Santuário de Nossa Senhora da Assunção

IPA.00000681
Portugal, Bragança, Vila Flor, União das freguesias de Vilas Boas e Vilarinho das Azenhas
 
Arquitetura religiosa, oitocentista. Monte Santo constituído por amplo pórtico, moderno, e escadaria, subindo em lanços suaves, em três, dois ou um eixo, organizada em vários patamares de cronologia distinta, ligando sete capelas de planta centralizada e cobertura piramidal, onde se integram vários passos da Via Sacra, compostos por figuras de vulto, de caráter popular. No topo, surge a igreja, de planta retangular, composta por nave, capela-mor e sacristia em eixo, com coberturas interiores em falsas abóbadas de berço, de estuque, e iluminação axial e bilateral. Fachada-torre, com esta a desenvolver-se para o interior da nave, formando endo-nartéx, com cunhais delimitados por pilastras criando uma fachada de três panos, terminada em frontão interrompido pela torre; é rasgada por portal de verga reta, encimada por janela recortada e nicho com imagem. Fachadas laterais simétricas, com pilastras nos cunhais, terminadas em friso e cornija e rasgadas por duas janelas e porta travessa, na nave, e por uma janela, na capela-mor, de vãos retilíneos. Interior com coro-alto de cantaria, dois púlpitos laterais confrontantes, arco triunfal de volta perfeita ladeado por dois retábulos colaterais, de talha policroma e dourada, de planta côncava e três eixos, e retábulo-mor em talha policroma e dourada, de planta reta e três eixos, todos revivalistas neo-barrocos.
Número IPA Antigo: PT010410190026
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Santuário  

