Igreja de Santo Estêvão / Igreja do Santo Milagre / Santuário do Santíssimo Milagre

IPA.00006488
Portugal, Santarém, Santarém, União de Freguesias da cidade de Santarém
 
Igreja paroquial de provável fundação medieval, de que não subsistem vestígios, sendo a atual estrutura do séc. 17, relacionada com um milagre do Santíssimo, alvo de grande veneração na tribuna do retábulo-mor. É de planta poligonal irregular composta por três naves, capela-mor e vários anexos, com coberturas interiores diferenciadas em masseira na nave, em falsa abóbada no presbitério e em abóbada na capela-mor, iluminada uniformemente por janelas retilíneas, rasgadas nas fachadas laterais. A fachada principal é maneirista e tripartida, tendo, inicialmente, um único registo, rematado por amplos pináculos de bola e cartelas enroladas nos ângulos, tendo estes sido assimilados pela ampliação setecentista, com a criação de um segundo registo, rasgado por janela com frontão de lanços que ilumina o coro-alto, visando a construção de duas torres sineiras, só tendo sido concluída a do lado direito, mas mantendo as estruturas de arranque das do lado oposto. Fachadas com cunhais apilastrados e rematadas em cornijas, a lateral direita com porta travessa de verga reta. A capela-mor está encimada por corpo torreado, coberto por coruchéu piramidal, revestido a azulejo monocromo, correspondendo à necessidade de assinalar exteriormente a zona onde se implanta a relíquia do Santíssimo. Integrava um antigo Passo da Via Sacra, no qual foi introduzido um painel de azulejo, representando um ostensório, alusivo ao Milagre. Interior com as naves de igual altura, divididas por arcos assentes em pilastras toscanas, com vestígios de policromia. Tem coro-alto e batistério na base da torre do Evangelho, tendo a pia batismal uma inscrição alusiva à sua construção no séc. 16. Tem o púlpito no mesmo lado, adossado a uma coluna, assente em pé do tipo balaústre. Destaca-se o arco triunfal, composto por pilastras decoradas por brutesco e assentes em plintos paralelepipédicos ornados pela figuração dos Evangelistas, denotando vestígios de douramento. A sua estrutura, datada de 1600 e com menores dimensões do que a atual nave, leva a pressupor tratar-se de um elemento reaproveitado, talvez os antigos acessos à capela-mor e capelas colaterais, zona remodelada no final do séc. 18. Possui várias sepulturas epigrafadas, uma delas armoriada, integradas no pavimento da nave, e quatro telas que representam a história do Santíssimo Milagre. Possui vários exemplares de azulejo de padrão seiscentista, revelando que existiriam revestimentos deste tipo no interior, reaproveitados nas paredes do presbitério e nos rodapés da sacristia, destacando-se alguns do tipo maçaroca. O templo possui retábulos de talha pintada tardo-barroca. Na sacristia existe um lavabo de espaldar, ornado por enrolamentos e acantos, contendo três bicas e duas enormes consolas. A cobertura deste espaço, em caixotões, possui pintura de feitura recente, recriando alguns vestígios de uma antiga pintura seiscentista.
Número IPA Antigo: PT031416120008
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta poligonal irregular composta por igreja de três naves, cada uma delas com três tramos, presbitério e capela-mor, que se eleva em forma de torre, com sala adossada na zona posterior, tendo, no lado esquerdo, a sacristia, uma capela e um anexo para arrumações, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em duas e três águas, sendo, sobre o corpo da capela-mor, em coruchéu piramidal revestido a azulejo axadrezado, verde e branco. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos salientes e pintados a bege, flanqueadas por cunhais apilastrados e rematadas em cornijas. Fachada principal virada a SO. rematada em empena reta, de três panos e dois registos, os primeiros separados por duas ordens de pilastras toscanas, encimadas por plintos, pináculos de bola e cartelas enroladas, o central revestido a cantaria de calcário, sendo os registos separados por frisos e cornijas. O pano central é rasgado por portal de verga reta com moldura recortada e remate em frontão triangular, protegido por duas folhas de madeira almofadadas, com bandeira data inscrita; no segundo registo, janela retilínea com moldura simples e remate em frontão triangular interrompido por pináculo de bola sobre plinto paralelepipédico. Sobre o remate reto, cruz latina sustentada por plinto tronco-piramidal, ornado por volutas. O pano do lado direito possui um antigo Passo da Via Sacra, com moldura retilínea e remate em friso e frontão de lanços com cruz latina, contendo painel de azulejo azul e branco, com a representação do relicário do Santíssimo Milagre. No registo superior, pequena fresta e, sobre o pano, ergue-se a sineira com ventanas em arcos de volta perfeita, duas na face frontal. Fachada lateral esquerda marcada pelo corpo da sineira que não se construiu, iluminado por janela retilínea no topo, tendo adossados três corpos, dois de igual altura e o do lado esquerdo, correspondente à sacristia, mais elevado, os primeiros com duas janelas retilíneas e moldura simples, sobre os quais é visível uma janela retilínea no corpo da nave, sendo o corpo da sacristia cego; no