Convento de Santa Catarina dos Mártires / Capela de Santa Catarina

IPA.00006253
Portugal, Lisboa, Alenquer, União das freguesias de Alenquer (Santo Estêvão e Triana)
 
Arquitectura religiosa, maneirista. Convento de traça seiscentista, de que restam a capela e o claustro, de grande simplicidade e com algumas introduções no séc. 19, nomeadamente no retábulo da capela-mor. Integração homogénea com as dependências conventuais, sobretudo com o claustro, tipicamente maneirista, de motivo serliano no 1º piso e inicialmente aberto no 2º, com cantaria de aparelho rusticado. A talha dos altares laterais é barroca, de estilo nacional, com colunas pseudo-salomónicas. Verifica-se o desequilíbrio entre as proporções da capela e as dependências conventuais, sendo estas muito pequenas em relação à primeira, que apesar de muito adulterado o claustro evidencia a sua origem arquitectónica erudita, pela utilização do módulo serliano.
Número IPA Antigo: PT031101110013
 
Registo visualizado 927 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos (Província de Portugal)

Descrição

Estrutura composta por capela com planta longitudinal de nave única flanqueada por dois edifícios correspondentes às antigas dependências conventuais, de planta rectangular, justapostos, de 2 pisos, e que se prolongam pela fachada posterior da capela. Capela-mor quadrangular. CAPELA: Frontispício com portal de verga recta encimado por janela alta de aparelho rusticado e terminado em frontão triangular, vazado por óculo oval; pequena sineira, também de aparelho rusticado, à esquerda. No interior, coro-alto com acesso por escada de ferro, púlpito circular de mármore, altar colateral no lado do Evangelho e 2 laterais, de talha dourada e tecto de masseira. Arco triunfal pleno sob pilastras e capela-mor com retábulo formado por estrutura rectilínea enquadrando pequeno nicho; lateralmente 2 portas de acesso às dependências conventuais. CLAUSTRO: quadrangular localizado ao nível do piso térreo do edifício S., constituído por 4 alas rectangulares, com cobertura em terraço. Acesso exterior através de porta, de verga recta com emolduramento simples de cantaria. Alçado de 2 pisos, tendo no 1º motivo serliano com pilares de almofadas rusticadas e no 2º construções decadentes; entre eles corre friso rusticado com gárgulas quadradas nos cunhais. Ao centro poço bojudo. Arcadas com abobadilha de tijolo em cruzaria. Num dos lados, pequena sala - usualmente designada por "Casa do Capítulo" - com nicho central muito deteriorado, de frontão triangular e 2 lápides encimadas por volutões.

Acessos

EN 1, n.º 56 / Largo Gago Coutinho. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,050748; long.: -9,002434

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 37 077, DG, 1.ª série, n.º 228 de 29 setembro 1948 *1

Enquadramento

Urbano. Situa-se junto à estrada, na entrada de Alenquer, com adro fronteiro e, no lado esquerdo, terreiro onde se realiza a feira.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Lápides da designada "Casa do Capítulo" - "Salvador Ribeiro de Sousa, Comendador de Cristo, natural de Guimarães, a que os naturais do reino de Pegu elegeram por seu rei" *2; e outra em latim traduzida por Frei Esperança da seguinte maneira: "Casa Santa; Conventinho Sagrado; cinco flores pequeninas mas formosa e alegres, de cor rosada e suavissimo cheiro, destes a Deus pelo Santo Martyrio. Estas são as primicias e flores gloriosas, das mesmas que já possuem venturosas o Reino dos Céus. Nunca em ti, Casa de Deus faltem perfeitos frades, que guardem devotissimamente o Santo Evangelho"*3.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Residencial: casa abastada

Propriedade

Privada: Igreja Católica (capela) / Pública: Municipal (claustro e casa do capítulo)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