Descrição

Monte Santo composto por escadório, onde se implantam sete capelas da Via Sacra, três coretos, grutas e pequena fonte, e, no topo, o terreiro da igreja com a casa das recordações e a casa dos milagres, existindo ainda, num plano inferior, o escadório dos Apóstolos e cruzeiro. IGREJA de planta retangular composta por nave única, capela-mor, mais estreita e da mesma altura, e pequena sacristia adossada posteriormente em eixo. Cobertura homogénea em telhado de duas águas, rematadas e beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria, com pilastras de fuste liso e capitel jónico nos cunhais, coroadas por urnas, sobre plintos paralelepipédicos, e terminadas em friso e cornija. Fachada principal virada a O., de três panos, definidos por pilastras, desenvolvendo-se nos laterais, sobre o friso e cornija, frontão interrompido pela torre sineira quadrada, central e sobrelevada, de dois registos, o segundo mais recuado e rematado em friso e cornija, com pináculos de bola sobre os cunhais e com cobertura em coruchéu piramidal octogonal, coroado por cruz metálica sobre globo. O pano central é rasgado por portal de verga reta, com moldura terminada em cornija e fecho saliente, encimado por friso e cornija, e por óculo recortado, sobreposto por nicho, em arco de volta perfeita sobre pilastras, ornadas por denticulados, interiormente concheado e albergando imagem feminina alegórica. No segundo registo da torre abre-se, em cada uma das faces, vão em arco de volta perfeita, sobre pilastras e com fecho saliente, albergando sino; a face frontal tem guarda em ferro. Os panos laterais da fachada são cegos. Fachadas laterais semelhantes, rasgadas, na nave, por duas janelas retangulares molduradas e por porta travessa, de verga reta e moldura terminada em cornija, e, na capela-mor, por uma janela, abrindo-se ainda na lateral direita porta semelhante de acesso à sacristia. Fachada posterior terminada em empena, coroada por cruz latina de cantaria sobre acrotério, e rasgada por janela retangular e duas janelas jacentes num plano inferior, todas de moldura simples. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento em cantaria, disposto em esquadria, e coberturas em falsa abóbada de berço, de estuque, assente em entablamento com friso fitomórfico; a cobertura é pintada de azul e branco, e moldura dourada, contendo cartelas laterais e central, decoradas com motivos encanastrados e fitomórficos, figurando na central da nave a imagem de Nossa Senhora da Assunção. A torre sineira avança para o interior criando endo-nártex, fechado por portas de madeira, e integra-se no coro-alto, de cantaria, acedido por escada de cantaria disposta no lado da Epístola, com guarda em ferro, possuindo guarda plena de cantaria e, ao centro, balaustrada de madeira. Ao centro da torre surge inserida num vão, em arco de volta perfeita, órgão de tubos positivo. Os vãos são encimados por sanefas de talha, pintadas a bege, azul e dourado, rematadas por elementos vegetalistas vazados formando falso espaldar; as janelas contêm vitrais policromos, figurando, no lado do Evangelho, a Ressurreição de Cristo, e no da Epístola, Nossa Senhora Rainha, e, na capela-mor, a Anunciação e Nossa Senhora da Assunção. Lateralmente dispõem-se confrontantes dois amplos vãos em arco de volta perfeita, revestidos a cantaria, contendo púlpito de bacia retangular, assente em mísula piramidal invertida com bola, e guarda plena em talha pintada a bege, azul e dourado, decorada com almofadas retangulares, de ângulos curvos, contendo açafates e motivos vegetalistas. Sob os púlpitos surgem pias de água benta, de bacia retangular, exteriormente ornada com elementos vegetalistas e encimada por escaldar recortado. Arco triunfal de volta perfeita, sobre pilastras de fuste liso e capitel jónico, com data inscrita e cruz de Malta relevadas na pedra de fecho, encimado por sanefão com lambrequim de acantos e rematado por três açafates e motivos vegetalistas vazados. É ladeado por dois retábulos colaterais, dispostos de ângulo, de talha pintada a bege, azul e dourado, de planta côncava e três eixos. Na capela-mor abrem-se nas paredes laterais, de cada lado, dois vãos retangulares, de molduras simples, com imaginária. Sobre o supedâneo de três degraus, dispõe-se o retábulo-mor, de talha pintada a bege, azul e dourado, de planta reta e três eixos, definidos por quatro colunas de fuste canelado, com o terço inferior marcado, assentes exteriormente em duas ordens de plintos paralelepipédicos, almofadados e com motivos fitomórficos, e interiormente em mísulas sobre plintos semelhantes, e de capitéis coríntios. Ao centro abre-se tribuna, em arco de volta perfeita, com friso de acantos a decorar a boca, interiormente pintado com elementos vegetalistas e albergando trono, de quatro degraus facetados, decorados com festões, sustentando imaginária. Nos eixos laterais surgem apainelados, definidos por friso vegetalista, enquadrando imaginária sobre mísula encimada por baldaquino, de lambrequim de folhas e com remate fitomórfico. A estrutura remata em espaldar, adaptado ao perfil da cobertura, definido por friso vegetalista, criando falsa tabela central, definida por elementos volutados, coroados por açafates, com resplendor contendo monograma "AM" sobre palma, e tendo lateralmente apainelados com açafates; sobre as colunas exteriores dispõem-se açafates. Banco com apainelados almofadados, contendo açafates dourados, integrando sacrário facetado, definido por pilastras com elementos vegetalistas, coroadas por urnas, com cobertura em domo coroada por açafate e porta ornada por custódia. Sotobanco com apainelados almofadados com elementos ovais relevados. Altar paralelepipédico com frontal formando apainelados pintados a marmoreados fingidos intercalados por apainelados com açafates. A N. da igreja ergue-se a ANTIGA CASA DOS MILAGRES, ATUAL CASA DE RECORDAÇÕES, e a E. a ATUAL CASA DOS MILAGRES, ambas de planta retangular, e massa simples, com cobertura em telhado de quatro e duas águas, respetivamente, terminado em beirada simples. Tem fachadas de um ou dois pisos, adaptados ao pendor da encosta, rebocadas e pintadas de branco no piso superior e em alvenaria de pedra aparente no inferior, sendo a casa das recordações rasgada por vãos retilíneos e a dos milagres por vãos abatidos. O caminho ascensional do ESCADÓRIO inicia-se no pórtico da base da colina, de perfil retilíneo, com 8 metros de altura, sobre soco, e apresenta duas secções distintas: uma de feitura recente e outra de construção oitocentista. O ESCADÓRIO RECENTE tem na base o centro de visitantes e auditório, de planta retangular, composta por duas alas separadas, com cobertura plana formando terraço. Tem fachada principal revestida a placas de cantaria, de aparelho rusticado, rasgada por frestas retilíneas e, nos topos exteriores, por portais gradeados, com corredor de acesso ao portal principal