Palácio da Quinta da Abelheira / Casas da Quinta da Abelheira

IPA.00006305
Portugal, Lisboa, Loures, União das freguesias de Santo Antão e São Julião do Tojal
 
Arquitetura residencial, tardo setecentista. Quinta de produção, na sua origem, onde se construiu uma casa abastada, de fundação monástica, bastante sóbria, de planta quadrangular e pátio central e evoluindo em dois pisos, que se articula por passagens em arco com dois pátios exteriores, sendo o conjunto encerrado por muros. O palácio e seus anexos estão localizados em posição central na quinta, em plataforma elevada contida por muros de suporte. O pátio de receção tem muro rasgado por três portais, dos quais um, de desenho clássico, está localizado no eixo principal da quinta, assinalando a entrada no conjunto residencial. Integra capela tardo barroca, com teto pintado de branco, em abóbada de aresta e paredes com vestígios de lambris de azulejos rocaille. Edifício de grandes dimensões, revelando as suas sucessivas remodelações, mantendo uma estrutura arcaizante, com pátio quadrado central, possuindo elementos decorativos e estruturais da época tardo-pombalina, visíveis na articulação dos espaços por amplos arcos de volta perfeita, nas modinaturas dos vãos, de desenho pombalino, mas com as cantarias mais delgadas, do que as utilizadas naquele período. Possui interessantes arcos de descarga, em tijolo, visíveis sobre as modinaturas dos vãos, em cantaria. No interior, também esta tendência é visível, nos revestimentos azulejares da cozinha e bancos da varanda, e especialmente na capela, com cobertura tardo-setecentista, em abóbada de lunetas. Possui revestimento a azulejo de padrão pombalino, e vestígios do primitivo retábulo-mor, também ele deste período. No pátio existe um edifício notável marcado por 3 torreões, nas extremidades e ao centro, onde está adossado um tanque funcional e ornamental em pedra.
Número IPA Antigo: PT031107160022
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Casa abastada  

