 3 de Oeiras; MFP: Repartição do Património, Processo 2 / LJ / 7; CMO: Plano de Salvaguarda do Património Construído e Ambiental do Concelho de Oeiras, Oeiras, 1998 (Inventário).

Intervenção Realizada

MF: 1955 / 1958 - ampla campanha de obras de recuperação e restauro com vista à conversão da fortificação em colónia de férias (posteriormente pousada de juventude).

Observações

*1 - trata-se de uma construção obviamente posterior, para servir as funções de pousada da juventude.

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 1999

Actualização

 
 
 
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