corpo do presbitério, janela retilínea. Fachada lateral direita com o corpo da torre, rasgado por pequena fresta, tendo, na nave, porta de verga reta com moldura simples e remate em frontão, e duas janelas retilíneas, surgindo, no presbitério, porta e janela; o corpo da capela-mor elevado e torreado, rematando em platibanda vazada com pináculos cónicos nos ângulos e gárgulas de canhão, possui porta de verga reta, de acesso à zona do Museu. Fachada posterior tripartida, marcada por três pilastras, tendo em cada pano uma janela retilínea. INTERIOR com as naves definidas por arcos torais de volta perfeita, assentes em colunas toscanas com capitéis dourados, tendo as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por azulejo enxaquetado, a azul e branco, com coberturas diferenciadas de madeira em masseira dividida em caixotões, reforçadas por tirantes metálicos, e pavimento em lajeado, integrando sepulturas epigrafadas. Coro-alto de madeira, prolongando-se pelas três naves, tendo perfil côncavo ao centro, assente em colunas embebidas no muro e em mísulas, possuindo guardas balaustradas, tendo acesso pelo lado da Epístola, a partir da torre sineira; o teto do sub-coro é pintado com apainelados recortados, tendo, ao centro, a representação de um ostensório. O portal axial encontra-se protegido por guarda-vento de madeira encerada e vidro. No lado do Evangelho, na parede fundeira, um arco de volta perfeita assente em pilastras toscanas acede ao batistério, protegido por teia metálica e possuindo a pia batismal, em cantaria de calcário. Deste lado, uma porta de acesso ao corpo anexo. No lado oposto, porta de acesso à torre sineira, com interior percorrido por escada em caracol, surgindo uma segunda porta entaipada, junto à qual se ergue um balcão de madeira, de atendimento aos peregrinos. No último tramo do Evangelho, adossa-se à coluna, o púlpito assente em coluna tipo balaústre com bacia quadrangular e guarda plena de talha pintada de marmoreados fingidos e dourada, formando apainelados, falsas pilastras e rosetão central; tem acesso por escada em caracol e guarda metálica. No lado do Evangelho, porta de verga reta e porta de madeira vazada por torneados, de acesso à capela lateral, que liga à sacristia, tendo as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejo de padrão azul e branco e teto plano de madeira; possui estrutura retabular e pequeno lavabo em cantaria com espaldar recortado e duas bicas que vertem para taça retilínea. Presbitério elevado por um degrau, antecedido por estrutura em cantaria lavrada, formando um arco triunfal com três arcos de volta perfeita, fecho em florão e seguintes com bustos antropomórficos, assentes em pilastras toscanas, ornadas por grotesco, assentes em plintos paralelepipédicos, lavrados com a representação dos Evangelistas, amputados pela colocação de uma antiga teia. O presbitério possui silhares de azulejo de padrão policromo e cobertura em falsas abóbadas de berço, rebocadas e pintadas de branco, com moldura beges, estando dividido em três tramos com os arcos torais pintados com folhagem. No lado do Evangelho, porta de verga reta de acesso à sacristia. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas, ladeado por capelas retabulares colaterais, dedicadas a Nossa Senhora das Dores (Evangelho) e Nossa Senhora de Fátima (Epístola). Sobre supedâneo de cinco degraus de cantaria, a mesa de altar de madeira, com tampo assente em pilar central tronco-piramidal invertido. Capela-mor pouco profunda com as paredes pintadas a imitar brocados e cobertura em abóbada de cantaria. Confrontantes, duas portas de acesso ao museu no anexo posterior, onde se visualiza o relicário do Santíssimo Milagre; estão revestidas a madeira pintada de branco e dourado, com áticas angulares e frisos ornados por rosetões. Retábulo-mor de talha pintada de branco e dourado, de planta côncava e três eixos definidos por duas colunas compósitas e duas estípides, assentes em plintos paralelepipédicos de cantaria. Ao centro, tribuna de volta perfeita e boca rendilhada por friso de entrelaçados, contendo trono expositivo de cinco degraus ornados por folhagem, encimado por sacrário com o ostensório do Santíssimo, com baldaquino de talha dourada, decorado por acantos e lambrequins; tem o fundo pintado de branco e cobertura em semi-cúpula. Os eixos laterais têm nichos de volta perfeita, assentes em pilastras, encimados por frisos e festões. A estrutura remata em fragmentos de frontão, encimados por palmas e volutas, que centram espaldar curvo, integrado numa estrutura semicircular, formando falso frontão, decorado por cornija e contendo resplendor com "Agnus Dei". Sacristia com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejo de padrão, com cobertura em abóbada de caixotões, assentes em frisos e cornijas, com mísulas equidistantes, dividida em caixotões pintados com símbolos religiosos e marianos, envolvidos por acantos. Possui armários de madeira e lavabo de cantaria, inserido em nicho retilíneo, composto por espaldar reto, rematado por cornija e frontão recortado e ornado por acantos, tendo três bicas em ponta de diamante que vertem para taça retilínea curva e assente em consolas. Está ladeado por pia de água-benta.