Descrição

Conjunto edificado constituído por casa principal, um edifício com três torreões, uma casa torreada e outros edifícios de apoio, articulados por meio de três pátios pavimentados - o Pátio interior do Palácio, o Pátio das Nonas, a E, e o Pátio de Serviço, a O.. O PALÁCIO tem planta quadrangular, de volume único com pátio central, desenvolvendo-se em dois pisos, o inferior organizando-se em dois corpos independentes, de planta em U, resultantes da descontinuidade introduzida pela passagem em túnel rasgada nas fachadas E. e O.. O piso superior articula as quatro alas do palácio. Não tem, atualmente, cobertura *4, sendo visível, ainda, a primitiva beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de amarelo, marcadas por cinta de separação dos pisos, em massa, e cunhais em pedra nos ângulos. Superiormente são percorridas por cornija pintada a branco. A composição das fachadas obedece a regras de alinhamento dos vãos segundo eixos verticais e todas as janelas do edifício possuem molduras em cantaria de calcário. Fachada principal, virada a E., rasgada a toda a altura do piso térreo por arco de volta perfeita em posição central, emoldurado a cantaria de calcário com pedra de fecho saliente, de acesso ao pátio interior. À direita do arco, a porta da capela com ombreiras recortadas e debrum saliente, com lintel arqueado e rematado em ática triangular. À esquerda do arco, dois pares de janelas em dois registos, os inferiores jacentes, para iluminação da escada principal. Junto ao cunhal SE., porta de acesso secundária, no patamar da escadaria que articula o Pátio das Nonas com o jardim a S.do palácio. O piso superior é rasgado por nove janelas de peitoril e uma falsa janela emoldurada que contribui para manter a regularidade do ritmo dos vãos, todas com molduras recortadas, encimadas por arcos de descarga em tijolo. Fachada lateral esquerda com escadaria em pedra, de duplo lance, aposta à fachada, dando acesso ao salão do piso superior. No piso inferior, porta de verga curva sob o patamar das escadas, ladeada de ambos os lados por quatro janelas que, na zona das escadas apresentam molduras de desenho atípico, refletindo uma intervenção posterior. O piso superior possui oito janelas e porta ao centro. Fachada lateral direita rasgada, no piso inferior, por três janelas quadradas, duas portas, uma falsa porta e três janelas de peitoril, todas de verga curva com arcos de descarga. O desenho das vergas em arco não encontra correspondência na configuração retangular dos respetivos vãos quando observados do interior. Fachada posterior rasgada a toda a altura do piso térreo por arco em posição central, de volta perfeita, emoldurado a cantaria de calcário, ligando o pátio de serviço ao pátio interior. À esquerda do arco, quatro janelas quadradas no piso térreo e, à direita, volume saliente que encosta às cavalariças, correspondendo às escadas de acesso ao piso superior, de construção mais recente. No piso superior, oito vãos de janela retangulares e um vão de porta para acesso à varanda sobre as cavalariças, protegida por alpendre. INTERIOR com três escadarias, a principal no corpo S., com acesso por porta sob o arco que abre para o pátio das Nonas, coberta em abobada de aresta e possuindo vestígios de silhares de azulejos em toda a sua extensão. A segunda escada, a NO., liga a zona da cozinha ao piso superior e surge, ainda, uma terceira, mais recente, a SO., com acesso por porta sob o arco que abre para o Pátio de Serviço; a sua construção interferiu com a compartimentação interior. No piso térreo, o corpo implantado a N. acolhe as funções de despensa, cozinha, refeitório, sacristia e capela. À direita da cozinha há uma escada de acesso ao piso principal da casa, e uma sala, provavelmente destinada a refeitório, com vãos em arco de volta perfeita, sendo três vãos para o exterior, abrindo para a zona do antigo laranjal, e outros três na parede oposta, abrindo para o pátio interior. Possui teto estucado e pintado com flores brancas sobre fundo dourado e parras e uvas sobre fundo roxo; tem porta para a sacristia. A CAPELA é de planta retangular simples e teto em abóbada de aresta e de lunetas, pintada de branco, em três módulos idênticos, com três vãos de cada lado do registo superior, emoldurados a madeira; assenta sobre uma cimalha que percorre inteiramente as paredes. Estas possuem vestígios de silhares de azulejo azul e branco com cercaduras policromas com decoração concheada, assentes em rodapés de pedra torta em amarelo e roxo. Pavimento em tijoleira. A parede S. tem uma janela que deita para uma galeria no interior do piso principal do palácio, situada sobre o arco de acesso ao edifício. Possui retábulo-mor de madeira, bastante arruinado, sendo visível parte da dependência que existia sobre a sacristia, na zona posterior ao retábulo *5. O corpo S. do primeiro piso é percorrido por corredor de distribuição com teto de abóbada de aresta, tendo cinco portas abertas para o pátio interior e portas para os pequenos compartimentos virados a S., também eles abobadados. O pavimento é em lajes de pedra. O piso superior encontra-se muito arruinado e, da interpretação dos elementos que subsistiram, presume-se a existência um salão contíguo à fachada S., com porta para a escadaria exterior e com acesso à varanda situada no prolongamento da ala S. do palácio, sobre o corpo tripartido das cavalariças. A varanda domina as vistas para S., para N. e para O., tendo muretes e bancos de estar, que aí se incorporam, capeados a laje de pedra e revestidos a azulejo branco debruado por fiadas de azulejo de padrão esponjoso e cor roxa. Os assentos são de tijoleira. No Pátios das Nonas, existe um EDIFÍCIO COM TRÊS TORREÕES, de planta retangular composto por cinco volumes dispostos no sentido N. - S.. Compõe-se por dois torreões laterais de um só piso, articulados, por corpos mais baixos e alongados, a um torreão central de dois pisos. Os torreões laterais e o central têm coberturas em telhados de quatro águas e os corpos de ligação de duas águas, com telha de canudo no torreão central, em telha de marselha no torreão N. e em telha lusa nos restantes corpos; remates em beirada dupla, exceto no remate O. do telhado do torreão central, que assenta sobre cornija; há uma chaminé no ângulo NE. do torreão N. Nas extremidades deste edifício observam-se dois corpos utilitários, mais baixos e de planta trapezoidal, relegados para uma situação de traseiras, cada um com apenas uma porta, adossados respetivamente aos torreões N. e S.. A fachada principal, virada a O., tem oito vãos emoldurados a cantaria de calcário, correspondendo a cinco portas e três janelas, duas delas com respiradouros vazados e protegidos por grades de ferro. Os dois torreões laterais apresentam superfícies curvas nas extremidades que se articulam com muros do jardim e respetivos portais. No corpo do torreão central, surge um tanque-chafariz adossado, cujo espaldar em pedra o reveste inteiramente ao nível do piso térreo; no registo superior do torreão, existe uma janela de peito com molduras em cantaria de calcário. Há ainda quatro pequenos tanques de planta retangular adossados a esta fachada. Fachada lateral esquerda cega, sendo a oposta rasgada por uma janela. A fachada posterior tem três janelas no corpo N. e duas muito pequenas na parede do compartimento do corpo S., que se encontra adossado ao torreão central. Este possui um vão apenas, no piso superior. No INTERIOR, o corpo N. possui quatro compartimentos, sendo três deles intercomunicantes, correspondentes à parte habitacional e um autónomo, com entrada a partir do pátio, para apoio. O corpo S. é constituído por habitação com dois compartimentos e um pequeno corredor com escada para o piso ou plataforma superior do torreão central. Esta escada tem um patamar superior em lajes de pedra. Tem ainda esta ala S. mais dois compartimentos independentes, com acesso direto para o pátio. Entre eles, encontra-se, fechado na parte inferior, um grande arco em alvenaria de pedra e tijolo. O torreão central corresponde a uma mãe de água, ou reservatório, ao nível do piso térreo, embora com um compartimento ou uma plataforma no piso superior, com duas janelas deitando para o pátio e para as traseiras respetivamente. O muro posterior deste edifício, correspondente ao seu corpo N., integra um aqueduto para abastecimento de água. Da parede posterior do torreão central sai um aqueduto para descarga da água aí armazenada, conduzindo-a à propriedade agrícola. A CASA TORREADA constitui um edifício de habitação no ângulo NO. do pátio de serviço, de planta quadrada, com dois pisos, telhado sanqueado de quatro águas rematado em duplo beirado. O encastramento do volume da casa no muro N. e as diferentes espessuras das paredes indiciam tratar-se de construção evolutiva e adossada a um aqueduto. Tem acesso direto por porta na fachada que deita para o pátio e pela fachada oposta virada para o vale do Rio Trancão. A N. do Pátio das Nonas, fechando-o, surge um EDIFÍCIO DE APOIO, formando um volume único, de planta retangular, com cobertura homogénea em telhado de duas águas, rematadas em beirada dupla, com revestimento em telha marselha. O ângulo sudeste está adossado ao portal N. do pátio. O extremo sudeste do edifício revela vestígios de uma construção pré-existente, mantendo o primitivo telhado em telha de canudo. A fachada principal tem três portas, a fachada lateral esquerda é cega e a direita tem três janelas, uma das quais possui cantarias mais fortes do que as restantes. Fachada posterior cega. Todos os vãos são emoldurados a cantaria de calcário. INTERIOR possui pavimentos em lajes de calcário e vestígios de uma porta entaipada na parede. O EDIFÍCIO DAS CAVALARIÇAS situa-se no pátio de serviço, com cobertura em terraço, utilizada como varanda, com acesso a partir do salão no piso superior; tem um só piso estando rasgado por três portais, de acesso a três compartimentos intercomunicantes.

