Núcleo urbano da vila da Nazaré

IPA.00005960
Portugal, Leiria, Nazaré, Nazaré
 
Núcleo urbano sede municipal. Vila implantada em costa marítima. Povoação medieval (Pederneira) de jurisdição de ordem monástica (ordem de Cister). Vila contemporânea (Praia) de origem piscatória, função à qual se associa a vilegiatura no séc. 20.
Número IPA Antigo: PT031011020012
 
Registo visualizado 1079 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Vila  Vila moderna  Vila moderna  

Descrição

Acessos

EN242; EN8-4

Protecção

Inclui Pelourinho da Pederneira (v. PT031011020001) / Igreja da Misericórdia da Pederneira (v. PT031011020004) / Santuário de Nossa Senhora da Nazaré (v. PT031011020005) / Ermida da Memória (v. PT031011020011)

Enquadramento

Situado na unidade de paisagem do Oeste (v. PT031006020061).

Descrição Complementar

Conjunto urbano composto por três núcleos distintos, adaptados às características topográficas do local. A Pederneira estende-se de N. a S., com as principais vias paralelas à costa, entre a antiga estrada real e a escarpa sobre a Praia (Rua Nova, Rua da Fonte, Rua Abel e Silva e Rua do Mirante); desenvolvimento urbanístico determinado pelos 2 pólos catalizadores da Praça Bastião Fernandes (com as Casas da Câmara a E. e a fachada lateral da matriz, a S.) e do Largo da Misericórdia (enquadrado pela igreja e hospital da Misericórdia, a S. e outrora dominado pelas casas do Mosteiro de Alcobaça, a E.), unidos pela rua principal da vila, Abel da Silva. O Sítio desenvolveu-se em redor do Largo de Nossa Senhora da Nazaré, na ponta do promontório, dominado pela igreja de Nossa Senhora da Nazaré e pelo edifício dos Paços, no qual convergem as ruas principais da vila (a Rua 28 de Maio e a Rua D. Fuas Roupinho). A Praia obedece a uma ordenação urbanística ortogonal, com as ruas estreitas e paralelas alinhando-se perpendicularmente à linha da costa, cortadas na perpendicular por 3 ruas principais (Rua de Sub-vila, Travessa do Açougue e troço E. da Rua Mouzinho de Albuquerque). A Avenida Vieira Guimarães, principal eixo viário, define do lado S. a orientação paralela das ruas, que entroncam a O. na Avenida da República; do lado N. esse eixo é definido pela Praça Sousa Oliveira e pelas ruas que dela irradiam: Rua. Dr. Rui Rosa e Rua Mouzinho de Albuquerque (troço N.).

