Igreja Paroquial de Sobretâmega / Igreja de Santa Maria sobre o Tâmega / Igreja de Santa Maria

IPA.00006459
Portugal, Porto, Marco de Canaveses, Sobretâmega
 
Igreja paroquial de fundação medieval, de estrutura românica, alterada ao longo dos séculos 17 e 18, tendo sofrido obras no séc. 20, com o aparecimento do coro-alto. Apresenta vestígios do antigo templo tardo-românico, como a cachorrada das fachadas laterais, bem como o portal axial e portas travessas, se bem que revelem uma feitura tardia, já com perfis apontados. Terá sido reformada ao longo dos séculos 17 e 18, altura em que surgem novas janelas em capialço e se amplia o arco triunfal, construindo o batistério. O retábulo-mor data do séc. 18 e encontra-se documentada a sua feitura e douramento. É de planta retangular composta por nave e capela-mor, com sacristia e capela lateral, privada, segundo as Memórias Paroquiais, adossadas ao lado esquerdo, com coberturas interiores diferenciadas de madeira, sendo em falsa abóbada de caixotões na capela-mor, em asnas na nave e de gamela na capela lateral; é iluminada por janelas retilíneas em capialço, mas tendo algumas frestas nas fachadas laterais, datadas de intervenção posterior, certamente do séc. 20. Fachada principal rematada em empena, com os vãos rasgados em eixo composto por portal de perfil apontado, sobre impostas salientes e tímpano liso, e por fresta. Fachadas simples, as laterais rasgadas por portas travessas com perfis semelhantes ao portal axial. Junto à igreja, o campanário separado com dupla sineira, de provável construção seiscentista. O interior tem coro-alto de madeira, batistério e púlpito desativado no lado do Evangelho, surgindo capela particular, muito simples e sem vestígios de uma antiga decoração. Arco triunfal de volta perfeita, ladeado por mísulas, que seria ladeado por capelas retabulares colaterais de talha setecentista, desmontados em data incerta. Capela-mor com retábulo-mor barroco, do denominado estilo nacional. No adro, existem vários silhares e pedras tumulares com inscrições, maioritariamente delidas, que pertenciam ao pavimento da igreja.
Número IPA Antigo: PT011307230014
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta poligonal composta por nave, capela-mor e capela e sacristia adossadas ao lado esquerdo, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas (nave e capela-mor) e três (capela e sacristia) águas, rematadas em beiradas simples. Fachadas em cantaria de granito aparente em aparelho isódomo, rematadas em cornijas suportadas por cachorradas simples nas fachadas laterais da nave e capela-mor, sendo apenas em cornija nas capela lateral e sacristia; as três empenas são visíveis sobre os telhados, sendo as extremas encimadas por cruz pátea. Fachada principal virada a ocidente, rematada em empena e rasgada por portal escavado, em arco apontado e dobrado, assente em impostas salientes, as interiores ornadas por bola, e com tímpano liso, encimado por pequena fresta em capialço, envolvida por silhares que denotam ter existido um outro tipo de vão. A fachada lateral esquerda tem, no corpo da nave, porta travessa com arco apontado assente em impostas salientes, e frontão liso, surgindo, ainda, pequena fresta. É marcada pelo corpo da capela rasgado por duas frestas em capialço, nas faces viradas a ocidente e a norte, e pelo da sacristia com porta de verga reta na face principal, ladeada por pia de água benta; tem, ainda duas janelas retilíneas e gradeadas nas fachada oriental e norte, a primeira em capialço. No corpo da capela-mor e sobre os volumes adossados, rasga-se fresta de volta perfeita. Fachada lateral direita rasgada por porta travessa, semelhante à do lado oposto, e por duas frestas de volta perfeita. Fachada posterior rematada em empena, cega. Paralelamente à capela-mor, no lado norte, surge um campanário, em cantaria de granito, de dois registos, o inferior mais largo e cego, surgindo, no topo, duas sineiras de volta perfeita, encimadas por cornija, pináculos e cruz latina; tem acesso pela porta lateral, um pouco superior. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, tendo, na nave, cobertura em asnas de madeira e pavimento em soalho, que se prolonga pela capela-mor. Coro-alto de madeira, assente em mísulas do mesmo material, com guarda torneada e acesso por escadas de cantaria com guarda de madeira, no lado da Epístola. No lado do Evangelho, sob o coro-alto, surge o batistério, embutido no muro e acesso por um degrau de cantaria, com acesso por arco de volta perfeita assente em pilastras e tudo almofadado; tem a pia batismal, em cantaria de granito, composta por pé facetado e taça octogonal, de perfil curvo e bordo saliente. Ainda no mesmo lado, a bacia do antigo púlpito, quadrangular, composta por bacia assente em mísula, sucedendo-se um arco de volta perfeita com as arestas interiores biseladas, acede à capela lateral, com as paredes rebocadas e pintadas, teto de madeira em gamela e pavimento em soalho, tendo plintos com imaginária; tem ligação à sacristia. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras com silhares almofadados, ladeado por mísulas de cantaria. Capela-mor com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira, formando caixotões. Supedâneo de cantaria de granito com degraus laterais, tendo mesa de altar e ambão de talha dourada, compostos por colunas torsas, decoradas por gavinhas. Na parede testeira, o retábulo-mor, de talha dourada, de corpo reto e três eixos definidos por quatro colunas torsas, decoradas por pâmpanos, anjinhos e fénices, assentes em consolas com decoração semelhante, que se prolongam em duas arquivoltas também torsas, unidas por aduelas no sentido do raio e formando apainelados de acantos, formando o ático. Ao centro, tribuna de volta perfeita, assente em pilastras com ilhargas e cobertura de caixotões ornados profusamente por acantos, contendo trono expositivo. Cada um dos eixos laterais possui apainelados ornados por acantos e outros motivos vegetalistas, que enquadram mísulas albergando imaginária. Altar paralelepipédico pintado com motivos vegetalistas, imitando brocados, formando sebastos e sanefa franjada, encimado por sacrário, embutido na estrutura, envolvido por enrolamentos de acantos, fénices e putti, e encimado por dois anjos encarnados que seguram coroa; a porta está decorada com a imagem de Cristo Redentor. Na parede do lado do Evangelho, vão de verga reta de acesso à sacristia, com paredes rebocadas e pintadas de branco, teto de madeira em masseira e pavimento em soalho. No interior, armário de madeira.

