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Edifício e estrutura Edifício Cultural e recreativo Casa de espetáculos Cine-teatro
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Descrição
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| Planta rectangular. Acentuada horizontalidade, cobertura em terraço. Fachada principal: amplas entradas revestidas a mármore, encimadas por 1 conjunto horizontal de janelas abertas num pano de parede em ressalto. Fenestração disposta sobretudo na vertical. A fachada desenvolve-se de forma simétrica dividida por 3 altas janelas, de vão rectangular, que a seccionam, sendo as laterais mais altas que a central. São janelas trifacetadas com os vãos preenchidos por uma quadrícula de ferro e vidro. A ladeá-las, pilastras coroadas por máscaras. Os espaços entre as janelas são preenchidos por 2 grandes panos sensivelmente quadrados e recuados, onde são afixados os cartazes de cinema. Na prumada da janela central, o pano de parede projecta-se, de forma escalonada, acima da cimalha, quebrando-a. Neste, e a coroar o painel esculpido, o nome do cinema em letras estilizadas. O seu interior, com 3 salas de cinema, apresenta uma certa complexidade em termos de relações espaciais, destacando-se sobretudo, os vários e sinuosos lanços de escadas do átrio. |
Acessos
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| Praça dos Restauradores |
Protecção
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| Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 8/83, DR, 1.ª série, n.º 19 de 24 janeiro 1983 / ZEP, Portaria n.º 529/96, DR, 1.ª série-B, n.º 228 de 01 outubro 1996 *1 / Incluído na classificação da Avenida da Liberdade (v. IPA.00005972) e na Zona de Proteção do Ascensor da Glória (IPA.00003986) |
Enquadramento
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| Urbano. Situa-se no lado O. da praça, adossado. Destaca-se dos edifícios contíguos. |
Descrição Complementar
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| "não era apenas no Éden Teatro que os espaços de circulação ou de reunião traduziam o interesse de Cassiano pelo movimento. Em muitas outras das suas obras, o modo como trabalhava o espaço era a qualidade que o distanciava de todos os outros arquitetos da sua geração". (ACCIAIUOLI) |
Utilização Inicial
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| Cultural e recreativa: cine-teatro |
Utilização Actual
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| Comercial e turística: hotel |
Propriedade
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| Privada: pessoa colectiva / Pública: estatal |
Afectação
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| Sem afectação |
Época Construção
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| Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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| ARQUITECTOS: Carlos Florêncio Dias e Cassiano Viriato Branco (1933), Frederico Valssassina e George Pancreach (1995); ENGENHEIROS: Mariano Fernandes; Tavares Cardoso e Venceslau Casais; ESCULTOR: Leopoldo de Almeida; TÉCNICO ACÚSTICA: Gustave Pleyel. |
Cronologia
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| 1906 - o edifício é inaugurado pelo comerciante Albert Beauvalet, para garagem de automóveis; anteriormente estavam aqui as cavalariças e cocheiras dos Castelo Melhor; 1909 - Albert Beauvalet (ou Angèle Beauvalet, possível nome artístico para um documentário que filmou, "Visita Ao Porto dos Heroicos Aviadores Gago Coutinho e Comandante Sacadura Cabral") muda a sua garagem para junto do Avenida Palace onde se manterá até aos anos vinte, o edifício é adaptado a teatro de variedades durante quatro anos; 1913, julho - começa a construir-se um edifício sob planos de Augusto Pina (cenógrafo) e Guilherme Gomes, obra promovida por uma empresa a que estavam ligados os nomes de Luis Galhardo, Leopoldo O'Donnell e Domingos Teixeira Marques; a obra foi embargada pelo Governo Civil, por não ter sido comunicada e autorizada; setembro - o projeto é apresentado à Comissão Oficial de Vistoria aos Teatros de Lisboa e reprovado por não cumprir normas de segurança; as alterações introduzidas no final do ano permitem prosseguir as obras: 1914 - abertura do Éden Teatro com especial importância do programa de revistas e operetas; 25 de Setembro - instala-se numa loja do piso térreo o Salão Chantecler, a funcionar desde o dia 28 de outubro de 1911 na Praça dos Restauradores n.º 23; 1918, 31 de maio - a empresa, coincidindo uma ausência de Luís Galhardo do país por motivos políticos decide terminar a sua atividade de exploração do teatro e iniciar a exploração de um salão cinematográfico; 1922, junho - pedido de licença da empresa para retomar a sua atividade de exploração cinematográfica; 1928 - a Inspeção Geral dos Espetáculos promulga legislação mais apertada para minimizar os riscos de incêndio; 1929, janeiro - entra na Câmara um projeto de arquitetura de Cassiano Branco, uns dias depois o proprietário do edifício, José de Sucena (conde à altura da monarquia) faz uma exposição à Câmara dizendo que não pretende renovar o contrato de exploração à empresa , indemniza os arrendatários e trata ele próprio de promover a obra com a ajuda do mesmo arquiteto, a câmara no entanto não transfere a licença de reconstrução; 30 de maio - o proprietário, que detinha todos os edifícios do quarteirão, incluindo o Hotel Avenida Palace, manda demolir e edifício e apresenta um projeto de construção de raiz, especificando que se destinava quer a teatro quer a cinema; durante a preparação e apresentação dos planos o arquiteto abandona o projeto, ficando este facto dever-se ou às permanentes críticas ao projeto (Conselho de Arte e Arquitetura da câmara municipal) ou a