Convento da Trindade

IPA.00006091
Portugal, Lisboa, Sintra, União das freguesias de Sintra (Santa Maria e São Miguel, São Martinho e São Pedro de Penaferrim)
 
Arquitectura religiosa, maneirista e barroca. Antigo convento da Ordem da Santíssima Trindade, composto por igreja de planta longitudinal, de nave única e capela-mor, tendo fachada principal rematada em empena, com portal e janela de perfil rectilíneo superiormente recortados. A zona conventual a S., com claustro de arcaria assente em colunas dóricas e galerias cobertas por abóbadas de cruzaria. Convento adaptado a novas funções de residencia, provocando inúmeras modificações. Destaca-se a existência de uma lápide na igreja a atestar a construção da capela-mor; o refeitório ainda com revestimento azulejar e quatro capelas na primitiva cerca, uma delas abobadada.
Número IPA Antigo: PT031111090056
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem da Santíssima Trindade para a Redenção dos Cativos - Trinos

Descrição

Planta irregular, composta por igreja de planta longitudinal de 2 rectângulos justapostos, corespondentes à nave única e ábside, a que se adossa, do lado esq., o primitivo edifício conventual, organizado em volta de um claustro. Volumes articulados de massa de dominante horizontal, quebrada pelo verticalismo da torre sineira, adossada à fachada posterior da cabeceira da igreja. Coberturas diferenciadas em telhados de duas águas e domo na torre. Fachada principal voltada a E.: à esq. pano corrido do edifício conventual com 2 registos, marcado por pilastras e amparado por 3 contrafortes baixos, esbarro: no 1º registo embasamento de cantaria, uma porta larga em arco rebaixado, 9 janelas de moldura rectangular e à dir. porta rectangular prolongada por janela; no 2º registo 14 janelas rectangulares encimadas por molduras elípticas cegas; remate em cornija sob beiral; à dir. corpo da IGREJA com frontispício de 3 panos escalonados, delimitados por pilastras rematadas por fogaréus: o central mais elevado, antecedido por escada de 4 degraus protegida por frades de pedra e corrente, de acesso ao portal de verga recta, com moldura superiormente recortada e remate em cornija angular, formando falso frontão, com tímpano almofadado curvilíneo; no 2º registo janelão com moldura recortada, com pés-direitos prolongados inferiormente em brincos, e encimado por cornija; remate em frontão triangular com cruz no vértice; os panos laterais são cegos e articulam-se superiormente com o central através de aletas. Fachada lateral N. com janelão rectangular. Torre sineira enquadrada por pilastras coroadas por fogaréus; de 3 registos separados por frisos, tendo os 2 primeiros pequenas janelas rectangulares e o último sineira de ventanas em arcos plenos. Fachada lateral S. adossada às dependências conventuais. INTERIOR DA IGREJA: completamente vazio, observando-se, na parede do lado do Evangelho da capela-mor, uma inscrição, e no pavimento sepulturas epigrafadas. CLAUSTRO de dois pisos, com arcaria assente em colunas de fuste liso, capitéis dóricos e galerias cobertas por abóbadas de cruzaria de ogivas e pavimento em lages de cantaria, com sepultura epigrafada; ao centro fonte octogonal. REFEITÓRIO: com paredes revestidas por painéis de azulejos figurativos. SACRISTIA: igualmente revestida de azulejos. COZINHA com forno. CERCA: com quatro capelinhas *1, uma delas abobadada, e diversos recantos azulejados. Espalhadas pela cerca encontram-se diversas minas de água. FONTE DA TRINDADE: constituída por duas bicas sobrepostas, pia e tanque rectangular de cantaria.

