Igreja Paroquial de Castanheira do Ribatejo / Igreja de São Bartolomeu

IPA.00006405
Portugal, Lisboa, Vila Franca de Xira, União das freguesias de Castanheira do Ribatejo e Cachoeiras
 
Arquitectura religiosa, renascentista e maneirista. Igreja paroquial de planta longitudinal formada pela nave e capela-mor. Portal centralizado, de arco de volta inteira com arquivoltas, ladeado por colunas de fuste estriado e capitéis decorados e rematado por entablamento, com cantoneiras, intradorso e arquitrave ornamentados (rosetas e figurações humanas e animais). Interior de nave única, apresentando muros revestidos a azulejos do tipo tapete e altares de talha barroca estilo nacional. A capela-mor, sobre cripta, tem também revestimento azulejar, altar de talha barroca e tecto em caixotões pintados. Torre sineira adossada à capela-mor; pia baptismal de feição renanscentista; cripta sob a capela-mor; restos de decoração policroma nos vãos da capela-mor e nave.
Número IPA Antigo: PT031114050009
 
Registo visualizado 425 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

De planta longitudinal composta, de que resulta uma volumetria de 2 paralelepípedos justapostos (nave e capela-mor), o edifício apresenta cobertura diferenciada em telhados a 2 águas. A fachada principal, a O., lateralmente delimitada por cunhais de cantaria e terminada em empena triangular, apresenta portal encimado a eixo pelas armas do conde da Castanheira (*2) e por uma janela rectangular. Na sobriedade desta fachada destaca-se o risco do portal: em arco de volta perfeita, de quatro arquivoltas, está inscrito entre colunas de fuste estriado e um entablamento e cuja decoração se concentra nas cantoneiras (medalhões com figurações de cabeças humanas), no intradorso do arco (rosetas) e na arquitrave (assente em mísulas com figurações animais e com a face posterior igualmente decorada com rosetas). As fachadas laterais N. e S. são rasgadas por frestas iluminantes, de enxalços profundos, nos panos de muro entre contrafortes escalonados rematados por gárgulas. No alçado lateral N. da nave abre-se uma porta, cujo emolduramento integralmente de cantaria, apresenta verga curva, ladeada por pilastras sobre plintos e encimada por cornija destacada. Uma torre sineira de secção quadrada encontra-se adossada ao flanco N. da capela-mor. No INTERIOR, de nave única que termina em arco triunfal, os muros apresentam revestimento azulejar do tipo tapete (com 3 padrões diferentes). No lado do Evangelho reconhece-se a pia baptismal (renascentista) e uma pia de água benta, além de um altar de talha dourada e um púlpito com base de cantaria, enquanto do lado da Epístola se observa outra pia de água benta e um altar com retábulo tipologicamente afim, mas com uma pintura que representa «A Pesagem das Almas». Ladeando o arco triunfal - em arco abatido, de cantaria e apresentando colunas de fuste estriado e medalhões idênticos aos do portal principal - são visíveis dois altares de talha dourada. Na parte superior dos muros da nave observam-se ainda as mísulas que suportavam a primitiva cobertura abobadada. Na capela-mor, rectangular e coberta por tecto de madeira pintada de 3 faces decorado com caixotões, as paredes laterais apresentam revestimento azulejar do tipo tapete. Destaca-se, no muro de topo, o retábulo de talha dourada com colunas pseudo-salomónicas (decoradas com frutos e aves) e vazado por camarim albergando trono. Na capela-mor podem observar-se restos de policromia. Sob a capela-mor situa-se a cripta.

Acessos

Largo de São José. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,992890; long.: -8,971888

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 45 327, DG, 1.ª série, n.º 251 de 25 outubro 1963

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado. A O. e N., jardim parcialmente murado onde se encontram, dispersos, elementos decorativos arquitectónicos em cantaria e lápides sepulcrais dos séc. 16 e 17 (*1).

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: INTERIOR: Inscrição de homenagem ao Conde da Castanheira gravada numa lápide embutida no pano lateral do lado da Epístola. Leitura modernizada: ESTA IGREJA MANDOU FAZER O MUITO ILUSTRE SENHOR DOM ANTÓNIO DE ATAÍDE PRIMEIRO CONDE DA CASTANHEIRA NO ANO DE 1534 O RETÁBULO DO ALTAR-MOR E OS SINOS GRANDES E AS CASAS DO PRIOR SEM AJUDA DA CLERESIA E DO POVO PELO QUE O PRIOR E BENEFICIADOS NO ANO DE 1564 ORDENARAM QUE NO DIA DE SEU FALECIMENTO QUE FOI A 7 DE OUTUBRO DIGAM PARA SEMPRE POR SUA ALMA NESTA IGREJA UM NOTURNO COM MISSA CANTADA DE DEFUNTOS E NO DIA DE SÃO BARTOLOMEU LHE DIGAM UM RESPONSO CANTADO ACABADA A MISSA DO DIA E TODAS AS VEZES QUE A CRUZ DESTA IGREJA FOR A SANTO ANTÓNIO EM PROCISSÃO DIGAM UM RESPONSO CANTADO SOBRE SUA SEPULTURA.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR de AZULEJO: S. B. (1640).