Acessos

A E. e SE. da povoação do Zambujal, com acesso pela Rua Dr. Alberto Alves de Oliveira que inicia na Rotunda de articulação da Via de Cintura da AMLN com a EN 115-5 (Rua Dias Coelho). Entrada N., frente ao Bairro ex-CAR do Zambujal; entrada S. no extremo S. do arruamento

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 2/96, DR 1.ª série-B n.º 56 de 06 março 1996 *1

Enquadramento

Rural, isolado, implantado na margem esquerda do Rio Trancão, ocupando uma posição central na quinta, sobre plataforma elevada marcada por muros de suporte que se repetem em socalcos até junto do rio. A quinta insere-se no limite S. da encosta do Complexo Vulcânico de Lisboa, numa área de transição entre o relevo de vale encaixado, que se situa a N. da quinta, para o relevo espraiado da várzea do rio Trancão, a S., sobre os quais, várzea e rio, possui ampla vista privilegiada. A cota máxima de cerca de 90m verifica-se no limite N., na encosta do olival e a mínima, de 15m ocorre no limite SO. da propriedade, junto ao rio Trancão. A quinta é delimitada pelo Rio Trancão a O. em toda a extensão, desde a ponte do Zambujal a N. até à Fábrica de Papel do Tojal, a S. (v. IPA.00034925) *2. Na margem oposta do Trancão, localiza-se a Quinta do Outeiro (v. IPA.00034926), cuja casa se ergue no topo de uma elevação. A N. e E. é delimitada pela antiga EM 613 e pelo núcleo urbano do Zambujal (v. IPA.00033953) que encosta ao muro da quinta e acompanha a encosta N. a cota superior à Abelheira, desenvolvendo-se em anfiteatro. A propriedade da Abelheira localizada entre o rio Trancão e a povoação do Zambujal, a SE., constitui um espaço de transição entre os dois núcleos edificados da freguesia, São Julião do Tojal e Zambujal. Acesso principal, atualmente desativado, por portão no muro confinante com a EN 115-5 (Rua Dias Coelho), na povoação de São Julião do Tojal *3. Tem acesso a partir de portão no topo N. do muro confinante com a Rua Dr. Alberto Alves de Oliveira (antiga EM 613), por alameda perpendicular ao muro que conduz junto ao portal principal do Pátio das Nonas e um acesso improvisado, rasgado no extremo S. do mesmo muro, acima da Via de Cintura, que abre para um novo caminho paralelo a esta via, que vai entroncar no eixo principal da quinta.

