Palácio Burnay / Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa
| IPA.00006535 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Alcântara |
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Arquitectura residencial, ecléctica. Palácio oitocentista, de disposição perfeitamente simétrica, a partir de um corpo central, composto por quatro corpos torreados angulares de três pisos, e um mirante com cobertura em cúpula ao centro, a que se adossam duas alas de piso único, sobre as quais se desenvolve pátio ajardinado, surgindo um amplo jardim na fachada posterior. As fachadas são rasgadas regularmente por vãos em arco abatido, no primeiro piso, ou rectilíneos, numa sucessão típica do gosto neoclássico, também visível no recurso ao revestimento em cantaria do piso inferior. O interior tem um sistema de circulação bastante simples, partindo do corpo central, a partir do qual se faz a distribuição a todo o edifício, ao longo das alas que se estendem em torno dos pátios rectangulares, sendo as dependências intercomunicantes. A decoração destas revela o gosto eclético de final do séc. 19, onde vários estilos se misturam, desde o neoclássico, com pinturas compostas por folhagem sinuosa, figuras híbridas ou alusões mitológicas, também visíveis na estatuária da fachada principal, ao romantismo, com o gosto por telas bucólicas, representando paisagens, até ao barroco e rococó, visível na decoração dos estuques concheados, no recurso a estípides, colunas coríntias douradas e acantos enrolados. A modernidade da época não deixa de estar presente nas pinturas que revestem o teatro e a sala de jantar, onde fundos de tendência aguarelada contrastam com profusão de anjos. Também o estilo mais tenebroso, tipicamente inglês nos surge na "boiserie" da sala de música, onde domina a madeira escura e no corredor, este aligeirado pelos poços de luz que abundam no imóvel. A par dos jardins, surgem duas estufas de ferro e vidro, ao melhor gosto romântico, onde espécies exóticas sobreviviam. Palácio de fundação antiga, de que subsistem raros vestígios e que se cingiria ao núcleo do corpo central, de planta em U aberto, e quatro corpos torreados, que foi aligeirado com a construção do terraço central, avançado, quebrando a tendência do U e pela extensão das alas laterais, com um único piso, tudo sobrepujado pela torre mirante, que tira partido da proximidade do Rio Tejo, possuindo uma vista única sobre esta zona ribeirinha. A fachada principal segue um esquema clássico, com o piso inferior revestido a cantaria, em aparelho isódomo, contrastando com a alvenaria rebocada dos restantes. As alas laterais funcionavam como amplos terraços ajardinados, de que subsiste o do lado direito, com balaustrada barroquizante, encimada por figuras alegóricas, algumas já sem atributos, mas revelando uma ligação ao domínio da Arte, e por vasos do tipo Médicis, muito em voga no gosto neoclássico, constituindo um complemento ao jardim na fachada posterior, com acesso por duas estufas, onde se verifica a modernidade de início de século, de construções em ferro e vidro, iniciadas nos jardins românticos ingleses; estas possuem fachada dupla, marcada por colunas de fuste liso e capitéis jónicos. As janelas visíveis do exterior apresentam molduras recortadas, encimadas por elementos recortados, criando falsos tímpanos, talvez numa reminiscência do que seriam os vãos barrocos, sendo as interiores mais simples, com remate em friso e cornija. Também as janelas contracurvadas da cúpula e o seu remate em cúpula com olhos de boi decorados por motivos vegetalistas remetem para influências directas da gramática barroca. O palácio foi alterado no final do séc. 20, com a introdução de um corpo rectangular no lado direito, bastante discreto, e pela criação de dois pátios interiores, em betão, e ao nível do primeiro piso, no local onde se erguiam os jardins. O mais notável é a escadaria interior com uma decoração em "grisaille" e "trompe l'oeil", onde os elementos decorativos barrocos, como vasos floridos e acantos enrolados, se misturam com figuras mitológicas, troféus e frisos clássicos, que podem ser observados a partir de uma invulgar escada de dois lanços circulares convergentes, permitindo a visualização de todo o espaço ao utente. As salas do segundo piso, bastante bem conservadas no que concerne à sua decoração parietal primitiva, estão relacionadas com o prazer e o divertimento, apanágio de longos