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Não aplicável

Afectação

Não aplicável

Época Construção

Séc. 16 / 18 /20

Arquitecto / Construtor / Autor

Não aplicável

Cronologia

Séc. 12 - já existia a vila da Pederneira; séc. 14 - época provável da construção da capela da Memória; séc. 15 - o Sítio não é cultivável à volta do Santuário, hospedando-se os peregrinos na Pederneira; séc. 15, final / séc. 16, início - fundação da Pederneira, vila do couto de Alcobaça, pelos habitantes de Paredes que procuravam um local após o assoreamento que inutilizou o seu porto; séc. 16 - o Sítio é um local ermo, constituído pelos locais de culto mariano, casas do ermitão e os terrenos incultos o redor do Santuário; séc. 16, início - a praia, ou Ribeira da Pederneira, devia ainda estar ocupada pelas águas do oceano; só com o progressivo assoreamento da costa, a praia fica disponível; séc. 16, finais - até esta data não existem habitações de apoio ao santuário; o assoreamento do estreito da Barca impede definitivamente a passagem de navios de grande porte para o interior da Lagoa da Pederneira, ao mesmo tempo que fomenta a formação de baixios e montes de areia entre esse estreito e a ligação ao mar, mais salientes durante a maré baixa, no Vale da Perigosa e na Algerifeira; 1593 - a partir desta data, a população deposita na praia as suas grandes embarcações, que então já não podem procurar refúgio no porto interior da lagoa da Pederneira; 1600 - o Sítio está desabitado ou pouco povoado e existe a Comenda na Abadia; 1608, antes - realização de primeiro grande arroteamento do matagal das cercanias do Santuário; 1608 - a povoação só viria a desenvolver-se graças ao esforço inicial do Padre Manuel de Brito Elão, administrador nomeado nesse ano, e da confraria, e graças ao apoio dos Filipes, o que obriga os moradores a reconhecerem por sua senhoria, a casa da Senhora da Nazaré e não o Mosteiro; séc. 17, antes - segundo Padre Manuel de Brito Alão, o Sítio é rodeado de "mattas, & brenhas intrataueis, & não vistas"; séc. 17 - ao que parece, só nesta altura o Sítio tem condições de alojar os visitantes do santuário; 1616 - a partir do Regimento da casa da confraria, seria fomentado o povoamento do Sítio; D. Filipe II ordena que o provedor da comarca assinale com "marcos altos", o território da Senhora, autorizando que a Casa o administrasse em seu nome; concede ainda à instituição a prerrogativa de aforar nesse espaço "chãos para vinhas, e outras benfeitorias", tal como dar "chãos para cazas aos que os pedirem, com foro acomodado, como athe ora se faz para que com mais povoação e vizinhança se ennobreça" o Sítio; como única condição estipula apenas que as habitações não se encostassem aos muros e cerca do templo da Senhora; 1628 - o Sítio, rodeado de mar, areias, pinhal e de alguns terrenos de cultivo, é apenas um pequeno aglomerado, com "sete cazais com suas famílias, hum ferreiro, hum tendeiro, & os mais vendeiros" que dam de comer e agasalham os romeiros; 1648 - fora do pátio a povoação tem já um conjunto assinalável de casas, pertencentes a cerca de 14 agregados familiares; séc. 17, 2.ª metade - crescimento da comunidade envolvente do santuário; 1694 - estabelecimento de açougue no Sítio, que é já "quase tamanho ou maior do que a villa da Pederneira"; séc. 18 - a povoação do Sítio cresce cada vez mais para N., levando ao arroteamento da Coutada da Légua; este crescimento descontrolado coloca em risco a povoação, visto que a redução de espaços verdes provoca o avanço das areias sobre o Sítio; 1740, década - para tentar resolver o problema do assoreamento, é construída uma muralha de proteção; 1744 - criação da parte N. do Santuário de "huma rua de logeas de taboado, cobertas"; 1750- conclusão da construção de muralha para tentar deter o avanço das areias sobre o Santuário (12 mil cruzados); 1751 - a confraria manda vir de Peniche o vedor Manuel Francisco Artilheiro para sondar e opinar sobre o local onde se encontrar água no Sítio, devido à sua falta; início dos trabalhos e escavação e abertura de valas, fazendo-se de novo a Fonte Nova, onde se gastou muito dinheiro, perfurando a couraça para colocar a dita fonte dentro da muralha; dirigiu os trabalhos o mestre António Alves; 1752, 28 abril - início dos trabalhos de construção da fonte nova; 1755, 04 setembro - provisão régia autorizando haver no Sítio açougue; 01 novembro - o terramoto foi bastante forte no Sítio da Nazaré, causando o pânico entre a população, que "attonitos, e atemorizados (...) fugirão de suas casas, e por muitos tempos estiverão abarracados no terreiro, e campos vizinhos"; 1759 - volta-se a fazer grandes obras na fonte Nova e faz-se o poço (Poção) pegado à mesma, tendo-se intimidado mais de 1000 pessoas para ali irem trabalhar; execução do do muro do Penedo do Cavaleiro; 1760 - só havia na Praia 15 casas e no Sítio havia 30, sendo as mais antigas o palácio ou paços; 1762 - o Sítio aglomera-se em torno das suas principais artérias de comunicação e do terreiro; a estrada principal estende-se desde a Buzina até às casas de José