Cronologia

1534 - fundação da igreja por D. António de Ataíde, 1º conde da Castanheira (1500 - 1563); 1564 - colocação do retábulo do altar-mor; 1640 - revestimento azulejar da nave, assinado por S.B.; 1755 - terramoto causa significativos danos, tendo designadamente provocado a queda da abóbada da nave; 1960 - a DGEMN começa a desenvolver diversas obras de conservação e restauro; 1961 - são efectuados levantamentos fotográficos, surgindo a nave sem cobertura em madeira;:1964 / 1966 - a DGEMN efectua novamente registos fotográficos da igreja, anteriores ou de acompanhamento às intervenções a decorrer, observando-se neles elementos hoje inexistentes, como: coroamento dos contrafortes da fachada N.; revestimento azulejar da zona da pia baptismal igual ao da nave; pintura mural na zona inferior do altar lateral N.; altares colaterais rematados por frontão, dispondo na parte inferior, de painéis de azulejos do séc. 18 (do lado da Epístola, albarradas floridas, e do lado do Evangelho, azulejos figurativos); 1967 - a DGEMN pede ao Museu Nacional de Arte Antiga a deslocação à igreja de um técnico responsável de restauro, com o fim de verificar as possibilidades de recuperação da tela existente no altar lateral da igreja («Pesagem das Almas»); 1972 - o pároco Padre Arnaldo Babo revela o desejo de instalar um Museu na cripta; 1976 - é instalado o parque infantil na zona mais baixa do adro, local anteriormente destinado a uma pista de patinagem; 1977 - segundo o pároco, o lado esquerdo do tecto da capela-mor da igreja encontrava-se prestes a desabar; 1977 - a DGEMN autoriza que parte da cripta se destine a casa mortuária; 1982 - a Direcção-Geral informa o pároco que discorda com a transformaçäo do vão da janela da cripta em porta, e opta por reconstruir o vão primitivo com novo peitoril em cantaria, em substituição do existente, e respectivo caixilho em madeira; 1982 - são inventariados pelo Patriarcado de Lisboa (Comissäo de Arte Sacra) todos os objectos móveis; 1986 - levantamento dos painéis de azulejos existentes no altar-mor e sua recolocação; 1987 / 1989 - levantamento do painel de azulejo do lado do Evangelho e sua recolocação; 1997 - restauro do revestimento azulejar do lado direito da nave central.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes e estrutura mista

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, azulejos, madeira dourada

Bibliografia

CÂNCIO, Francisco, Ribatejo, Lisboa, 1933; CÂNCIO, Francisco, Ribatejo Histórico e Monumental, s.l., 1939; AZEVEDO, Carlos de, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano de, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Vol. III, Lisboa, 1963; ALMEIDA, António José Ferreira de, (dir. de), Tesouros Artísticos de Portugal, 2ª ed., Lisboa, 1980; MECO, José, Azulejaria Portuguesa, Lisboa, 1987; BASTOS, Fernando Pereira, Apontamentos Sobre o Manuelino no Distrito de Lisboa, Lisboa, 1991; MACEDO, Lino de, Antiguidades do Moderno Concelho de Vila Franca de Xira, 2ª ed., Vila Franca de Xira, 1992 (1ª ed. 1893); LOPES, Flávio, (coord. de), Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Distrito de Lisboa, Vol. II, Lisboa, 1993; COSTA, José, Roteiro Bibliográfico de Vila Franca de Xira, Vila Franca de Xira, 1998

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMVFX: Biblioteca Municipal

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

DGEMN: 1960 - obras de conservação e restauro (substituiçâo da cobertura, desentaipamento das frestas entaipadas, limpeza de paramentos interiores e exteriores e construção de novos, consolidação do arco triunfal, levantamento do pavimento e reconstrução, demolição e arrumação do coro); 1964 - reconstrução de coberturas e conservação dos paramentos exteriores; 1965 - transformação do altar-mor (acrescento do supedâneo de pedra); 1967 - demolição do anexo a N., libertando o acesso exterior à cripta;1968 - conclusão das obras de restauro e conservação (pavimento da cripta, reabertura de vão de janela, substituição de portas exteriores, consolidação do tecto da capela-mor); 1969 - obras de restauro e conservação, rebocos exteriores e interiores, coberturas, abertura de vãos de janelas iguais aos existentes, novo pavimento com aproveitamento do lajedo e tijoleira, construção de tecto de madeira, vão de cantaria igual ao existente, assentamento de azulejos semelhantes aos existentes, reassentamento de panéis existentes, reparação geral de cantaria em vergas e ombreiras de vãos, pintura de caixilharias, reparação e afinação de ferragens, construção da escada de acesso ao púlpito, assentamento de fossa séptica e instalação eléctrica, ampliação da sacristia com construção de anexo; 1972 - beneficiação da instalação eléctrica; 1978 - reparação de diversos danos causados pelas águas pluviais (substituição de elementos estruturais da cobertura, substituição parcial da sanca de madeira, restauro pintura do tecto, limpeza e reparações de algerozes, obras de consolidação e restauro da capela-mor); 1979 - obras de conservação (reparação de obras de talha, consolidação do tecto da capela-mor, substituição de vidros e caixilharias); 1980 - obras de conservação na sacristia e instalações sanitárias; 1982 - reparação das coberturas; 1986 - levantamento dos paineis de azulejos existentes no altar-mor e sua recolocação; 1987 / 1989 - levantamento do painel de azulejo do lado esquerdo da nave central e sua recolocação; 1997 - restauro do revestimento azulejar do lado direito da nave central

Observações

*1 - pertencentes ao convento de Nossa Senhora da Subserra, na Castanheira (antiga evocação de Nossa Senhora da Anunciada) (*2) De azul, com 4 bandas de prata, tendo por timbre uma onça agachada, de sua cor, com 4 bandas de prata.

Autor e Data

Paula Noé 1991 / Teresa Vale e Carlos Gomes 1995 / Sara Andrade 2000

Actualização

Ana Rosa 1998
 
 
 
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