Acessos

Largo do Milagre

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 3 027, DG, 1.ª série, n.º 38 de 14 março 1917 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 7 de 09 janeiro 1947 *1

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado a meia-encosta em zona com forte declive, a que se adapta, abrindo para pequeno passeio público e via pavimentada a calçada. A fachada principal abre para um pequeno largo parcialmente ajardinado, envolvido por casas de habitação unifamiliares, estando as laterais abertas para pequenos espaços relativamente amplos, surgindo, no lado esquerdo o edifício da Fundação de Madre Andaluz. Ao longo desta fachada, desenvolvem-se as Escadinhas do Milagre, de acesso a uma zona intermédia da encosta, onde se situa o Edifício da Biblioteca Municipal (v. IPA.00006234).

Descrição Complementar

Nas folhas do portal axial, a data metálica "165?". No sub-coro, à entrada, a inscrição: "AQI IAZ LOVRENÇO G(onça)L(ve)Z C / AVALEURI Q(ve) LEIXOV A Q(u)i(n)TA / DOS CHAVOES DA FABRICA DE / STA IGREJA, O QVAL ESTAVA 7 FORA DA PORTA ENTER / RADO E PASAMOLO AQI / QUA(n)DO SE FEZ A TORE". No pavimento, várias sepulturas com inscrições incisas com capitais romanas: "S(epultur)A DE GASPAR F(e)R(nande)Z / E DE SVA MOLHER / GRACIA RO(dr)I(guê)Z E DE / SEVS HERDEIROS / PEDRE POR A / MOR DE NOSSO / S(e)N(h)OR HVM / PATER NOSTER / E HVA AVE M(Ari)A"; "S(epultur)A DE FR(ancis)CO DA FONCECA CA / VALE(ei)RO FIDALGO DA CAZA / DELREI NOSSO S(e)N(h)OR ESCR / IVÃO DA CORREIÇÃO E FIS / CO REAL E DE SVA MO(lher) M(Ari)A DE / AGVIAR MAD(ei)RA E HERD(ei)ROS / ANNO DE 1643 / ESTA S(epultur)A HE TAMBEM DE LV / IS BORGES DA SILVA CAV / ALLEIRO FIDALGO DA C(az)A / DE [...]"; "S(epultur)A DE IOÃO DA CVN / HA DE OLIVEIRA FA / MILIAR DO S(anto) OFF(ici)O E / DE SVA MOLH(e)R IOA / NA DO QVENTAL E DE SEVS HERDEI / ROS". Sobre o arco triunfal, a inscrição: "VERE DOMINUS EST IN LOCO ISTO / GEN. CAP. 28 V. 15", encimado por glória de querubins e resplendor. A CAPELA LATERAL possui a parede revestida a talha pintada de branco e dourado, integrando retábulo flanqueado por apainelados e duas portas de volta perfeita, decorada por entrelaçados de folhagem, a do lado da Epístola de acesso à sacristia. A estrutura é de planta reta e um eixo definido por estípides, contendo nicho de perfil contracurvo e moldura saliente, ladeado por apainelados que centram rosetão. A estrutura remata em friso denticulado e cornija. Altar paralelepipédico, do tipo expositivo. Os RETÁBULOS COLATERAIS são semelhantes, de talha pintada de branco, dourado e colunas com marmoreados fingidos, de planta convexa e um eixo definido por quatro colunas de fustes lisos e capitéis compósitos, assentes em cubos e plintos paralelepipédicos almofadados. Ao centro, nicho contracurvo com moldura recortada, contendo os oragos. A estrutura remata em frisos, cornijas e espaldar flanqueado por pilastras e rematado por cornija interrompida, ornado por cartela de enrolamentos e folhagem contendo, no do Evangelho, os cravos e coroa de espinhos, surgindo, no oposto, as iniciais "AM". Altares paralelepipédicos, ornado por apainelados decorados por rosetões.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADOR: Manuel João da Fonseca (séc. 17). PINTORES: André de Morales (1646); Mestre de Romeira (1560-1565). PINTOR-DOURADOR: José de Sousa de Figueiredo (1683).