Lourenço, rodeada de mais de 37 moradias e propriedades, de um lado e de outro da via; aí se localizam estrebarias, casas de pescadores, barbearias, oficinas de ourives e até casas "que costumão servir de taverna"; paralela a esta, há a rua da fonte, em direcção ao terreiro, onde existem as casas do cirurgião João José de Magalhães e do boticário Manuel de Almeida; a Rua de João de Castro canaliza também a sua saída para o rossio ou terreiro; nesta existem estrebarias, oficinas de sapateiros, moradias de pescadores e várias lojas particulares; em torno do terreiro, localizam-se três grandes conjuntos habitacionais: um na área virada a N., outro a O., para a parte da muralha e do açougue, e o terceiro para E.; neste último situam-se importantes lojas, entre as quais a do boticário José da Silva e, pelo menos, uma habitação de dois andares, propriedade de José Duarte Ferreira Barbuda, mordomo da confraria; há ainda o Suberco, na direcção da praia, com casas térreas e dispensas; por último, para a parte N. do Sítio, a Rua da Estopa, com algumas estrebarias e casa de negócio; 1770 - afixação de azulejos com números, vindos das Caldas e lá feitos por Francisco José, em todas as propriedades do Sítio; 1789 - compra de um quintal murado com poço de água nativa, dentro do Sítio (o Poço da Cera) para benefício da Casa e principalmente de todo o povo do Sítio e sobretudo dos romeiros por haver necessidade de água, sobretudo no verão, por 70$000, a José Luís Carepa; 1808, 16 julho - levanta-se o povo do Sítio contra os franceses, que foram cercados no forte e havendo luta nas ruas; 1815 - durante a 2ª invasão francesa morreram no Sítio e Pederneira mais de 1000 pessoas; criação no Sítio de mercado, que prejudica o do Alcobaça; 1816 - feito o passeio com o nome de Mirante, onde iam os principais da terra passar às tardes; séc. 19 - aumento da população e desenvolvimento económico, relacionado com a atividade piscatória; pescadores de Ílhavo, Buarcos, Quiaios, Aveiro e Lavos deslocam-se para a Nazaré; 1818 - continuação da obra do passeio; 1825 - a pedido do Dr. Joaquim António de Sousa, começa a funcionar o correio, que vinha de Alcobaça para o Sítio duas vezes por semana; 1838 - execução de arranjos nas fontes Velha e Rio da Tapada; 1843 - segundo Salazar havia no Sítio 230 habitantes e 12 casas desabitadas; 1848, 17 agosto - início do funcionamento do mercado da Nazaré; 1850, cerca - primeiro desvio da foz do Alcoa, que vinha desaguar junto ao promontório; 1851, 15 junho - construção de um poço no Largo da Madeira (atual Praça Sousa Oliveira), para suprir a falta de água da população; 1855 - extinção do julgado judicial da Pederneira; 1861, 13 junho - inauguração da capela de Santo António da Nazaré; 1871 - abertura de uma escola criada pela Mesa da Real da Casa; 1874, setembro - grande incêndio quase destrói o Sítio; 1876, 21 outubro - decreto extingue a Misericórdia da Pederneira; 1897 - demarcação do terreno do Rio da Tapada para logradouro público; 1897 - demolição das dependências da Misericórdia da Pederneira; 1898, 3 junho - restauraçãodo concelho da Pederneira; 1889, 28 julho - benção e inauguração do ascensor, denominado de Nossa Senhora da Nazaré, em homenagem à Virgem protetora da vila, movido a vapor, e com projeto do engenheiro Raul Mesnier de Ponsard; 1891 - o Ministério das Obras Públicas, a pedido da Real Casa de Nossa Senhora da Nazaré, manda o arquiteto Francisco da Silva Castro executar um projeto para a construção da atual Praça de Touros com lotação para cerca de 5000 espetadores; 1897 - inauguração da nova praça de touros no Sítio, com capacidade para 4500 espetadores, sendo da responsabilidade da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré; 1901 - construção do paredão ao longo da praia; 1906 - resolve-se ceder para escola a casa de José António do Carmo; escola oficial só havia na Pederneira para rapazes e uma feminina sustentada pela Casa da Nazaré, no Sítio, dando casa e pagando à professora; representação ao Governo Civil pedindo escolas no Sítio para ambos os sexos; 1907 - 1908 - construção do atual Teatro Chaby Pinheiro, junto ao Santuário, com projeto de Ernesto Korrodi; 1907 - início das obras do edifício do posto de socorros a Naufragos da Nazaré; 1914 - aprovação da construção da estrada de acesso ao Sítio, e em 17 setembro estava pronto o primeiro troço; 1916 - construção do segundo lanço da estrada; 1937 - criação do Patronato com o auxílio de B. Bertha Lopes Monteiro, de Lisboa; 1939 - construção do padrão evocando a passagem de Vasco da Gama no Sítio; 1953 - obras e reabertura da casa dos pobres; arranjo das calçadas e dos candeeiros do pátio Salazar; 1968, 01 abril - data da reabertura do ascensor, com novas e melhores condições e características, após acidente 5 anos antes; 2001 / 2002 - remodelação profunda e modernização do ascesor e dos dois terminais; 2012, 5 novembro - arquivamento do porcesso de classificação com o fundamento do parecer "de que o conjunto não justifica uma classificação de âmbito nacional", Anúncio n.º 13653/2012, DR, 2.ª série, n.º 213.

