Igreja e Casa do Consistório da Santa Casa da Misericórdia de Monção

IPA.00006190
Portugal, Viana do Castelo, Monção, União das freguesias de Monção e Troviscoso
 
Igreja de Misericórdia construída no séc. 17 e reformada no séc. 18, com linguagem decorativa de transição do maneirismo para o barroco, com edifício do consistório disposto à direita. Apresenta planta retangular composta por nave e capela-mor, mais baixa e estreita, interiormente com coberturas de madeira e em abobada, respetivamente, e iluminação axial e bilateral. A fachada principal, em frontão triangular sobre entablamento metopado, com portal entre duplas pilastras jónicas e de frontão interrompido por edícula, tem traçado maneirista, mas já com alguns elementos barrocos, como é visível na linguagem do frontão do portal e nos enrolamentos decorativos, lembrando talha e que animam a fenestração. Quer em termos da frontaria, quer do programa decorativo interior, tem muitas afinidades com a Igreja da Misericórdia de Valadares (v. IPA.00006195) e a fachada principal, ainda que com outra robustez de conceção, lembra um pouco a da Igreja bracarense de São Vitor, sobretudo na articulação da ordem jónica do portal com o friso dórico do entablamento, característica evocatória de Miguel de Lescole. No interior, possui a cobertura da nave em caixotões, com decoração barroca, pintados com temas Marianos e anjos segurando atributos Cristológicos. Mas, quando comparadas estas pinturas com as da Misericórdia de Valadares, percebe-se que as cenas da Vida da Virgem estão tematicamente trocadas, possivelmente devido a uma mudança de painéis durante obras de restauro não datáveis. Tem coro-alto sobre arco abatido, com cadeiral dos mesários, e púlpito, no lado do Evangelho, e retábulos laterais em talha policroma neoclássica. Na capela-mor, com abóbada de caixotões, o central pintado com a Virtude cardeal da Fé, possui lateralmente dois nichos em cantaria, semelhantes aos existentes na Misericórdia de Valadares e Ponte de Lima. O retábulo-mor é barroco, de estilo nacional, de corpo reto e três eixos. O edifício do consistório é também maneirista, com fachada de dois pisos e fenestração regular, com janelas de sacada ao nível do segundo piso, encimadas por frontões triangulares. O interior foi significativamente alterado, destacando-se apenas a escadaria de dois lanços perpendiculares, em granito, e com corrimão terminado em voluta. Refira-se ainda o portal renascentista colocado na casa mortuária enquadrado por medalhões e coroado pelas armas reais.
Número IPA Antigo: PT011604170025
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade  Edifício e igreja  