Acessos

Rua da Trindade, n.º 2 - 4. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,792387, long.: -9,385356

Protecção

Incluído na Área Protegida de Sintra - Cascais (v. PT031111050264)

Enquadramento

Rural, destacado. Implantado na encosta da serra, em terreno de suave declive para S.. Flanqueado por panos de muro, no prolongamento da fachada principal, com fonte à esq.. Rente a calçada, conducente à Igreja de Santa Maria (v. PT031111090011). Possui cerca murada, envolvido pela vegetação da serra e das propriedades confinantes.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: (lápide da igreja, do lado do Evangelho) XXV SPES MEA CHRVS IHS 1572. Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: ESTA CAPELA MANDOU FAZER O DOUTOR JORGE GONÇALVES RIBEIRO INQUISIDOR APOSTÓLICO QUE FOI NA CIDADE DE LISBOA E SEU DISTRITO 38 ANOS E CÓNEGO NA SÉ DELA ABADE DE SÃO MIGUEL DE PÊRA BISPADO DE LAMEGO E DESEMBARGADOR DA CASA DA SUPLICAÇÃO DIZEM NELA OS PADRES MISSA QUOTIDIANA COM SEU RESPONSO POR SUA ALMA E DO CÓNEGO ANDRÉ GONÇALVES RIBEIRO SEU SOBRINHO. FALECEU A 9 DE FEVEREIRO DE 1585 (XXVI). Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: NESTA SEPULTURA ESTÁ O CORPO DO DOUTOR JORGE GONÇALVES RIBEIRO INQUISIDOR APOSTÓLICO QUE FOI DA CIDADE DE LISBOA E SEU DISTRITO NELA E NESTA CAPELA MOR SE NÃO PODE ENTERRAR PESSOA ALGUMA SOMENTE ANDRÉ GONÇALVES RIBEIRO CÓNEGO NA SÉ DE LISBOA E O LICENCIADO JERÓNIMO RIBEIRO SEUS SOBRINHOS POLO ELE ASSIM MANDAR EXPRESSAMENTE EM SEU TESTAMENTO E ÚLTIMA VONTADE (XXVII). Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: SEPULTURA DE ISABEL RODRIGUES CARNIDE MULHER QUE FOI DE GASPAR TRAVAÇOS QUE FICOU NA JORNADA DE ÁFRICA E MÃE DO PADRE FREI JOÃO TRAVAÇOS RELIGIOSO DESTA ORDEM. FALECEU A ??? DE FEVEREIRO DE 616 ANOS TEM CINQUENTA E DUAS MISSAS REZADAS CADA ANO (XVIII). Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: SEPULTURA DE JOÃO GENTIL E DE SEUS HERDEIROS 1614 (XXIX). Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: SEPULTURA DE NICOLAU GUERRA MOÇO DE CÂMARA DE SUA MAJESTADE FALECEU A 9 DE OUTUBRO 1618. E DE SUA MULHER SIMOA RODRIGUES (XXX). Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: SEPULTURA DE MENDO RODRIGUES DE CARVALHO FIDALGO DA CASA DE SUA MAJESTADE E MONTEIRO-MOR DA SERRA DE SINTRA E DE SUA MULHER ISABEL SOARES E DE SUA FILHA ISABEL DE CARVALHO E HERDEIROS; CLAUSTRO: Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura; sem moldura nem decoração; Calcário; Dimensões: 189x95; Campo Epigráfico: 113x92; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: SEPULTURA DE ISABEL RODRIGUES CARNIDE MULHER QUE FOI DE GASPAR TRAVAÇOS QUE FICOU NA JORNADA DE ÁFRICA E MÃE DO PADRE FREI JOÃO TRAVAÇOS RELIGIOSO DESTA ORDEM FALECEU A 5 DE FEVEREIRO DE 1616 ANOS TEM CINQUENTA E DUAS MISSA REZADAS CADA ANO. XXXI SEPULTURA DE MENDO RODRIGUES DE CARVALHO CAVALEIRO FIDALGO DA CASA DE SUA MAJESTADE MONTEIRO MOR DA SERRA DE SINTRA E DE SUA MULHER ISABEL SOARES E DE SUA FILHA ISABEL DE CARVALHO E HERDEIROS. "ESTA CAPEELLA MÃNDOU FAZER. O DTOR. IORGE GONZALEZ RIBEIRO INQVIZIDOR-APOSTOLICO QUE FOI NA CIDADE DE LIXBOA E SEV DESTRICTV 38 ANNOS E CONEGO . NA SEE DELLª ABBADE DE S. MIGUEL DE PERA BISPADO DE LAMEGO E DESEMBARGADOR DA CASA DA SUPPLICAÇÃ DIZEM NELLA OS PADRES MISSA QVOTIDIANA CÕ SEV RESPÕSO POR SVA ALMA E DO CONEGO ÃDRE GONZALEZ RIBEIRO SEV SVBRINHO FALECEO A 9 DE FEVEREIRO DE 1585"; (sepulturas da igreja) "NESTA SEPVLTURA ESTA / O CORPO DO D.TOR IORGE. / GLLZ.. RIBEIRO INQVISIDOR / APOSTOLICO. QVE FOI DA / CIDADE DE LISBOA E SEV DES / TRICTV. NELLA. E NESTA / CAPELLA. MOOR. SE NAÕ / PODE. ENTERRAR. PESOA / ALGHVA. SOMENTE. AN / DRE GLLZ. RIB.RO CONEGO / NA SSE. DE LIX.ª E O L.DO IERO / NIMO. RIB.RO SEVS SOBRINHOS / POLLO. ELLE. ASIM. MÃDAR. / ESPRESA. M.TE EM SEV. TES / TAMTO E. VLTIMA VÕTADE"; "Sª DE MENDO ROIS DE / CARVALHO CAVALEI / RO FIDALGO DA CASA / DE SVA MGD.E MONTEº MOR / DA SERRA DE CYNTRA / E DE SVA MOLHER ISAB / EL SOARES E DE SVA FIL / LHA ISABEL DE CARVALHº / E ERDEIROS"; "Sª DE NICOLAO GRA MOCO / DE CAMARA DE SVA MDE / FALACEO A 9 DE OVTV / BRO 1618: E DE SVA MOLHER SIMOA ROIZ"; CLAUSTRO: Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura; sem moldura nem decoração; Calcário; Dimensões:1,89x95; Campo Epigráfico: 1,13x92; Tipo de Letra: Capital Quadrada; Leitura: SEPULTURA DE ISABEL RODRIGUES CARNIDE MULHER QUE FOI DE GASPAR TRAVAÇOS QUE FICOU NA JORNADA DE ÁFRICA E MÃE DO PADRE FREI JOÃO TRAVAÇOS RELIGIOSO DESTA ORDEM FALECEU A 5 DE FEVEREIRO DE 1616 ANOS TEM CINCOENTA E DUAS MISSAS REZADAS CADA ANO;