serões e festas dados pelas famílias responsáveis pela sua construção, surgindo uma pequena sala de jantar ovalada, mas um amplo salão, que abre para uma galeria envidraçada, constituindo mirante sobre o jardim e ela própria com elementos refrescantes como um tanque de água, pintada com elementos vegetalistas e clássicos em sépia; de destacar a Sala de Baile, em apainelados e com tectos em estuque decorativo, a Sala de Música, em "boiserie", revivendo o espírito maneirista inglês, com o recurso a cariátides de madeira, bem como alguns gabinetes com decoração de rosetões barrocos ou de animais híbridos clássicos. Uma das salas com elementos bucólicos no tecto, constituindo a sala que antecede o gabinete da administração, foi decorada antes da família Burnay, possuindo uma representação da Quinta do Relógio, pertencente ao apelidado Montecristo, proprietário deste edifício. No interior, surgia um pequeno teatro, com plateia e galeria em U, com caixa de palco muito simples, com acesso por portas de verga recta laterais; a simplicidade interior contrasta com o pórtico de entrada, de características barrocas, onde surgem colunas espiraladas e fragmentos de frontão com concheados, que centram pedra de armas ornada por paquife, festões e volutas. O Palácio denota, assim, a vivência de uma alta burguesia nobilitada de meados e final do séc. 19, bem como o gosto eclético que se vivia na decoração dos interiores, bastante requintados, contrastando com o exterior mais sóbrio de linhas com tendências clássicas. De destacar o pavimento do vestíbulo, em cantaria de várias tonalidades, formando elementos geométricos. |
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Número IPA Antigo: PT031106020121 |
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Registo visualizado 2871 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre
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Descrição
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Planta rectangular simples e simétrica, composta por corpo central, de dois e três pisos, e duas alas desenvolvidas em torno de dois pátios rectangulares, de um e dois pisos, com amplo jardim (v. PT031106021152) na fachada posterior, em cota nivelada com o segudo piso; volumes articulados, de disposição horizontal, com coberturas diferenciadas em telhados de duas e quatro águas, em terraço, sobre as alas laterais, e em cúpula cega sobre o corpo torreado central. Fachadas rebocadas e pintadas de rosa, excepto o piso inferior do corpo central, em cantaria de calcário lioz, percorridas por embasamento de cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados, sobrepujados por pináculos de bola, e rematadas por platibanda plena ou balaustrada. As janelas possuem caixilharias de madeira, de duas folhas e bandeira, protegidas por vidro simples, algumas com portadas exteriores em madeira pintada de verde. Fachada principal virada a S., com a zona central de disposição simétrica e composta por vários corpos escalonados, em disposição harmónica, com dois corpos torreados laterais e um ao centro, mais elevado, constituindo um mirante. O eixo central evolui em dois pisos, com o inferior saliente, rasgado por portal em arco de volta perfeita, com fecho saliente e dupla moldura recortada, rematado por pequeno friso e cornija contracurva, com concheado no fecho, protegido por porta de duas folhas de madeira almofadada; é flanqueado por duas janelas de peitoril em arco abatido. A saliênca permite a formação de um terraço superior, com guarda balaustrada e para onde abrem três portas - janelas, rectilíneas, com molduras recortadas e rematadas por friso e falso frontão interrompido. Encontra-se ladeado por dois panos semelhantes, com janela de peitoril em arco abatido no piso inferior e janela de sacada no superior, com pequena bacia em cantaria e guarda metálica vazada e pintada de verde, formando motivos geométricos; os vãos têm molduras recortadas e rematam em friso e falso frontão interrompido. Os corpos torreados evoluem em três pisos, os superiores separados por cornija bastante saliente, com o primeiro rasgado por janela em arco abatido, encimado por janela de sacada, semelhante às anteriores, surgindo, no terceiro piso, janela de peitoril rectilínea, com moldura simples, rematado em falso frontão interrompido e com pano de peito almofadado; as faces internas possuem uma porta de verga recta, que abre para os terraços que