Igreja Paroquial da Póvoa de Atalaia / Igreja de Santo Estêvão

IPA.00000602
Portugal, Castelo Branco, Fundão, União das freguesias de Póvoa de Atalaia e Atalaia do Campo
 
Igreja paroquial de fundação medieval, de que não restam quaisquer vestígios, remodelada no séc. 16, altura em que terá sido efetuado o campanário, que persiste junto à fachada principal e que nos demonstra, apoiado pelo tombo, que a igreja foi invertida com a reconstrução do séc. 19, que se prolongou no tempo e que não terá posto em prática todo o projeto inicial. O crescimento da população local, levou a uma ampliação da igreja, levada a cabo na década de 70 do séc. 20, com a demolição da nave, apeamento dos retábulos colaterais de talha tardo-barroca e do púlpito, e construção de um novo corpo e anexos. É de planta poligonal irregular, composta por nave, capela-mor e sacristia, adossada ao lado esquerdo, com batistério e anexo no lado direito, estes de construção mais recente. O templo tem coberturas interiores diferenciadas de madeira em masseira na nave e em falsa abóbada de berço de madeira na capela-mor, iluminada uniformemente por janelas longilíneas, rasgadas nas fachadas laterais da nave, e unilateralmente na capela-mor. Fachada principal rematada em empena, com os vãos rasgados em eixo, composto pelo portal seiscentista, de verga reta e remates em frisos e cornijas, e por janelão. As fachadas apresentam cunhais apilastrados firmados por pináculos e rematam em frisos e cornijas de cantaria, a lateral esquerda com porta travessa. Interior com coro-alto e batistério no lado da Epístola. O arco triunfal, antecedido por pequeno presbitério, onde surge o ambão de talha, é de volta perfeita, assente em pilastras. O retábulo-mor é de talha dourada, do estilo barroco nacional.
Número IPA Antigo: PT020504220006
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta poligonal irregular, composta por nave, capela-mor, batistério adossado ao lado direito e sacristia e campanário adossados ao lado esquerdo, de volumes articulados, com cobertura homogénea em telhado de duas águas, rematadas em beiradas simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, exceto a do batistério, em cantaria de granito aparente, percorridas por socos de cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados, firmados por pináculos e rematadas em frisos e cornijas de cantaria, exceto no corpo do lado esquerdo, com vigota de betão. Fachada principal virada a oriente, rematada em empena com cruz latina no vértice. É rasgada por portal de verga reta e moldura simples, encimada por frisos e cornija, sobre o qual surge janelão retilíneo e com moldura simples. Fachada lateral esquerda rasgada por porta travessa de verga reta e, nos extremos, a nave forma uma reentrância, onde se rasgam janelas longilíneas. Tem adossado o corpo da sacristia com janela e porta de verga reta na face virada a oriente. A fachada lateral direita tem, no corpo da nave, saliências, onde se rasgam janelas semelhantes às do lado oposto, sendo marcado pelo corpo do batistério; no corpo da capela-mor, janela retilíneas. Fachada posterior rematada em empena, claramente alteada relativamente ao nível primitivo, tendo, adossado campanário em cantaria de granito aparente, rematado em empena com enorme cruz latina no vértice, de dois registos, o inferior cego e com escadas na face posterior, e com duas sineiras de volta perfeita. INTERIOR rebocado e pintado de branco, tendo, na nave, cobertura de madeira em masseira, reforçada por tirantes metálicos, e pavimento em tijoleira, com corredores em lajeado de granito. Coro-alto em betão, sobre duas colunas, e guarda de madeira balaustrada, com acesso por escadas no lado da Epístola. O portal axial está protegido por guarda-vento de madeira, ladeado por pias de água benta, em cantaria de granito e embutidas no muro. No lado da Epístola, batistério com pia em cantaria de granito, composta por coluna e taça troncocónica invertida, ornada por gomos e bordo boleado. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas e com fecho volutado, ladeado por mísulas com imaginária. É antecedido por pequeno presbitério, elevado por um degrau e onde se ergue o ambão, em talha dourada, ornado por frisos e apainelado de acantos, envolvidos por anjos de vulto e aves. Capela-mor com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira pintada de azul e friso fitomórfico, e pavimento em lajeado de granito. Ao centro, mesa de altar em cantaria de granito composta por dois pilares e tampo simples. Sobre supedâneo de um degrau, o retábulo-mor de talha dourada, de corpo côncavo e um eixo definido por quatro colunas torsas e duas pilastras de fustes ornados por acantos, assentes em consolas, e que prolongam em três arquivoltas, duas delas torsas e unidas por aduelas no sentido do raio, decoradas por folhagem, volutas e putti encarnados. Ao centro, tribuna em arco de volta perfeita, assente em pilastras decoradas por folhas de acanto, coberta com abóbada de concha com os gomos decorados por folhagens enroladas, integrando trono expositivo de quatro degraus. Altar paralelepipédico, decorado com motivos vegetalistas, concheados e ornatos curvilíneos, sobre o qual surge o sacrário embutido, ornado por volutas e com a porta decorada por motivos eucarísticos. No lado do Evangelho, porta de acesso à sacristia com lavabo em cantaria de granito, composto por espaldar rematado por cornija, tendo vão para o reservatório e bica, que verte para taça retilínea e de bordo saliente.

