Convento da Anunciada / Quinta da Anunciada Nova

IPA.00006415
Portugal, Santarém, Tomar, União das freguesias de Tomar (São João Baptista) e Santa Maria dos Olivais
 
Convento franciscano capucho, vendido em 1834, passando a funcionar como quinta.
Número IPA Antigo: PT031418120033
 
Registo visualizado 207 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos Capuchos

Descrição

Conjunto composto pela casa da quinta, antigo convento e igreja, rodeado por amplo terreno arborizado e anexos agrícolas, a maior parte arruinados. A CASA é composta pelo espaço da antiga igreja, com a zona regral a desenvolver-se no lado esquerdo. Casa do Capítulo com azulejos de padrão.

Acessos

Estrada de Leiria, à saída da povoação. WGS84 (graus decimais): lat.: 39,600792; long.: -8,412519

Protecção

Parcialmente abrangido pela Zona Especial de Proteção da Capela de Nossa Senhora da Conceição (v. IPA.00003354)

Enquadramento

Periurbano, isolado, implantado a noroeste da povoação, numa colina, a meia encosta, sob o local onde se ergue a Capela de Nossa Senhora da Conceição, sobranceiro à Várzea Pequena. Tem acesso pela Estrada de Leiria, fechado por portão metálico e a partir do terreiro da capela, por portões atualmente desativados.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Residencial: casa de quinta

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1526 - D. Isabel Teixeira, viúva de António de Figueiredo, fidalgo da Casa Real, faz saber da pretensão de doar uma quinta com casas, uma capela, dedicada à Anunciação, horta e uma fonte aos franciscanos capuchos, para criação de um cenóbio (SOUSA, 165-166); 1527, 11 setembro - D. Isabel doa a propriedade a D. João III para que este a entregue aos Capuchos (SOUSA, 166); 01 outubro - frei Pedro de Estremoz toma posse da doação (SOUSA, 166); 1528, 25 setembro - carta régia cinfirmando a doação (VITERBO, II, 509); início das obras de adaptação da casa a convento, com a construção do claustro e dormitórios, com muitas esmolas doadas por particulares (SOUSA, 166); a Câmara de Tomar inicia uma contribuição semanal de $120 (SOUSA, 168); 1629, 19 março - é lavrada escritura de escambo do Convento da Anunciada Velha, em Cem soldos, pela Horta do Valente, em Tomar, entre o prior do Convento de Cristo, Frei Inácio de Novais, e o Ministro Provincial da Ordem dos Capuchos, Frei André de São Pedro do Sul, para a construção de um novo convento, pois o local do primitivo era húmido e insalubre (SOUSA, 167); Nuno Pessoa demanda os frades capuchos, alegando que a quinta onde fora construído o convento que agora iam trocar com a Ordem de Cristo, era sua, por herança de sua avó, Maria Teixeira, sobrinha da doadora, Isabel Teixeira, uma vez que a doação fora feita apenas com aquela finalidade (SOUSA, 167); 1633, 06 dezembro - os frades Capuchos tomam posse do novo terreno, com a autorização do prior Frei Custódio Falcão, antes mesmo da demanda estar resolvida; 1634, 03 março - alvará de Filipe III autorizando os frades a mudarem para o Convento da Anunciada, na Horta do Valente (ROSA, IV, 173); 1645 - as obras apenas se iniciam neste ano, em virtude das convulsões políticas associadas à Guerra da Restauração, passando o convento a designar-se da Anunciada Nova (SOUSA, 167); a Ordem de Cristo assegura a botica necessária aos frades e meia arroba de vaca, um quarto de carneiro e 3 quarteirões de vinha todas as semanas e pão sempre que necessário; no dia de Nossa Senhora das Candeias dão 13 velas para o guardião; no dia de Nossa Senhora da Anunciação, os frades de Cristo têm que cantar missa na igreja do convento epregar o sermão; os frades capuchos vão ao Convento de Cristo no dia das festividades de São Bento e na procissão dos Passos, no dia do Corpo de Deus e nas festividades de Nossa Senhora da Conceição (SOUSA, 168); 1653, 21 outubro - o padroado do convento é dado aos condes da Calheta, João Gonçalves da Câmara e sua mulher Inês Maria de Noronha (ROSA, IV, 276); 1656, 27 março - falecimento de João Gonçalves da Câmara em Lisboa, tendo sido sepultado na igreja do convento, para onde foi trasladado a 01 de abril *1; a viúva continua a pagar a renda de 5$000 mensais (SOUSA, 169); 1688, 22 setembro - por morte de Inês de Noronha, recolhida no Mosteiro de Santo Alberto de Lisboa, as monjas do mesmo cedem o padroado do convento da Anunciada aos condes de Castelo Melhor, sobrinhos dos defuntos Condes, os quais passam a dar para sustento do convento 60$000 anuais (ROSA, IV, 375); 1693, 25 junho - o padroado da capela do Capítulo é cedido ao monteiro-mor da vila de Pias, Estêvão de Araújo e Freitas, cavaleiro da Ordem de Cristo e seus descendentes (SOUSA, 170), que mandou colocar lápide a assinalar a sua posse, e mandou fazer sepultura para si e para sua mulher, D. Maria Frois de Azevedo e Andrade *3, correndo a fábrica della por conta dos Religiosos, para a qual deixa 4$000 cada ano, tendo missa quotidiana, (SOUSA, 168); 1716, 08 agosto - falecimento do Dr. Frei Francisco Bravo de Moura, sepultado no convento (ROSA, V, 35); 1834 - extinção das ordens religiosas; o convento é vendido a Tomás Joaquim de Almeida; 1842, 26 julho - Tomás Joaquim de Almeida, proprietário da Quinta da Anunciada, onde se situa a nascente da água que corre para a fonte, deseja que a Câmara lhe pague 4$000 anuais, como fazia com o convento, alegando a Câmara que nunca pagara nada e exigia acesso à arca de água e ao aqueduto (ROSA, I, 27); 1844, 06 fevereiro - a Câmara recebe uma ordem do Governo Civil para que entregue as chaves da fonte ao proprietário da Quinta da Anunciada, mas esta alega que não o fará, pois a fonte era propriedade municipal antes da arrematação da quinta pelo atual proprietário (ROSA, I, 56); 1860, 23 março - o proprietário do convento, José Nunes Longra, pede autorização para fazer um portão em frente à Várzea Pequena, o que é diferido (ROSA; I, 207); 1875, 28 maio - o Governo Civil manda ofício à Câmara a solicitar informações sobre a Quinta, pertencente a Gertrudes da Conceição, solteira e residente em Lisboa, considerando o espaço o local ideal para a instalação de uma Colónia Agrícola (ROSA, III, 93); 20 junho - enviada a planta do convento pelo técnico das Obras Públicas da Câmara, Alfredo Monteiro, para o Governo Civil (ROSA, III, 95); 1880, 16 abril - em sessão da Câmara é pedido a aquisição do Convento para aproveitar as águas da cerca do mesmo para abastecer a cidade e transferir a cadeia para o local, podendo realizar-se ainda na sua cerca o mercado semanal de madeiras e o mercado dos porcos; a proposta não se chega a efetivar por falta de verba; (ROSA, III, 167); séc. 20, inícios - o convento e a quinta são vendidos a Fernando da Costa Cabral, irmão do segundo conde de Tomar; 1921, 29 agosto - o Comando Geral da GNR pergunta se a Câmara tenciona comparar o edifício para nele se poder instalar, respondendo a Câmara que não tinha verbas disponíveis para tal (ROSA, IX, 529); 19 setembro - a Câmara revela não estar interessada, devido ao elevado valor da venda (ROSA, IX, 531); 1930, c. de - a quinta é vendida a João Mendes Godinho, permanecendo na posse dos seus descendentes.

