Igreja Nossa Senhora do Rosário

IPA.00006628
Portugal, Setúbal, Barreiro, União das freguesias de Barreiro e Lavradio
 
Arquitectura religiosa, de estilo chão vernacular, rococó, pombalina. Igreja estruturalmente de raiz vernacular de estilo chão, pela tendência nacional para os valores de austeridade nos alçados, clareza, ordem, proporção e simplicidade; com fachadas rematadas à face por empenas simples, com decoração sóbria, e cobertura de telhados à portuguesa, e frontispício flanqueado por duas torres. Do maneirismo nacional são ainda os arcos que dividem as capelas da nave ou do transepto. Capela-mor com decoração exuberante, que esconde os materiais pobres com que se faz a reconstrução na época pombalina; talha que conjuga elementos arquitectónicos e escultóricos; colunas de fuste de canelura vertical, com capitéis compósitos onde assentam impostas que apoiam frontões frisados, com envolvimento de figuras com rica decoração rococó; no coro-alto destaque para volutas e orelhões do rococó com elementos mais delicados de reacção à exuberância. Do pombalino ainda a articulação de portas com sobreposição de janelas, e a continuidade no interior, da arquitectura chã.
Número IPA Antigo: PT031504010006
 
Registo visualizado 147 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja  

Descrição

Planta longitudinal, composta, irregular e em coincidência exterior / interior. Volumes articulados; disposição em verticalidade. Cobertura diferenciada em telhados de 2 águas no corpo da igreja e braços do transepto, de 1 água nos anexos laterais, e em domo de arestas, nas torres. Fachadas, com embasamento e vãos moldurados de forma rectangular, com excepção para 2 vãos de lume com forma irregular, colocados a meio dos alçados da nave e para dois lumes nos topos dos braços do transepto, em meia esfera; pequeno número de janelos colocados na horizontal. Fachada principal orientada a O., de 3 panos. sendo o central o do corpo da igreja, e os laterais os das torres, delimitados lateralmente por pilastras toscanas de ressalto, gigantes, e pelos cunhais dos extremos das torres; fachada dividida em 2 registos: no inferior abre-se um portal de verga curva encimado por frontão encurvado lateralmente, com verga supra, recta, flanqueado por 4 vãos de janela cegos, 2 no mesmo pano e 2 nos das torres, ostentando todos molduramentos semelhantes aos do portal, sendo sobrepujados por tabelas com inscrição; no registo superior rasgam-se 3 janelões no pano central, e mais 2 nos laterais; o remate superior é em cornija continuada de coroamento em ressalto; encimam as torres, torreões com 4 ventanas sineiras, em arco pleno, delimitados por cunhais e cornija de coroamento com fogaréus na continuação dos cunhais e pilastras e pináculo no topo. As fachadas laterais e a posterior têm os remates superiores em empenas rectas com cornija e beiral, excepto para a posterior que termina em empena angular e beiral, rematada por uma pequena sineira. INTERIOR: de espaço diferenciado em capela-mor, sacristia e escritório, nave e transepto com capelas, sala de reuniões. Capela-mor com toda a estrutura em talha pintada e dourada; altar-mor retabular com mesa de sarcófago, com 2 colunas compósitas onde assentam cornija arquitravada e frontão de curva e contracurva em ressalto, sobrepujado por 2 figuras aladas de vulto, e resplendor encimando todo o conjunto; no registo inferior 2 portas de acesso ao camarim com trono de degraus, com imagem da padroeira, encimadas por nichos laterais sobre mísulas; os alçados laterais cobertos pela talha estrutural, com telas pintadas, têm uma porta de cada lado, à direita acesso ao escritório e à esquerda à sacristia; a cobertura é em abóbada de arestas. Arco triunfal, de pilastras toscanas, de pleno centro, com pedra de fecho, separa a capela-mor do transepto. Transepto com capelas rasas nos topos; no lado da Epístola nicho aberto com uma mísula de madeira dourada *1 com imaginária, em fictício vão de porta, perpendicular à nave e frente a porta para anexo. Corpo da igreja com quatro nichos, abertos, dois de cada lado da nave, igualmente, em fictícios vãos de porta de umbrais e vergas rectas, ostentam imaginária; separadas da nave por arco pleno com pilastras toscanas, abrem-se 2 capelas pouco profundas, uma de cada lado. Ergue-se o coro-alto sobre a entrada principal, assente em duas colunas toscanas e modilhões, com varanda de barriga guarnecida por balaustrada, em madeira pintada de branco com douramento, ostentando ao centro um órgão; à entrada, ergue-se o vestíbulo com guarda vento em madeira pintada de branco e com douramento, com vitrais nos lumes. A iluminação é dada pelos vãos já descritos. Cobertura em abóbada de asa de cesto. A torre do lado N. tem um carrilhão e um relógio com três mostradores. Sacristia com lavatório de mármore lavrado, e tela de pintura antiga, com silhar azulejar policromo a um terço da altura do pé-direito e arcaz a toda a sua largura. Nos alçados das ilhargas da nave e no transepto destacam-se pinturas modernas sobre tela, de cariz popular, com cenas do imaginário cristão, molduradas com lavor relevado em estuque.