Descrição

IPlanta poligonal com igreja composta por nave única e capela-mor retangulares, a capela-mor mais baixa e estreita, com casa do consistório retangular disposta à direita. Volumes escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja e de três no consistório. Fachadas, rebocadas e caiadas, percorridas por soco e rematadas em cornija, com pilastras nos cunhais, sobrepujados por bolas sobre plintos, e cruzes sobre acrotério nas empenas. A fachada principal surge virada a norte. IGREJA: fachada principal com entablamento metopado, sobreposto por frontão triangular, vazado no tímpano por óculo circular, com contorno relevado. É rasgada por portal em arco de volta perfeita, assente em capitéis toscanos, ladeado por duplas pilastras jónicas que suportam um frontão de volutas interrompido por nicho; este tem arco de volta perfeita, interiormente concheado, enquadrado por moldura definida por pilastras com capitéis toscanos suportando frontão curvo, albergando imagem de Nossa Senhora da Misericórdia. Ladeiam o nicho dois óculos elípticos, de contorno relevado. A fachada lateral esquerda é rasgada, na nave, por três janelões retangulares e portal de verga reta, com frontão interrompido por cartela central com a data 1693, e dois janelões retangulares na capela-mor. Fachada esquerda rasgada por dois janelões retangulares na nave e dois outros na capela-mor. INTERIOR rebocado e caiado. Coro-alto assente em arco abatido sobre pilastras toscanas, com balaustrada de talha, acedido por porta do lado da Epístola, possuindo ao meio cadeiral dos mesários, com espaldar recortado. No sub-coro tem guarda-vento em madeira e teto em caixotões profusamente entalhados e pintados. Junto ao coro e com acesso por este, dispõe-se órgão de tubos, assente em coreto, com guarda em balaustrada de talha pintada. Colateralmente, as janelas têm pequenas sanefas de talha policroma. No lado do Evangelho, surge púlpito com consola e guarda plena, de talha policroma, acedido por escada de pedra, com gradeamento de ferro. No lado da Epístola, retábulo em talha policroma, com imagem do Senhor da Cana Verde. Pavimento lajeado no sub-coro e com taburnos de madeira entre guias de granito na restante nave. Teto de perfil curvo, em caixotões de madeira, ricamente entalhados e pintados com cenas da vida da Virgem na fiada central, com leitura cronológica do coro-alto para o arco triunfal, e nas quatro fiadas laterais com anjos segurando símbolos relativos ao martírio de Cristo. Arco triunfal de volta perfeita, oculto por sanefão em talha policroma, apresentando as armas da Santa Casa da Misericórdia no fecho do arco. É ladeado por dois retábulos colaterais, de talha policroma, dispostos de ângulo. Na capela-mor, abrem-se dois nichos, confrontantes, de arco de volta perfeita, enquadrados por pilastras toscanas suportando frontão curvo, cerrados por porta em madeira entalhada, dourada e envidraçada. Sobre o supedâneo de cantaria, dispõe-se retábulo-mor de talha dourada, de corpo reto e um eixo, definido por quatro colunas torsas, assentes em mísulas e de capitéis coríntios, sustentando o remate, adaptado ao perfil da cobertura, de duas arquivoltas, unidas no sentido do raio. No eixo central, possui sacrário sobreposto por trono com a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia, envolta em glória de querubins, em talha. Nos intercolúnios surge apainelado côncavo de talha, com acantos relevados, sobreposto por pequenas mísulas com imaginária. Pavimento lajeado e cobertura em abóbada de berço, com caixotões, sobre friso e cornija, ritmados por mísulas, sendo o central pintado com a imagem da Virtude cardeal da Fé. CONSISTÓRIO: Fachada principal de dois pisos, separados por friso e rematada em frisos e cornija. É rasgada regularmente, no primeiro piso, por janela jacente, moldurada e gradeada, enquadrando três portas, de verga reta, de moldurada simples em cantaria, sobrepostas, no segundo piso, por janelas de sacada, molduradas e encimadas por entablamento e frontão triangular, com sacada sobre mísulas volutadas e com guarda em ferro forjado. Sobre o telhado, junto à cornija, do lado da igreja, ergue-se uma sineira, com ventana em arco de volta perfeita, albergando sino, e rematada em cornija sobreposta por cruz entre dois pináculos em bola sobre acrotérios. Fachada posterior com vãos dispostos irregularmente, moldurados a cantaria, abrindo-se no primeiro piso, duas portas e uma janela de guilhotina, e, no segundo, duas janelas de guilhotina e uma porta. Esta fachada abre para um pátio interior, pavimentado a cubo de granito, fechado a nascente pela igreja, a sul pela sacristia e a poente pelo edifício da casa mortuária. A porta principal abre para um pequeno vestíbulo, pavimentado a cantaria de granito, que dá acesso ao pátio interior, por uma porta de verga reta, e ao segundo piso, através de uma escadaria de lanços perpendiculares, com patamar e corrimão de granito terminado em voluta, que atravessa um arco de volta perfeita colocado sobre pilastras. No segundo piso acede-se ao coro-alto da igreja e ao salão nobre da Santa Casa da Misericórdia, com pavimento em soalho e teto plano. No piso térreo existe ainda um espaço comercial, comunicando diretamente com o exterior pelas outras duas portas e que atualmente se encontra desativado.

