Praça da República

IPA.00006185
Portugal, Viseu, São João da Pesqueira, União das freguesias de São João da Pesqueira e Várzea de Trevões
 
Componente urbano. Espaço urbano de confluência. Praça. Conjunto arquitectónico civil, dominantemente barroco, composto por edifícios com vãos de molduras em arco rebaixado e de formas dinâmicas ondulantes, decorados com volutas, entrelaços vegetalistas, festões e sanefas; janelas de avental; cornijas e frontões curvos; fogaréus. São João da Pesqueira apresenta estrutura urbana dividida sensivelmente a meio pela EN 222 (Vila Nova de Gaia - Almendra), eixo principal de orientação O. - E., que define 2 áreas urbanizadas paralelas: a N., a mais antiga, e a S., a mais recente, e serve de suporte de urbanização de crescimento linear, tipo concentrado. O núcleo antigo (ou histórico), que integra a Praça da República, desenvolve-se perpendicularmente para N. do referido eixo e caracteriza-se por um tecido urbano geomorfológico composto maioritariamente de casario residencial e comercial de pequenas dimensões, de massa horizontalista, com marcas de ruralidade, mas também de tipologias diversificadas, essencialmente na Praça da República, com exemplares de arquitectura religiosa, civil e militar, e que se constituiu como centro cívico. Permanência de vestígio da fortaleza medieval patente num arco quebrado de cantaria.
Número IPA Antigo: PT011815080006
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Elemento urbano  Espaço de confluência  Praça    

Descrição

O conjunto arquitectónico setecentista da Praça da República, de planta rectangular, irregular, desenvolve-se segundo um eixo O. / E., destacando-se na ala N. o Solar dos Távoras, de 2 pisos com portas e janelas de sacada em arco rebaixado, decoradas com volutas vegetalistas, as últimas encimadas por frontões curvos e sanefas; remate em cornija ondulante; adossada a E. Capela da Misericórdia de fachada revestida de azulejos de padrão com portal de arco rebaixado decorado com volutas e festões, encimado por frontão aberto de volutas com cruz florenciada sob pequena cornija em cortina e janelão de moldura serpentiforme flanqueado por painéis figurativos da Cura do Enfermo e Cristo e a Samaritana; remate em frontão de cornija e lanços curvos decorados com volutas a enquadrar pedra de armas real, encimado por fogaréus e cruz. No prolongamento da Misericórdia um arco quebrado da muralha S. do castelo medieval, onde assenta torre campanário de coruchéu piramidal, com sineiras de arco pleno sobre nicho com imagem de Nossa Senhora da Conceição. Segue-se galeria com arcada de 9 arcos plenos sobre pilares de secção quadrangular, a culminar a E. na Torre do Relógio, antiga Cadeia, com janelas e sineiras de avental e cobertura de coruchéu curvilíneo. A E. arruamento e 3 pequenos edifícios de habitação de 2 pisos com vãos de molduras rectangulares simples. Na ala S. destaca-se edifício dos antigos Paços do Concelho, de 2 pisos marcados por friso; no 1º portal de moldura em arco rebaixado de extradorso pluri-segmentar, decorado com volutas, 1 porta e 2 janelas em arco rebaixado; no 2º, pedra de armas real sobre placa elíptica epigrafada, comemorativa da construção do mesmo e da Torre do Relógio, Cadeia e Arcada, por D. Maria I, ladeada por janelas de avental; flanqueiam o edifício casas de habitação de 2 e 3 pisos, a da esquerda de 2 corpos justapostos, possui escadaria transversal com patamar e uma "loggia" com acesso por arco pleno, na da direita panos divididos por pilastras, vãos de moldura rectangular e piso superior constituído por mansarda com varandim corrido gradeado de ferro. A O. arruamento e casa de 2 pisos com vãos de moldura rectangular

Acessos

Rua Direita; Rua Dr. Paradela Oliveira; Rua Francisco José Bernardes

Protecção

Categoria: CIP - Conjunto de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 223/2013, DR, 2.ª série, n.º 72, de 12 abril 2013 / ZEP, Portaria nº 223/2013, DR, 2ª série, nº 72, de 12 abril 2013

Enquadramento

Urbano. Conjunto edificado no centro da vila, que circunda amplo largo com leve inclinação para O., com acessos por arruamentos a S., O. e N..

Descrição Complementar

O arco da ala N. dá passagem para a Rua do Arco no extremo do qual se localiza a Judiaria.