Dados Técnicos

Não aplicável

Materiais

Não aplicável

Bibliografia

AAVV - Arte Sacra nos antigos Coutos de Alcobaça. Lisboa: Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico, 1995; ALÃO, Manoel de Brito - Antiguidade da Sagrada Imagem de Nossa Senhora da Nazaré. 2.ª edição. Lisboa: Edições Colibri; Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, [1628], 2001; ALÃO, Manuel de Brito, Antiguidade da Sagrada Imagem de NªSª da Nazareth, grandezas do seu sítio, casa e jurisdição real, sita junto à villa da Pederneira, Lisboa, 1628; COELHO, P.M. Laranjo, A Pederneira - apontamentos para a história dos seus monumentos, calafates e das suas construções navais nos sécs. XV a XVII; COSTA, Américo, Diccionário corographico de Portugal, vol. VIII, 1943; FIGUEIREDO, Frei Manuel de, Cód. 1479, BNL, 1780; GONÇALVES, Alda Machado, As armas do município da Nazaré (Subsídio para a sua história), in II Colóquio sobre a história de Leiria e da sua região, actas, vol. II, Câmara Municipal Leiria, 1995; MESQUITA, Marcelino, A Nazareth - Sítio e Praia, Lisboa, 1913; PENTEADO, Pedro Manuel - Santuário da Senhora da Nazaré. Apontamentos para uma cronologia (de 1750 aos nossos dias). Lisboa: Edições Colibri; Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, 2002; PEREIRA, Esteves, RODRIGUES, Guilherme, Portugal, Diccionário, vol. V, Lisboa, 1911; SILVA, Carlos Mendonça da (dir.), Roteiro cultural da região de Alcobaça, A oeste da serra dos Candeeiros, ADEPA, Câmara Municipal de Alcobaça, 2001

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DRML; GEAEM: [Carta topográfica da região costeira entre Peniche e Nazaré], s.a., post. 1804 (3302-1-7-11); DGOTDU: Arquivo Histórico (Anteplano de Urbanização da Nazaré - 1º Estudo - Estudo do Arranjo da Avenida da República e Praça Sousa Oliveira, Eng. Barata da Rocha, 1955; do Plano: Urbanização da Zona Nordeste da Nazaré , Eng. Barata da Rocha, 1959; Revisão do Anteplano de Urbanização da Zona Nordeste da Vila da Nazaré, GEFEL - Arq. Eduardo Medeiro, 1968; Nazaré - Expansão Sul - Alteração e Actualização do Anteplano, Arq. Luís Coelho Borges, 1962)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; DGEMN/DESA

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSARH (Anteplano de urbanização da Nazaré, DSARH-005-3745/03)

Intervenção Realizada

Observações

*1 - DOF: Conjunto monumental urbano e enquadramento paisagístico da Nazaré.

Autor e Data

Isabel Mendonça 1992 / Paula Noé 2014

Actualização

Anouk Costa 2011
 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login