envidraçado. Desenvolve-se até ao escadório oitocentista, em três eixos e sete patamares, delimitados frontalmente sobre o edifício por guardas em ferro e lateralmente por guardas plenas, rebocadas e pintadas de branco, capeadas a cantaria, no eixo central, que é mais largo, com embasamento de cantaria e corrimão metálico, e no eixo lateral esquerdo com a base avançada, mais alta e vazada por vão em cruz latina. As guardas laterais do eixo central dos primeiros cinco lanços são interrompidas para aceder aos patamares, intercalados por canteiros ajardinados e pontuados de arbustos. Ladeando o quarto canteiro, surgem duas capelas da Via Sacra e no eixo do portal, ao centro de um sexto patamar, mais largo e com oliveiras, ergue-se uma outra capela. Atrás desta, os últimos lanços do escadório têm dois braços divergentes e convergentes, tendo no muro de suporte do último patamar grande painel de azulejos, azuis e brancos, com representação de Nossa Senhora da Assunção. As CAPELAS DA VIA SACRA apresentam planta quadrangular de massa simples e cobertura piramidal, coroada por pináculo cerâmico. Têm fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria, terminadas em friso e cornija e com pilastras toscanas nos cunhais, sendo a lateral N. e a central coroadas por plintos paralelepipédicos simples e rasgadas nas fachadas laterais por fresta sem moldura. Na fachada principal, virada a O., abre-se portal, de verga reta e moldura encimada por cornija. No INTERIOR possuem as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento de cantaria e cobertura piramidal; sobre plataforma sobrelevada e irregular composta por afloramento rochoso, albergam grupo escultórico alusivo ao Passo da Paixão, representando o Beijo de Judas (direita), Flagelação (esquerda) e Ecce Homo (centro). O ESCADÓRIO OITOCENTISTA organiza-se em duas plataformas de perfil curvo, a inferior sustentada por muro em alvenaria de pedra caiada, com guarda plena de cantaria e pináculos sobre acrotérios junto à escada de acesso, que tem dois braços, com guarda em ferro e coluna de arranque. Nesta plataforma, pavimentada a pedra miúda, erguem-se duas capelas da Via Sacra, dois coretos e, ao centro, o denominado jardim da gruta. As CAPELAS são semelhantes às anteriores, mas nas fachadas laterais são rasgadas por vãos retangulares moldurados e gradeados e, interiormente, possuem as paredes em alvenaria de pedra aparente e a cobertura piramidal rebocada e pintada de branco. Albergam o grupo escultórico alusivo ao Passo da Paixão, representando a Crucificação (direita) e a queda de Cristo (esquerda). Nos ângulos da plataforma, junto à guarda da mesma, dispõem-se dois CORETOS, de planta centralizada, hexagonal, e volume simples, constituído pela base em cantaria de granito, assente em soco de pedra, com paramentos rebocados e pintados de branco, encimados por guarda em falsos balaústres planos de cimento, com pilares nos vértices. A face principal, voltada aos ângulos, possui os paramentos interrompidos pelo acesso precedido de degrau, adossado. No interior são percorridos por banco de cantaria. O JARDIM DA GRUTA é composto pela gruta propriamente dita, tripartida, o núcleo central, maior, e com falso alpendre, assente em "boiserie", imitando espécies arbóreas, com vãos protegidos por guardas em "boiserie" e acesso por vão retangular gradeado, tendo no interior pequeno grupo escultórico com a Adoração dos Pastores. Os núcleos laterais, com vãos retangulares, gradeados, albergam a imagem de Nossa Senhora de Fátima (esquerda) e a de Sagrado Coração de Jesus (direita). Em frente do núcleo central da gruta existe fonte de planta circular, com rocha ao meio, circundado por guarda em "boiserie", imitando espécies arbóreas; sob o alpendre e virados para a fonte, dispõem-se em plano sobrelevado duas figuras, uma feminina e outra masculina. Lateralmente existem ainda duas bicas em ferro, com pilarete canelado, coroado por pinha, com duas conchas laterais assentes em mísulas estilizadas, também circundadas por guarda em "boiserie", imitando espécies arbóreas. A PLATAFORMA SUPERIOR do escadório oitocentista, tem guarda em ferro e é acedida por dois braços de escadas, de três lanços, com guarda em ferro e coluna de arranque em cantaria. Nela erguem-se duas outras capelas, um coreto em ferro e escadório. As CAPELAS são semelhantes às anteriores, mas possuem os cunhais frontais coroados por pináculos tipo pera, tendo ainda a da esquerda o portal encimado por lápide inscrita e óculo e nas fachadas laterais gárgulas de canhão integradas na cornija. No interior albergam um Passo da Paixão, representando Cristo na Cruz (esquerda), e a Aparição de Nossa Senhora de Lourdes a Bernardete (direita). Junto e a meio da guarda da plataforma, ergue-se CORETO EM FERRO, de planta centralizada, hexagonal, de volume simples, constituído pela base e cobertura metálica, também hexagonal, pintado de verde. Base com paramentos em cantaria de granito, terminada em friso e cornija de cantaria, sobre a qual corre gradeamento em ferro, integrando duas entradas laterais, cerradas por portão de ferro, e, nos ângulos seis colunelos, de fuste canelado, sobre plintos semelhantes, e com capitéis vegetalistas, suportando a cobertura; esta é facetada e rematada, nos ângulos por elementos volutados e falsos pináculos, e, no vértice, por elementos volutados e harpa; ao longo da cobertura corre lambrequim de ferro. No interior tem pavimento em cantaria e é percorrido por banco em ferro. Entre as capelas desenvolve-se ESCADÓRIO, de quatro lanços divergentes e convergentes, com os muros de sustentação e as guardas plenas, pintadas de branco, percorridas por embasamento, rematadas por friso e capeamento de cantaria, ou com guarda em ferro. No seu arranque, o pavimento tem a data de 1922 inscrita e as altas colunas são coradas por duas figuras alegóricas femininas, em cerâmica vidrada; a partir do seu término, desenvolve-se escada lateral até ao adro da igreja, com vários lanços. O ESCADÓRIO DOS APÓSTOLOS desenvolve-se principalmente em seis patamares, o primeiro mais longo, pavimentados a calçada à portuguesa e a lajes de cantaria, interligados por lanços de escadas centrais, com guarda em ferro. Nos ângulos frontais dispõem-se plintos paralelepipédicos sustentando colunas encimadas por estátuas, de granito, segurando os seus atributos, e identificadas por inscrição em ferro, com representação dos seguintes Apóstolos: São Pedro, São Judas Tadeu, São Bartolomeu, São Filipe, São Tiago Maior, São Matias, à esquerda, e, São Paulo, São Tomé, Santo André, São Simão, São Tiago Menor e Judas Escariote, à direita. No término e a S. deste escadório, ergue-se CRUZEIRO sobre afloramento rochoso. É composto por plataforma de planta quadrangular, formada por três degraus, coluna de fuste liso, encimada por astrágalo, e capitel de secção quadrada com gola e colarinho, coroada por cruz biselada.