Cronologia

1190 - referência ao prior de Santo Estêvão (MATOZO, p. 414); 1241, 16 fevereiro - sagração da Igreja (RODRIGUES, p. 99); 1266 - provável ocorrência do Santo Milagre *2; 1346 - redação de um documento, em latim, onde é relatado o Santíssimo Milagre *3; 1373 - instituição de uma capela com missa quotidiana por D. Catarina, mulher de Pedro Torre, deixando terras na Golegã (MATOZO, p. 417); 1531 - o templo sofreu muito com o sismo então ocorrido; 1536 - 1547 - reedificação da Igreja segundo hipótese de Vítor Serrão (SERRÃO, p. 59); 1541 - feitura da pia batismal, por ordem de Pêro de Góis, prior da freguesia (MATOZO, p. 407); 1543, 01 junho - privilégio concedido pelo Núncio Apostólico a quem visitasse a igreja; 1548 - testamento do Padre Gil Afonso, doando todos os seus bens, os quais seriam administrados pela Irmandade do Santíssimo Milagre, em troca de missas e sepultamento no cruzeiro (MATOZO, p. 419); 1553 - data na sepultura de Duarte Velho, cavaleiro da Ordem de Avis (MATOZO, p. 419); 1560-1565 - pintura de tábuas pelo Mestre de Romeira; 1565 - concessão de privilégio pleno a quem visitasse a igreja em três dias do ano, dado por Pio IV; 1574 - a igreja pertence ao padroado real; 1595 - concessão de uma bula por Gregório XIV de indulgência plenária aos Irmãos do Santíssimo Sacramento, os quais têm os mesmos privilégios dos da Irmandade congénere da Sé de Lisboa (RODRIGUES, p. 127); 1600 - data no arco triunfal; séc. 17 - colocação do revestimento de azulejos; 1608, 17 janeiro - o bispo D. Miguel de Castro determina que todas as procissões da vila fossem à igreja de Santo Estêvão; 1617, 31 julho - falecimento de Luís Mendes de Macedo, prior da igreja e sepultado na capela-mor; falecimento de Cristóvão de Bovadilha, sepultado na capela-mor (MATOZO, p. 419); 1622 - o Cardeal do Monte, D. Francisco Maria, concede o benefício de ser celebrada missa com o rito semidúplex do Santíssimo Sacramento todas as quintas-feiras do ano; 1630 - falecimento de D. Francisco de Lobo da silveira, sepultado na capela-mor (MATOZO, p. 418); 1638 - data na sepultura de Gaspar de Bulhão (MATOZO, p. 419); 1643 - data na sepultura de Francisco da Fonseca e da mulher Maria de Aguiar; 1646 - pintura de quatro telas com a história do Santíssimo Milagre por André de Morales, patrocinados por Maria Pinta de Gouveia (SERRÃO, 1992, vol. II, pp. 581-582); 165? - data inscrita no portal; 1658, 18 setembro - instituição da capela no altar de São Marçal, por Maria de Oliveira de Bulhão, com obrigação de missa quotidiana e missa anual cantada, administrada pela Misericórdia de Santarém (MATOZO, p. 418); 1664 - falecimento de Catarina da Gama de Vasconcelos que se faz sepultar na Igreja; 1668, 15 setembro - a Câmara de Santarém é obrigada, por alvará régio, a dar anualmente 12 tochas de cera à Irmandade do Santíssimo (RODRIGUES, p. 137; 1683, agosto - douramento dos retábulos colaterais por José de Sousa de Figueiredo, o Coxo, que haviam sido entalhados por Manuel João da Fonseca (RODRIGUES, pp. 99-100); 1684 - instituição de uma capela pelo Padre Manuel dos Santos com missa quotidiana, para o que deixou 40$000 (MATOZO, p. 418); 1686 - data na sepultura dos padres Francisco Gomes, António Gomes e Manuel dos Santos (MATOZO, p. 419);1693, 05 março - alvará de D. Pedro II concedendo licença à Irmandade do Milagre de cobrar o aluguer do espaço envolvente da igreja para a feitura de uma feira anual, na Pascoela (RODRIGUES, p. 135); 1723 - a imagem de São Marçal é colocada no