Rua Álvares Cabral

IPA.00006141
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
 
Componente urbano. Eixo viário. Rua. Arquitetura residencial, neoclássica, revivalista, arte nova. Edifícios que caracterizam a evolução na arquitetura residencial de charneira, oitocentista e novecentista. Constitui, tanto ao nível da estrutura urbana como do tecido construído, um dos raros ambientes urbanos da transição do Séc. 19 / 20, no Porto, cuja leitura não só é possível como é das mais homogéneas e coerentes.
Número IPA Antigo: PT011312040098
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Elemento urbano  Eixo viário  Rua    

Descrição

Espaço urbano estruturado ao longo da rua com orientação O. - E., composta por cento e quarenta e quatro lotes retangulares, possuindo na sua maioria seis metros, exceto os dos extremos, ocupados maioritariamente por residências unifamiliares. Frentes urbanas orientadas a N. e S., preenchidas nas faces voltadas para a rua pelas fachadas principais dos prédios e jardim, e logradouro nas traseiras. O tecido que compõe a rua estrutura-se em torno de grandes grupos de construções: os conjuntos formados por unidades residenciais construídas segundo um tipo muito característico do Porto oitocentista, alguns edifícios de caráter utilitário, e as moradias e prédios de rendimento. No que respeita aos primeiros (unidades residenciais), estas são caracterizadas por cave, primeiro piso alto, segundo piso e águas furtadas. Colocação central da porta principal. Os vãos das portas, janelas e postigos apresentam-se emoldurados por cantaria simples ou lavrada, com sacadas no primeiro registo, com guardas de ferro. Os espaços entre vãos são muito reduzidos e geralmente revestidos de azulejos padronizados de fabrico industrial. As fachadas são coroadas por platibanda. Coberturas de telhado em águas com claraboias.

Acessos

Rua de Cedofeita, Praça da República

Protecção

Categoria: CIP - Conjunto de Interesse Público, Portaria n.º 741/2012, DR, 2.ª série, n.º 237, de 7 dezembro 2012

Enquadramento

Urbano, em outeiro, flanqueada, constituída por duas frentes urbanas compactas.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Não aplicável

