Restaurante Tavares

IPA.00005956
Portugal, Lisboa, Lisboa, Misericórdia
 
Arquitectura comercial, ecléctica. Estabelecimento comercial.
Número IPA Antigo: PT031106150200
 
Registo visualizado 887 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Comercial  Estabelecimento de restauração  Restaurante  

Descrição

O estabelecimento, de planta rectangular, ocupa os 2 pisos inferiores de um prédio pombalino de rendimento. A fachada principal a E. apresenta, no piso térreo, 3 portas com emolduramento simples de cantaria, sendo a central de maior largura e dotada de verga em arco abatido. As duas da esquerda, envidraçadas, dão acesso ao interior do restaurante, enquanto a da direita conduz, por uma escada de lanço único recto, às salas do self service do 1º andar. A fachada deste piso apresenta 3 janelas de sacada em arco de asa de cesto, separadas por pilastras estriadas, as quais abrem para uma varanda de tripla curva com guarda de ferro forjado decorado com grinaldas de ferro fundido. A base da varanda ostenta, no lado inferior, decoração em estuque de motivos vegetalistas que se prolonga pelo muro do piso térreo, sobre as mencionadas portas e entre elas. Precede o 2º andar um friso contínuo de cantaria, imediatamente sob o qual se observa decoração em estuque, com festões e motivos florais. INTERIOR: constitui-se de um salão de planta rectangular, compartimentado em 3 sectores pelos pilares adossados às paredes laterais (superfícies espelhadas sobre lambris de madeira dourada) e pelas respectivas vigas, profusamente decoradas com estuque dourado, que se observa em todo o tecto. A uma 1ª zona de recepção, seguem-se os 2 sectores reservados à sala de jantar, ao fundo dos quais se encontra a porta de acesso à cozinha principal apoiada por outras mais pequenas, pastelaria e adega, situadas nas caves.

Acessos

Rua da Misericórdia, n.º 35 - 37; Rua das Gáveas, n.º 26 - 30

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Decreto nº 2/96, DR, 1.ª série, n.º 56 de 6 março 1996 / ZEP, Portaria n.º 398/2010, DR, 2.º série, n.º 112 de 11 junho 2010 *1 / Incluído na classificação do Bairro Alto (v. IPA.00005019), na Zona de Proteção do Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) e na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128)

Enquadramento

Urbano. Integrado num prédio pombalino de rendimento, constituinte de uma frente urbana homogénea que delimita a E. o Bairro Alto. Insere-se numa zona histórica central da cidade, marcada por espaços afectos desde o século 19 ao comércio e a actividades culturais, destacando-se entre estes, os teatros, os cafés e restaurantes, as livrarias e os hotéis. Pela proximidade registem-se: na mesma frente urbana, o edifício do jornal O Mundo (v. PT031106150592 ) e na frente oposta, o teatro da Trindade (v. PT031106270520).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Comercial: estabelecimento de restauração

Utilização Actual

Comercial: estabelecimento de restauração

Propriedade

Privada: sociedade

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

DECORADOR: Hermógenes Reis (1903).

