Capela da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro / Capela de Santo António

IPA.00006642
Portugal, Setúbal, Barreiro, União das freguesias de Barreiro e Lavradio
 
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca, pombalina, contemporânea. Capela maneirista de planta longitudinal, de raiz vernacular, com sobriedade e austeridade dos alçados, com delimitação por cunhais, vãos rectangulares, com portal ornamental; simplicidade de traçado, emprego de repertório renascentista nas modinaturas; espaço unificado com nave rectangular. Barroco na preservação da peça feita de raiz no passado, de pequenas proporções, com vestígios barrocos na decoração. Azulejos do barroco primitivo, os seriados, em azul e branco, com cestas de flores, ramos floridos, festões, e os de figura avulsa; mais tardios os de padronagem, os de cenas figurativas com contenção ao nível da cercadura, em azul e branco, e frisos marmoreados em roxo mais tardios; painel moderno de grandes proporções que adaptou o quadro figurativo centralizador, em fundo de padronagem, ambos moldurados. Segue a tipologia arquitectónica das capelas de Misericórdia da mesma época. O altar-mor teve por modelo, particularmente, o da Igreja Matriz da Golegã de princípios do séc. 16.
Número IPA Antigo: PT031504010005
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de Confraria / Irmandade  Misericórdia

Descrição

Planta longitudinal, composta por corpo da igreja e sacristia. Volumes articulados dispostos na horizontal. Cobertura em telhado de duas águas. Fachadas com embasamento pouco proeminente, e paredes chãs. Fachada principal voltada a E. de um pano desenvolvido entre cunhais de cantaria, de dois registos definidos por um pórtico principal de verga recta e ombreiras formadas por pilastras toscanas, onde assenta uma cantaria com grande concha esculpida em relevo, e verga com inscrição; portada de duas folhas em madeira com ferraria, tudo sobrepujado por janelão rectangular, moldurado a cantaria com ligeiro lavor nas ombreiras, com cornija e brincos, encimado por pequeno óculo circular, ambos gradeados. Remate em frontão ondulado, cornija de coroamento e beiral com telha e cruz no topo; recuado, o pano estreito, da torre sineira, delimitado por cunhal, com pequeno quadrifólio, e arco sineiro, com remate de friso rectilíneo. Fachada a N. de um pano cego, rematada em cornija de coroamento e beiral. Fachada a S. de um pano e dois registos com janela a marcar o superior, e remate em beiral. Articulação exterior / interior desnivelada, pelo que se acede subindo três degraus. INTERIOR - Espaço diferenciado em igreja e sacristia; corpo de uma nave. CAPELA-MOR em destaque sobre patamar alto, delimitada por balaustrada em mármore, com acesso por seis degraus de pedra; parede fundeira coberta por painel azulejar com figuração de Assunção da Virgem de grandes proporções; mesa de altar quadrangular, coberto de azulejos; cada uma das ilhargas está coberta aproximadamente a um terço do pé-direito, por silhar de azulejos figurativos, azuis e brancos; a cobertura é em tecto de três panos, de caixotões em madeira e o pavimento em cantaria e tijoleira. NAVE com frontais do patamar e, aproximadamente, um terço do pé-direito das ilhargas, coberto por silhares de azulejos; lateralmente o remate é em friso de coroamento; na ilharga da esquerda destaque para o púlpito de mármore vermelho da Arrábida, lavrado com cabeça de anjo em relevo; sobre o guarda vento em madeira, de planta quadrada, assenta o coro-alto em madeira, com balaustrada em pedra, para onde se sobe por escada de pedra, que parte da sacristia. A cobertura é em tecto de três panos de caixotões em madeira, o pavimento é em tijoleira, com passadeira central e duas mais pequenas, laterais, de pedra de cantaria.

Acessos

Praça de Santa Cruz, zona antiga do Barreiro

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Deliberação da Assembleia Municipal do Barreiro de 26 março 2003

Enquadramento

Ergue-se no núcleo urbano do Barreiro antigo, frente à igreja Matriz de Santa Cruz (v. 150401004), em planície, num pequeno largo, com fachada principal ressaltante, adossada ao edifício do antigo Hospital e a escadaria de beco, fachada posterior adossada a habitações mais elevadas.