altar-mor, sendo o colateral do Evangelho dedicado ao Senhor Jesus do Terço (MATOZO, p. 411); 1727 - concessão de privilégios à Irmandade do Senhor Jesus do Terço por Benedito XIII (MATOZO, p. 411); 1729, 23 julho - confirmação pelo Cabido da Sé da Lisboa do Compromisso da Irmandade do Senhor Jesus do Terço (MATOZO, p. 411); 1738 - descrição da igreja por Luís Montez Matozo *4; a igreja tem um prior apresentado pela rainha e oito beneficiados, com 300$000 de rendimento (MATOZO, p. 414); 1755, 01 novembro - a igreja fica bastante arruinada com o terramoto; 1758, 30 março - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Francisco Campos, é referido que a igreja tem um prior, apresentado pela Casa das Rainhas, e oito beneficiados, rendendo cerca de 400$000, de que paga 80$000 à Patriarcal; tem três altares, o mor, de talha dourada à moderna e os colaterais de Santo Estêvão (Evangelho) e a Nossa Senhora da Apresentação e São Marçal (Epístola), este com a Irmandade do Senhor Jesus do Terço, tendo, ainda, a Irmandade do Santíssimo Milagre; no interior surgem várias sepulturas com obrigação de missas quotidianas; 1786 - Pio VI concede o alargamento da celebração do rito duplex do Santíssimo aos dias de Advento, Quaresma e Vigílias; 1802, 03 outubro - falecimento de Gonçalo da Barba Alardo, sepultado na Igreja; 1829 - alvará de D. Miguel confirmando o direito de aluguer do espaço envolvente para a feira anual (RODRIGUES, p. 136); 1834, 07 janeiro - falecimento de D. Maria da Assunção, irmã do rei D. Miguel, sepultada na Igreja; 05 abril - falecimento do Conde de Almada, sepultado no cruzeiro da Igreja; 1849, 17 outubro - sagração da igreja pelo cardeal patriarca D. Guilherme I, devido a desacatos que nela tinham sido cometidos; 1854, 28 setembro - nomeação do capelão-mor pelo Patriarca D. Guilherme; 1872, 12 dezembro - aprovação do novo Compromisso da Irmandade do Santíssimo Milagre; 1890, 12 dezembro - colocação de dois quadros, após restauro, no lado do Evangelho; 1895, 23 setembro - cai um raio num pináculo da igreja, destruindo parcialmente a igreja e o arco triunfal, danificando os azulejos que a revestiam; 1899, 19 julho - reparação do pináculo destruído; 1903 - concessão de titulo Real à Irmandade do Santíssimo Milagre; 1905 - a fábrica da igreja é concedida pelo Patriarca de Lisboa à Irmandade do Santíssimo Milagre (RODRIGUES, p. 137); 1909, 23 abril - um sismo provoca danos no edifício; 1963 - desprendimento de parte do estuque do teto da Sala das Sessões (SIPA: txt.00683745); 1964, 30 julho - a Câmara Municipal de Santarém solicita que a moldura seiscentista correspondente ao sexto Passo da Via Sacra receba um painel de azulejos com o Calvário, para ficar completo (SIPA: txt.00673749); 1996, 08 março - abertura da Igreja ao público, após obras de restauro; 1997, 05 abril - Decreto do bispo de Santarém, D. António Francisco Marques, atribuindo à igreja o estatuto de Santuário; 2000 - o bispo D. Manuel Pelino Domingues declara o templo como uma das Igrejas Jubilares da Diocese de Santarém.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; pano central da fachada principal, cunhais, pináculos, frisos, cornija, colunas, modinaturas, pavimentos, lápides, lavabos, arcos do presbitério, banco do retábulo-mor em cantaria de calcário; tetos, bancos, coro-alto, guarda-vento, armários, mesa de altar de madeira; retábulos de talha pintada; silhares de azulejo tradicional e industrial; pinturas murais nos arcos do presbitério; coberturas de telha cerâmica.