Acessos

Largo da Igreja; Largo do Adro, Rua da Igreja; Avenida 1.º de Maio

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 42 692, DG n.º 276 de 30 novembro 1959 (retábulo-mor)

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado em zona em declive, sobre plataforma artificial, com pequeno declive, formando um adro sustentado por muro em cantaria de granito, encimado por guarda metálica, criando um adro. Este está pavimentado a calçada, pontuado por árvores, bancos de jardim, floreiras. Tem acesso por escadas frontais e por pequeno acesso junto à fachada posterior. Encontra-se rodeada por vias públicas, conformadas por casas de habitação unifamiliares, uma delas integrando um café.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda - Arciprestado de Alpedrinha)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

FUNDIDOR: Fábrica de Sinos de Rio Tinto (1979).

Cronologia

Séc. 15 - primeira referência à igreja; 1537 - na visitação à Igreja de Póvoa de Atalaia, Frei António de Lisboa regista que a capela da Orca pertence a Póvoa de Atalaia cujo pároco arrecada, para além dos 5$000 do pé de altar, cerca de 100$000 em 6 a 8 meses, dádivas deixadas pelos romeiros que frequentam o local; a igreja da Póvoa, com a renda de 60$000, está anexa à de Castelo Novo, juntamente com as de Alpedrinha e Fatela, as quais pagavam anualmente ao bispo um total de $880; o capelão é Martim Fernandes, há mais de vinte anos, e habita em Castelo Novo, tendo 20 alqueires de trigo, o pé de altar, zelando por 300 almas e 110 fregueses; a igreja tem um campanário com dois sinos junto à porta principal, sendo protegido por alpendre em madeira de castanho; na nave existem dois retábulos colaterais dedicados a Nossa Senhora (esquerda) e São Sebastião (direita), possuindo, ainda, as imagens de Santa Ana, Santo António e Santa Catarina, esculturas pequena e velhas; a nave tem forro de castanho e, à esquerda do portal axial, surge uma pia batismal em pedra, sobre três degraus e, no meio da nave, pia de água benta; capela-mor madeirada a castanho, com 4 varas de comprimento e 4 varas e um palmo de largura, tendo, sobre dois degraus, o altar-mor forrado a azulejos, com a medida de 2x1x1 varas, sobre o qual surge um retábulo com as mesmas dimensões, que parece ataúde, com a escultura do padroeiro e encimado por cortinas de linho branco; o arco triunfal, de pedra e com vestígios de grades, encontra-se totalmente revestido a pintura mural, "com images deste mundo porque son taes que nom tem semelhanças das de que devemos teer lembrança" e, sobre ele, um Calvário, com São João e Nossa Senhora, que parece muito arcaico; tem cruz de prata, que importara ao Concelho 15$000, um cálice de prata, duas galhetas de estanho, duas vestimentas, um lambel grande, dois frontais pequenos, um "frontal de arvoredo" e toalhas flamengas; séc. 17 - séc. 18 - execução do retábulo; 1708 - segundo o Padre Carvalho da Costa, a vila tem 100 vizinhos e é uma paróquia, curato anual, apresentado pela Condessa de Atouguia, comendador das vilas de Alpedrinha e suas anexas e de Castelo Novo; 1758, 07 março - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Pedro Antunes Caldeira, surge referida a igreja como sendo do orago de Santo Estêvão, localizada fora da povoação; tem retábulo-mor com Santo Estêvão e São Jacinto, e os colaterais, dedicados às Almas (Evangelho), com irmandade, e a Nossa Senhora (Epístola); o pároco é cura de apresentação anual pelo comendador de Nossa Senhora da Graça de Castelo Novo, o Conde de Povolide, com o rendimento de 50 alqueires de centeio, 50 de trigo, 8$000, uma arroba de cera, um arrátel de incenso e 37 almudes de vinho; a Capela do Santíssimo é dos fregueses e tem confraria; 1792 - a população de Póvoa da Atalaia pede à rainha D. Maria I a cedência dos sobejos do depósito das sisas para a reconstrução da igreja, aproveitando o material da antiga, o campanário, conforme apontamento do pedreiro Alexandre Domingues, que executaria a obra por 