Capela românico-gótica de Sobral de Monte Agraço / Capela do Salvador

IPA.00006389
Portugal, Lisboa, Sobral de Monte Agraço, Sobral de Monte Agraço
 
Arquitectura religiosa, românica e gótica. Capela rural construída no estilo românico, patente no vocabulário ainda pesado, caso das típicas garras nas bases e na fenestração simples e estreita, possui já soluções protogóticas no tratamento espacial e utilização de alguns elementos formais ou decorativos, caso dos arcos interiores já biselados. Embora os capitéis sejam românicos, têm já elementos em estilo mais avançado; denunciam o modelo típico de finais do séc. 13, muito comuns nas igrejas rurais. Interessante espécime da arte românica - gótica da Estremadura portuguesa. Virgolino Jorge considera-a importante, dada a escassez do estilo românico no S. de Portugal. Este autor julga que alguns capitéis, como o do porco, fazem alusão à vida de São Brás. A dimensão exagerada do 3º tramo faz pensar na perda de um tramo, o que é corroborado pela reposição anterior de uma coluna, com capitel já gótico, adossado no lado Epístola.
Número IPA Antigo: PT031112030002
 
Registo visualizado 910 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta longitudinal, de nave única seccionado em 4 tramos desiguais com cobertura (actualmente apenas sobre um tramo) a 2 águas. Fachadas E. e O. terminadas em empena, tendo a O. fresta entaipada. Fachada S. rasgada por 3 frestas, também elas entaipadas. No alçado N. abre-se portal do arco quebrado sobre colunelos com capitel de decoração fitomórfica; 2 frestas e janelão. As escavações arqueológicas puseram a descoberto para E. o prolongamento das paredes do edifício e um piso lajeado. Frente à fachada N. descobriu-se uma estrutura de pedras e argamassa, como um piso, mas que, a certa altura, termina num muro baixo; frente ao portal surgiu um muro perpendicular à fachada; ambos denotando uma construção quandrangular encostada a esta fachada. No interior, os tramos têm arcos plenos biselados sobre colunelos adossados com garras nas bases e capitéis elaborados. Paredes percorridas como que por banco. As escavações puseram a descoberto a base de uma parede que criaria divisão interna e à qual se tinha acesso por portal ogival, de que ainda subsiste colunelo embutido na parede N.

Acessos

EN 115 - São Salvador. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,007748; long.: -9,157138

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 40 361, DG, 1.ª série, n.º 228 de 20 outubro 1955

Enquadramento

Rural, isolado, alto do monte. Ergue-se a S. da Vila do Sobral e a O. da povoação de Cachimbo em frente do cemitério da vila, no local onde, antigamente, foi a primitiva Monte Agraço.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 13 / 14

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1320 - Referida pela 1ª vez, sendo-lhe então atribuída 100 libras; 1343, 13 Out. - visitação pelo Bispo D. Vasco, que então se deslocava pelas igrejas da diocese de Lisboa; séc.14 (posterior) - construção do anexo quadrangular encostado à fachada N. aproveitando pedras do primitivo edifício; 1467, 3 Fev. - Diogo Gonçalves, presbítero da Diocese de Silves, faz súplica sobre a igreja de S. Salvador, que estava vaga por óbito de João Afonso; 1471, 24 Abr. - Álvaro Gonçalves, presbítero da Sé de Lisboa, faz petição visto que D. Gonçalves obtivera a Igreja Paroquial de São Pedro de Caja; séc. 18, finais - tinha 3 altares, 2 laterais (São Brás e São Sebastião) e o mor; 1755 - sofreu pouco com o terramoto de 1 de Novembro; 1817 - ainda estava aberta ao culto e rendia 400 a 500 mil reis; posteriormente - caiu em ruína, tendo uma parte sido transformado em lagar de vinho; mais tarde serviu de estábulo e estrebaria; 1970 - escavações no seu interior e exterior por Borges Garcia; 1987, meados - a Assembleia Distrital de Lisboa com o apoio da Câmara Municipal e a participação de jovens OTL, procedem a uma limpeza do seu interior e escavações no exterior, em áreas já exploradas por Borges Garcia e ainda em outras; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Cantaria com aparelho "Mixtum Vittatum".

Bibliografia

AZEVEDO, Carlos de, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano de, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa, 1963; JORGE, Virgolino, A Igreja Romano-gótico do Salvador do Mundo no Sobral de Monte Agraço, Sep. do Boletim Cultural da Assembleia Distrital de Lisboa, III Série, nº 85, Lisboa, 1979; AAVV, Concelho de Sobral de Monte Agraço. Inventário Artístico, Sobral de Monte Agraço, 1987; Gonçalves, João Ludgero Marques, Sobral de Monte Agraço. Edifício Medieval de Salvador in Informação Arqueológica, Lisboa, 1994, p. 66 - 67.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMSMA

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

Observações

O seu abandono deve ter-se iniciado com possíveis pilhagens depois da extinção das Ordens Religiosas, em 1834 agravando-se depois ao longo dos tempos devido ao seu diminuto espaço, localização solitária e existência de uma outra igreja dentro da vila. A construção posterior de uma parede, para aproveitar a parte ainda de pé para lagar, fez com que o antigo interior ficasse, hoje no exterior do edifício. Durante as escavações arqueológicas encontrou-se, para além da cerâmica medieval muito fragmentada, um alfinete de bronze, um pendente metálico e várias moedas, que vão de D. Sancho I (1185 - 1211), D. Manuel I (1495 - 1521) construídas por mealhas, bulhões, dinheiros, reais e ceitis.

Autor e Data

Paula Noé 1992 / 1994

Actualização

 
 
 
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