Acessos

Sobretâmega, Estrada Nacional 312. WGS84 (graus decimais): lat.: 41,194654; Long.: -8,161777

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 516/71, DG, 1ª série, n.º 274 de 22 novembro 1971 *1

Enquadramento

Ribeirinho, isolado, situado numa pequena península na margem norte do rio Tâmega, implantado em zona de forte declive, vencido por plataforma artificial, construída em cantaria de granito aparente, que o eleva relativamente às construções que se encontram à mesma cota. Encontra-se enquadrado por uma elevação pontuada por várias casas de habitação unifamiliar. Situa-se no topo de uma alameda de acesso condicionado, que se inicia na rotunda que liga a Estrada Nacional 312 e a nova ponte sobre o Tâmega. A alameda, orlada por árvores e flores, leva a uma escadaria de acesso à plataforma, que cria um adro amplo pavimentado a calçada; paralelo à alameda, surgem um parque de estacionamento, em cota menos elevada, e uma área de lazer com parque infantil. No lado ocidental do adro, uma escada, protegida por portão metálica, uma das ligações ao Parque Fluvial do Tâmega. Junto aos muros da plataforma, as cruzes de uma Via Sacra, em cantaria de granito, compostas por dados e cruzes latinas. Junto à fachada oriental da sacristia, surgem várias tampas de sepulturas, algumas delidas. Junto ao acesso à sacristia, surge uma sepultura com cruz e a inscrição em forma de livro: "AQUI JAZ / P(adr)e JOSÉ / RODRIGUES / FERREIRA / DAI-LHE SENHOR / O ETERNO / DESCANSO. / FOI O BOM / PASTOR DESTA / FREGUESIA / DESDE 1888 / A 1930 / NASCEU A 18 DE / NOVEMBRO / DE 1860 / E FALECEU A 27 / DE ABRIL / DE 1930 / SAUDADE / E ETERNO / RECONHECIMENTO / DE SUAS IRMÃS / E SOBRINHA". Nas imediações, situa-se a Igreja de São Nicolau (v. IPA.00006458).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto - Arciprestado de Marco de Canaveses)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 13 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