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Residencial: casa da quinta

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1347 - Alguns frades do Convento da Trindade de Lisboa (v. 1106460409) instalam-se na serra de Sintra, ocupando a Ermida de Santo Amaro e algumas grutas, existentes dentro da cerca do actual convento. Entre estes frades contavam-se Fr. Álvaro de Castro, filho do 1º Conde de Arraiolos, 1º Condestável do Reino, e irmão de Inês de Castro, Fr. João de Évora, confessor do rei D. João I e futuro Bispo de Viseu e Frei João de Lisboa, confessor da Rainha D. Leonor; 1410 - Carta régia de D. João I concedendo privilégios para a fundação de um convento de religiosos da ordem da Santíssima Trindade em Sintra; 1410 ou 1416 - Fundação do convento por acção do rei D. João I ou de Fr. Sebastião de Meneses, no local onde já existia uma ermida com a invocação de Santo Amaro; 1500 - Reconstrução do convento, que estava arruinado, sob o patrocínio do rei D. Manuel; 1572 - Reedificação do complexo conventual por iniciativa do provincial trinitário Fr. Baptista de Jesus; 1590 - Concedida uma sepultura a Tomás de Paiva e a sua mulher Margarida Loba; c. 1600 - Revestimento azulejar da capelinha da cerca; 1689, Nov. - Decorriam no convento grandes obras de reconstrução, sendo solicitada a nomeação de um mamposteiro para a Igreja de Santa Maria, para recolha de esmolas para as obras do convento; 1755 - Reedificação do convento, na sequência de danos causados pelo terramoto; 1758 - a antiga ermida de Santo Amaro ainda existia, integrada na cerca conventual *2; 1834 - Expulsão das ordens religiosas, implicando a dispersão do recheio do convento, vendido em hasta pública a Máximo José dos Reis, capitão-mor de Sintra, a António Gomes Barreto, Administrador do Concelho e a Joaquim Duarte; segundo o inventário elaborado "a igreja he toda d'abobada muito clara e no seu tanto perfeita. Consta de três altares o primeiro é o da Capela Mor se divide hum arco de pedra proporcionado e com boa direcção. Tem suficiente Retabulo fingido de pedra com quatro colunas com seus Capiteis e por sima do remate a Santíssima Trindade em figuras de baixo relevo ornado igualmente com tres Imagens grandes de boa esculptura ainda que mal tratadas pelo tempo."; auto de arrematação a favor do então Marquês de Saldanha, João Carlos Gregório Domingues Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Daun (1790-1876), do direito de arrendamento do convento e sua cerca pelo prazo de um ano; 1835 - O convento e respectiva cerca são avaliados em 1.000$000 reis; 1835 - a propriedade é adquirida pelo marechal Saldanha; 1848 - A propriedade era já pertença do conselheiro Marino Miguel Franzini; 1874, 26 outubro - por morte de Marino Franzini, a propriedade passa para a viúva, D. Carlota Sebastiana Gervasoni Franzini; 1890, 22 agosto - por falecimento de D. Carlota Franzini, a propriedade passa para a sua filha, D. Carlota Augusta Franzini de Almeida Soares e seu marido, o general Diogo Alexandre de Almeida Soares; 1919, 24 maio - Por morte dos seus proprietários, passa para a sobrinha, D. Maria Emília Franzini de Roure, que, no mesmo ano, a 19 Dez., a vende a Ernesto Henrique de Seixas; c. 1940 - A capela-mor da antiga igreja funcionava como arrecadação de lenha; 1958, 11 junho - por morte de Ernesto de Seixas, o convento é herdado por Jorge e Vera de Seixas; 1963 - A propriedade é pertença de D. Irene Seixas; 1968 - Reconstrução da fonte extra-muros, que havia sido destruída pela queda de uma árvore de grande porte; 1977, 25 Maio - Aquisição da quinta por António de Campos Vazão Trindade; 1996, 26 julho - Despacho de homologação da classificação como Valor Concelhio pelo Ministro da Cultura, com a designação Conjunto da Fachada do Convento da Trindade, fonte seiscentista e calçada até à Igreja de Santa Maria; séc. 21 - encerramento do processo de classificação.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes e estrutura mista (claustro)