Cronologia

1784 - instalação no edifício de um estabelecimento de café e bilhares: designado por O Talão, havia sido fundado em 1779 por Nicolau Massa, funcionando até então num outro local ; 1800 - o estabelecimento é adquirido por Bartolomeu Ansaldo; 1813 - conhece novo proprietário, passando para a exploração de José António Mateus; 1823 - depois de nos últimos três anos pertencer a Baltasar Afonso, é adquirido pelos irmãos Manuel e António Tavares, recebendo a designação de " Tavares "; 1828 - o estabelecimento encerra temporariamente, devido a conflitos entre Liberais e Miguelistas, reabrindo meses mais tarde; 1861 - Vicente Caldeira compra o estabelecimento e aí realiza importantes obras de redecoração sob projecto de Hermógenes dos Reis e transformando-o num restaurante de luxo; 1888 - falecimento de Vicente Caldeira e passagem do estabelecimento para a posse de seu filho Manuel Caldeira; 1901 - obras de ampliação do restaurante, com projecto de Joaquim Tojal: passa a contar com mais um piso, na parte voltada à Rua das Gáveas, com compartimentos destinados a gabinetes privados, copa e dispensa; 1903 - colocação de alpendre em ferro e vidro na fachada principal, desenhado por Hermógenes dos Reis; 1923 - morte de Manuel Caldeira que conservara a propriedade até esta data, na qual o restaurante passa para a posse de Miguel Miguez Vilan, que já detinha a gerência do estabelecimento e deu sociedade a seu filho José; 1933 - José Villan procedeu a obras de beneficiação; 1940 - encerramento do restaurante por falência; 1940, 8 de Outubro - leilão de todo o recheio do restaurante; 1941 - reabertura com inauguração festiva, sendo seu novo proprietário a Sociedade de Restaurantes Lda.; 1956 - obras de renovação interior; 1961 - é considerado estabelecimento de utilidade turística; Década de 70 - Fernando Lopes torna-se único proprietário; 1996, 13 maio - Declaração de retificação à designação constante no decreto de classificação, n.º 10-E/96, DR, 1.ª série-B, n.º 127; 1999, 15 Junho - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2003, Março - torna-se proprietário José Pereira dos Santos; 2004, 1 de Maio - inauguração, após obras de restauro.

Dados Técnicos

Estrutura mista com reforço de vigas de aço.

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque pintado, ferro forjado e fundido, bronze, vidro

Bibliografia

TINOP (Pinto de Carvalho), Os Cafés de Lisboa, in Serões, nº 52, Lisboa, Out. 1909; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, O Carmo e a Trindade, Vol. III, Lisboa, 1941, COSTA, Mário, O Chiado Pitoresco e Elegante, Lisboa, 1966; SANT'IRIA, André, Tavares Rico Templo de Gastronomia, in Selecções do Reader's Digest, Jun. 1987; SILVEIRA, Maria de Aires, Os Cafés e Botequins Lisboetas do Século XIX, in Revista Municipal, 2ª Série, nº 21, Lisboa, 3º Semestre 1987; TINOP (Pinto de Carvalho), Lisboa d' Outros Tempos, 2ª ed., Lisboa, 1991; DIAS, Marina Tavares, Lisboa Desaparecida, Vol. 4, Lisboa, 1994; FRANÇA, José-Augusto, (coord. de), A Sétima Colina. Roteiro Histórico-artístico, Lisboa, 1994; MEDEIROS, Carlos Laranjo, (coord. de), Lojas Antigas de Lisboa, Vol. II - O Chiado, o Carmo e a Trindade, Lisboa, 1994; http://arqpapel.fa.utl.pt/jumpbox/node/74?proj=Caf%C3%A9+Tavares, 14 Setembro 2011.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; CML: Arquivo de Obras, Proc. n.º 20.666

Intervenção Realizada

1901 - obras de ampliação para o 1.º piso, construção de 2 pequenas salas e vários gabinetes; 1916 - ampliação das instalações; 1920 - arranjo da fachada ao nível do 1.º piso; 1933 - obras de beneficiação; 1941 - reparações interiores; 1944 - pinturas; 1945 - limpeza de cantarias e polimento de mármores; 1956 - obras de redecoração; 1963 - alteração da compartimentação do 1.º piso; 1969 - obras de beneficiação geral; 1976 / 1977 - obras no 1.º piso; 1985 - obras gerais de beneficiação, introdução de ar condicionado, nova instalação eléctrica, restauro/substituição de um vidro espelhado partido, restauro dos estuques trabalhados; 1994 - obras coercivas da CML na fachada pela ocasião da "Lisboa 94"; 2003 - obras de conservação.

Observações

*1 - DOF: Restaurant Tavares, também denominado Salão de Chá-Restaurante Tavares ou Restaurante Tavares Rico; constitui uma Zona Especial de Proteção conjunta do Bairro Alto e Imóveis Classificados na sua Área Envolvente.

Autor e Data

Eva Antunes e Paula Noé 1987 / Paula Noé 1990 / Teresa Vale e Carlos Gomes 1995

Actualização

Marta Airoso 2001
 
 
 
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