Estádio de Atletismo do Parque Desportivo do Jamor / Estádio do Jamor / Estádio Nacional

IPA.00006084
Portugal, Lisboa, Oeiras, União das freguesias de Algés, Linda-a-Velha e Cruz Quebrada-Dafundo
 
Arquitectura desportiva, modernista. Estádio construído segundo a concepção grega, isto é, edificação integrada na paisagem e tudo em pedra. Caldeira Cabral contesta a proposta pré-existente do Arquitecto Jorge Segurado *1, registando a ignorância do regime dos ventos, o carácter divisório de uma avenida projectada até ao mar e o desajuste entre escala e função. Após um elaborado estudo, puxa o Estádio do vale do Rio Jamor, evitando o encanamento do rio, para uma concavidade existente na meia encosta orientada a O, abrigada dos ventos dominantes e aberta sobre a paisagem possibilitando ter uma vista de conjunto de qualquer desfile ou parada, como era pedido no programa já que o Estádio deveria servir não só ao desporto mas também às grandes manifestações dos regimes nacionalistas. Foi assim construído à Grega"O Estádio grego é aberto [...]. Assim os jogos e concursos realizam-se, tendo como fundo a paisagem. Para Caldeira Cabral "As construções não devem ser colocadas numa baixa mas sim num ponto donde se domine a paisagem. Assim o edifício fica livre e para quem o vê adoçado a uma encosta ou coroando um cabeço, forma um conjunto harmónico com a natureza" e "Não desejamos apenas integrar o estádio na paisagem afastada mas ligando-o aos montes e árvores mais próximas conseguimos alargar-lhe o âmbito estreitando o seu contacto com a natureza. Criamos assim um recinto natural, formado pelas encostas e que nos permite apreciar verdadeiramente a grandeza do vale." E ainda "Podemos apontar como principais características do Estádio de Lisboa as seguintes: 1 - È o primeiro grande estádio moderno situado em plena natureza e que se abre sobre uma paisagem grandiosa. " 2 - Pela primeira vez nos tempos modernos se constrói segundo a concepção grega isto é edificação integrada na paisagem e tudo em pedra. 3 - È o primeiro grande estádio completamente construído em escavação numa depressão natural do terreno. 4 - Diremos ainda que é o único estádio moderno na Europa que só tem lugares sentados (ANDRESEN; Teresa, 2003).
Número IPA Antigo: PT031110080020
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Desportivo  Campo de jogos  Estádio  

Descrição

De planta em U, aberto sobre o Vale do Jamor, o edifício organiza-se em 23 sectores definidos por escadas radiais, reconhecendo-se a eixo da alameda de acesso, o denominado pórtico de honra ou tribuna presidencial, corpo de planta rectangular, coberto em terraço suportado por pilares e lateralmente plolongado por 2 braços rectos (colunatas). No centro, reconhece-se o campo de jogos relvado (com 70 m x 110 m), rodeado pela pista de corrida, separada das bancadas por um fosso. Os passeios estreitos entre as bancadas são de calçada à portuguesa e os passeios principais de lagedo.

Acessos

Praça da Maratona. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,709052; long.: -9,260924

Protecção

Em vias de classificação

Enquadramento

Rural, destacado, isolado por parque, situada na encosta orientada a O., no ponto de inflexão do vale.

Descrição Complementar

Os 23 sectores mencionados possuem capacidade de 50.000 espectadores. O acesso é assegurado por 2 escadarias exteriores.

Utilização Inicial

Desportiva: estádio

Utilização Actual

Desportiva: estádio

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Konrad Wiesner; Miguel Simões Jacobetty Rosa (1901 - 1970). ARQUITECTO PAISAGISTA: Francisco Caldeira Cabral. MARCENEIROS: Belmiro de Oliveira Carvalho (Fábrica da Granja) (1950-1951)