PROJECTISTA: Frei André de São Bernardino

Cronologia

Séc. 12 - Existiam no local a ermida de Santa Catarina *4 e a de São Jerónimo; 1216 - os franciscano Zacarias e Gualter, enviados por São Francisco de Assis, instalam-se no local, após a doação daquelas terras por D. Sancha, construindo algumas celas térreas e pobres, oficinas e coro; 1330 - em terreno pertencente a Lourenço Martins, copeiro de D. Dinis, é erigida novamente a ermida, arrasada pelas cheias; 1330, 22 Out. - é instituido o vínculo chamado Morgado de Santa Catarina, cuja cabeça era a quinta onde se veio a edificar posteriormente o convento franciscano em torno de um oratório. Os sucessores do morgadio tinham a obrigação de ter 4 capelães efectivos para dizerem missa quotidiana pelo fundador na capela; c. 1400 - frei Afonso Soco, guardião do Convento de São Francisco nomeou como sucessor João Vaz, escrivão da puridade de D. João I; séc. 15 - os encargos da capela foram reduzidos por Bula a quatro missas cada semana e uma lâmpada acesa; 1422 - é administrador da capela João Gonçalves; 1508 - o administrador do morgadio cedeu casa, ermida e cerca aos frades franciscanos para estabelecerem um oratório onde residissem constantemente 5 frades; estes modificam-no; Séc. 17 - a ermida cai em ruína por culpa do administrador Agostinho de Moura Peçanha, passando a administração para a Relação de Lisboa; 1623, 7 Abril - iniciam-se as obras de construção de um novo convento segundo a vontade do Provincial Frei Jerónimo de Madre de Deus; Séc. 18 - colocação de talha nos altares laterais; séc. 19 - obras de conservação da igreja; 1834 - a extinção das ordes religiosas levam ao abandono do convento por parte dos franciscanos; 1902 - a capela encontra-se em funcionamento graças a um irmandade; 1904, Outubro - obras de reparação na capela; 1947, 21 Março - a CMA compra a José Gregório Ferreira da Silva e esposa o claustro e outras dependências.

Dados Técnicos

Estrutura de alvenaria rebocada e cantaria. Paredes autoportantes.

Materiais

Calcário, mármore, tijolo, azulejos, ferro, madeira e telha.

Bibliografia

AZEVEDO, Carlos de, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano de, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa, 1963; AZEVEDO, Correia, Arte Monumental Portuguesa, vol. 5, Porto, 1975; Comissão de cooordenação da região de Lisboa e Vale do Tejo; CORREIA, José Eduardo Horta, Arquitectura - Maneirismo e "Estilo Chão" in História da Arte em Portugal, vol. 7, Lisboa, 1987, p. 93 - 235; COUTINHO, Jaime Pereira, Jornal Damião de Góis, Alenquer, 1886 - 1925; HENRIQUE, Guilherme João Carlos, Alenquer e seu Concelho, Lisboa, 1873; LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa 1874; MELO, António de Oliveira, GUAPO, António Rodrigues, MARTINS, José Eduardo, O Concelho de Alenquer. Subsídios para um Roteiro de Arte e Etnografia, vol. 1, Alenquer, 1989; PEREIRA, José António Machado, Identidade, História e Memória da Terra de Aveiras de Baixo, Aveiras de Baixo, Junta de Freguesia de Aveiras de Baixo, 2009; Roteiro do património Barroco e Rococó na região de Lisboa e Vale do Tejo, 1998; SMITH, Robert C., A talha em Portugal, Lisboa 1963; SOLEDADE, Fr. Fernando da, História Seráfica, Tomo V, Lisboa, 1719; VENÂNCIO, Luís, Alenquer. Concelho Multissecular e Monumental, Alenquer, 1983; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74868 [consultado em 8 agosto 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMA

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CMA: Arquivo GAT

Intervenção Realizada

CMA: 1993 - obras de conservação da igreja, adulterando o seu interior com colocação de lambril de azulejos e apeamento do altar colateral; arranjo do adro fronteiro.

Observações

Existe uma lenda ligada à abertura do poço do claustro, o qual terá sido escavado por um frade com o intuito de conseguir água limpida, uma vez que a do rio ficava barrenta no Inverno. Por causar desordem, os outros mandaram tapá-lo, o que não chegou a acontecer uma vez que o frade orou junto ao poço tendo então aparecendo 5 bolhas de água, em memória dos Mártires de Marrocos. *1 A classificação devia ser alargada às antigas dependências conventuais, sobretudo ao claustro, propriedade da Câmara Municipal de Alenquer; *2 Na capela encontra-se sepultado Salvador Ribeiro de Sousa, que deu um avultado donativo para o restauro do oratório; * 3 benção que o padre São Francisco fundador da ordem lançou a esta casa quando soube que os cinco mártires de Marrocos estiveram ali hospedados; *4 a imagem foi levada para o convento da Carnota.

Autor e Data

Paula Noé 1991 / 1993

Actualização

Joaquim Gonçalves e Mónica Figueiredo 2001
 
 
 
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