Capela de São Gregório

IPA.00006288
Portugal, Santarém, Tomar, União das freguesias de Tomar (São João Baptista) e Santa Maria dos Olivais
 
Capela construída na primeira metade do séc. 16, sem orientação canónica, composta por nave centralizada, antecedida por amplo alpendre, com eixo longitudinal interno, formado pelo retângulo da capela-mor, seguindo plantas da tratadística clássica. Se a tradição da sua fundação pelos Templários, for verídica, nas subsiste da antiga capela. A atual tem paralelo na Capela de Santo Amaro (v. IPA.00006224), em Lisboa, apesar de esta ser de maiores dimensões e mais elaborada do ponto de vista decorativo e arquitetónico, construída em 1549 e, curiosamente, mandada executar pela Ordem de Cristo. O nártex assente em colunas toscanas e evidencia-se a decoração do portal axial, de características tardo-gótica ou manuelina, com elementos vegetalistas, de dupla moldura, destacando-se os elementos lenhosos que constituem a moldura exterior, com alguma semelhança com a decoração de algumas janelas da sala do Capítulo do Convento de Cristo (v. IPA.00004718). Possui dois painéis de azulejo na nave, figurativos, azuis e branco, provenientes do Mosteiro das Trinas de Lisboa (v. IPA.00003151).
Número IPA Antigo: PT031418120022
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta poligonal regular composta pela nave octogonal, antecedida por alpendre, capela-mor retangular em eixo, e sacristia adossada ao lado direito, quadrada, de volumes escalonados e coberturas diferenciadas em domo na nave, esta com o Crucificado no topo, e sacristia, sendo em telhado de uma aba no alpendre e de três águas na capela-mor, rematadas em beiradas simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com algumas faces e cunhais perpianhos, sendo, na nave, rematadas em frisos e cornijas, pintados de amarelo e tendo gárgulas de canhão no topo, encimados por platibanda vazada, pontuada por pináculos piramidais. Fachada principal virada a sul, marcada por alpendre sustentado por arquitrave e dez colunas toscanas, assentes em muretes irregulares, adaptando-se a um ligeiro declive, rebocados e pintados de branco. O alpendre tem cobertura em asnas de madeira, sobre mísulas de cantaria e pavimentado de calçada, com lajeado junto à capela. Na face principal, rasga-se o portal, elevado por um degrau, de verga reta, biselada e decorada por rosetões e friso de caneluras, assentando em base de toros e escócias decoradas, envolvida por dupla moldura profusamente decorada, formando estreito friso estriado, envolvido por um vegetalista, lateralmente com decoração em espiral, também sobre bases semelhantes às anteriores, que se prolonga na zona superior, com elementos lenhosos e cordiformes a centrar uma face esculpida. Fachada lateral esquerda parcialmente adossada a muro, com uma pequena fresta de arejamento ao nível do pavimento, de perfil curvo e fresta com capialço interno na capela-mor. Fachada lateral direita marcada pela sacristia, rasgada por porta de verga reta, a abrir para o alpendre e com acesso por um degrau em cantaria, ladeado por janela jacente em capialço, tendo, sobre a cobertura, sineira de volta perfeita e remate em ângulo sobre alta base de alvenaria. Fachada posterior em empena reta, cega. INTERIOR com as paredes da nave rebocadas e pintadas de branco, percorridas por dois painéis de azulejo azul e branco, figurativos, com cobertura em cúpula cega e pavimento em tijoleira. No lado da Epístola, pia de água benta embutida no muro, em cantaria de calcário. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas de fustes almofadados. Elevada por um degrau, a capela-mor, revestida a azulejo enxaquetado, azul e branco, colocado à esquadria, com cobertura em abóbada de arestas, assentes em mísulas laterais. Lateralmente, duas janelas retilíneas, uma delas com claros vestígios de pintura, surgindo, sob a do lado da Epístola, porta de verga reta, de acesso à sacristia. Confrontantes, rasgam-se, no muro, dois nichos para alfaias. Na parede testeira, três nichos de volta perfeita, rasgados no muro, com molduras de cantaria e, na base, mesa de altar paralelepipédica. Sacristia com cobertura em cúpula cega, contendo lavabo em cantaria, com reservatório embutido no muro, com bica esférica, enquadrada por silhar almofadado, ornado por meias-esferas estriadas nos ângulos; verte para taça retilínea, bastante fraturada.