Descrição Complementar

O PÁTIO INTERIOR corresponde ao vazamento do núcleo de um paralelepípedo, criando um espaço fechado que comunica com os outros dois pátios por passagens em túnel rasgadas em arco nas fachadas opostas E. / O. do palácio, a toda a altura do primeiro piso, definindo um eixo de atravessamento e de ligação entre os três pátios. O PÁTIO DAS NONAS, a E., de transição entre a área agrícola e o jardim da casa tem configuração aproximadamente retangular com a maior dimensão no sentido N. / S.. É fechado e tem três portais que se rasgam no seu muro S.. Um deles é diferenciado, de desenho clássico de remate triangular com pináculo com esfera ao centro, e os restantes são idênticos um ao outro, em arcos ligeiramente abatidos e ondulados na articulação entre ombreiras e lintel, formando uma composição com uma edícula entre ambos. Outro portal de acesso à propriedade agrícola abre-se no ângulo NE., mas sem arco, entre o edifício de apoio de um piso que delimita o pátio a N. e o edifício longitudinal com três torreões que enquadra o pátio do lado E.. Os muros deste pátio são curvos nos seus ângulos SO., SE. e NE.. Junto ao portal principal, a SE., o muro liga-se ao edifício com três torreões e, no lado O., o enquadramento é conferido pela fachada principal do palácio, que integra a porta da capela e o arco de acesso ao pátio interior com porta para escada principal. No alinhamento desta fachada para S., desenvolve-se muro de contenção e escadaria de duplo lance *6 que articula o pátio das Nonas com o jardim situado a S. do palácio. No lado S., entre dois portais, painel de azulejos a azul e branco com motivos venatórios. O PÁTIO DE SERVIÇO, localizado a O. do palácio, é delimitado a N. por muro, a S. pelo edifício das cavalariças, a E. pela fachada O. do palácio, que integra arco de acesso ao pátio interior, e, a O., pela casa torreada e dependências anexas, com painel de azulejos pintados com cercadura rocaille. As dependências anexas prolongam-se até à porta de verga ondulada e pequeno túnel abobadado de acesso à escadaria que liga o pátio ao rio. A COZINHA situa-se no ângulo NO. do palácio e tem planta quadrangular, tetos em abóbada de aresta, grande chaminé assente em pilares de pedra, mesa de pedra ao centro, pavimento em laje, enxalços para duas janelas viradas a N. e duas outras viradas a O. uma destas à direita da chaminé e outra no seu interior. As paredes são inteiramente revestidas a azulejo branco com bordaduras a azul e branco em redor dos vãos e da chaminé, bem como sobre os rodapés em três fiadas de azulejos pintados de padrão esponjoso roxo. O RETÁBULO-MOR é de madeira em branco, com vestígios de elementos decorativos em policromia, estando bastante arruinado, especialmente na zona superior. É de base retangular e tem três eixos definidos por pilastras, criando três apainelados, o central de maiores dimensões e de moldura recortada, surgindo na base, pintura ornamental formando reserva circular, rodeada por festões. Sob os eixos laterais, duas portas em madeira, que davam passagem para a sacristia.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa coletiva