Acessos

EM 604 (troço Vilas Boas - Vila Flor); Avenida Nova; Lugar do Cabeço

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado, no topo e ao longo da encosta de uma elevação com cerca de 725 m de altura, onde se erguia um antigo castro, cujas estruturas foram destruídas, em grande parte, na sequência de trabalhos agrícolas e, posteriormente, pela edificação do santuário. A igreja, no cimo da elevação, domina a paisagem envolvente, com vista de 350º sobre as aldeias e campos agrícolas desenvolvidos em vastas extensões ao longo do Vale da Vilariça e das áreas que o enquadram, tendo ao fundo as cumeadas distantes das serras nordestinas. A igreja ergue-se sobre plataforma niveladora, adaptada ao declive acentuado, formando adro, frontalmente de perfil curvo, com pavimento lajeado, delimitado por gradeamento ritmado por acrotérios, os dos ângulos sobrepostos pelas estátuas das Virtudes: Fé, Esperança, Caridade e Gratidão. Sob o adro, desenvolve-se a O. outra plataforma, tipo adro, de perfil irregular, igualmente delimitada por guarda em ferro ritmada por acrotérios. O adro tem acesso por escadarias laterais a N., a disposta a NE. com 30 degraus e guarda em cantaria vazada por olhos de boi interligados e com coluna de arranque, e a disposta a NO. mais larga, com 138 degraus e guarda em ferro e acrotérios de cantaria, a qual comunica com o escadório oitocentista e o recente. A N. do adro dispõe-se a antiga casa dos Milagres, atual casa das recordações, e a E. a atual casa dos milagres, ambas adaptadas ao declive acentuado do terreno e construídas sobre afloramentos rochosos. No escadório recente, as duas capelas laterais inserem-se em pequeno adro quadrangular e frontalmente de perfil curvo, delimitado por guarda plena, rebocada e pintada de branco e capeada a cantaria. No escadório oitocentista, as duas capelas da plataforma inferior surgem adaptadas ao declive do terreno, com vários degraus de acesso. Na base do cabeço, junto ao portal e ao edifício dos visitantes, existe amplo espaço, com terreiro retangular pavimentado a paralelos, formando faixas alternadas, tendo a O. dois palcos, um deles sobre plataforma de cantaria, com guarda plena e escada de acesso, a N. a estátua do Papa Pio XII, parque de estacionamento e instalações sanitárias. Mais a O. deste terreiro desenvolve-se o Escadório dos Apóstolos, ladeado pela antiga casa do fogo de artifício e no término do qual existe alameda que conduz à aldeia de Vilas Boas e a S. se ergue cruzeiro. Na encosta N. do cabeço existe antigo terreiro com palco para espetáculos, pequeno nicho e o edifício do bar santuário, e a S. ergue-se a antiga casa dos guardas.