Acessos

Monção, Praça de Deuladeu. WGS84 (graus decimais) lat.: 42,078129; long.: -8,481125

Protecção

Incluído na Zona de Proteção do Castelo de Monção / Fortaleza de Monção (v. IPA.00002377)

Enquadramento

Urbano, extramuros e a sudoeste da vila muralhada medieval, implantado em posição sobrelevada face ao arruamento que a define lateralmente a nordeste, num adro pavimentado a cubo de granito enquadrado por guias também em granito. Tem frontaria virada para largo lajeado e ajardinado e a fachada lateral esquerda, tem pequeno jardim, fechada por muro e portão. No largo, que se desenvolve frente à fachada principal para NO., localizam-se a Casa do Curro ou do Terreiro, atual Museu do Alvarinho (v. IPA.00009650), um edifício oitocentista, de gaveto (v. IPA.00024221), o Chafariz de Danaide (v. IPA.00006895), a Casa do Loreto (v. IPA.00024226) e o edifício da Caixa Geral de Depósitos (v. IPA.00021105), entre outros bens com interesse histórico e arquitetónico.

Descrição Complementar

O teto da nave tem cinquenta caixotões com pinturas algo deteriorada e algumas delidas; na fiadas central representam-se cenas da Vida da Virgem: Santa Ana e São Joaquim; Natividade; Anunciação; Virgem Entronizada; Visitação; Mater Omnium; Esponsais da Virgem; Sagrada Família; Assunção da Virgem e Cristo Redentor. Nas quatro fiadas laterais figuram anjos segurando símbolos relativos ao martírio de Cristo: esponja com vinagre; cravos; malho; torquez; martelo; inscrição; coluna; Sudário de Verónica; archote; cordas; cálice; palma; cana verde; anjo segurando anjo; sudário; cruz; bandeira com S.P.Q.R.; dados; escada; lança; cruz e sudário; coroa de espinhos; anjo chorando; e outros 17 símbolos não identificáveis. Na entrada da nave, destacam-se dois anjos-tocheiros, junto das paredes laterais. Capela-mor com sanefas de talha nas quatro janelas colaterais; porta rectangular, ladeada por pia de água benta, do lado da Epístola. Altar-mor, sobrelevado e com acesso por dois degraus. Registe-se, ainda, na capela-mor a presença de um Cadeiral dos Mesários, do lado do Evangelho. O edifício da casa mortuária, de construção recente, integra um antigo portal, que, segundo a tradição teria pertencido à primitiva igreja da Misericórdia, provavelmente danificada pelos espanhóis durante o cerco de 1658 - 1659 (PINHO, 1987: 76) .Trata-se de um portal em arco abatido emoldurado por colunelos e decorado por florões e esferas, enquadrado por pilastras sobrepujadas por medalhões figurando bustos; o portal é encimado por escudo nacional coroado.

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: misericórdia

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ENTALHADOR: Manuel de Almeida.

