Igreja Paroquial de Santiago / Igreja de São Tiago

IPA.00006301
Portugal, Évora, Évora, União das freguesias de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão)
 
Arquitectura religiosa, manerista, barroca. Igreja paroquial de planimetria longitudinal de nave única nave única de 4 tramos com cobertura em abóbada de berço que descarrega em arcadas falsas abatidas, incluindo o coro; capela-mor rectangular com cobertura em abóbada de berço. Paredes revestidas de azulejos historiados e abóbadas da nave e coro integralmente decoradas por pinturas murais barrocas; no timpano do arco da capela-mor pinturas murais de execução anterior e na capela-mor pinturas murais neoclássicas.
Número IPA Antigo: PT040705050086
 
Registo visualizado 702 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta de nave e capela-mor rectangulares; massas dispostas na vertical. Cobertura homogénea em telhados de 2 águas sobre a nave e uma água sobre os anexos. Fachada principal a S. de 3 panos e dois registos; pano central rasgado inferiormente por portal arquitravado e munido de tímpano ladeado por pináculos; acesso por escadaria de dois lances; sobre o portal grande janelão rectangular sobreposto de óculo moldurado; no registo superior painel com alto relevo figurando o orago; remate em empena de lances curvos coroada por cruz de pedra; os panos laterais são constituidos pelas torres com cunhais nos ângulos e sineiras de volta perfeita, duas nas faces S. e N. e uma nas restantes, com coberturas em cúpula rematadas por urnas e volutas; revestimento artístico em esgrafitado a imitar silharia nas torres. Fachadas O. e E. de 5 panos definidos por contrafortes rematados por pináculos; na fachada E. adossado aos contrafortes o Passo de Santiago (PT040705120084): em mármore, de verga arquitravada rematada por acrotério enquadrando frontão de volutas, tendo ao centro o emblema da Confraria; remate em volutas, urna e cruz; porta de madeira e acesso por arco de volta perfeita. Fachada E. de pano único em empena. INTERIOR: nave única de 4 tramos com cobertura em abóbada de berço integralmente decorada com pinturas murais; descarrega em arcadas falsas abatidas, incluindo o coro; paredes laterais totalmente revestidas a azulejos, com painéis historiados com cenas do Novo e Velho Testamento; no fundo das capelas laterais são visíveis os vãos de alguns tramos abobadados primitivos, com nervuras de aresta viva; no pavimento duas campas de mármore branco com inscrições; púlpito de secção rectangular com balaustrada de mármore. Arco triunfal de volta perfeita. Capela-mor pouco profunda e estreita, com abóbada decorada por pinturas murais; no retábulo-mor a reprsentação do orago.

Acessos

Largo Alexandre Herculano, Rua DonaIsabel. VWGS84 (graus decimais) lat. 38,572018 long. -7,908982.

Protecção

Incluído no Centro Histórico da Cidade de Évora (v. PT040705050070)

Enquadramento

Urbano, adossado As fachadas S. e O. dão paro o Lg. Alexandre Herculano e são as únicas visíveis; a E. a igreja está adossada à antiga residência do Conde de Soure.