BATE-FOLHA: António Nogueira (1715). ENTALHADOR: Manuel de Castro Nogueira (1709). PINTOR-DOURADOR: Manuel Ferreira Rangel (1717).

Cronologia

Séc. 13 - provável construção da Igreja; 1542 - no Censual da Mitra do Porto, surge taxada em 20 libras e é da apresentação do bispo; tinha como orago São Pedro e mudou, entretanto, para Santa Maria; 1599 - sepultura de D. Pedro de Sousa; séc. 17 - obras na igreja e construção do campanário; 1601 - sepultura de D. Francisco Lopes, abade de Vandoma; 1656, 24 outubro - em visitação feita à igreja foi ordenado que se fizesse um retábulo-painel com a imagem de Cristo para o arco cruzeiro, substituindo o antigo; 1657, 01 outubro - está em execução o novo retábulo; 1674, setembro - em visitação é ordenada a pintura do retábulo da Capela das Chagas; 1689, 11 maio - em visitação, é ordenado que se faça um novo retábulo-mor e uma nova imagem da padroeira; 1699, 31 agosto - feitura de um novo retábulo para a Capela das Chagas por ordem do visitador; 1702, 31 agosto - visitador pede que se faça o estipulado na supra visitação; 1703, 08 setembro - visitador manda que se faça retábulo e umas grades; 1709, 01 julho - contrato com o entalhador Manuel de Castro Nogueira para a feitura do retábulo-mor e acrescento num retábulo colateral; 1715, 22 setembro - contrato com o bate-folha António Nogueira, para o fornecimento de ouro para o douramento dos três retábulos; 1717, 02 fevereiro - contrato com António Vieira Leal para o douramento das tribunas, que não seria cumprido; 1717, 02 fevereiro - contrato com José Pacheco para a pintura da tribuna do retábulo-mor, que ficaria sem efeito; contrato com o pintor Manuel Ferreira Rangel para a pintura da tribuna do retábulo-mor; 1758 - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco António Vieira da Silva Beça, é referido que a paróquia é dedicada a Nossa Senhora, mas fora da povoação, tendo sido, primitivamente, dedicada a São Pedro; tem cinco altares, o mor com a tribuna dourada, onde está o Santíssimo, com a sua irmandade; o colateral do Evangelho é dedicado a São Brás, com a Irmandade do Menino Jesus, sendo o do lado oposto, de Nossa Senhora do Rosário; no corpo da igreja, a capela lateral do Senhor Crucificado, surgindo, no lado do Evangelho, uma capela adossada, dedicada às Chagas, pertencente à Casa da Telha, de Vila Boa de Quires, que a administra; tem a Irmandade dos Clérigos Pobres de São Pedro, que aguardam a feitura da sua capela; o pároco é abade, apresentado pelo Hospital e Albergaria de São Nicolau, a que foi outorgado pela rainha D. Mafalda; rende 400$000; 1930, 27 abril - data na sepultura do padre José Rodrigues Ferreira; 1970, 21 maio - ofício da Direcção-Geral dos Serviços Hidráulicos, informando sobre o aproveitamento hidroeléctrico do rio Tâmega, no escalão do Torrão, cujo projeto da albufeira prevê a deslocação do Cruzeiro do Senhor da Boa Passagem e da Capela de São Lázaro, assim como a consolidação dos muros das igrejas de São Nicolau e da Santa Maria sobre o Tâmega; 1971 - foi determinada a classificação do conjunto formado pelas igrejas de Santa Maria sobre o Tâmega e de São Nicolau; 1972 - técnico da Direção Regional de Edifícios e Monumentos do Norte informa a Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, da existência de uma cruz luminosa na empena da fachada principal e de altifalantes colocados no coroamento de um dos cunhais do campanário; da colocação imprópria de um poste de suporte de linhas aéreas da rede de iluminação pública junto do campanário e a fixação no coroamento da fachada principal de uma haste de ferro de suporte de linhas de abastecimento; 03 outubro - ofício da Direcção-Geral dos Assuntos Culturais, com conhecimento da Câmara Municipal de Marco de Canaveses, em que informa que a cruz e o suporte das linhas aéreas já haviam sido retirados, e que o poste do qual sai o ramal que abastece a igreja só poderá ser retirado quando a Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais substituir a baixada aérea por uma subterrânea; 11 novembro - técnico da Direção Regional de Edifícios e Monumentos do Norte, informa que subsistem os altifalantes; 1980 - 1982 - correspondência trocada entre a Direcção-Geral dos Serviços Hidráulicos, a Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais e o Instituto Português do Património Cultural relativamente ao estudo da remoção dos imóveis e à consolidação dos muros de suporte das igrejas; 1993, 27 novembro - inauguração do adro, pela Câmara Municipal de Marco de Canaveses; 1994, 13 junho - técnico da Direção Regional de Edifícios e Monumentos do Norte verifica que foi efetuada a limpeza e tomação das juntas dos paramentos exteriores, e arranjo da envolvente, existindo ainda a necessidade de limpeza das coberturas; e ao nível do interior, a necessidade de limpeza dos paramentos e tomação das juntas, tratamento da estrutura de apoio da cobertura; e reparação pontual do soalho.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito; modinaturas, frisos, cornijas, arcos, cruz, campanário, cachorrada, pia batismal, pias de água benta, escadas, altares, supedâneo e pavimento da capela-mor em cantaria de granito; pavimentos, portas, coberturas, mísulas, armários e caixilharias em madeira; retábulo-mor, mesa de altar e ambão de talha dourada; gradeamentos de janela em ferro; sinos em bronze; vidros simples; cobertura em telha.