Bibliografia

ATANÁZIO, Mendes - A Arte do Manuelino. Lisboa: Editorial Presença, 1984; BRAZ, José Campos - Santarém raízes e memórias - páginas da minha agenda. Santarém: Santa Casa da Misericórdia de Santarém, 2000; HAUPT Albrecht - A Arquitectura do Renascimento em Portugal. Lisboa: Editorial Presença, 1985; MARIZ, Pedro de - Historia Admiravel do Sanctissimo Milagre de Sanctarem. Lisboa: Officina de Pedro Crasbeeck, 1612; MATOZO, Luís Montez - Santarém Ilustrado. 2.ª ed. (facsimilada). Santarém: Junta de Freguesia de Marvila, 2011; RODRIGUES, Martinho Vicente - O “Santíssimo Milagre” de Santarém. Santarém: Real Irmandade do Santíssimo Milagre, 2008; SARMENTO, Zeferino - «Santarém» in História da Arte em Portugal. Porto: 1931; SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Santarém História e Arte. Santarém: Comissão Municipal de Turismo, 1959; SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal - 1574. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian Centro Cultural Português, 1971; SERRÃO, Vítor - Santarém. Lisboa: Editorial Presença, 1990; SERRÃO, Vítor - A pintura proto-barroca em Portugal 1612-1657. Coimbra: s.n., 1992. Texto policopiado. Dissertação de Doutoramento apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; VASCONCELOS, Ignácio da Piedade - História de Santarém Edificada. Lisboa: s.n., 1740.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DRMLisboa

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa, SIPA; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSARH-010/234-0210, DGEMN/DSID-0001/014-2015, DGEMN/DSID-0001/014-2016/2; DGLAB/TT: Memórias Paroquiais vol. 33, n.º 661, fls. 531-580