Descrição Complementar

Na IGREJA os retábulos colaterais têm estrutura semelhante, de planta côncava e três eixos, definidos exteriormente por duas pilastras ornadas de motivos vegetalistas e interiormente por duas colunas, de fuste canelado, com o terço inferior marcado, de capitéis coríntios, assentes em plintos e mísulas, respetivamente. No eixo central abre-se nicho, em arco de volta perfeita, interiormente facetado e pintado com motivos florais, albergando imaginária. Nos eixos laterais surgem apainelados definidos por frisos ondulados, enquadrando imaginária sobre mísula, encimada por baldaquino curvo, rematado por ramo de flores e com lambrequim de folhas. A estrutura remata em espaldar curvo, ornado de cartela com flor, sobre palmas, definido por falsos quarteirões e elementos volutados e rematado em frontão apontado, decorado de resplendor com pomba, sobreposto por açafates e festões; no alinhamento das pilastras dispõem-se urnas. Banco de apainelados decorados com motivos vegetalistas e altar tipo urna, pintado de azul, ornado com elementos vegetalistas enrolados. No coro-alto dispõe-se órgão de tubos positivo, encerrado numa caixa retangular de talha, a branco, com um castelo central proeminente e dois nichos laterais, divididos por pilastras, as exteriores sobrepostas por urnas, e rematada em cornija, contracurva na zona central proeminente e encimada por decoração fitomórfica vazada nas laterais. O castelo apresenta as flautas convexas em meia cana, em disposição diatónica, e os nichos são planos, com gelosias vazadas por motivos fitomórficos. A ATUAL CASA DOS MILAGRES tem o telhado coroado por dois pináculos cerâmicos e as fachadas com os cunhais frontais apilastrados e os posteriores com aletas; a fachada principal surge virada a S., terminada em friso e cornija e rasgada, em ritmo alternado, por duas portas e três janelas de peitoril, de molduras simples, sendo as janelas dos extremos gradeadas. As fachadas laterais são cegas ao nível do piso superior e a lateral direita é rasgada no primeiro piso por porta de verga reta; na posterior, rasga-se no piso superior janela de peitoril moldurada. No interior possui as paredes rebocadas e pintadas de branco e pavimento cerâmico. A ATUAL CASA DOS MILAGRES tem as fachadas de cunhais apilastrados, terminando a principal e a posterior em empena avançada, com remate e lambrequim em ferro, de motivos volutados e pináculos ao centro e nos cunhais; a principal surge virada a O., percorrida por embasamento e é rasgada por portal entre duas janelas de peitoril, de verga abatida e moldura com fecho saliente. Nas laterais rasgam-se duas janelas de peitoril no piso superior e, na lateral esquerda, porta no piso inferior, todas de verga abatida e as janelas com fecho saliente. A fachada posterior apresenta ao nível do segundo piso portal entre duas janelas de peitoril, com sacada corrida, assente em modilhões e com guarda em ferro, de motivos volutados. Perto deste edifício, mas numa cota inferior e junto a rochedo no limite da colina, existe espaço com pavimento em gravilha, delimitado por guarda em ferro, albergando queimador de velas, de planta circular e cobertura metálica, vedado por parede envidraçada. VIA SACRA: na CAPELA DO BEIJO DE JUDAS, vê-se Cristo ao centro, com Judas disposto lateralmente, a agarrá-lo e a beijá-lo, enquanto um soldado, à esquerda, o prende com uma corda na mão. Na CAPELA DA FLAGELAÇÃO, Cristo surge ao centro preso a uma coluna, com perizonium muito descaído, a ser flagelado por um soldado, disposto à esquerda, e por um homem de turbante, à direita. Na CAPELA DO ECCE a plataforma com afloramento rochoso é coroada por tribuna com guarda de madeira, de falsos balaústres planos; atrás desta surge a figura de Cristo, com perizonium, de braços cruzados sobre o ventre segurando uma cana verde e com uma corda ao pescoço, sendo apresentada por Pôncio Pilatos, portando calças, botas, casaco comprido com gola larga e friso vegetalistas e turbante; superiormente existe sanefa de madeira recortada. Na CAPELA DA CRUCIFICAÇÃO Cristo é representado no chão sobre a cruz, surgindo um homem à esquerda pregando a mão direita, com pregos dados por uma criança e, à direita, um soldado que lhe segura o pé com uma corda para o pregar; observa a cena a figura da Virgem, em pé, que ergue as mãos aos céus. Na CAPELA DA QUEDA DE CRISTO este surge com os joelhos e a mão esquerda por terra e a mão direita segurando a cruz, que trás às costas, ladeado por um soldado que ergue o braço e um homem que gesticula e olha para cima. Na CAPELA DE CRISTO NA CRUZ, Cristo surge de olhos abertos virados ao céu e pés sobrepostos, enquadrado por um soldado romano que segura a lança e se prepara para a espetar, uma santa mulher, ajoelhada junto à cruz, a Virgem, de mãos entrelaçadas e olhando para ele, e São João. Na CAPELA DA APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA DE LOURDES A BERNADETE Nossa Senhora surge num plano mais elevado, de mãos postas e Bernardete de joelhos e braços abertos. O EDIFÍCIO DOS VISITANTES tem junto ao portal principal placa de bronze com a inscrição "Foi este Santuário erigido em louvor da Virgem, há muitos anos, pelas mãos / miraculosas dos nossos antepassados. / Conscientes do valor do património recebido, não de ordem tangível, mas do / Sagrado, restaurámo-lo e ampliámo-lo com o fervor da nossa fé a a força do / nosso querer. / Que as marcas das nossas pegadas se inscrevam na memória das gerações / vindouras, indelevelmente para que a marcha tenha continuidade e o sonho / se perpetue. / 12 de Agosto 2007 / Vilas Boas, Cabeço de Nossa Senhora da Assunção". A ESTÁTUA DO PAPA PIO XII, nas imediações do edifício dos visitantes, tem placa de bronze com a inscrição "Papa Pio XII / Eugenio Maria Guiseppe Giovanni Pacelli / nasceu em Roma a 2 de Março de 1876, / foi eleito Papa no dia de 2 de Março de 1939 / e morreu a 9 de Outubro de 1958. / No dia 1 de Novembro de 1950, definiu o / dogma da Assunção de Nossa / Senhora ao Céu em corpo e alma.". Na encosta do cabeço e a N. das duas plataformas oitocentistas do santuário, existe antigo TERREIRO, pavimentado a cimento, com PALCO para espetáculos, de perfil curvo, adaptado ao declive do terreno, e cobertura plana em chapa ondulada. Na face posterior, com corpo em cantaria aparente, apresenta guarda plena de cantaria encimada por estrutura em ferro envidraçada. Também a N. e junto à estrada, existe num plano sobrelevado, pequeno NICHO, de perfil curvo, com porta metálica envidraçada, albergando a imagem de São Vicente, acedido por escada com guarda tubular em ferro. Igualmente a N. ergue-se o EDIFÍCIO DO BAR SANTUÁRIO, adaptado ao declive do terreno, de planta retangular, composta por dois corpos, o posterior de construção mais tardia, e com cobertura homogénea em telhado de quatro águas, coroado por dois pináculos cerâmicos. Tem fachadas rebocadas, a principal e a posterior pintada de branco, com o corpo principal de cunhais apilastrados. Fachada principal virada a SE., percorrida por embasamento e rasgada por seis portas, molduradas, as quatro laterais fechadas e transformadas em janelas de peitoril. Fachada lateral esquerda de dois pisos, o superior rasgado por janela de sacada, com guarda em "boiserie", imitando espécies arbóreas, e a direita rasgada por porta de verga reta sem moldura. Fachada posterior de dois pisos, rasgada irregularmente. Na encosta N. existe ainda a ESTÁTUA granítica de um bispo, segurando um Cristo na cruz, sobre plinto paralelepipédico. Na encosta S. do santuário ergue-se a antiga CASA DO ERMITÃO ATUAL CASA DA GUARDA, de planta retangular e cobertura em telhado de duas águas, com fachadas em alvenaria de pedra aparente, rasgadas irregularmente por vãos retilíneos. Na base da colina, a N. do escadório dos Apóstolos, ergue-se o pequeno EDIFÍCIO DA CASA DO FOGO, de planta retangular e cobertura plana em placa de betão. Tem as fachadas em cantaria aparente, com as juntas tomadas e pintadas de preto, a frontal e lateral direita rasgada por vãos retilíneos, com portas metálicas, a primeira maior.