860$600 e do carpinteiro Manuel de Almeida, com orçamento de 350$000; 1794, 26 maio - despacho favorável do Provedor da Comarca a este pedido; 1798, 12 dezembro - a Coroa manda pedir novos mapas orçamentais das obras necessárias à igreja; 1802, 25 novembro - envio de um projeto novo, prevendo a demolição do campanário e a construção de uma torre sineira, a feitura de quatro retábulos e púlpitos, conforme projeto do pedreiro Domingos Gonçalves e do carpinteiro Luís José da Costa; 29 dezembro - o Provedor da Comarca dá parecer positivo a este projeto; 1802 - a paróquia constitui um curato da apresentação dos Condes de Atouguia; 1803, 19 fevereiro - a Coroa autoriza a construção; 1830 - terminam as obras, resultantes de uma simplificação do projeto aprovado; 1911, 10 agosto - referenciada no Arrolamento e inventário dos bens a que se refere o art.º 62 da Lei da Separação da Igreja do Estado; 1915 - colocação do retábulo-mor, proveniente do Convento de Santo António de Castelo Branco (v. IPA.00010908), adquirido por 42 libras; 1959, 05 fevereiro - organização do processo de classificação da igreja, considerando o valor do retábulo-mor, pedindo-se a categoria de Imóvel de Interesse Público; 1963 - sai um artigo no jornal Diário Popular sobre o mau estado das coberturas da igreja, chovendo no seu interior; 1967, 28 março - a Comissão Fabriqueira solicita autorização para levar a cabo as obras de demolição da igreja e anexos, importando em 110 mil escudos, a que se sucederia a ampliação do templo, correspondendo às necessidades da paróquia; 26 abril - o arquiteto Madeira Portugal desloca-se ao local e estima que é urgente a demolição da cobertura existente, a cintagem em betão e armação em pré-esfoçado com cobertura em telha e forro em madeira de tola, num valor de 217.200$00; 05 junho - o diretor-geral pede que se aguarde a decisão da Junta Nacional de Educação sobre o pedido de demolição da nave; 1967, 04 outubro - o diretor dos Serviços dos Monumentos Nacionais refere que existem duas hipóteses de intervenção, que passará pela construção de um novo templo para enquadrar o retábulo ou transferir o altar para um museu, permitindo à Comissão Fabriqueira levar a cabo as demolições pretendidas; 1971, 30 junho - o diretor da Direção dos Monumentos do Centro pedem ao Serviço dos Monumentos Nacionais uma decisão sobre o que se fará no imóvel; 19 agosto - decide-se que o culto da paroquial transite para a capela do extremo da povoação e, após a reprovação do projeto de demolição do templo pela Junta Nacional de Educação, decide-se ser necessário fazer um projeto de ampliação da nave; novembro - feitura de um projeto de ampliação do templo pela Direção dos Serviços do Centro; 29 dezembro - carta do Padre Américo da Encarnação Vaz refere que a paróquia poderá contribuir com cerca de 200.000$00 para a obra; refere que a ampliação projetada parece insuficiente para as necessidade de culto; 1972, 14 janeiro - apresentação de duas hipóteses de ampliação do templo, um com o prolongamento da nave em comprimento (solução A) e prolongar e alargar a nave (solução B), sendo esta última a mais funcional; 01 fevereiro - o pároco manifesta a concordância com a hipótese B, aprovada pela população e pelo bispo; 03 maio - são efetuadas as medições para a demolição da nave, mantendo-se a capela-mor e a sacristia e a sua reconstrução "a fundamentis"; remoção dos retábulos colaterais e púlpito; 1973, 19 abril - a Comissão Fabriqueira refere que o templo está quase a colapsar; 30 novembro - o diretor geral da DGEMN concede uma comparticipação de 50% da obra de reconstrução, a orçamentar durante o ano de 1974; 1975, 06 junho - a Comissão Fabriqueira refere que as obras estão a terminar, mas não existe verba para o arranjo do retábulo-mor, pelo que pede à DGEMN que se encarregue do assunto; 1979 - feitura dos sinos na Fábrica de Sinos de Rio Tinto, de A.M. da Costa.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes; sistema estrutural de paredes autónomas.

