Edifício e Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Benavente

IPA.00006257
Portugal, Santarém, Benavente, Benavente
 
Arquitectura religiosa, maneirista. Igreja da Misericórdia com a fachada principal lateral rasgada por portal, encimada por pequena sineira, nave única e capela-mor destacada, Sala da Irmandade e hospital comunicando com a nave, do lado oposto à capela-mor, por tribuna. Linguagem erudita no tratamento do portal, com o seu jogo de pilastras e pináculos, coroado por frontão de volutas, única nota de destaque na fachada rectilínea. A fachada harmoniosa, assinalada por portal clássico; o recheio azulejar setecentista (finais do séc. 18), escultórico e pictórico de grande qualidade, em parte oriundo do arruinado convento de Jericó, de frades arrábidos, situado nas imediações da povoação. Tribuna de invulgares dimensões em igrejas deste tipo, rasgando todo o alçado onde se insere.
Número IPA Antigo: PT031405010005
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade  Edifício, igreja e hospital  Misericórdia

Descrição

Planta longitudinal, composta; volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhado. Fachada principal virada a O., composta por 4 corpos de diferentes dimensões e alturas, rematados por cimalha moldurada e delimitados por cunhais e pilastras: capela-mor pouco profunda, a que se adossa um edifício recente, rasgada por fresta; nave saliente, vazada por 2 janelas rectangulares molduradas e ferradas e por portal com frontão de volutas encimado por nicho com a imagem em pedra de Nossa Senhora da Piedade; entre as 2 janelas, mas no piso térreo, um nicho coroado por frontão triangular e cruz, em mármore, com a data inscrita (164..), um antigo passo da paixão; no remate da nave, do lado S., uma pequena sineira; o corpo correspondente à Sala da Irmandade e antigo hospital, de 2 pisos, com janelas no piso térreo, portas-janelas com balcões e sacadas em ferro no piso superior; um corpo de um piso rasgado por janelas e porta de verga recta. À fachada E. adossa-se o corpo da sacristia e uma varanda com colunas toscanas apoiadas em murete, de comunicação com a Sala da Irmandade. Interior: nave única com tecto de 3 planos em madeira, comunicando o seu alçado S. com a Sala da Irmandade, por grande tribuna de 2 arcos de volta perfeita; sob a tribuna uma porta de vão recto, encimada por lápide com a inscrição "Mathei 5º c. Bemaventurados hos misericordiosos poque eles alcançarão do Espírito Sancto Misericórdia. 1555". A N. rasga-se o arco triunfal redondo sobre pilastras; dos 2 lados do arco triunfal 2 falsos arcos enquadram altares colaterais; nos alçados laterais da nave silhar de azulejos de remate recortado, com moldura polícroma enquadrando cenas figurativas em azul e branco, representado passos da vida de Cristo e alegorias marianas e eucarísticas; no pavimento da nave, que é elevado com acesso por degraus junto aos altares colaterais, lajes sepulcrais. Capela-mor pouco profunda, com tecto coberto por abóbada, com retábulo entalhado polícromo no altar-mor. Silhar de azulejos de figura avulsa na sala anexa à nave, debaixo da tribuna.

Acessos

Rua da Misericórdia, Rua Luís Godinho

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Urbano, planície, adossado. Enquadrada na malha urbana da povoação, deita a fachada principal para a R. da Misericórdia, circundada por edifícios de 2 pisos; a fachada oposta é circundada por quintal, rodeado por muro rasgado por portão; nele assinala-se um poço com bocal em cantaria, com uma armação em ferro forjado encimada por coroa; fachadas laterais adossadas a edifícios contíguos.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade / Funerária: capela mortuária / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 13 - construção da capela da Confraria e Albergaria do Espírito Santo; 1499 - a capela é descrita como uma casa sobradada de c. de 9m de comprimento por 7m de largo, com o altar e retábulo do Espírito Santo, situada por cima da enfermaria do Hospital; 1552 / 1554 - extinção da Confraria do Espírito Santo; 1554, 11 de Março - os administradores do Hospital decidem "dessobradar" a igreja e torná-la térrea (AZEVEDO, 1926), obra que só é completada em 1560; o coro e o portal, fronteiros ao altar-mor, pertencem a esta campanha; 1560, 21 de Dezembro - instituição da Confraria e Irmandade da Misericórdia de Benavente, adoptando o Compromisso e Regimento da Misericórdia de Lisboa; a nova Confraria incorpora os bens da extinta confraria do Espírito Santo; séc. 17, 1ª metade - a igreja é aumentada, aprofundando-se a zona destinada à capela-mor, criando-se a sacristia e construíndo-se 2 altares colaterais, de acordo com as determinações e o legado testamentário de Helena da Costa Lobo, de 1625; 1839 - construção de um camarim no altar-mor para aí ser colocada a imagem do Senhor dos Aflitos, vinda do convento de Jericó; nessa altura terão sido colocados os azulejos que hoje revestem a nave oriundos do mesmo convento; 1909 - transferência da pia baptismal da igreja matriz destruída pelo terramoto que neste ano assolou Benavente; 1954 - foi solicitado à DGEMN a organização do processo de classificação da Igreja da Misericórdia.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria de pedra rebocada e caiada; cobertura em telha cerâmica; molduras e cunhais em cantaria; pavimento em madeira e pedra; tectos em madeira; portas e caixilhos em madeira.

Bibliografia

SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Santarém, vol. 5, Lisboa, 1949; ALMEIDA, José António Ferreira, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; SIMÕES, J. M. dos Santos, A azulejaria portuguesa do séc. 18, Lisboa, 1979; AZEVEDO, Álvaro Rodrigues de, Benavente - Estudo Histórico-Descritivo, Lisboa, 1926.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSMN

Intervenção Realizada

Observações

A pia baptismal quinhentista da igreja matriz demolida, com o brasão esculpido dos Pereiras, guardou-se na igreja até à construção da nova igreja paroquial. Antes do alargamento da capela-mor, a igreja seguia a tipologia mais comum das igrejas de Misericórdia - nave com altar-mor integrada, sendo essa zona apenas demarcada pelo pavimento mais elevado. Na sala debaixo da tribuna existe um pequeno museu com imagens oriundas da demolida igreja matriz.

Autor e Data

Isabel Mendonça 1997

Actualização

 
 
 
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