Descrição Complementar

No frontispício destaque para o relevo sobre a verga do portal, representando uma cabeça de anjo, entre duas asas, com o mesmo emblema a cada um dos lados, sobre inscrição: IZABEL PIZ DAZÃBUIA FEZ ESTE PORTAL *1. O templo é forrado em grande parte por azulejos azuis e brancos: para além dos modernos da parede fundeira, nas ilhargas da capela-mor existem azulejos com figuração de cenas da vida de São João Baptista; cena alusiva ao nascimento de São João Baptista e na parede oposta, rasga-se uma porta entre dois painéis azulejares, dois quadros representativos, um de São João Baptista, e o da direita, da Visitação de Santa Isabel; na nave azulejaria seriada, em silhar e no topo na plataforma, silhar com anjos e festões com moldura, com friso marmoreado roxo. Na sacristia, azulejos de padronagem, azuis e amarelos, e também azuis e brancos, forram parte das paredes, destaque ainda para uns poucos de figura avulsa, em avental de lavabo pétreo; destaque para um Cristo Morto em esquife, de talha de madeira e para o antigo gradeamento artístico de madeira do antigo coro-alto.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 15 / 16 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 15, finais - fundação da capela, data baseada na descoberta de moedas do reinado de D. João II (1481-1495) sob o primitivo adro da capela; 1560 - Fundação da Misericórdia do Barreiro; séc. 17 - introdução de arranjos e alterações na capela a mando de D. Isabel Pires de Azambuja, sobrinha da fundadora do Convento da Madre de Deus da Verderena, com beneficiação da frontaria através de um novo portal; púlpito, possivelmente, também desta época; época dos azulejos azuis e amarelos que forram as paredes da sacristia; 1752 - notificada a existência de Casa de Misericórdia no Barreiro havia aproximadamente 200 anos; 1760 - a Misericórdia entra em posse de bens vinculados deixados por D. Francisca de Azambuja que instituíra o convento de Franciscanos da Madre de Deus da Verderena; séc. 18 - época de talha do esquife do Senhor Morto; época possível da imagem de Santo António adquirida já no séc. 20 num antiquário, na Rua de São José, em Lisboa; séc. 18, 1ª metade - painéis de azulejos da capela-mor; séc. 18, finais / 19, inícios - beneficiação do corpo da capela com azulejos ornamentais; séc. 19, primeiro quartel - a Misericórdia entra em demanda com um descendente de D. Francisca de Azambuja e em período de grande penúria; 1886 - demolição do grande adro de cantaria que havia frente à capela, tendo-se encontrado moedas do tempo de D. João II; por alvará de 21 de Maio os bens da irmandade de Nossa Senhora do Rosário foram incorporados na irmandade da Misericórdia; séc. 19, últimos anos - capela muito arruinada; 1900 - importante arranjo no tecto da capela que ameaçava ruína; 1910 - o templo está de novo em ruína; 1926 - algumas reparações, perde o cadeiral do provedor e dos doze mesários; 1929 - na Direcção de Augusto César de Vasconcelos dados estatutos à Misericórdia que volta subsidiar os carenciados locais; 1949 - aprovação do Compromisso; 1955, 9 de Março / 15 de Agosto - presidência de José Francisco da Costa Neves e reconstrução da Capela da Misericórdia, sob a direcção do mestre de obras Luís Raimundo dos Santos, a partir das quatro paredes mestras a que o edifício foi reduzido, então rebocadas de novo, restituídas à traça antiga; preservação do púlpito, dos frisos e painéis interiores azulejares, posteriormente retocados; modificação do pavimento (segundo a época a que devia remontar a capela inicial): tijoleira, com passadeira central e duas mais pequenas, laterais, de pedra de cantaria; altar-mor modificado: altar desviado da parede fundeira, cujo centro foi coberto por painel azulejar mandado executar à Fábrica Santana, de Lisboa, com figuração da "Assunção da Virgem"; construção do tecto de três planos em caixotões de madeira; desmantelamento do coro-alto, aproveitamento do gradeamento artístico de madeira para a sacristia e capela-mor; reconstrução interior da sacristia dotada de lambris de azulejos tipo Batalha; 1999 - remodelação da instalação eléctrica.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes

Materiais

Alvenaria rebocada em caiado áspero, cantaria de mármore da Arrábida e mármore branco, azulejos, madeira, madeira africana (tecto), ferraria, tijoleira, telha cerâmica vermelha, de canudo.

Bibliografia

PEREIRA, Esteves, Diccionário Histórico, Biográphico, Bibliográphico, Chorográphico, Numismático e Artístico, Lisboa, 1906; PIMENTA, José Augusto, Memória Histórica e Descritiva da Vila do Barreiro, Lisboa, 1886; PAIS, Armando da Silva, O Barreiro Antigo e Moderno, As Outras Terras do Concelho, Barreiro, 1963; IDEM, O Barreiro Contemporâneo, A Grande e Progressiva Vila Industrial, Vol. I, Barreiro, 1966.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; SCMB

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; SCMB

Documentação Administrativa

SCMB

Intervenção Realizada

SCMB: 1955 - obras gerais de conservação, restauro e reconstrução; 1999 - obras de restauro, conservação e limpeza, electrificação.

Observações

*1: Isabel Pires D'Azambuja era casada com seu primo Fernão Roiz D'Azambuja, sobrinho da fundadora do Convento da Verderena. *2: Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro, Rua Miguel Bombarda, 2830 - Barreiro, Telefone 2168729; (Provedor Dr. Júlio Freire, tel. 2168076).

Autor e Data

Albertina Belo 1999

Actualização

 
 
 
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