Cronologia

1419 - Gil Esteves Bordão, , natural da vila de Monção, faz doação testamentária instituindo e mandando edificar a obra da Ordem de São Gião dos Lázaros; 1560 - o Provedor e irmãos da Confraria de Nossa Senhora da Misericórdia anunciam à regente D. Catarina "(...) que na dycta vylla esta hua casa de Gafarya que himstetuio hum Gil Estevez Bordam (...) a quall era administrada por hum mordomo que ho provedor da comarqua emlegya en cada hum anno pera ter carreguo da dicta Casa e d'arrecadar as remdas della e compryr as hobrygaçoems e emcarreguos que ho dicto himstetuidor hordenou e porque a dicta Confrarya da Misericordia foi feita pera administrar has hobras da Misericordia em as quaes emtra esta da vygytasam dos emfermos (...) pediam que houvese per bem que fose hunyda e ajumtada a (dicta) Casa da Gafarya a dita Comfrarya da Misericordia"; 24 Julho - a Regente e Provedor da Comarca de Viana da Foz do Lima, conscientes que a gafaria de São Gião seria melhor administrada pela Confraria da Misericórdia, anexam a primeira nesta confraria; esta ficava encarregue de cumprir todos as incumbências dela e o que sobrasse deveria ser empregue noutras obras da Misericórdia; 1561 - D. Sebastião autoriza a incorporação da Gafaria de São Gião na Misericórdia de Monção, com algumas condições: a Misericórdia ficava com o encargo de administrar e prover a gafaria e cumprir todos os encargos dela, aplicando o que sobrasse nos pobres da vila e em outras obras de Misericórdia; os confrades eram obrigados a manter os lázaros que existissem na gafaria, dando-lhes os mantimentos ordenados pelos provedores da comarca; anualmente, tinham de dar conta das rendas da gafaria ao provedor da comarca, tendo este que dar ao provedor da Misericórdia, todos os livros da gafaria; séc. 16 - construção da igreja da Misericórdia na praça velha; 1602 - Lopo Gomes de Abreu, fidalgo da Casa da sua Magestade, morador na vila e provedor da Misericórdia, deixou à mesma a sua Quinta da Torre, na freguesia de São Martinho de Alvaredo, para dos seus rendimentos se pagarem alguns encargos da confraria; séc. 17, última década - estando a casa "arruinada e destruída com as baterias que na dita praça velha fizeram os castelhanos", os irmãos queixavam dos estragos causados na sede e noutras moradias que possuíam e tinham aforadas; o Juiz Vereador, Procurador do Conselho e Nobreza da vila solicitam ao rei a concessão do dinheiro da imposição do sal, por três anos, para se consertar a Igreja Matriz, a casa da Misericórdia e seus retábulos e os Paços do Concelho; 1668, 12 Outubro - autorização da pretensão; 1674, 20 outubro - autorização renovada com obrigação dos trabalhos se estenderem à cadeia; 1690 - temendo a ruína total da Santa Casa, decidem exigir novas instalações "em melhor sítio", por se ter considerado não existir terreno suficiente no lugar, onde estavam sediados; a Misericórdia foi fundada no terreiro da vila, num terreno pertencente a Manuel António Pereira de Castro, e que passsou à Confraria por troca com uma horta, localizada no cruzeiro de São Bento; 1693 - data inscrita em cartela no portal da fachada N.; 1696 - depois de consultada a Contadoria Geral da Guerra e o procurador Geral da Fazenda dos três Estados, o rei anuiu ao pedido feito pelos Irmãos e concedeu-lhe uma esmola de 400$000, destinada à obra de reedificação da Misericórdia, sendo o pagamento efectuado em prestações ao longo de 4 anos; apesar da ajuda do rei, as obras decorreram com bastante lentidão; reconstrução da casa do Consistório; 1701 - diploma régio confirmando as disposições anteriores; séc. 18 - remodelação da igreja; possuía órgão; 1703, 18 julho - Provedor e Irmãos da Misericórdia contratam o entalhador Manuel de Almeida, de Barcelinhos, para fazer um retábulo-mor; 1713 - colocação do forro da igreja; 1748 - legado do coronel Manuel Marinho de Castro, falecido no Brasil, aos religiosos do oratório para fundarem aulas de Latim, Filosofia e Moral em Monção; para tal, os irmãos da Misericórdia cederiam e desistiriam da igreja da Misericórdia Velha, e todas as suas pertenças, bem como cerca de 8 000 cruzados de próprio e juros e outros rendimentos pertencentes a Misericórdia Velha; a condição era que os religiosos Néris satisfizessem as obrigações dessa igreja, que consistiam em 13 misssas anuais por alma dos benfeitores; 1751 - suspensão da esmola de dar pão na quinta-feira santa, cozido pelos mesários, por considerarem que, na prática, acabavam por dá-lo a quem menos necessitava "e tirando os ricos aos pobres determinarão que mais se não usassse de tal esmola"; 1752 - Misericórdia decide fundar um novo hospital, no terreiro da vila, contiguo à igreja; para tal pretendia comprar umas casas ao Dr. Caetano Pereira Soares, morador na vila de Guimarães, mas António Gonçalves de Araújo, mercador de Monção, e António Ventura de Sá anteciparam-e e compraram as ditas casas; os confrades recorreram ao juiz de fora, declarando a necesssidade dos imóveis para o projecto de utilidade pública, mas não conseguiram os seus intentos; recorreram depois ao monarca, para tentar obrigar o dono a vender as casas à Misericórdia pelo preço que as havia comprado; 1753, Setembro - ordem de D. José satisfazendo as pretenções dos confrades; mas só em finais do séc. 18 é que se concretizou a construção do hospital; 1760 - procurando salvar o que era possível e reorganizar o cartório da Irmandade, a Misericórdia procedeu à transladação de alguns registos e ordenação da documentação mais importante; 1789 - no Tombo dos Bens e Propriedades da Misericórdia, os Irmãos queixam-se de não possuirem no arquivo livros ou documentos relativos aos primeiros tempos da Irmandade, Misericórdia, sabendo-se apenas que tivera a sua fundação no interior dos muros da praça velha e que, aquando da Guerra da aclamação foi arruinada e destruída pelos castelhanos, que queimaram e usurparam os livros da Irmandade; séc. 19 - retábulos da nave; 1838 - o Administrador Geral do Distrito de Viana do Castelo afirma que a maioria das Misericórdias estavam muito mal administradas, o que originava a perda de muitas dívidas e foros, em resultado do desleixo e pouco zelo das Misericórdias; 1839 - o Administrador envia um comissário contabilista para reformar todas a sua escrituração e examinar os erros de liquidação e desleixo; 1863 - a Misericórdia e hospital tinham 23 972$390 rs de fundos, sendo 5 507$100 em domínios directos, 1 810$000 em prédios rústicos e urbanos, 15 655$290 em capitais mutuados e 1 000$000 em alfaias, jóias e móveis; tinha 1083$119 rs em receitas ordinárias, sendo 196$825 em géneros, 103$530 em dinheiro e 782$764 em juros de capitais mutuados; e tinha ainda como despesas obrigatórias 1 170$000, sendo 340$000 em encargos pios e 830$000 em encargos profanos; 1983, 23 Outubro - aprovação dos estatutos pelos quais a Misericórida actualmente se rege.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria, com paramentos rebocados e pintados com vãos e cunhais em cantaria, sineira em cantaria, altares em madeira, cobertura da nave em madeira telhada, cobertura da capela-mor em pedra, coro-alto em madeira, pavimentos em lajes graníticas e soalhado, portas de madeira, janelas gradeadas e envidraçadas, parapeito de ferro; cobertura em telha.