Bibliografia

AGUIAR, Pe. Vieira de - Marco de Canaveses - Descrição histórica, corográfica e folclórica de Canaveses. Marco de Canaveses: 1947; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - «Geografia da Arquitectura Românica» in História da Arte em Portugal. Lisboa: Seleções do Reader's Digest, 1986, vol. 3; BRANDÃO, Domingos de Pinho - Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação, vols. I e II (séculos XV a XVI). Porto: Diocese do Porto, 1984-1985; CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério - As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 - Memórias, História e Património. Braga: Universidade do Minho, 2000; MONTEIRO, Emília - Monografia do Marco de Canaveses. Marco de Canaveses: Câmara Municipal de Marco de Canaveses, 1996, 3 vols.; RODRIGUES, José Carlos Meneses - A Talha Nacional e Joanina em Marco de Canaveses. Porto: s.n., 1996, 3 vols. Texto policopiado. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto; VASCONCELOS, Manuel de - A Vila de Canaveses. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1935.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMNorte; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

DGPC: PT DGEMN:DSARH-010/139-0029, PT DGEMN:DSID-001/013-1836

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1972 - colocação de uma cruz luminosa na empena da fachada principal e dois altifalantes, bem como um posto de rede de iluminação pública; Câmara Municipal de Marco de Canaveses: 1993 - tratamento dos paramentos exteriores e trabalhos na envolvente; séc. 21 - conservação das coberturas, dos paramentos exteriores e interiores e das caixilharias; remodelação geral das infraestruturas; conservação e restauro do retábulo-mor e da imaginária; tratamento da envolvência.

Observações

*1 - DOF: Conjunto formado pelas Igrejas de Santa Maria sobre o Tâmega e de São Nicolau.

Autor e Data

Paula Figueiredo 2018 (no âmbito da parceria DGPC / Diocese do Porto)

Actualização

 
 
 
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