Cronologia

1933 - decisão da edificação de um Estádio Nacional, junto à ribeira do Jamor; 1936, 28 Maio - Oliveira Salazar promete num discurso aos desportistas da capital, reunidos no Terreiro do Paço, em Lisboa, um Estádio; 1934, 1 Março - data da publicação por portaria do concurso para a elaboração do Estádio Nacional; 1937, Setembro - Caldeira Cabral é abordado por carta por José Belard da Fonseca, Engenheiro e professor do Instituto Superior Técnico, e director da Sociedade de Empreitadas e Trabalhos Hidráulicos, LDª (SETH) solicitando a sua colaboração no projecto do Estádio nacional; 1938, 16 Março - " Memória Descritiva e Justificativa do Projecto do Novo Estádio de Lisboa"; 1938 Setembro - adjudicação do projecto do Estádio; 1938, 1ª Quinzena de Outubro - Prazo de entrega do anteprojecto. A entrega do projecto definitivo foi 1 mês e meio após a data de aprovação do anteprojecto; 1938 e 1939 - elaboração do Projecto de Execução do Estádio, 1939 - Execução das obras; 1939, Abril - projecto dos engenheiros civis Júlio Marques e António Brito que assenta num rebaixamento da cota do estádio assegurando "por um lado, uma implantação dos degraus com largura e alturas constantes mas variando o gradiente da altura e, por outro, um posicionamento adequado das alvenarias ao terreno, o que favorecia o esquema de cargas actuantes" ; 1939, 11 Agosto - os viveiros Spaeth enviam uma carta à Comissão Administrativa das obras do Estádio que nos informa do andamento das operações com vista á inauguração do Estádio; 1940, 14 Setembro - o jornal "O século" trás na 1ª página uma foto com o estádio em fase de acabamento de obra embora sem a tribuna de honra, cujas obras se deviam iniciar na semana seguinte, onde noticia a sua inauguração para Maio do ano seguinte; Inícios da década de 40 - Jacobetty Rosa concretiza a tribuna presidencial do Estádio; 1940 - ano das Celebrações dos Centenários: 800 anos de nacionalidade e 300 de independência, previsto para a inauguração do Estádio; 1944, 10 Junho - inauguração do Estádio Nacional; 1948, 30 de Junho - foi extinta a Comissão Administrativa do Estádio Nacional; c. 1950 - foi construído o edifício do Instituto Nacional de Educação Física (Estrada Nacional, Cruz Quebrada), o qual foi equipado e mobilado pela Comissão para a Aquisição de Mobiliário; 1950-1951 - a Comissão para a Aquisição de Mobiliário trata do fornecimento do mobiliário e diverso equipamento para as instalações do Instituto Nacional de Educação Física, sendo parte da empreitada (mobiliário de madeira) feita pela firma Belmiro de Oliveira Carvalho (Fábrica da Granja); 1989 - projecto para a nave desportiva do Estádio Nacional (ANDRESEN, Teresa, 2003); 2020, 23 abril - publicação da revogação parcial do ato de abertura do procedimento de classificação do "Estádio Nacional: Estádio de Honra, court de ténis central, edifícios anexos e mata, integrados no Centro Desportivo Nacional do Jamor", em Anúncio n.º 98/2020, DR, 2.ª série, n.º 80; por efeito dessa revogação parcial, deixa de vigorar a zona especial de proteção provisória, passando o bem a dispor de uma zona geral de proteção.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma

Materiais

Betão armado e moldado, cimento, cantaria de calcário, de lioz e mármore, ferro forjado e fundido

Bibliografia

Revista Municipal, Lisboa, Nº Especial, Janeiro 1944; Estádio Nacional, Lisboa, 1944; BARATA, Clara, Falta de Funcionários e Burocracia Encerram Estádio Nacional. Bodas de Ouro em Decadência, in Público, 04.08.93; PAIXÃO, Guilherme, Ministro da Educação Visitou o Estádio Nacional e Anunciou Projectos Imediatos e a Longo Prazo. Medidas de Emergência Para Travar Degradação, in Público, 19.08.93; MOREIRA, Maria Assunção Júdice, (dir. de), Evocar Duarte Pacheco no Cinquentenário da Sua Morte: 1943 - 1993, Lisboa, 1993; ANDRESEN, Teresa, Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian, Francisco Caldeira Cabral e a Primeira Geração de Arquitectos Paisagistas (1940 - 1970), Lisboa, 2003; ANDRESEN, Teresa, Francisco Caldeira Cabral, Reino Unido 2001; 15 Anos de Obras Públicas (1931-1947), Lisboa, M.O.P, 1º volume Livro de Ouro, 2ª volume, p.130, 1949

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; Arquivo Pessoal Francisco Caldeira Cabral

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/CAM: 0025/7 e 9, 0214/4; Arquivo Pessoal Francisco Caldeira Cabral

Intervenção Realizada

Observações

*1 - No concurso participaram os arquitectos Carlos Ramos (1897 - 1969) em colaboração com o holandês Jan Wils (1891 - 1972) autor do Estádio Olímpico de Amesterdão, e Cristino da Silva (1896 - 1976), com a colaboração de Constantino Constantini, autor do Fórum Mussolini de Roma. Estes intervenientes, segundo indicações expressas da Comissão Administrativa do Estádio Nacional, de acordo com o programa do Concurso, acabaram por elaborar, se comum acordo um esbocêto conjunto de um Plano Geral à escala 1/4000 resultando uma nova distribuição geral, aproveitando-se o melhor dos dois partidos, obtendo-se uma unidade lógica, harmónica e maior economia. Baseado neste esbocêto o arquitecto Jorge Segurado vem a elaborar a proposta da conciliação, uma versão definitiva do Plano Geral numa escala mais pormenorizada. Este foi o Plano Geral entregue a Caldeira Cabral, quando pela primeira vez se deslocou ao local, a par de uma cópia das sondagens. Baseado nestes documentos nas suas impressões recolhidas na sua visita, Caldeira Cabral elabora um parecer, começando por tecer considerações de terreno, baseadas no relevo, ventos e solo e só depois sobre o projecto, expondo a sua ideia para o Estádio demarcando-se logo de início da proposta existente (ANDRESEN, Teresa, 2003); Caldeira Cabral, ainda estudante de Arquitectura Paisagista na Alemanha, solicitou a colaboração do seu professor Wiepking, que já tinha trabalhado no Estádio de Berlim com o arquitecto Werner March. Começou então a trabalhar activamente no anteprojecto com o arquitecto assistente de Wiepking, Konrad Wiesner que se encontrava na altura a trabalhar no Estádio de Nuremberga (ANDRESEN, Teresa, 2003).

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1996 / Teresa Camara 2004

Actualização

Margarida Elias (Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design (CIAUD-FA/UTL)) 2011
 
 
 
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