Acessos

Tomar, Largo de São Gregório; Estrada do Prado. WGS84 (graus decimais): lat.: 39,607052; long.: -8, 415073

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 37 077, DG, 1.ª série, n.º 228 de 29 setembro 1948

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado num pequeno largo formado pelo entroncamento da Estrada do Prado e da Estrada de Leiria, encostado ao muro de suporte desta última. Junto a esta, inicia-se o escadório de acesso à Capela de Nossa Senhora da Piedade (v. IPA.00007841). Nas imediações, situa-se a Vila Tomé (v. IPA.00006432) e o Hotel dos Templários (v. IPA.00036147).

Descrição Complementar

Na NAVE, dois painéis de azulejo azul e branco, retilíneos, com cena figurativa central, a representar a "Missa de São Gregório" (Evangelho) e um "Concílio presidido por São Gregório", no lado oposto. São envolvidos por varra de enrolamentos de acantos, pontuados por anhos, leões e pássaros. No pavimento, LÁPIDE FUNERÁRIA com a inscrição: S(epultur)A D(e) A(n)T(oni)O VAL(en)TE E DE SVA / MOLHER E SEVS HER / D(ei)R(os) I(n)STITVIDOR / DESTA CO(n)FR(ari)A 1559" (GUIMARÃES, 50).

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 12 - tradicionalmente refere-se que a construção da capela data desta época, mandada construir por D. Gualdim Pais, que lhe terá destinado a mão direita de São Gregório Nazianzeno, colocada numa coluna desparecida aquando da reconstrução (ROSA, 1972, VIII, 28); segundo alguns, terá sido doada para o altar.mor de Santa Maria e depois foi para o Convento (ROSA, 1982, I, 43); séc. 16, 1.º quartel - construção da capela, feita, segundo a tradição, à custa do povo; 1535 - gastos 600 reais no madeiramento da capela, doados por D.João III (GUIMARÃES, 50); 1559 - data na sepultura do instituidor da confraria de São Gregório, António Valente (GUIMARÃES, 50); séc. 16, final - provável construção da sacristia, adossada ao lado esquerdo, escondendo a fresta; 1720 - provável feitura dos painéis de azulejo, em Lisboa, aplicados no Mosteiro de Nossa Senhora da Soledade, conhecido como Trinas do Mocambo; 1874, 06 março - a Junta da Paróquia informa a Câmara que com as obras da Estrada do Prado, a entrada da capela ficou obstruída e sofre com as inundações; a Câmara decide oficiar à Direçcão Geral das Obras Públicas, responsável pelas obras e que terá que ser esta a colmatar os danos (ROSA, 19667, III, 70); 1911, 13 março - proposta da Câmara para que se peça à Comissão Paroquial de Tomar que se instale o Museu Arqueológico na capela, pois a varanda interior da câmara não tem condições para tal (ROSA, 1974, IX, 245); 27 março - foi autorizado (ROSA, 1974, IX, 246); séc. 20, década 30 - vinda de dois painéis de azulejos das Trinas de Lisboa, aqui colocados pela União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo, por iniciativa do coronel Garcês Teixeira (SIMÕES, 442); pensa-se fazer no local um museu regional (FRANÇA, 86); 1943 - decorre subscrição pública para a compra das pedras da capela a colocar na profanada capela de São Gregório, tendo que se retirar as pedras, reconstruir o edifício para continuar a servir de adega e pagar pelo material 6000$00 ao proprietário (ANAIS, 2, 47); 1944 - restauro da capela pela União para aplicar as pedras da Capela de Santo António, o que se verifiou não ser viável e aplicaram-se dois painéis provenientes do Mosteiro das Trinas de Lisboa, com comparticipação do Fundo de Desemprego e ajuda da Câmara Municipal Tomar, sendo gastos no projeto da obras de 1714$00 (ANAIS, 2, 112); 1945 - acabam as obras da capela e está colocada á vista a cantaria do retábulo-mor, obstruída por uma camada de alvenaria, foi colocada à vista (ANAIS, 2, 127); as obras importaram em 10000$00 e o restauro dos azulejos em 643$00 (ANAIS, II, 128); 1947 - conclusão das obras da capela pela União (ANAIS, 2, 163-164); 1967, janeiro - o Estado Português pensa na viabilidade de expropriar um terreno em torno da capela para criar uma área de circulação, facilitando a sua limpeza e conservação (PT DGEMN:DSARH-010/264-0144); 1983 - restauro da capela pela Câmara Municipal, com construção do domo, a substituir as telhas da cobertura (ROSA, 1991, 132); séc. 21 - colocação do Crucificado no topo da cúpula da nave, em substituição do catavento que lá existia em 2007.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