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

GRAÇA, Luís Maria Pedrosa dos Santos - Tomar roteiro sentimental. 2.ª ed. Lisboa: JMEdições, 2014; ROSA, Alberto de Sousa Amorim - Anais do Município de Tomar… Tomar: Câmara Municipal, 1940-1974, 9 vols.; ROSA, Amorim - História de Tomar. 2.ª ed., Santarém: Assembleia Distrital de Santarém, 1982, 2 vols; SOUSA, João Maria de - Noticia descriptiva e historica da cidade de Thomar. Rio Maior: Litografia Antunes, 1991, 2.ª ed. [1.ª ed. de 1903]; VELOSO, Carlos - «Azulejos de Tomar e arredores do séc. XVI ao XVIII» in Boletim Cultural e Informativo da Câmara Municipal de Tomar. Tomar: Câmara Municipal de Tomar, março 1991, n.º 14, pp. 203-223; VITERBO, Sousa - Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1988, 2.ª ed., vol. II.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO. *1 - No Museu da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo existe uma lápide que estava na capela-mor, com a inscrição: "ESTA CAPELA E DO MUI NOBRE E ILUSTRE JOÃO GONÇALVES DA CÂMARA CONDE QUE FOI DA CALHETA, NA ILHA DA MADEIRA, E CAPITÃO-GENERAL DA MESMA ILHA, E DA CONDESSA SUA MULHER, D. INÊS MARIA DE NORONHA, A QUAL POR MORTE DO DITO CONDE ENTROU RELIGIOSA CARMELITA DESCALÇA EM SANTO ALBERTO DE LISBOA, E SE CHAMOU INÊS DE JESUIS MARIA JOSÉ; ANTES DE PROFESSAR TOMOU O PADROADOP DESTE CONVENTO PARA IR A JAZIGO DOS OSSOS DE SEU MARIDO E O DOTOU COM 60$000 REIS CASA ANO PARA ORDINARIA PERPETUA PARA QUE ASSIM A ALMA DO CONDE COM A SUA GOZEM DAS MISSAS E SUFRAGIOS QUE EM TODA A PROVINCIA SE APLICAM AOS PADROEIROS DOS CONVENTOS DELA. JAZ O CONDE SEPULTADO NO MEIO DA CAPELA-MOR. FALECEU EM LISBOA A 27 DE ABRIL (aliás março) DE 1656. REQUIESCAT IN PACE" (ROSA, IV, 287). *3 - Outra lápide no mesmo sítio, proveniente do Capítulo, lado da Epístola - "ESTA CAPELA É DE ESTÊVÃO DE ARAUJO E FREITAS CAVALEIRO DA ORDEM DE CRISTO PARA SUA SEPULTURA E DE SUA MULHER D. MARIA FRÓIS DE AZEVEDO E ANDRADE E DESCENDENTES, CORRENDO A FÁBRICA DELA POR CONTA DOS RELIGIOSOS, PARA O QUAL DÁ 40$000 REIS CADA ANO: TEM MISSA QUAOTIDIANA. ANO DE 1696 (ROSA, IV, 382).

Autor e Data

Paula Figueiredo 2019

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login