Utilização Inicial

Religiosa: santuário

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Bragança - Miranda)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 19 / 20 / 21

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Manuel José da Costa Pinto (1834). ENTALHADOR: José da Costa (1877-1879). OLHEIRO: Manuel José da Mota (1863). PEDREIRO: José de Carvalho Gomes (1874).

Cronologia

1670, década - referência à existência de pequena capela dedicada a Nossa Senhora no cabeço de Vilas Boas; 1673 - a capela está ao abandono e serve para recolha de gado nos dias quentes de verão; 4, 7 e 8 setembro - referência a três aparições da Virgem a uma menina de dez anos, de nome Maria, filha de um habitante de Vilas Boas, chamado Jácome Trigo, a quem pede para consertar a capela *1; 1712 - referência à capela de Nossa Senhora da Assunção, anexa à Paroquial de Vilas Boas, por Frei Agostinho de Santa Maria, sendo então um dos mais concorridos santuários de Trás-os-Montes e guardando-se na sacristia um livro de registo dos milagres; em data desconhecida, devido à extraordinária concorrência dos fiéis e não havendo outro caminho além de uma escabrosa e estreita senda para subir até à capela, um capitão-mor de Lamego manda fazer, à sua custa, uma estrada, onde trabalham 15 homens; 1715 - a Câmara de Vilas Boas é autorizada a fazer duas feiras no cabeço, uma a 15 de agosto e outra a 14 de setembro; 1758, 15 abril - segundo o vigário João Luís Machado nas Memórias Paroquiais da freguesia, no cabeço a E. da vila ergue-se a capela da Senhora da Assunção, anexa à jurisdição da igreja paroquial, e de cujo sítio, por causa da sua eminência, se descobre parte do bispado de Lamego, do de Miranda e parte do de Astorga, do reino de Espanha; a capela é frequentada por muitas gentes de diversas terras e muito distantes da vila de há oitenta anos a esta parte, com a fama e notoriedade pública e autenticada pelos muitos milagres que tem feito aos fiéis que concorrem desde a Páscoa até aos meses de agosto e setembro; 1837 - início da construção do atual santuário fundado por António Aires de Soveral e com projeto de Manuel José da Costa Pinto (MORAIS, 1986); 1843, período anterior - a capela é pequena e humilde, com altar-mor e dois laterais, com um campanário e uma sineta (LEAL, p. 1404); e ela subia-se por escadaria "informe e muito estreita", descrevendo uma espécie de semicírculo em volta de uma grande fraga disposta quase em frente da capela, havendo ainda do lado N. um grande cabeço, mais alto que a capela, que não só lhe tira as vistas, mas também afronta o adro, visto ter apenas entre o cabeço e a capela cerca de um metro para a passagem dos romeiros; 1843 - as obras ainda estão no princípio por falta de recursos (LEAL, p. 1404); data inscrita na capela do Calvário assinalando a sua construção, a primeira; 1844 - Francisco Leite Pereira d'Almeida, administrador do Concelho, desejando por cobre ao desleixo e má administração do santuário, depois de conferenciar com o governador civil do distrito, propõe a formação de uma comissão de nove cavaleiros para gerir as rendas do santuário; 1844 / 1860 - edificação de quatro capelas na encosta e compra das respetivas imagens pela primeira Comissão de administração das rendas do santuário; a sua gerência apura 7:980$313 e despende 6:900$485, deixando o saldo de 1:079$828; 1848 - pagamento de um manto e saia azul para a imagem de Nossa Senhora; 1854 / 1855 - construção da casa da Comissão ou casa dos milagres, orçada em 1:450$850; 1858 - data do programa mais antigo das festas do santuário, existente no Museu Municipal de Vila Flor; 1859 - instituição da festa de Santa Eufémia, com imagem feita neste ano e trazida em procissão de Vila Flor, no 3º domingo de setembro, dia da sua festa; 1860, anterior a - construção de mais duas capelinhas (LEAL, 1886); 1860, 12 julho - ofício do governador civil nomeando a segunda Comissão do santuário; 1861 - compra no Porto de dois lampiões grandes, dezasseis pequenos e duas dúzias de torcidas para iluminação do santuário; 1862 - conclusão da escadaria frontal em substituição da estreita escadaria existente, mas que obriga à demolição de duas das sete capelas feitas, ficando reduzidas a cinco (LEAL, 1886); 1863 - pagamento a Manuel José da Mota por ser olheiro nas obras do santuário; 1864, 13 - 14 e 25 - 26 dezembro - durante estas noites fazem-se sentir dois tremores de terra, que provocam a queda de metade da casa do ermitão e arruínam a igreja, onde se abre uma grande fenda junto à porta travessa virada a N.; pouco depois procede-se à reconstrução da casa do ermitão; 1866 - contratação do Dr. Carmo Rodrigues para acionar judicialmente os devedores de juros ao santuário; elaboração de planta do santuário pelo engenheiro Eduardo Dinis Lopes, aproveitando as obras já feitas (LEAL, 1886); 1867 - pagamento ao engenheiro Eduardo Diniz Lopes de Sousa pela planta do santuário; 1868, 17 maio - decide-se reconstruir e ampliar a igreja; 1870 - data inscrita e relevada no fecho do arco triunfal assinalando a conclusão do corpo da igreja; 1870 - 1871 - demissão da segunda comissão e nomeação da terceira, composta por cinco cavalheiros; 1872 - conclusão da torre; 1874 - conclusão da obra de pedraria, pelo pedreiro José de Carvalho Gomes; 1875 - conclusão da obra de carpintaria; 1876, 25 agosto - pagamento ao padre José Joaquim Rodrigues de 1$560 para tirar a licença em Braga para benzer a igreja; 1877 - encarrega-se a obra de talha a José da Costa, de Mangualde; 1879 - conclusão da obras em talha, incluindo o retábulo, tribuna e banqueta da capela-mor, dois altares colaterais, púlpitos, tocheiros, grades do coro, tudo por 2:200$00; continuação das obras do adro; agosto - oferta do seu retrato para colocar na casa dos milagres, na sequência do pedido de uma das comissões, pelo grande benemérito Augusto dos Santos Gomes; 1881 - aquisição de setenta e dois lampiões; 1883, 14 agosto - colocação de carrilhão de dez sinos na torre, feito em Lisboa, por 1:200$00; 1885 - colocação de para-raios, comprado em Inglaterra, por 100$000; 1886, 8 março - início do douramento da talha, arrematado pelo entalhador José da Costa, por 1:600$000, sendo todo o ouro de 23 quilates; antes do início do douramento, estucam-se os tetos por 150$000; conclusão do lajeamento do adro, que é aplanado, fazendo-se uma ligeira inclinação para escoamento das águas pluviais, demolindo-se para isso dois penhascos, e feitura dos muros de suporte da plataforma, tudo por 700$000; segundo Pinho Leal, a meio do adro ergue-se o novo templo, com 19,50 m x 7 m, elegante e muito sólido, condição indispensável para resistir à fúria dos vendavais que fazia voar as telhas, embora duplas e bem argamassadas, pelo que a telha do novo templo é de Marselha e está presa ao madeiramento com arame de cobre; a sacristia é pequena, está unida à capela-mor e tem dois pavimentos, favorecendo a exposição do Santíssimo nos dias de festa, porque a imagem da Senhora que decora o trono está firmada numa porta e basta abrir essa porta para se colocar no alto do trono a custódia sagrada; terminada a festa, retira-se a custódia e, fechando-se novamente a porta, fica no lugar a imagem da Virgem; sobe-se para o adro por duas escadarias de pedra: uma do lado N., o lado mais acessível, com 30 degraus, e a do lado O., com 138 degraus, que é a principal; no lado N. do adro, fica a casa da comissão ou dos milagres, onde se recebem os donativos dos fiéis; junto do píncaro veem-se restos de um muro que faz parte de uma fortificação antiquíssima e em volta do píncaro têm-se encontrado muitas moedas romanas, sepulturas escavadas na rocha e outras feitas de tijolo; onde está a capela do Calvário encontrou-se uma cisterna e quando se fez a escadaria próxima, encontrou-se o encanamento que conduzia a água para a dita cisterna; também próximo do píncaro se encontram grande quantidade de escórias de preparação de metais; 1888 - pagamento para explorar água no santuário; 1889 - data da caixa de esmolas metálica no interior da igreja; 1890 - primeiros pagamentos de fotografias do santuário; séc. 19 - construção do depósito para abastecimento de água aproveitando a água das chuvas; 1901 - aprovação dos estatutos da confraria de Nossa Senhora da Assunção; 1903 - colocação de um órgão de tubos na igreja, adquirido em Braga; 1907 - fuga de um preso, encarcerado na cadeia do santuário; 1909 - roubo de diversos objetos em prata do santuário; séc. 20, 1ª metade - construção do coreto em ferro, casa dos romeiros (atual restaurante), escadório dos Apóstolos, jardins da gruta e atual casa dos milagres;1922 - data inscrita no pavimento junto ao escadório das últimas capelas; 1935, agosto - consagração da Diocese de Bragança a Nossa Senhora da Assunção, organizando-se uma grande peregrinação diocesana ao santuário; 1946, 15 agosto - explosão do motor da central elétrica durante a festa, provocando um morto; 1947 - aquisição do novo motor, por 100 contos; fixa-se definitivamente a festividade da Assunção no dia 15 de agosto; 1948 - aparecem os carros triunfantes onde é transportada na procissão o andor com a imagem de Nossa Senhora da Assunção; 1950 - benção da imagem de Nossa Senhora da Assunção pelo bispo da Diocese D. Abílio Vaz das Neves; 1960 - abolição do feriado da Ascensão, passando a festa para o domingo a seguir; 1965 - na sequência de trabalhos agrícolas, descobre-se junto ao santuário, um torques da Idade do Ferro, em ouro e muito elaborado (MACHADO, 1965); 1969 - inauguração do abastecimento de água ao santuário a partir do lugar do Ribeiral; 1971 - construção dos novos parques de estacionamento; 1996 - criação da casa das recordações na antiga casa dos milagres; 1998 - inauguração da nova iluminação do santuário pelo presidente da Câmara de Vila Flor; 2006, março - colocado a concurso os novos escadórios, estabelecendo a ligação entre o escadório dos Apóstolos e largo da gruta, um centro de visitantes, um cruzeiro, um pórtico, e requalificação de parte da Nova Avenida e Largo da Central, investimento de cerca um milhão e cem mil euros; aquisição de um novo andor em talha dourada para Nossa Senhora; 2007, 12 agosto - inauguração do Centro de Visitantes e da praça Pio XII e da repavimentação da avenida, pelo bispo da Diocese, D. António Montes, e o Presidente da Câmara de Vila Flor, Dr. Artur Pimentel; 2016, 24 julho - D. José Cordeiro eleva o Santuário à categoria de Santuário Diocesano e nomeia como seu reitor o Pe. Delfim Gomes; 14 agosto - bênção e inauguração do Centro de Receção e Visitas - Acolhimento aos Peregrinos, por D. José Cordeiro, bispo da Diocese, e pelo presidente da Câmara, Eng. Fernando Barros.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria ou cantaria de granito aparente ou rebocada e pintada; placas de betão; estrutura em aço; embasamentos, frisos, cornijas, pináculos, urnas, plintos, acrotérios, e molduras dos vãos em cantaria de granito; portas de madeira ou em ferro nas capelinhas e casa do fogo; guardas exteriores e grades em ferro; vitrais policromos; retábulos, guardas dos púlpitos, sanefas e sanefão em talha policroma e dourada; órgão em talha a branco; bacia dos púlpitos, pias de água benta, coro-alto e parte da sua guarda, pavimento e outros em cantaria de granito; cobertura interior da igreja em estuque; parte da guarda do coro-alto e guarda da capela do Ecce Homo em madeira; estátuas em granito, mármore, cerâmica vidrada e as das capelas em madeira pintada; coreto em ferro e dois em betão; estruturas em ferro e betão revestidas a "boiserie"; estruturas das capelas a imitar gruta; algerozes metálicos; cobertura exterior de telha, rebocada e pintada nas capelas, e em placa de betão no edifício dos visitantes e casa do fogo.