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1890 - retificação das telas do lado do Evangelho e envernizamento das do lado da Epístola, estes já não os originais (RODRIGUES, p. 118); DGEMN: 1932 - demolição e feitura de novo pavimento na sacristia em mosaico cerâmico; conserto do telhado da igreja; limpeza das fachadas exteriores e refechamento de juntas; colocação de pavimento em pinho junto ao altar-mor; revisão dos tetos de madeira da igreja e respetiva pintura; aguadas em paredes e abóbadas; obras efetuadas por João Lopes; 1935 - arrancar o soalho do cruzeiro e colocar lajeado e fazer a tampa do túmulo com as letras que combinarem por Benjamim Machado; levantar e fazer de novo o telhado, reparando ripas e colocando telha no local necessário, por Benjamim Machado; 1953 - reparação dos telhados e pavimentos de parte da nave central; 1955 - colocação de bancos na nave; 1957 - assentamento de pavimento em tijoleira e em pedra amarela rija; revisão dos telhados e substituição do ripado dos vigamentos; obras de Joaquim da Silva Ramalho, acompanhadas pelo arquiteto Nuno de Morais Beirão; 1959 - caderno de encargos para a reparação dos telhados dos anexos e reparação dos cabeções dos sinos, não executado; 1961 - reparação dos telhados da sacristia e salas anexas, com a construção de um lintel na Sala das Sessões, obra de Joaquim da Silva Ramalho; 1965 - limpeza e reparação geral dos telhados com substituição de telhas e colocação de argamassas nas mesmas, por Joaquim da Silva Ramalho; arranque do pavimento de madeira das naves e colocação de massame de betão e lajeado; reassentamento das pedras tumulares encontradas sob o pavimento de madeira; remoção da teia do presbitério; adaptação de elementos de cantaria às pilastras e focinhos dos degraus; obras de Joaquim da Silva Ramalho; 1967 - limpeza da pintura de cantarias; revisão das coberturas com substituição de telhas partidas e rever as juntas na zona das torres; pintura com tinta de água do teto; remoção da teia; obra-a adjudicadas por Cândido Patuleia; 1975 - reparação da cobertura e de três canais na nave e capela-mor, para resolver o problema das infiltrações; reparação dos rebocos e caiação dos anexos; obras por Anselmo Costa; 1981 - reparação da instalação elétrica por Lourenço Borges, Lda.; reparação das coberturas, com colocação de novo ripado e telhas pela Empresa Cimeira, Indústria e Comércio de construção Civil, Lda. e Rui Jorge Neta Moreira; 1982 - pintura nas cimalhas e beiradas e reparação de rebocos por Empresa Cimeira, Indústria e Comércio de construção Civil, Lda.; 1983 - revisão do ramal de alimentação de eletricidade no edifício por António de Jesus da Silva; 1985 / 1986 - remoção dos primitivos tetos e construção de novo forro em madeira de pinho por Agostinho F. Quinas & Filhos, Lda.; PROPRIETÁRIO: 2007 - restauro das telas e tábuas pintadas da nave; pintura dos caixotões da sacristia e arranjo dos rebocos e pinturas deste espaço.