cobrem os panos que flanqueiam o corpo central. Sobre este e em plano recuado, um corpo torreado oitavado, com quatro panos cegos e três deles rasgados por janelas de peitoril rectilíneas, encimados por janelas de sacada, com bacia em cantaria e guarda metálica pintada de verde, formando elementos geométricos, sendo o vão em arco de volta perfeita, rematado em cornija. A cúpula, revestida a metal, possui um olho de boi nas faces principais, rodeado por elementos fitomórficos e remata em lanternim com quatro janelas rectilineas, protegido por guarda metálica simples. As alas laterais são semelhantes, cada uma delas formada por três panos, o central reentrante, divididos em sub-panos, os laterais em número de dois e o central em cinco, definidos por pilastras toscanas, com os fustes em silharia fendida, tendo, sobre os acrotérios das balaustradas, vasos do tipo Médicis e, de cada lado, quatro esculturas de vulto, formando alegorias; em cada pano, rasga-se uma janela de peitoril em arco abatido e moldura simples de cantaria. No topo da ala direita, corpo de dois pisos, definidos por amplo friso, ornado por almofada, rasgado por duas janelas de peitoril, a do piso inferior em arco abatido, sendo a superior rectilínea e rematada em falso frontão interrompido. Fachada lateral esquerda adossada, estando a fachada lateral direita, virada a E., marcada por três panos escalonados, o do extremo direito reentrante e protegido pelo muro que delimita a propriedade. O do lado esquerdo faz parte da zona antiga do Palácio, de dois pisos divididos por friso almofadado e dupla cornija, rasgado, em cada um, por sete janelas jacentes, as inferiores em arco abatido, com fechos salientes e molduras também salientes na zona superior; as do piso superior são rectilíneas. O pano intermédio subdivide-se em cinco panos por pilares de cantaria, tendo, em cada um, duas amplas janelas de peitoril sobrepostas. O pano do extremo direito é de um único piso e possui janelas verticalizadas rectilíneas. Fachada posterior tem um piso visível, o nobre, devido ao desnível do terreno, com disposição simétrica a partir do corpo central, marcado por galeria envidraçada, sobre a qual se vê o corpo coberto por cúpula, tendo adossado, na face posterior, elemento de perfil semicircular e envidraçado, onde se dispõem as escadas em caracol de acesso à torre; o corpo central encontra-se flanqueado por dois corpos, rasgados por janela rectilínea, protegida por vidro; ambos têm cobertura em terraço, rematado por platibanda plena, e, sobre eles, são visíveis os corpos torreados da fachada principal, aqui rasgados por portas - janelas rectilíneas e com molduras recortadas. As alas laterais são semelhantes, com corpo central em cantaria, saliente e marcado por quatro colunas de fuste liso e capitéis jónicos, de acesso a estufas com estrutura de ferro e vidro, com coberturas em falsas abóbadas de berço, ladeados por dois corpos, cada um deles com três portas - janelas com molduras simples, em cantaria. A ala do lado esquerdo tem um corpo adossado perpendicular, de feitura mais recente, com várias portas e janelas rectilíneas. Junto ao corpo central, duas escadas de perfis curvos, convergentes, que ligam a pequeno pátio e ao piso inferior; este possui pavimento em calçada à portuguesa, formando elementos geométricos entrelaçados e motivos fitomórficos estilizados, para onde abre porta de verga recta, ladeada por duas janelas de peitoril, protegidas por alpendre sustentado por seis pilares toscanos, com as arestas biseladas, sendo pavimentado a ladrilho de cantaria, formando axadrezado. INTERIOR com um sistema de circulação simples que tem por base o corpo central a partir do qual se faz a distribuição a todo o edifício ao longo das alas que se estendem em torno dos pátios rectangulares, sendo as dependências intercomunicantes. Os pátios evoluem em dois pisos e são semelhantes, surgindo, no piso inferior, estrutura em betão, fechada por vidros espellhados, com bandeiras e algumas portas rectilíneas; o piso superior é pavimentado a calçada à portuguesa, formando triângulos. Para o do lado esquerdo abrem duas fachadas perpendiculares, a virada a S. de disposição simétrica, a partir de um eixo central flanqueado por gigantes em silharia fendida, que centram quatro colunas de fuste liso e capitéis jónicos, com os vãos protegidos por estrutura de ferro envidraçada, a central formando a porta de acesso ao