Descrição Complementar

PINTURAS MURAIS: abóbada totalmente revestida de pinturas murais nas quais dominam os atributos sacros misturados com os profanos, verduras e frutos em larga escala: cartelas, espelhos, mascarões, brutescos, serafins, anjos, albarradas, cornucópias, cariátides, esfinges, aves exóticas, urnas, vieiras, volutas, golfinhos, rosetas e outros ornamentos. No tímpano do tardoz da fachada principal: composição cenográfica figurando a exaltação do Santíssimo Sacramento, vendo-se, por detrás de um pesado dossel vermelho aberto e suspenso por vários putti, dois anjos, um de cada do óculo, em atitude de adoração em relação ao cálice com a Hóstia. Na abóbada a composição do primeiro é igual à do quarto e a do segundo igual à do terceiro: no primeiro tramo a decoração arranca, a partir da sanca com a representação de duas virtudes: A Força do lado do Evangelho e a Justiça do lado da Epístola; a decoração desenvolve-se em direcção ao centro com a representação, num esquema simétrico de enrolamentos vegetalistas, volutas, grinaldas povoados de putti que ora se apoiam ora sustentam este emaranhado de elementos; duas grandes cartelas, uma de cada lado da composição central, com a inscrição "ANNO 1700" repartida entre elas, rematam o conjunto; no centro falsa arquitectura, um varandim com balaustrada, de onde vários personagens, se debruçam atirando objectos para o observador (jarros de água, bolsas de moedas de oiro, pedras); predominam os azuis e vermelhos na representação dos vários elementos decorativos. No segundo e terceiro tramos os elementos vegetalistas são em menor número, sendo no entanto mais coloridos e variados tomando a forma de grinaldas, pendões e cestos de fruta; dominam a composição os elementos arquitectónicos; janelões, entablamentos, molduras, bases e mísulas de colunas, urnas suportam e são suportados por esfinges, atlantes, cariátides, aves exóticas; dominam o vermelho e o azul. O quarto tramo é semelhante ao primeiro mas com a representação das outras virtudes, vendo-se do lado do Evangelho a Temperança e do lado oposto a Prudência. Os arcos torais são decorados com molduras, rosetas, volutas e vieiras num esquema mais simples mas não menos eficaz, em tons de azul e vermelho sobre fundo ocre; o segundo arco é decorado no seu arranque com um anjo de cada lado com túnicas de flores segurando uma coroa de flores; neste arco, mais acima o atributo de São Tiago: uma vieira sobre uma cartela com dois bordões de peregrino por detrás. Esta decoração prolonga-se pelas pilastras no piso térreo, num esquema semelhante, mas aqui com vários putti que se afrontam ou adossam sobre um fundo vermelho; rematam estas pilastras, no arranque da sanca, robustos atlantes pintados a oiro e grisaille, figurados por sátiros ou personagens mitológicas em atitude de máxima força, parecendo suster o tecto. No coro-alto nos alçados verticais as pinturas murais simulam azulejos dando assim continuidade à decoração azulejar do piso térreo. No sub-coro, nas abóbadas laterais figuram dois cavalos, conduzidos por putti, puxam carro dourado de onde saem dois atlantes; a restante composição é enriquecida com grinaldas, volutas, entablamentos, predominando o vermelho e ocre sobre fundo branco; na abóbada central grande roseta central é envolvida por molduras, grinaldas, mascarões, entablamentos e espelhos; predominando o vermelho e o branco. O tímpano do arco da capela-mor é ornamentado com laçaria, aves coloridas, volutas e ramos de flores. Na capela-mor, na parede do arco, figuram-se mísulas, grinaldas, entablamentos em arranjos pouco conseguidos do ponto de vista decorativo; predominam os tons verdes; na abóbada figuram-se jarrões com flores apoiados numa sanca fingida; ao centro o Cordeiro e a Cruz sobre o Livro.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Funerária: capela funerária / Cultural e recreativa: monumento

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Évora)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 / 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADOR: João de Almeida Negrão; PINTORES DE AZULEJO: Gabriel del Barco e Oliveira Bernardes

Cronologia

1302 - construção de um primitivo templo; 1550 - ampliação da anterior construção, de pequenas dimensões, incluindo o abobadamento em pedra; 1680 - reforma estrutural do edifício e construção da cabeceira; Séc. 17, último quartel - execução das pinturas murais da abóbada; 1681 - data pintada no eixo facial do tímpano da capela-mor, presumivelmente assinalando o início da campanha decorativa de pintura mural da abóbada da nave e coro-alto; 1699 - azulejos de Gabriel del Barco; 1700 - conclusão do coro-alto e das pinturas murais segundo data pintada no 1º tramo da abóbada; 1720 - execução do conjunto azulejar de paineis historiados por Oliveira Bernardes; 1722 - construção do Passo de Santiago integrado nas 5 estações da via sacra da cidade; 1753 - construção do retábulo de talha dourada; 1755, 7 Janeiro - contrato para a execução do retábulo da Capela de Nossa Senhora das Dores, com o entalhador João de Almeida Negrão; 1840 - até esta data foi sede de paróquia;1885 - substituição do pavimento.

Dados Técnicos

Estrutura mista. Pintura afresco e a seco

Materiais

Paredes de alvenaria de pedra argamassada, rebocada e caiada; cunhais em silharia de granito; revestimentos exteriores em argamassa de cal e areia com caiação final e esgrafitados a imitar silharia nas torres e frontão da fachada S.; coberturas em telha.

Bibliografia

FONSECA, Pe. Francisco da, Évora Gloriosa, Roma, 1728, p. 217; SILVA, José Joaquim da, Évora Lastimosa, 1814; PEREIRA, Gabriel, Estudos diversos, 1934, pp. 263 - 268; FONSECA, Pe. Francisco da, Évora Gloriosa, Roma, 1728, p. 217; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal, Vol. VI, 1966; CHICÓ, Mário e REIS, Humberto, A Arquitectura Religiosa do Alto Alentejo na 2ª metade do Séc. 16 e nos Séculos XVII e XVIII, Lisboa, 1983; MECO, José, O Azulejo em Portugal, 1989.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Administrativa

Arquivo Distrital de Évora

Intervenção Realizada

DGEMN: 1995 - substituição da porta lateral O.; 1997 - obras de conservação do Passo de Santiago.

Observações

Autor e Data

Paula Amendoeira 1997 / Joaquim Caetano 2005

Actualização

 
 
 
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