Materiais

Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; modinaturas, cruzes, sineira, frisos, cornijas, pináculos, pias de água benta, arco triunfal, pia batismal, mesa de altar, degraus e pavimento da capela-mor em cantaria de granito; coro-alto em vigas de betão e guarda de madeira; coberturas, portas, guarda vento e mobiliário de madeira; retábulo e ambão de talha dourada; pavimento da nave em tijoleira; janelas com vidro simples; coberturas exteriores em telha cerâmica.

Bibliografia

COSTA, António Carvalho da - Corographia Portugueza. Lisboa: Officina de Valentim da Costa Deslandes, 1708, vol. II; SILVA, Joaquim Candeias da - Concelho do Fundão - História e Arte. Fundão: Câmara Municipal do Fundão, 2002, vol. I; HORMIGO, José Joaquim M. - Visitações da Ordem de Cristo em 1505 e 1537. Amadora: Edição do Autor, 1981; SILVA, Joaquim Candeias da - «A Ermida de Nossa Senhora da Oliveira da Orca - apontamentos para a sua História» in Separata da Revista Estudos de Castelo Branco. Castelo Branco, julho 2004, n.º 3.

Documentação Gráfica

DGPC: PT DGEMN:DREMCentro/DM

Documentação Fotográfica

DGPC: PT DGEMN:DSID, PT DGEMN:DREMCentro/DM, SIPA; Diocese da Guarda: Departamento do Património Cultural

Documentação Administrativa

DGPC: PT DGEMN:DSID-001/005-0448/1, PT DGEMN:DSID-001/005-0448/3, PT DGEMN:DSARH-010/106-0020

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1977 / 1978 - restauro do retábulo-mor.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2017 (no âmbito da parceria DGPC / Diocese da Guarda)

Actualização

 
 
 
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