pátio, através da estufa. As alas laterais têm, cada uma, três portas - janelas, com molduras de cantaria recortadas, rematadas por friso e cornija. A face virada a O. possui dois corpos torreados laterais, rematados em friso, cornija e platibanda plena, de dois pisos divididos por friso e cornija, os inferiores rasgados por porta - janela rectilínea, com moldura recortada, rematada por friso e cornija formando falso frontão, surgindo, no superior, janelas de peitoril semelhantes, com pano de peito em cantaria. O corpo central, de um piso, divide-se em sete panos por pilastras de cantaria, os três centrais com portas - janelas, e quatro janelas de peitoril, com modinaturas semelhantes às dos torreões. O pátio do lado esquerdo é semelhante, mas é fechado por três fachadas, a virada a O., de um piso, com pano central saliente, onde surgem três portas -janelas e quatro janelas de peitoril, com pano de peito em cantaria, flanqueadas por panos laterais com uma porta - janela; todas possuem modinaturas semelhantes às do pátio anteriormente descrito. O acesso ao imóvel processa-se por um vestíbulo, actual portaria, rectangular e dividido em dois tramos, definidos por arcos abatidos, com coberturas em abóbadas de aresta, no qual se abrem, lateralmente, duas portas de acesso às dependências do piso térreo; no topo, a zona da escadaria e corredor frontal do primeiro piso, este marcado por uma porta de verga recta, assente em pilastras toscanas e remate em friso galbado e cornija, o primeiro ornado por cartela concheada, flanqueada por folhas de palma e com figua alada. É flanqueado por dois lanços de escadas curvos, convergentes, em cantaria, com colunas de arranque em pilastras galbadas, com guarda de ferro forjado formando elementos volutados; acedem a patamar, onde surge porta em arco de volta perfeita, moldura recortada e remate em cornija, de acesso ao andar nobre. O espaço da escadaria tem cobertura em falsa cúpula, rasgada por quatro janelas termais, sendo todo o espaço pintado em "grisaille" e em "trompe l'oeil", com pavimento em cantaria de calcário, formando desenhos geométricos, em axadrezado e concêntricos *2. O piso inferior é composto por várias dependências adaptadas a gabinetes e salas de aula, sendo o superior mais rico, mantendo parte da decoração parietal oitocentista, com acesso por amplo SALÃO, com as paredes forradas a seda verde e lambril de madeira, com cobertura em madeira entalhada, para onde abrem cinco portas emolduradas a talha em branco, formando enrolamentos de acantos e rematada em cornija ornada por óvulos, com falso fecho, onde surgem, alternadamente, um castelo ou um leão. Esta dependência encontra-se seccionada por arquitrave *3, dando acesso a uma galeria de circulação para as alas laterais, através de duas portas de verga recta nos topos, iluminada por amplas janelas rectilíneas, com pavimento em cantaria calcária, formando quadrados unidos por círculos, com cobertura seccionada em quatro falsas abóbadas; as paredes são divididas em apainelados pintados. No centro da galeria, surge um pequeno tanque em cantaria, semicircular, com bordo boleado e que serviria de jogo de água. A partir da galeria acede-se às alas laterais, surgindo, no lado esquerdo, a casa de jantar, a estufa e um teatrinho; o salão acede através de CORREDOR curvilíneo, percorrido por lambril de talha em branco, formando apainelados, ornados por apontamentos dourados e entrecortados por quarteirões, ao corpo transversal da ala direita, desembocando em dois gabinetes intercomunicantes, ambos com tectos ornados por pinturas decorativas; no corredor inscreve-se uma caixa de escada, em madeira, com guarda de ferro, ornada por volutas e pequenas flores-de-lis; possui cobertura em tecto plano, formado por apainelado central e, nos ângulos, em estuque pintado, o castelo e o leão, sendo a sanca formada por reservas circulares, ornadas por rosetas, e painéis rectilíneos; possui dois armários embutidos, protegidos por porta espelhada, com a sobreporta ornada por acantos e rematada em cornija curva. O lado direito da galeria dá acesso a vários gabinetes, à antiga Sala de Baile, Sala de Música e Sala das Colunas e a uma das estufas. |
Acessos
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Rua da Junqueira, n.º 78 - 92; Travessa do Conde da Ribeira n.º 1 - 11. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,699972, long.: -9,184695 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 28/82, DR, 1.ª série, n.º 47 de 26 fevereiro 1982 / ZEP, Portaria n.º 39/96, DR, 1.ª série-B, n.º 37 de 13 fevereiro 1996 *1 |