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1176 - D. Afonso Henriques doa grande parte das terras do Tojal ao Mosteiro de São Vicente de Fora de Lisboa, entre as quais se encontra a futura Quinta da Abelheira; 1218 - D. Afonso II confirma a doação das terras ao Mosteiro de São Vicente. 1424 - emprazamento da propriedade do Arrais a Diogo Ferrão, a qual inclui a futura Quinta da Abelheira; 1475 - Diogo Ferrão Castelo Branco, neto do precedente, continua na posse do domínio útil do Prazo, pertencente ao Mosteiro de São Vicente, que divide pelos seus dois filhos, ficando um deles com a propriedade situada entre a povoação do Zambujal, a N., e a Quinta dos Arrais, a S.; 1584 - emprazamento renovado em nome dos Aguiares, genro e netos de Francisco Ferrão Castelo Branco, Fidalgo da Casa Real; Séc. 18, início - Inês de Castelo Branco, casada com João Guedes de Vilhegas e senhora da Quinta do Moinho da Abelheira, como passa a designar-se a propriedade dos Ferrões e dos Aguiares, entre o Zambujal e a Quinta do Arrais, faz melhoramentos na casa, capela e quinta; 1730 - sepultamento do casal na capela de Nossa Senhora do Socorro, na quinta; 1750 - José Guedes de Vilhegas Quinhones Castelo Branco, 7.º neto de Diogo Ferrão Castelo Branco, traslada os ossos dos seus ascendentes da Capela da Quinta para a capela-mor da Igreja de São Julião do Tojal (v. IPA.00020201); 1751 - O Mosteiro de São Vicente de Fora de Lisboa reapropria-se do domínio útil da Quinta da Abelheira, fundindo-a com a Quinta do Arrais; restauro e engrandecimento da casa, da capela e dos jardins, que povoaram de buxos, tanques e escadarias; 1755, 01 novembro - as casas primitivas da quinta pouco sofreram com o terramoto e os frades passam a habitá-las; séc. 18, 2.ª metade - melhoramentos na quinta, incluindo nos processos agrícolas; 1794, 03 a 05 junho - William Beckford visita a quinta, e aí permanece na companhia do Prior de São Vicente de Fora e do Grão Prior de Avis, irmão do Marquês de Marialva; séc. 18, última década - construção do atual palácio da Abelheira, sendo a capela de Nossa Senhora do Socorro, reedificada e integrada no novo edifício; 1834 - na sequência da extinção das Ordens Religiosas, o Provedor do 4.º distrito de Lisboa instala-se na Quinta para inventariar os bens, arrolá-los e vendê-los; os frades vão para Mafra levando móveis e paramentos; no primeiro leilão realizado, a Quinta é arrematada pelo Duque de Palmela, pelo prazo de um ano; 1835 - a Quinta é arrematada em hasta pública, num segundo leilão, pelo negociante João Gualberto de Oliveira, posteriormente Conde do Tojal, que equipa a fábrica de papel existente na Quinta, com novas maquinarias; 1892 - William Smith, cônsul de Inglaterra e cunhado do Conde do Tojal, herda a Quinta e fábrica; feitura de melhoramentos no edifício; nele ficam hospedados os reis D. Luís I e D. Maria Pia, passando a designar-se como Palácio; 1899 - Astley Campbell que herdara a Quinta de William Smith, vende-a juntamente com a fábrica de papel à Casa Graham: Os Graham utilizam a casa da Quinta como habitação; 1973 - a Quinta e fábrica são entregues aos seus credores por endividamento dos proprietários; 1997 - a Quinta é vendida a uma empresa de construção; 1998, 30 abril - publicação de uma retificação ao diploma de classificação do edifício, em Declaração de Rectificação, n.º 9-J/98, DR, 1.ª série-B, 2.º suplemento, n.º 100; 2004 - a Quinta é propriedade da Empresa C4 Construções S.A.; 2012 - a quinta pertence a uma entidade bancária por insolvência da C4, Construções.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