Observações

*1 - DOF - Igreja de Santo Estêvão (Santo Milagre). *2 - Segundo Mariz (MARIZ, p.36), esta é a data, apesar de Rodrigues avançar com a de 1247 (RODRIGUES, p. 49). *3 - o Santíssimo Milagre, ocorrido, segundo esta fonte, em 1266, consistiu em: "(...) na rua que se chama das esteiras, estar hua molher casada, muito mal cõ seu marido (...) Atee que hum dia, aquela pobre molher, tomou conselho cõ hua maluada Iudia (...) que respondeo (...) Se quiseres alcançar o remédio que pedes fingete enferma, & pede cõ diligencia o Corpo do Senhor para comungares, que te não será negado. E eu então farei com ele tudo o que me pedes. (...) Ministrarão à molher o Sancto Sacramento: mas ela não o cõsumio (...) Então ficando ela só, tirou o Sacrosancto Sacramento da boca onde o tinha, & o enuolueo em hum panno que consigo trazia (...) e a gente que estaua na rua que se chama de Sancto Esteuão, virão que do Panno que ela leuaua cahião, perãte todos eles, gotas de sangue fresco. Espantados elles do caso, lhe perguntarão, que era aquilo. Mas ela dentro em sy confusa & perturbada, se tornou, muito enuergonhada & afrontada, a sua casa donde primeiro sahira. E logo pos, & guardou em hua Arca o panno com o Sãcto Corpo do Senhor. (...) Chegada a noite daquele mesmo dia, & lançados na cama a molher & o marido, virão ambos, que daquela sua Arca (...) sahião raios de sol, tão claros como os do meio dia. E não sabendo o marido a causa de tal marauilha perguntou à molher, que coisa era aquela. Então lhe contou ela tudo o que era acontecido naquele particular, muyto meudamente. Tanto que foy manhã, o marido se foy logo à dita Igreja, e descubrio & contou aos Clerigos tudo o que acontecèra. Os quais, com o demais Pouo daquela Villa, todos juntos em hua grande Procisão, se forão à casa onde acontecèra o Milagre. E leuarão o Corpo do Senhor da dita Arca atee a dita Igreja (...)" (MARIZ, pp.37-38). *4 - a igreja está situada na rua que corre da Porta de Leiria para a de Valada e tem principiadas duas torres sineiras, estando acabada a do lado S., com quatro sinos; tem três naves forradas a madeira e por pintar; o coro-alto está pintado pela parte de baixo, com dez quadros a representar os emblemas do Santíssimo Sacramento, tendo, no sub-coro, o batistério e, no lado oposto, a porta de acesso à torre e coro; as naves são azulejadas ao antigo, tendo três frestas de cada lado e dois painéis pintados a representar o Milagre. Sobre o arco triunfal, uma cimalha de pedra com um nicho e as pinturas do Crucificado, Virgem e Evangelista; tem os arcos revestidos a brutesco dourado e num deles lê-se a data 1600. A abóbada do cruzeiro é apainelada e tem tarjas nas frestas em pedraria. No lado do Evangelho, a sacristia e, no oposto, uma porta para o adro, onde se mostra ao povo o Milagre. Junto ao altar, portas para a Via Sacra, feita por Afonso VI, uma casa por trás da tribuna, com abobada pintada a brutesco e guarnecida a azulejo nas portas de baixo. A capela-mor é de talha dourada, sendo a colateral do Evangelho de talha dourada, sendo inicialmente dedicada a São Marçal, atualmente do Senhor Jesus do Terço; no lado oposto, a Capela de Nossa Senhora da Apresentação, de madeira estofada. A sacristia é abobadada e tem arcaz com gavetas e um antigo retábulo de talha dourada, em forma de pirâmide com colunas e nichos com Apóstolos e Santos e uma peça movediça para o sacrário (MATOZO, pp. 406-412). Possui, à entrada, a inscrição "Aqui jaz Lourenço Gonçalves, Cavaleyro, que deixou a Quinta dos Chavões da Fabrica desta Igreja, o qual estava de fora da porta enterrado, e passámo-Lo aqui, quando se fez a torre"; na capela-mor, a sepultura armoriada de D. Francisco Lobo da Silveira, prior da igreja, falecido em 1630, a sepultura de Cristóvão de Bovadilha, prior da igreja e falecido a 31 julho 1617; no cruzeiro, as sepulturas de Manuel Seixo Gaio e de seua mulher, Simoa Correia e dos seus herdeiros, com pedra de armas, a de Gaspar de Bulhão e mulher, D. Leonor de Oliveira, a do Padre Gil Afonso, beneficiado da igreja, dos Padres Francisco Gomes, António Gomes e Manuel dos Santos, datada de 1686, a de António Proença, prior da Igreja de Santa Maria de Almoster e beneficiado desta igreja e para os seus sobrinhos, a de André Vaz e mulher, Catarina Soares, a de Duarte Velho, cavaleiro da Ordem de Avis, datada de 1553, a de André Pinto e a mulher Leonor de Macedo e seu tio, Miguel Pinto; na nave da Epístola, a sepultura de Francisco Petiz Aranha e de sua mulher, Maria Ferreira de Sequeira, a de Roque Garcia de Gondim, e de sua mãe e avós, datada de 1623 e a do Padre Domingos da Costa Correia e parentes, de Setecentos. (MATOZO, pp. 418-419).

Autor e Data

Paula Figueiredo 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja)

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