trutura em alvenaria e cantaria de calcário, rebocada e pintada; modinaturas, pavimentos, pias de água benta, lavabo e degraus em cantaria de calcário; cobertura do alpendre e porta de madeira; pavimento em tijoleira; cobertura da capela-mor e sacristia em telha cerâmica.

Bibliografia

«Contas 1944» in Anais da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo. Lisboa: Imprensa Lucas & C., 1943, vol. II, p. 112; «Contas 1945» in Anais da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo. Lisboa: Imprensa Lucas & C., 1945, vol. II, p. 128; «Contas 1949» in Anais da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo. Lisboa: Imprensa Lucas & C., 1945, vol. II, p. 243; FRANÇA, José-Augusto - Tomar. Lisboa: Editorial Presença, 1994; GRAÇA, Luís Maria Pedrosa dos Santos - Tomar roteiro sentimental. 2.ª ed. Lisboa: JMEdições, 2014; GUIMARÃES, Vieira - Thomar Santa Iria. Lisboa: Livraria Coelho, 1927; ROSA, José Inacio da Costa - «Evolução da fisionomia urbana, arquitetónica e construtiva de Tomar». In Tomar - Perspectivas. Tomar: Festa dos Tabuleiros, 1991, pp.57-135; ROSA, Alberto de Sousa Amorim - Anais do Município de Tomar. Tomar: Câmara Municipal de Tomar, 1971 e 1972, vols. VII e VIII; ROSA, Amorim - História de Tomar. 2.ª ed., Santarém: Assembleia Distrital de Santarém, 1982, 1.º vol.; SEQUEIRA, Gustavo de Matos - Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Santarém. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, 1949; SIMÕES, João Miguel dos Santos - Azulejaria em Portugal no século XVIII. 2.ª ed.. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010; «Vida associativa da União durante o ano de 1943» in Anais da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo. Lisboa: Imprensa Lucas & C., 1943, vol. II, pp. 47-48; «Vida associativa da União durante o ano de 1945» in Anais da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo. Lisboa: Imprensa Lucas & C., 1943, vol. II, p. 127; «Vida associativa da União durante o ano de 1947» in Anais da União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo. Lisboa: Imprensa Lucas & C., 1943, vol. II, pp. 163-164.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DRMLisboa, DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DRMLisboa, SIPA

Documentação Administrativa

DGPC: PT DGEMN:DRML-004-1005/1, PT DGEMN:DRML-004-1141/1, PT DGEMN:DSARH-010/264-0140, PT DGEMN:DSARH-010/264-0141, PT DGEMN:DSARH-010/264-0144, PT DGEMN:DSARH-010/264-0145, PT DGEMN:DSARH-010/264-0146, PT DGEMN:DSARH-010/264-0147

Intervenção Realizada

UAMOCristo - 1949 - obras na capela no valor de 396$00 (ANAIS, 2, 243); DGEMN: 1966 - revisão da cobertura; rebocos no interior e exterior; substituição de parte da arquitrave do alpendre; 1977 - beneficiações na cobertura e de obras de limpeza no interior; CMTOMAR: 1983 - a câmara escora uma coluna que se encontrava partida, por fazer perigar quem passava na via pública.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2019

Actualização

 
 
 
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