PALÁCIO com as paredes exteriores em alvenaria de pedra ordinária e tijolo maciço, rebocadas e pintadas a amarelo, sendo as interiores rebocadas e pintadas, revestidas a azulejos na escadaria principal, na cozinha e na nave da capela; cunhais, modinaturas, colunas da varanda, degraus, escadaria principal, pavimentos e capeamento dos muretes e bancos em cantaria de calcário; guarda da escadaria exterior em ferro forjado; escadas secundárias, pavimentos do segundo piso em madeira; pavimento em tijoleira na cozinha; bancos revestidos a azulejo; coberturas em telha cerâmica. EDIFÍCIO COM TRÊS TORREÕES com paredes exteriores em alvenaria de pedra, rebocadas e pintadas; revestimento do primeiro piso do torreão central e modinaturas em cantaria de calcário; grades dos respiradouros em ferro; caixilharias de madeira; coberturas inclinadas recobertas a telha de canudo no torreão central, a telha de marselha no torreão N. e a telha lusa nos restantes corpos. CASA TORREADA com paredes em alvenaria mista de pedra e de tijolo, rebocadas e pintadas; portas e janelas em madeira; cobertura inclinada recoberta a telha de canudo. EDIFÍCIO DE APOIO com as paredes em alvenaria de pedra ordinária, rebocadas e pintadas; modinaturas e pavimento em cantaria de calcário; caixilharias em madeira; cobertura com telha cerâmica do tipo Marselha.

Bibliografia

AZEVEDO, Carlos de, FERRÃO, Julieta e GUSMÃO, Adriano de - Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa: Junta Distrital de Lisboa, 1963, vol. III; BECKFORD, William - Alcobaça e Batalha: recordações de viagem. Lisboa: Vega, 1997; Câmara Municipal de Loures - Loures 10 Paisagens. Loures: Câmara Municipal de Loures, 2012; Castro, João Bautista de - Mappa de Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: Oficina Patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1763, tomo III, p. 471; Costa, Padre António Carvalho da - Corografia Portuguesa... Lisboa: Oficina Real Deslandesiana, 1712, tomo III, p. 613; Leal, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho - Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: Livraria Editora de Mattos Moreira e Companhia, 1873, vol. I; Património Cultural Construído. Loures: Câmara Municipal de Loures, 1988; SEQUEIRA, Gustavo de Matos - A Abelheira e o Fabrico do Papel em Portugal: história de uma propriedade e de uma fábrica. Lisboa: s.n., 1935.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA; CMLoures: arquivo Divisão de Planeamento Municipal e Ordenamento do Território

Documentação Administrativa

DGLAB/TT: Memórias Paroquiais, 1758, Cónegos Regulares de Santo Agostinho, Mosteiro de São Vicente de Fora, livs. 22 e 25, 1606 e 1695; CMLoures: Processo n.º168/DOM (proposta de classificação do Palácio e Quinta da Abelheira) e Proc. 45.377/LA/E/N

Intervenção Realizada

Observações

*1 - DOF: Palácio da Quinta da Abelheira, seus jardins e envolvente florestal. *2 - A fábrica localiza-se em parcela destacada do cadastro inicial da Quinta da Abelheira. *3 - Através deste portão acedia-se ao eixo principal da quinta, estruturado no enfiamento visual do portal do Pátio das Nonas. O percurso integral ao longo do eixo foi inviabilizado pela obra da Via de Cintura, cujo traçado intersectou a parte S. da quinta e quebrou a ligação direta entre o palácio e a Estrada Nacional. *4 - Em 2002, possuía quatro coberturas inclinadas, sanqueadas, de duas águas. *5 - Em 1935, e ainda em 1963, o altar-mor estava completo com uma grande tela central representando Nossa Senhora do Socorro, enquadrada por duas colunas de talha pintadas e capiteis coríntios. Entre estas colunas e as pilastras dos extremos direito e esquerdo do altar, existiam duas mísulas, com imagens de vulto de dois santos. Sobre os capitéis, um entablamento com arquitrave, friso e cornija, sobrepujado por arco de volta perfeita reentrante na parte central, criava efeito de profundidade. Um querubim e guirlandas em talha articulavam a tela central com o arco do altar. Sobre a parte saliente deste arco dois anjos em talha, em oração enquadravam um resplendor barroco. Ao centro do altar uma imagem de vulto de Nossa Senhora do Socorro. Os lambris de azulejos estavam intactos. Existiam altares laterais nas paredes do Evangelho e da Epístola, em talha, enquadrando telas de grandes dimensões, sobrepujadas por frontões encimados por querubins, representado São José, de um lado, e Visão de Santa Clara do outro. Ao longo da nave, e na parede do fundo, medalhões em madeira pintada representavam os apóstolos, Cristo e a Virgem. *6 - Ao centro desta escadaria existia um nicho de pedra, no eixo do tanque adossado ao torreão central do edifício a E..

Autor e Data

Fernanda Ferreira, Frederico Pinto, Madalena Neves, Manuel Villaverde: (CMLoures) 2013 (no âmbito da parceria IHRU / CMLoures)

Actualização

 
 
 
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