Bibliografia

BARARDO, Maria do Rosário - Santuários de Portugal. Caminhos de Fé. Lisboa: Paulinas Editora, 2015; CAPELA, José Viriato, BORRALHEIRO, Rogério, MATOS, Henrique - As Freguesias do Distrito de Bragança nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património. Braga: José Viriato Capela, 2007; "Escadas no Santuário de Vilas Boas". in Expresso. 25 fevereiro 2006; FEIO, Rui Alberto Lopes - Roteiro de oito Santuários Marianos em Trás-os-Montes. In Brigantia. Bragança: Assembleia Distrital, 2006, vol. XXVI, n.º 1/2/3/4, pp. 975-996; GIL, Júlio, CALVET, Nuno - Nossa Senhora de Portugal. Santuários Marianos. Intermezzo, 2003; LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho - Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: Livraria Editora de Tavares Cardoso & Irmão, 1886 vol. 11; LEMOS, Francisco de Sande - Povoamento Romano de Trás-os-Montes Oriental, Braga, U. M., 1993 vol. 2A; MACHADO, João L. Saavedra - "O "Torques" de Ouro de Vilas Boas de Trás-os-Montes". In Ethnos. Lisboa, Editorial Minerva, 1965, vol. 4; MORAIS, Cristiano - Cronologia Histórica de Vila Flor 1286 - 1986. Vila Flor: Câmara Municipal de Vila Flor, 1986; MORAIS, Cristiano - Roteiro de Vila Flor. Vila Flor: Câmara Municipal de Vila Flor, 1988; Nossa Senhora da Assunção, Vila Flor (http://www.santuariosdeportugal.pt/index.php?option=com_content&view=category&id=137&Itemid=504&sant=1), [consultado em 14-10-2013]; «Um Santuário com uma longa história de fé». In Mensageiro de Bragança. 18 agosto 2016, p. IV.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: 1922 - arranjos no escadório oitocentista, nomeadamente com colocação de empedrado; 1995, depois - restauro do exterior e interior da igreja, casa das recordações, casa do ermitão, casa dos milagres e muros de suporte dos mesmos edifícios; 2006 / 2007 - construção da segunda fase da Nova Avenida, Rotunda dos Evangelistas e Largo dos Carrascas; construção do edifício dos visitantes; execução de novo projeto de sonorização da igreja e reforço do abastecimento de água.