Acessos

Rua Almirante Reis; Rua Miguel Pais; antiga Rua de Palhais

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, em planície, isolado, numa praceta com adro e cruzeiro fronteiros, em destaque frente a amplo largo ribeirinho, parque de estacionamento de viaturas ligeiras.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Setúbal)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 (conjectural) / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ORGANEIRO: António Xavier Machado e Cerveira (atr.), Pedro Guimarães (2004).

Cronologia

1531 - fundação da ermida de São Roque, por Cosme Bernardes de Macedo (Corografia Moderna do reino de Portugal), por razão da grande epidemia pestífera que se manifestava em Lisboa, depois chamada de São Pedro; no local desta ermida foi mais tarde construída a capela-mor da igreja de Nossa Senhora do Rosário; 1736 - entrega da igreja à Irmandade dos Escravos de Maria Santíssima do Rosário do Barreiro pela irmandade de São Pedro que se encontrava estabelecida na capela, passando a capela a denominar-se Igreja dos Escravos de Nossa Senhora do Rosário do Barreiro; colocação na capela da imagem de Nossa Senhora do Rosário muito venerada em Lisboa, passando a igreja desde então a ser lugar de festividades populares e de romagens; 1755 - graves estragos causados pelo Terramoto; 1757 - importante transformação da igreja, com restauração e ampliação; 1781, 16 de Maio - por resolução da Rainha D. Maria I, passa a ostentar o título de Real Irmandade, tendo a rainha por Juíza Protectora Perpétua, no que foi seguida até ao último monarca português; 1782 - ampliação do templo, obras de construção da tribuna de Nossa Senhora na capela-mor, com alteração das paredes existentes; 1783 - obra de restauro da capela-mor, com trabalhos de pedreiro; 1784 - termo de ajuste ao pintor Jerónimo de Barros Ferreira, para douramento da talha da capela-mor, pintura e decoração do tecto e paredes da dita capela; 1791 - resolução de obras de alargamento de espaços, por aumento do número de Irmãos Escravos; séc. 18 / 19 - feitura do órgão, atribuída a António Xavier Machado e Cerveira; 1839, 1 de janeiro - reabertura da igreja Matriz, reedificada; 1857 - construção da torre N. (do lado direito da igreja) e colocação de um carrilhão de 8 sinos, fundidos nas oficinas de Manuel António da Silva, Filhos e Santareno, em Lisboa, a custos de dinheiros vindos, para esse fim, da colónia portuguesa do Maranhão; colocação de um relógio de 3 mostradores, vindo do extinto convento de Palhais; 1891 - data aposta em placa comemorativa de obras de vulto feitas na igreja; 1912 - aprovação de obras interiores e exteriores, de harmonia com a lei de 20 de Abril de 1911 e pelo valor global de 131$967 réis; 1954 - ruína e abatimento do soalho para dentro da grande caixa de ar em que assentava; 1955 - restauro do pavimento com substituição do soalho por tijoleira, ficando a entrada, os corredores central e laterais marcados a mármore branco polido, ligeiramente inclinado no sentido do altar principal para prevenir as marés vivas e evitar os danos causados pelas frequentes enxurradas; 1956 - construção de nicho para colocação da Imagem do Círio da Senhora do Rosário.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Alvenaria, cantaria calcárias de pedra liós e mármore, madeiras exóticas, estuque relevado, talha dourada, vitrais, pintura em tela, azulejos, tijoleira, telhas.

Bibliografia

COSTA, Américo, Diccionario Chorographico de Portugal Continental e Insular, Vol. 3, 1932; COSTA, P. Francisco S., A Real Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e a sua Capela, Subsídios para a História Integral do Barreiro, Torres Novas, 1966; PAIS, Armando da Silva, O Barreiro e o seu Concelho, Porto, 1951; IDEM, Roteiro da Vila do Barreiro, Barreiro, 1963 / 1964; Igreja de Nossa Senhora do Rosário - o velho e valioso órgão vai ser restaurado, in Jornal do Barreiro, 17 Setembro 2004; PEREIRA, Esteves, Diccionário Histórico, Biográphico, Bibliográphico, Chorográphico, Numismático e Artístico, Lisboa, 1906; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Paróquia: 1912 - obras interiores: renovação total dos tectos, sobrados, estuques e pinturas, altares e sacristia; exteriores: telhado, caiação, caixilhos, vidros e pinturas; 1923 - obras na capela de São Pedro e fazer camarim para o Senhor dos passos e Senhora da soledade; 1938 - reconstrução em betão armado, da abóbada do arco cruzeiro que ameaçava ruína; 1955 - restauro do pavimento; remoção de um gradeamento de separação da capela-mor; entaipe de pequenos nichos; 1957 - reconstrução de telhados e abóbadas, completada a torre da banda S., alguns arranjos interiores, como obras na capela de Nossa Senhora do Rosário; reconstrução total dos anexos das bandas S. e N., remodelação de todos os altares, com substituição da madeira antiga por pedra. Paróquia / IPPAR / CMB: 2004 - início do restauro do órgão, pelo organeiro Pedro Guimarães.

Observações

*1 - Mísula escolhida num antiquário de Lisboa pelo arquitecto J. Cabeça Padrão.

Autor e Data

Albertina Belo 1999

Actualização

 
 
 
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