Materiais

Cantarias de calcário, alvenaria mista rebocada, mármore, ferro, azulejos, telha.

Bibliografia

BRITO, Fr. Bernardo de, Monarchia Lusitana, Lisboa, 1597-1609; JUROMENHA, Visconde de, Cintra Pinturesca, Lisboa, 1838; PEREIRA, A. Silva, Cintra, Collares e seus Arredores, Lisboa, 1888; LIBERGE, G. de Le Roy, Trois Mois en Portugal, Paris, 1910; PROENÇA, Raul, (dir. de), Guia de Portugal, vol. I, Lisboa, 1924; PEREIRA, Arturo, e OUTROS, Sintra e Suas Quintas, Sintra, 1983; AZEVEDO, José Alfredo da Costa, Obras de José Alfredo da Costa Azevedo, Velharias de Sintra, vol. V, Sintra, 1984; AZEVEDO, Carlos, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, 2ª ed., vol. II, Lisboa, 1990; SERRÃO, Vítor, Sintra, Lisboa, 1989; CARVALHO, Sérgio Luís de, História de Sintra, Sintra, 1992; Câmara Municipal de Sintra, Sintra Património da Humanidade, Sintra, 1996; AZEVEDO, José Alfredo da Costa, Obras de José Alfredo da Costa Azevedo, Recantos e espaços, vol. II, Sintra, 1997.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IGESPAR: IPPAR: Pº Nº 86/3(80); Conservatória do Registo Predial de Sintra: Nº 42-F (Santa Maria); DGA/TT: Chancelaria de D. João I, Livro 3, fl. 123; Arquivo Histórico de Sintra: Arquivos Paroquiais; Arquivos Conventuais (VII Convento da Santíssima Trindade de Sintra); avulsos

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1982 - obras de conservação e restauro; 1996 - obras de ampliação, sendo acrescentado um piso.

Observações

* 1 - segundo o Visconde de Juromenha, existiam ainda na cerca do convento as capelas de Santa Margarida, São Zacarias e Santa Isabel e de Nossa Senhora da Conceição.

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1996 / Joaquim Gonçalves e Lina Oliveira 2003

Actualização

 
 
 
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