desentendimentos do autor com o promotor; 1932 - o projeto é retomado pelo arquiteto Carlos Florêncio Dias, antigo colaborador de Cassiano que apresentara três versões para a fachada, "na sua proposta recuperam-se algumas ideias por ele avançadas, mas retiram-se a transparência e o ritmo que antes de imprimia à fachada, embora se tivessem mantido o janelão central e os lanternins em vidro que encimavam o edifício" (ACCIAIUOLI); a fábrica Portugal fornece as cadeiras dos balcões; a Casa Olaio fornece as cadeiras da plateia e o pano de boca do palco; 1933, 20 de dezembro o Salão Chanteler transforma-se no Cinema Restauradores que funcionará até 1968 (exibindo essencialmente filmes de cow-boys); 1937, 1 de abril - inauguração do Teatro com a presença do presidente da República e membros do governo numa sessão que incluiu a entrega da condecoração do Grande Oficialato da Ordem de Cristo a José de Sucena; 1938 - funciona como cinema servindo a sua fachada para a exibição de telões pintados anunciando os filmes em exibição; 1968, 15 de setembro - encerramento do Cinema Restauradores passando a funcionar no mesmo espaço uma loja de têxteis CUF; 1974 - a Lusomundo passa a explorar o cinema; 1983 - classificação do imóvel como de interesse público; 1989 - o Éden é adquirido pelo grupo económico Amorim; 31 de dezembro - encerramento do cinema; 1990, novembro - inaugura uma exposição intitulada "Cassiano Branco e o Éden-Lisboa 91"que decorre, acompanhada de conferências, até janeiro de 1991, numa altura em que se questiona o futuro do edifício (conceção gráfica de Henrique Cayatte e coordenação de Maria do Rosário Bonneville e Elísio Summavielle); a Câmara Municipal declara ser necessário reservar a componente essencialmente cultural do velho edifício numa mesma reunião em que manifesta vontade de compra do edifício; 1995 - obras de remodelação e reconversão em hotel, sob projeto de Frederico Valssassina e George Pancreach (manutenção da imagem base da fachada, alterando-se o seu interior, deixando apenas a presença do átrio principal e escadarias originais de acesso às salas do cineteatro, tendo sido permitida a demolição quase integral do interior, "o novo programa acima da cota do grande átrio e com uma volumetria em forma de semicírculo, aproveitando a profundidade existente e desmaterializando os antigos grandes planos para afixação da publicidade dos espetáculos em vazios, que permitem a revelação do novo programa em plano recuado" (PINTO/GODINHO); 2001 - encerramento da Virgin Megastore; 2003 - abertura da Loja do Cidadão, instalada no piso térreo e cave; 2006, 22 agosto - parecer da DRCLisboa para definição de Zona Especial de Proteção conjunta do castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa, Baixa Pombalina e imóveis classificados na sua área envolvente; 2011, 10 outubro - o Conselho Nacional de Cultura propõe o arquivamento de definição de Zona Especial de Proteção; 18 outubro - Despacho do diretor do IGESPAR a concordar com o parecer e a pedir novas definições de Zona Especial de Proteção; 2013, 30 dezembro - por ordem do Governo é encerrada a Loja do Cidadão. |
Dados Técnicos
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| Sistemas estruturais - paredes autoportantes. |
Materiais
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| Alvenaria, betão, alumínio, vidro, mármore, ferro. |
Bibliografia
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| SILVA, Fernando Gomes da, Cassiano Branco e a sua Arquitectura, Catálogo da Exposição Promovida pela Associação dos Arquitectos Portugueses, Lisboa, 1986. PEREIRA, Nuno Teotónio, "A Arquitectura do Estado Novo, de 1926 a 1959", in O Estado Novo, das Origens ao Fim da Autarcia, 1926 - 1959, 2º Vol., Lisboa, 1986. FRANÇA, José Augusto, A Arte em Portugal no Séc XX, 1911 - 1961, Lisboa, 1984. Revista de o Jornal - O Expresso, 9 Nov. 1991. ARAUJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol.III, Livro XIV, Lisboa, s.d. Jornal o Semanário, 4 Outubro 1991. Revista do jornal Expresso, 9 de Novembro de 1991; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à actualidade, Porto, Edições Afrontamento, 1994; ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa - Um fenómeno urbano do século XX, 2.ª edição, Bizâncio, 2013, pp.134-154; RIBEIRO, M. Félix, Os Mais Antigos Cinemas de Lisboa, 1896-1939, Instituto Português de Cinema /Cinemateca Nacional, 1978; PINTO, Pedro Luz, GODINHO, Sérgio, “Retenção de fachada na cidade de Lisboa -Origens, história e tipologias”, Revista Cidades, comunidades, territórios, n.º46, 2023. |
Documentação Gráfica
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| CML |
Documentação Fotográfica
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| IHRU: DGEMN/DSID; CML |
Documentação Administrativa
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| IHRU: DGEMN/DSID-001/011-1506/A/1, p. 19; CML |
Intervenção Realizada
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| 1947- pedido de autorização de execução de obvras de alteração da fachada por parte da Companhia Animotagráfica dos Restauradores, sediada no edifício; 1995 - obras de recuperação e adaptação para instalação do hotel Orion-Eden |
Observações
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| *1 - Zona Especial de Proteção Conjunta da Avenida da Liberdade e imóveis classificados na área envolvente. As janelas, bem como os espaços intermédios, são encimados por painéis esculpidos em relevo com figuras alusivas à 7ª arte, de distribuição simétrica: 1-3-1-3-1. |
Autor e Data
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| João Silva 1992 |
Actualização
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| Josina Almeida 2025 |
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