Afectação

Não aplicável

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

MESTRE DE OBRAS: José Joaquim Mendes*2

Cronologia

1605 - O espaço embrionário da rua Álvares Cabral era uma vasta propriedade rural foreira ao Priorado de Cedofeita, de livre nomeação, em três vidas, pertencente a Salvador João, de Valadares, e sua esposa Margarida do Carvalhal; 1665 - nesta data a propriedade denominada Quinta da Boavista, pertencia por testamento a João Carneiro Morais e sua esposa Helena Araújo, que construíram a capela de São Bento e Santo Ovídeo; 1726 - a Quinta foi vendida a João de Figueiroa Pinto e mais tarde a esposa deste renuncia à renovação do prazo da quinta a favor do filho Manuel de Figueiroa Pinto, fidalgo da Casa Real, alcaide-mor de Portel, Senhor de Porto Carreira, contador da Fazenda Real na cidade do Porto, presidente do lançamento das sisas e Cavaleiro da Ordem de Cristo; 1764 - a propriedade era designada por Quinta de Santo Ovídio; 1776 - João e Manuel de Figueiroa Pinto, pai e filho, valorizam a propriedade com a construção de uma casa apalaçada*3 rodeada de magníficos jardins; 1782 - a Câmara Municipal do Porto inicia as expropriações para alargamento da Praça de Santo Ovídio e a rua da Boavista é também aberta nos terrenos Norte da Quinta; 1838 - surgem as primeiras pretensões da Câmara abrir uma rua em linha reta, do então Campo da Regeneração (hoje Praça da República) à Rua de Cedofeita, no enfiamento da Rua Gonçalo Cristóvão; 1839 - o projeto chegou a ser apontado na "Planta Topographica" de Costa Lima não foi realizado em virtude da forte oposição lançada por alguns dos proprietários dos terrenos que a nova rua iria então atravessar; 1823 - por falecimento de Manuel de Figueiroa Pinto, a Quinta passou para o seu afilhado, Manuel Pamplona Carneiro Rangel Veloso Barreto de Miranda e Figueiroa, 1º Visconde de Beire, e por falecimento deste, sucedeu-lhe a filha primogénita, D. Maria Balbina Pamplona Carneiro Rangel, condessa de Resende pelo seu casamento com o 4º conde, D. António Benedito de Castro; 1890, 20 de Janeiro - morre D. Maria Balbina, deixando a Quinta de Santo Ovídio a a seus netos, na tentativa de a manter intacta, conhecedora que era da difícil situação económica de seu filho, D. Manuel Benedito de Castro; 1892 - Manuel Benedito de Castro, alegando a escassez de rendimento da propriedade e a necessidade de fazer face à dispendiosa educação de seus seis filhos, obteve consentimento familiar para a abertura de uma rua no eixo da alameda da casa; 1892, 30 de Janeiro - os Condes de Resende iniciaram um longo processo judicial para alienação da quinta. Propunham a sua venda integral em hasta pública por 100 contos de réis, ou a abertura de uma nova rua desde o Campo da Regeneração até à Rua de Cedofeita, loteando todo o terreno da quinta em parcelas de 6 m, pretensão que teve resposta desfavorável do Curador Geral de menores; 1895, 10 de Agosto - depois de reforçadas as pretensões dos condes, o Juiz acabou por autorizar a abertura da rua; 1897, 18 Novembro - a Câmara portuense aceitava "uma rua oferecida pelo Conde de Resende, desde o Campo da Regeneração até à Rua de Cedofeita, no ângulo formando com a Rua da Figueiroa"; a nova rua situava-se sensivelmente mais a N. do que a inicialmente projetada e coincidia "grosso modo", com a alameda central dos jardins da antiga casa dos Pamplonas; 1898, 15 Junho - é assinada a escritura da cedência da nova rua; 1898, Outubro - aparece um pedido de edificação de duas moradias de casa, feito por António Rodrigues, para a "Rua aberta na Quinta dos Pamplonas" (edifícios 399, 401 e 403); 1899, 6 Abril - a Junta da Paróquia de Cedofeita pede que seja dado nome à rua vulgarmente chamada dos Pamplonas; 1900, 4 Maio - em resposta à solicitação da Junta de Paróquia de Cedofeita, a Câmara Municipal do Porto atribui à nova rua o nome de Álvares Cabral; 1998, 23 Fevereiro - despacho de abertura do processo de classificação como Conjunto de Interesse Público, pelo Vice-Presidente do IPPAR; 2012, 3 julho - projeto de decisão relativo à classificação como Conjunto de Interesse Público, Anúncio n.º 13 192 / 2012, DR, 2ª Série, n.º 127; 2012, 7 dezembro - Portaria n.º 714/2012 publicado no DR, 2.ª série, n.º 237, de projeto de decisão de classificação como CIP.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes; estrutura autónoma.

Materiais

Alvenaria na fachada e paredes interiores; ferro forjado nas grades e varandins; granito nas molduras, pilastras e patamares exteriores; portas e caixilharias de madeira e alumínio; janelas com vidro simples; telha cerâmica nos telhados.

Bibliografia

O Tripeiro, nº 18, Dezembro 1945, Ano I; O Tripeiro, nº 4, Agosto 1949, V Série, Ano V; O Tripeiro, nº 6, Outubro 1949, V Série, Ano V; O Tripeiro, nº 4, Agosto 1951, Ano VII; http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4091.pdf, 17 de Janeiro de 2012.

Documentação Gráfica

AH-CMP

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID / SIPA

Documentação Administrativa

AH-CMP

Intervenção Realizada

Observações

*1 - A R. Álvares Cabral é perpendicular à de Cedofeita, a qual se encontra classificada pelo Dec. nº 45/93, DR 280 de 30 de Novembro de 1993 (v. PT011312040073). *2 - Também responsável pela construção de cerca de trinta casas edificadas na rua; *3 - "A quinta com a entrada principal a situada a oriente, voltada para o campo da regeneração, separada desta por muro cujo acesso se fazia através de portal, era composta por terras para sementeiras, horta, pomar, campos de cultivo, pastagens, remadas, cocheiras, cavalariças, capela e casa apalaçada, um edifício sóbrio e austero de planta regular, num esquema de linhas horizontais, de dois pisos em que a fachada principal, antecedida por alameda/horta e cavalariça, era ritmada pelos dois corpos laterais avançados e pela utilização da cantaria e alvenaria, pelos cheios e vazios e telhado de duas águas. A fachada posterior, mais imponente, com uma composição mais complexa de volumetrias e corpos que avançam ou recuam, linhas sinuosas do telhado e águas-furtadas, um claro eixo central com varanda e balaustrada, janelas com padieiras de cantaria e porta encimada com volutas, abre-se para um amplo jardim, abrigado do mundo exterior.

Autor e Data

Isabel Sereno, Elvira Rebelo 1998 / Ana Filipe 2012

Actualização

 
 
 
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