Enquadramento
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Urbano, adossado a edifício na fachada lateral esquerda, integrado numa das ruas que forma um dos eixos ribeirinhos da cidade de Lisboa, a Rua da Junqueira, formada como um área de ocupação de cariz eminentemente aristocrática. Com uma orientação longitudinal E. / O. e implantada em zona de pendor inclinado, é limitada a S. pela rua da Junqueira, a O., pavimentada a calçada e alcatrão, pelo edifício da Administração do Porto de Lisboa (v. PT031106020295) e, a E., por uma estreita travessa, a do Conde da Ribeira, encontrando-se nas proximidades do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (v. PT031106020451) e do Palacete da Ribeira Grande (v. PT031106020296). Frontal, surge o edifício de Centro de Congressos de Lisboa (v. PT031106020724). |
Descrição Complementar
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A ESCADARIA possui as paredes divididas em apainelados por falsas pilastras pintadas, com o fuste decorado por acantos e capitéis coríntios, com decoração de folhagem e, ao centro, dois grandes medalhões, sobrepujados por duplos frisos e com festões inferiores, onde estão representados Minerva, no lado direito, e Mercúrio, no oposto. Fronteira à porta de acesso ao piso nobre, uma falsa janela com o mesmo tipo de modinatura. A cobertura tem rosetão central, de onde pende o candeeiro, formando falsas nervuras, ornadas por frisos de óvulos e feixes de folhas de louro, onde surgem "putti" a tocar instrumentos musicais, assentes em carranca, flanqueados por acantos e rematados por vasos com frutos e flores; no pano entre as falsas nervuras e sobre as lunetas, surgem troféus bélicos, envolvidos por coroas de louro e por vasta folhagem, partindo da base duas cornucópias. O SALÃO do segundo piso tem cobertura com tecto plano, formando apainelado recortado, com frisos múltiplos de contas e acantos, com os ângulos ornados por elementos fitomórficos, envolvendo um castelo ou um leão, possuindo, ao centro, poço de luz quadrilobado, filtrada por vidros coloridos, formando leões. O tecto assenta em sanca curva decorada por pequenos caixotões quadrangulares, decorados por elemento fitomórfico, sobre um friso de acantos enrolados. Anexo a esta dependência, a GALERIA que possui quatro falsas abóbadas separadas por panos salientes, pintados com elementos geométricos estilizados, tendo, cada uma das abóbadas, decoração pintada em sépia, com motivos fitomórficos, onde dominam os acantos, interrompidos por aves afrontadas ou bustos de jovens com folhagens, que seguram filacteras. As paredes possuem painéis pintados com fundo bege e desenho a sépia, representando enrolamento de acantos dispostos simetricamente, que envolvem "putti", um a a tocar um violino e outro ostentando braçadas de flores. No lado esquerdo, surge uma sala oval, a antiga CASA de JANTAR, actualmente um gabinete desactivado, com paredes pintadas de branco, rasgadas por seis portas janelas, com pavimento em parquet e cobertura plana assente em sanca com motivos de estuque dourado, formando alvéolos, que sustenta uma pintura cenográfica a óleo, figurando meninos alados com flores e frutos; no topo da sala, um recanto quadrangular, iluminado por poço de luz e com as paredes encimadas por friso decorado de acantos em estuque. No lado oposto, ampla sala rectangular, seccionada em pequenos gabinetes por estruturas de madeira, com paredes rebocadas e pintadas de branco, tendo tecto plano pintado com cartela enrolada ao centro, de onde evoluem acantos e filacteras, com dois bustos femininos com folhagem e quatro "putti" nos ângulos, rodeado por pequenos botões de estuque dourado; a sanca, de pequenas dimensões, está pintada a "grisaille", representando "putti", acantos enrolados e vasos de flores. O corredor liga a dois GABINETES intercomunicantes, o primeiro com paredes forradas a seda e lambril de madeira, pintado de cinza e dourado, com tecto em gamela, com a zona plana dividida em três apainelados onde se observa decoração fitomórfica, acantos enrolados, carrancas e leões alados, sobre fundo preto, emoldurados por friso de acantos, que separam os planos inclinados, divididos em painéis oitavados com cenas campestres e onde se visualiza a Quinta do Relógio, em Sintra (v. PT031111110078). O gabinete imediato tem as paredes pintadas de verde e tecto pintado com o fundo vermelho e elementos decorativos a branco, a imitar estuque, formando florão central, apainelados de enrolamentos e acantos, flanqueados por painéis de menores dimensões, ornados por festões; a estrutura assenta em sanca curva, formada por rosetões inscritos em octógonos. Para o lado direito da galeria, desenvolve-se a SALA DE BAILE, actual sala de reuniões, com as paredes divididas em apainelados pintados de rosa, onde aparecem cinco telas pintadas a representar cenas campestres, sendo o tecto em estuque, assente em cornija do mesmo material, com a zona plana ornada por reserva central com troféus de instrumentos musicais, rodeados por apainelados recortados decorados por motivos fitomórficos; a sanca ostenta quatro medalhões circulares, envolvidos por concheados, acantos e cornucópias de flores, contendo anjos a executar instrumentos musicais (violino, pratos, gaita de foles, cornamusa, trompete e violino). Esta sala separa-se de uma dependência de menores dimensões através de duas pilastras de inspiração coríntia, ornadas por festões; a pequena dependência tem o tecto plano, decorado por rosetões inseridos em octógonos, pintados em "grisaille", elementos que se repetem na sanca, também ornada por acantos enrolados sobre fundos dourados, assente em friso com a mesma decoração. A Sala confina com um gabinete rectangular, com as paredes forradas a seda amarela, com o tecto plano pintado de cinza, bege e amarelo, com motivos vegetalistas, envolvido por friso composto por torso de louro. Paralelo a este, um semelhante, com o tecto dividido em apainelados, ornados por rosas entrelaçadas em estrutura de madeira, com um fundo em azul celeste. O espaço da BIBLIOTECA tem tecto plano com rosetão e elementos fitomórficos, percorrido por amplo friso de elementos entrelaçados e cartelas com festões de flores coloridas; a sala imediata encontra-se seccionada, constituindo o centro informático, com o tecto simples, ornado por festões, laçarias e grinaldas. Ainda deste lado, a SALA DE MÚSICA, com alto lambril de madeira, tendo o tecto suportado por vinte cariátides, também de madeira, tendo o tecto a imitar "boiserie". A SALA DAS COLUNAS encontra-se seccionada por quatro colunas coríntias de madeira, com os capitéis dourados, apresentando o tecto pintado, com amplo medalhão ornado por acantos e figuras híbridas, tendo um friso composto por carrancas e acantos. AS ESTUFAS apresentam estrutura em ferro e vidro, alguns coloridos, com cobertura em falsas abóbadas, e pavimentos em calçada, tendo quatro canteiros; os acesso processam-se directamente, através de portas, para o jardim e para os pátios centrais; a do lado direito possui vegetação exuberante, onde se distinguem duas palmeiras. A do lado oposto possui portal de verga recta e molduras múltiplas, flanqueado por paraestática de quatro pilastras de fustes lisos e duas colunas torsas, todas com capitéis coríntios e assentes em plintos paralelepipédicos, com as faces almofadadas; as colunas sustentam frisos ornados por botões, um galbado e cornija, de onde evolui fragmento de frontão, com o interior concheado, que centram pedra de armas, flanqueada por paquife e encimada por coroa aberta, de onde pendem festões, sendo o conjunto coroado por cornija interrompida. Esta porta dá acesso ao TEATRO com plateia composta por cadeiras fixas de madeira, sobre a qual se desenvolve uma galeria em U, com guarda vazada e dourada, com a caixa de palco de madeira, com vão rectangular, tapado por cortinas e sanefas, com acessos laterais a partir da sala. O tecto é plano com uma pintura em "trompe l'oeil", formando um fundo de firmamento e nuvens rosadas, onde evoluem vários anjos a executar instrumentos musicais, que envolvem um busto pétreo feminino, assente em três degraus e plinto, onde se inscreve uma lira, povoado por vários anjos que sustentam instrumentos, pautas musicais e uma coroa de louros, criando uma alegoria à Musica; encontra-se rodeada por roseiras. O torreão central tem acesso por umas escadas no início do corredor do segundo piso, em caracol, dando acesso a uma sala ampla, com pilastras e tecto em apainelados de estuque branco, com escadas de caracol centrais que ligam à zona superior do mirante. |
Utilização Inicial