Bibliografia

ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - Alto Minho. Lisboa: Editorial Presença, 1987, p. 172; ARAÚJO, Maria Marta Lobo de - «A Santa Casa da Misericórdia de Monção (séculos XVI - XVII)». In Monção nas Memórias Paroquiais de 1758. Braga: 2003, pp. 137-152; DIONÍSIO, Santana (dir.) - Guia de Portugal. IV Entre Douro e Minho - II Minho. Lisboa: s/d, p. 1086; FONTE, Teodoro Afonso da - «As Misericórdias do Alto Minho - perspectiva Histórica e actualidade». In I Congresso das Misericórdias do Alto Minho. Viana do Castelo: 2001, p. 96-117; PINHO, António - O escudo de armas da vila de Monção corrompido pelo trádito deuladeiano. Viana do Castelo: 1987; RAMOS, Maria Odete - «Ordem e Gafaria de São Gião e a Confraria da Misericórdia de Monção». In I Congresso das Misericórdias do Alto Minho. Viana do Castelo: 2001, p. 260-269; ROCHA, J. Marques - Monção, uma monografia. Porto: 1988; SOROMENHO, Miguel - Manuel Pinto de Vilalobos da Engenharia Militar à Arquitectura. Dissertação de Mestrado em História da Arte Moderna apresentada à Universidade Nova de Lisboa. Lisboa: texto policopiado, 1991, vol. 1; VALENÇA, Manuel Padre - A Arte Organística e Portugal depois de 1750 (Subsídios). Braga: 1995.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID

Intervenção Realizada

1668 / 1681 - obras de restauro na Igreja; S.C.M.M.: 1993 / 1994 / 1995 - recuperação e adaptação da casa consistorial; construção da casa mortuária.

Observações

*1 - As fontes de rendimento da Misericórdia constituiam os bens ou dinheiro legado ou deixado em herança à Confraria, muitos desses com encargos inerentes; esmolas dos fiéis, provenientes dos peditórios da igreja ou feitos nas eiras, nas freguesias do concelho; e dos empréstimos a juro. *2 - A Misericórdia sepultava os pobres que não podiam pagar o enterro "por amor de Deos", os que morriam na cadeia, no hospital, na rua e nas suas casas, dispondo para o efeito de tumbas. Os irmãos e todos os que queriam ser sepultados numa tumba melhor eram enterrrados na "tumba dos irmãos". Para todos os restantes, existia uma outra tumba. A Misericórdia tinha o monopólio dos enterros na vila, não existindo nenhuma outra tumba, para transportar os mortos, nem se realizava nenhum enterro sem a participação desta confraria. Os pobres eram enterrados no pátio da Misericórdia, onde ficava o cemitério e os demais defuntos eram acompanhados até ao local onde tinham decidido. Os sepultados na vila eram enterrados na igreja da Santa Casa, na Igreja Matriz, nos Mosteiros de São Bento e de São Francisco e na igreja de Nossa senhora do Outeiro. Em 1673, os preços dos enterros eram de $250 para os moradores da vila; para os de fora ou residentes a 1 légua era de 1$500; se a distância excedessse a légua e se fosse um irmão o enterrro custaria 2$500; se não fossem irmãos "e sendo pesssoa grave", ascenderia aos 3$000. Os mesários estavam isentos de qualauer pagamento. *3 - Em 1724 a procissão dos Passos da Via Sacra, no domingo de Páscoa, passava pelos em locais onde estavam "armadas as capelas", com cenas religiosas alusivas, feitas por carpinteiros da vila. Ttinha o seguinte percurso: descia da Misericórdia direito à casa de António Magalhães, dando a volta "pela terra nova", descia pela Rua Nova direito à Misericórdia Velha, pelo lado da Igreja Matriz, a R. Direita, por trás de Nossa Senhora do Outeiro, e recolhia a São Francisco; tinha o 1º passo à porta de António de Magalhães; o 2º à de Manuel João de Paços, o 3º à porta do governador, o 4º na Misericórdia Velha, o 5º à porta do Doutor Pedro Esteves, o 6º a Nossa Senhora do Outeiro, e o Calvário em São Francisco. *4 - Em 1748 havia alguma duplicação de serviços na Misericórdia, pois os irmãos mantinham certa separação entre "as duas misericórdias". Por exemplo, aquando das eleições, escolhiam um escrivão e um tesoureiro para tratar dos assuntos da Misericórdia Velha. Isto deve significar, que houve uma cisão entre a primeira Misericórdia e a nova casa. *5 - O portal renascentista, pertencente à primitiva igreja da Misericórdia, esteve desmontado, nos jardins do Hospital da Misericórdia, tendo sido montado, em 1977, junto à fachada nascente da Igreja e, recentemente (década de 90), quando da construção da casa mortuária, colocado na situação actual.

Autor e Data

Paulo Amaral 1999 / Paulo Amaral e Miguel Rodrigues 2000

Actualização

Paula Noé 2002 / João Almeida (Contribuinte externo) 2019
 
 
 
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