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Não aplicável

Afectação

Não aplicável

Época Construção

Séc. 14 / 16 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

Séc. 9 / 10 - D. Afonso III de Leão ou D. Rausendo Ermiges, no decurso da Reconquista encontraram na Pesqueira um castro romanizado destruído, mandando aí erguer um castelo ou reconstruir as muralhas, dando início ao povoamento da terra. Anteriormente à nacionalidade o núcleo urbano da Pesqueira era uma póvoa de pescadores que se situava junto a uma pesqueira (local de pesca abundante), na margem esquerda do rio Douro. Após a instituição de paróquia com Capela dedicada a São João Baptista, passou a denominar-se São João da Pesqueira; Séc. 10 - D. Chama detinha largos haveres sob o domínio do Castelo de São João da Pesqueira que se situava no topo de um outeiro flanqueado por 2 ribeiros a SO. da margem esquerda do rio Douro, e ao redor do qual se desenvolveu a vila; 1055 a 1065 - decorrente da 2ª Reconquista Fernando Magno de Leão e Castela concedeu o 1º foral ao concelho da Pesqueira, o mais antigo foral de outorga régia em território português; Séc. 12 - D. Afonso Henriques renovou o foral fernandino e restaurou o castelo. A pesqueira pertencia então a D. Pedro Ramires que a doou ao concelho e ao mosteiro de São Pedro das Águias; o foral estabelecia que metade do seu rendimento tinha que ser dado ao concelho; Séc. 12 / 14 - Confirmações do foral por D. Sancho I, D. Afonso II, D. Afonso III e D. Fernando que também restaurou o Castelo, referido em diversos documentos, de cuja muralha apenas subsiste a porta S.; Séc. 13 - um dos primeiros donatários da vila e seu termo foi Martim Gil; o termo da Pesqueira integrava o couto do mosteiro da São Pedro das Águias, que se apropriou progressivamente de terras do concelho, assim como cavaleiros-fidalgos, detentores de grandes herdades e privilégios na região; 1281 - D. Dinis outorgou por carta régia uma feira franca mensal o que concorreu para o desenvolvimento urbano e económico da Pesqueira; 1321 - São João da Pesqueira estava dividida em 3 paróquias, São João, São Pedro e São Tiago, a que se veio juntar a de Santa Maria no séc. seguinte; 1377 - D. Fernando doou o senhorio da vila a Rui e Pedro Lourenço de Távora, por serviços prestados à Coroa por seu pai, Lourenço da Távora; da linha directa de D. Rausendo, a partir de D. Pedro Ramires, procedeu a Casa dos Távoras, senhores da vila e primeiros condes da Pesqueira, evidenciado em solares e palacetes pertencentes aos mesmos na vila e na região; 1433 - D. João I concedeu carta ao Concelho para que houvesse feira com privilégios, tal como acontecera em tempo de D. Dinis; 1611 - D. Luis Alvares de Távora, 9º senhor da casa de Távora foi o 1º conde da Pesqueira, recebendo de Filipe III o senhorio, ou doação perpétua de juro e herdade para si e descendentes, das vilas da Pesqueira e Ranhados, com todos seus termos; Séc. 17 / 18 - O vinho do Porto contribuiu para a criação de riqueza e de nobreza, sendo a época de maior prosperidade da vila, em que se ergueram muitas residências nobres e quintas de carácter senhorial; Séc. 18 - o Solar dos Távoras foi doado pelos marqueses à Misericórdia; 1759 - após o processo judicial decorrente da tentativa de regicídio, a linhagem dos Távoras foi perseguida e extinta, apagando-se os símbolos heráldicos da família; 1794 - D. Maria manda construir a Casa da Câmara, Cárcere, Torre do Relógio e Arcada, para os feirantes exporem as suas mercadorias, no tempo do 7º Juiz de Fora José Xavier de Cerveira, como atesta inscrição no antigo edifício dos Paços do Concelho; o sino da torre servia para chamar os vereadores às reuniões, anunciar as rondas e dar sinal de recolher; Séc 19 - eram ainda patentes as ruínas de alguns lanços fortaleza medieval; 1988 a 1993 - o edifício dos Paços do Concelho serviu como quartel da GNR; 2006, 01 Junho - despacho de abertura do processo de classificação; 2008, 1 Agosto - proposta de classificação como IIP pela DRCNorte; 2008, 12 Novembro - parecer favorável à classificação pelo Conselho Consultivo do IGESPAR, I.P; 2011, 5 Dezembro - procedimento prorrogado até 31 de Dezembro de 2012 pelo Decreto-Lei n.º 115/2011, DR, 1.ª série, n.º 232; 2012, 5 de novembro - publicação do anúncio nº 13654/2012, no DR, 2ª série, nº 213, com o projecto de decisão relativo à classificação como Conjunto de Interesse Público e fixação da respectiva zona especial de protecção.

Dados Técnicos

Sistemas estruturais dominantes: paredes autoportantes; estrutura mista; esrutura autoportante

Materiais

Materiais dominantes: Caixas murárias e abóbada da galeria de alvenaria de pedra granítica rebocada; fachada da Misericórdia com revestimento azulejar; arco, colunas, cunhais, molduras e cantarias de alvenaria de pedra granítica de talhe regular; varandins de ferro; pavimento de lajes graníticas

Bibliografia

AGUILAR, José, A Vila de São João da Pesqueira, Lamego, 1978; MONTEIRO, J. Gonçalves, São João da Pesqueira Coração do Douro, Porto, 1992; Idem, São João da Pesqueira (Monografia do Concelho), São João da Pesqueira, 1993

Documentação Gráfica

CMSJP

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CMSJP

Intervenção Realizada

CMSJP: 1996 / 1997 - Reabilitação do conjunto arquitectónico setecentista da Praça da República, com comparticipação da Prodouro e da Câmara Municipal, consistindo na recuperação de estruturas e fachadas, repavimentação, soterramento de fios eléctricos; 1988 - Estão em curso obras no interior dos edifícios que integram a praça.

Observações

Do conjunto arquitectónico da Praça da República fazia ainda parte o Pelourinho, desaparecido.

Autor e Data

Lina Marques 1998

Actualização

 
 
 
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