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Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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Devoluto |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Época Construção
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Séc. 18 / 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: José Luís Amorim (1979) Nicola Bigaglia (séc. 19). ESTUCADOR: Rodrigues Pita (séc. 19). PINTORES: José Malhoa (1886); Ordoñez (séc. 19). |
Cronologia
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Séc. 18, início - construção do palácio, visível numa gravura datada de 1727, com um corpo central e quatro torreões nos ângulos, rematados com coruchéus; 1737 - pertencia a D. José César de Meneses, principal da Sé de Lisboa; 1755 - após o terramoto de 1 de Novembro, foi comprado pela Mitra, passando a funcionar com palácio de Verão dos patriarcas de Lisboa, constituindo-se o o primitivo núcleo do edifício que subsiste; 1818 - no palácio funciona o Seminário de São João Baptista; séc. 19, meados - o palácio passa para a posse do negociante Manuel António da Fonseca, apelidado de Montecristo, que alterou e ampliou o edifício, demolindo uma série de dependências para criar a varanda que existe actualmente; 1865 - aquisição do palácio por D. Sebastião de Bourbon, filho da princesa da Beira, D. Maria Teresa, e neto de D. João VI; séc. 19, finais - viveu no local o embaixador de Expanha, D. Alejandro de Castro; séc. 19, último quartel - aquisição do edifício pelo banqueiro Henrique Burnay, posteriormente 1º conde de Burnay, o qual empreendeu uma significativa campanha de obras e enriquecimento artístico do palácio, conforme projecto de Nicola Bigaglia; estuques elaborados por Rodrigues Pita, sendo o tecto do teatro pintado por Ordoñez; 1886 - pintura da Sala de Jantar por José Malhoa; 1909 - morte do conde de Burnay e passagem do palácio para os seus herdeiros; 1931, 9 Junho - criação da Comissão Liquidatária da Herança da Condessa de Burnay, instituída por escritura pública; 1934 - publicação do Catálogo das peças a leiloar, sendo várias adquiridas pelo Estado e enviadas para o Museu Nacional de Arte Antiga, nomeadamente pintura, cerâmica oriental, uma mesa em mármore e mobiliário variado; 1940 - aquisição do palácio pelo Ministério das Colónias, que empreende obras de restauro; 1942 - restauro do imóvel pelas OP; o palácio é utilizado para a instalação do general Conde de Jordana, ministro dos Estrangeiros do Governo espanhol; 1944 - instalação no palácio do Conselho Superior do Império Colonial, Conselho Técnico de Fomento Colonial, Junta das Missões Geográficas e Inspecção Superior de Administração Colonial; 1956, 14 Janeiro - pedido do Secretariado Nacional de Informação - Cultura Popular e Turismo ao Ministro das Obras Públicas, para que lhe fosse devolvido uma lanterna de metal e cristal, que saíra do Palácio Foz, para adornar o Palácio Burnay, aquando da visita do Ministro dos Negócios Estrangeiros Espanhol, General Jordana; 1962 - recebe, vindo do Príncipe Real, temporariamente durante esse ano, o espólio do embrionário Museu do Ultramar (futuro Museu de Etnologia do Ultramar criado oficialmente em 1965), agosto - transferência do Instituto de Estudos Ultramarinos das suas instalações na Praça do Príncipe Real para o Palácio Burnay; 1974 - após muitas vicissitudes ficou no pavimento térreo o ISCPS; no andar nobre ficaram os serviços do Instituto de Investigação Científica Tropical; 1977 - projecto de construção de duas torres envidraçadas nos pátios das alas laterais, pelo arquitecto José Luís Amorim; Dezembro - projecto do mesmo arquitecto para construção de um corpo novo adossado à ala E.; 1978, 21 Dezembro - parecer favorável da Secretaria de Estado da Cultura sobre o projecto da DGEMN de ampliar o imóvel; 1979 - início da ampliação do imóvel, com adaptação dos pátios ajardinados a dois pátios funcionais no piso inferior, da autoria do arquitecto José Luís Amorim; 1980 - instalação de alarme contra incêndios nos anexos; 1982 - instalação do ar condicionado e torres de refrigeração; 1983 - construção da central telefónica; 1988, Maio - plano para dividir uma das salas em seis gabinetes, mantendo um corredor central, utilizando estruturas de madeira; 1995 - remodelação da instalação eléctrica no teatrinho e anexos; instalação de aquecimento no teatrinho e de detector de incêndios; 1995, 11 Setembro - cedência de duas salas do piso inferior ao Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas; os alunos do ISCSP mostraram interesse em recuperar o teatro; 1998 - instalação de tomadas para sistema informático; Outubro - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 1999 - remodelação do anexo. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria mista, rebocada e pintada, de cantaria de calcário lioz, nos pátios e anexo novecentista, em betão e, nas estufas, em ferro e vidro; pavimentos, modinaturas, colunas, pilastras, balaustradas, escultura, cornijas, tímpanos, frisos em cantaria de calcário; portas, lambris, colunas, cariátides, guardas, apainelados, coberturas, pavimentos e caixilharias em madeira; tectos e paredes com estuque decorativo; guardas das escadas em metal; janelas com vidro simples; coberturas em telha. |
Bibliografia
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ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fasc. 4, Lisboa, 1946; ATAÍDE, M. Maia, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa - Tomo III, Lisboa, 1988; Catálogo dos quadros, objectos de arte, porcelanas e mobiliário que pertenceram aos 1.ºs Condes de Burnay e a cujo leilão se procederá no Palácio da Junqueira em 1934, Lisboa, 1934; FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XIX, Vol. 2, Lisboa, 1966; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à actualidade, Porto, Edições Afrontamento, 1994; RIBEIRO, Mário de Sampayo, Do Sítio da Junqueira, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1939; VIDAL, Frederico Gavazzo Perry, Os Velhos Palácios da Rua da Junqueira, in Olisipo, Ano XVIII, Nº 70, Abril 1955 e Ano XVIII, Nº 71, Julho 1955; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. III; MARTINS, João Paulo, “Espectros, fantasmas e outras associações: arquiteturas para o Império em Belém", Sombras do Império, Belém, Hesitações e Inércia 1941-1972, Catálogo da Exposição no Padrão dos Descobrimentos, Coord. João Paulo Martins, Lisboa: Tinta da China, 2023, p.108. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH, DGEMN/DREL/DIE, DGEMN/DREL/DRC, DGEMN/DREL/DP, DGEMN/DREL/DEM |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/GSRP |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DSARHM; CML: Arquivo de Obras, Pº Nº 3941 |
Intervenção Realizada
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1940 / 1943 - restauros, transformações e obras de adaptação; 1980 - ampliação, execução da estrutura em betão armado, posto de transformação, fornecimento e montagem do equipamento, transporte e instalação de 24 convectores nos edifícios anexos, alimentação de energia eléctrica em média tensão, colunas e quadros; 1981 / 1982 / 1983 - acabamentos interiores e exteriores, tratamento térmico, reparações diversas; 1984 / 1985 / 1986 - obras de reparação e beneficiação do andar nobre, remodelações gerais incluindo coberturas; 1993 / 1994 / 1995 - beneficiações em coberturas, galeria central, galerias envidraçadas, fachadas, zimbório e obras de restauro, reparação e pinturas das paredes e caixilharias; 1997 - restauro do Teatrinho, beneficiação e restauro de interiores; 2000/11/27 a 2001/08/31- Pavilhão de Botânica: beneficiações, com criação de instalações sanitárias no r/c e 1º piso; ampliação da zona do herbário do 1º piso; remodelação das instalações eléctricas e AVAC; alteração dos acabamentos existentes; substituição dos envidraçados; execução de drenagem junto à parede exterior tardoz; beneficiação de cobertura e esgotos pluviais. |
Observações
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*1 - DOF: "Palácio Burnay / Instituto de Investigação Científica e Tropical / Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas / Universidade Técnica de Lisboa, anexos e jardim"; Zona Especial de Proteção conjunta da Capela de Santo Amaro, da Casa Nobre de Lázaro Leitão Aranha, do Palácio Burnay e da Sala designada «Salão Pompeia» no antigo Palácio da Ega. *2 - o vestíbulo era decorado pro várias floreiras e porcelanas chinesas, uma mesa com tampo de mármore, surgindo, a centrar as escadarias, um grupo escultórico representando as "Três Graças". *3 - a arquitrave era sustentada por quatro colunas torsas e ornadas com pâmpanos, de talha dourada, surgindo, na sala mais ampla, as paredes forradas com tapeçarias. |
Autor e Data
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Teresa Vale e Carlos Gomes 1994 / Paula Figueiredo 2007 |
Actualização
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