Observações

*1 - Maria era uma jovem doente que teria até tentado o suicídio. Na primeira aparição Nossa Senhora lança sobre ela água da fonte junto à qual lhe aparece e diz-lhe: "agora estás sã do mal de que padecias". Maria fica curada e a notícia do milagre espalha-se pela aldeia. Nas aparições seguintes Nossa Senhora pede à jovem para dizer às pessoas da aldeia que reparem a capela para que nela a sua imagem fosse venerada. O povo, entusiasmado com o milagre, repara a capela e transforma-o em local de culto e romaria. Segundo o Santuário Mariano, a menina estava a lavar a roupa de casa num ribeiro, quando lhe aparece uma senhora, muito bela, que a chama, dá a sua bênção e a leva a uma ribanceira ali perto, fazendo brotar água pura que passa várias vezes pela cabeça de Maria e lhe diz: "o mal que sofrias desapareceu, mas a sezão que tiveste na sexta-feira voltará ainda hoje e por isso vai depressa para casa e não a apanharás no caminho". Identifica-se a senhora como a Virgem da Assunção e diz para ir aos seus vizinhos pedir que jejuem na primeira sexta-feira e consertem a "minha casa porque não deixarei de interceder por todos vós". Três dias depois, está a jovem com seus pais a limpar uma eira quando lhe aparece de novo a Senhora que lhe diz ser a Virgem da Assunção. Agora Ela diz que Maria podia ir à capela. A meia ladeira do monte viu a Senhora e a capela com as portas fechadas, mas cheias de luz. A senhora pega numa cruz de madeira que estava na encosta, dá-a a Maria e diz-lhe que fosse correr à vila a dizer a todos que não se esqueçam do jejum e oferecesse a cruz a beijar. Em casa a menina encontra Bento Lopes e um outro rapaz e pede-lhes para irem com ela. Estes aceitam e percorrem a vila com duas velas acesas e a Maria dando a cruz a beijar. No dia seguinte, sexta-feira, 8 de setembro, dia da Natividade da Senhora, a menina repôs a cruz no sítio onde estivera, e a Senhora aparece-lhe, diz-lhe que estaria ali todos os sábados e pede a Maria para a ir ver, a que ela anuiu. Aos poucos o número de romeiros, provenientes de perto e zonas mais longínquas, aumenta, arquivando-se na sacristia numerosos relatos ou breves citações com nomes e datas de muitos milagres devidos a Nossa Senhora. Desde o séc. 19 que se celebram três festividades anuais: a festa da Ascensão, em maio, a romaria da Assunção, que culmina no dia 15 de agosto, sendo a mais importante de todas, e a festa de Santa Eufémia, em setembro. Inicialmente, todas as festividades eram realizadas no recinto do santuário mas, a partir do início do séc. 20, a festividade da Assunção passou a repartir-se pelo santuário e a paróquia de Santa Maria Madalena de Vilas Boas. O programa da festa de Nossa Senhora da Assunção tem três momentos principais: 1) no primeiro domingo de agosto, em que se realiza um cortejo processional com a imagem da Virgem, do santuário para Vilas Boas, onde durante 9 dias decorre a novena preparatória; 2) no dia 13, com o encerramento da novena, percorrendo dois lugares da aparição, a fonte do Ribeiral e o lugar do Cruzeirinho; 3) no dia 15 de agosto, o principal e em que se comemora a elevação da Virgem Maria ao Céu, com a procissão que vai desde a aldeia de Vilas Boas até ao santuário, composta por figuras bíblicas, onze andores, sendo o maior o de Nossa Senhora e carregado por cerca de 50 pessoas, duas bandas de música, peregrinos descalços e milhares de acompanhantes. Em setembro, a festa em honra de Santa Eufemia tem características idênticas à festa da Ascensão, mas nela decorre ainda o pagamento da irmandade e a arrematação do ouro oferecido ao longo do ano a Nossa Senhora da Assunção. *2 - Um dos grandes beneméritos do santuário, e cujo retrato pintado está exposto na antiga casa dos milagres, é Augusto dos Santos Gomes, nascido a 8 de novembro de 1834, na povoação de Vilas Boas, e negociante no Porto. Para as obras deu todas as cordas que se gastaram na construção da igreja e quase todos os objetos de prata existentes no santuário à data de 1886 (um cálice, uma campainha, um par de galhetas, uma lâmpada, turíbulo, naveta, etc). Deu 4000 azulejos, as quatro estátuas das Virtudes existentes nos ângulos do adro, dois sinos do carrilhão, o para-raios, que manda assentar pelo próprio filho, Ambrósio dos Santos Gomes. Pagou também a um homem que veio de Lisboa ensinar a tocar o carrilhão e, em 1886, os dois sermões ao orador de Foz Côa.

Autor e Data

Paula Noé 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja)

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