Convento de Nossa Senhora da Conceição de Marvila / Igreja Paroquial de Marvila / Igreja de Santo Agostinho / Mansão de Santa Maria de Marvila

IPA.00005946
Portugal, Lisboa, Lisboa, Marvila
 
Arquitectura religiosa, barroca. Mosteiro feminino da Ordem de Santa Brígida, de planta composta pela zona monacal, em torno de um claustro rectangular, ao qual se justapõe, nos extremos do lado NO., 2 corpos também quadrilongos, um deles correspondente à igreja, que delimitam um pátio central. A igreja é filiável no programa decorativo das "igrejas de ouro", que resultam essencialmente da combinação do dourado da talha com o azul e branco dos azulejos figurativos e com as cores vermelhas e roxas sobressaindo das pinturas, mas onde a componente arquitectónica é pouco complexa, com nave única, capela-mor, coros sacristia anexa. Estas características repetem-se na igreja dos Cardais (v. PT031106220055) e na do Mosteiro de Santos-o-Novo (v. PT031106410143), sendo as três igrejas os principais exemplos da arquitectura religiosa desta época, evocando o chamado "estilo nacional", visível na decoração dos retábulos laterais, no mor e nos do coro-baixo. Também é visível no gosto pelos embutidos, presente no pavimento, paredes da capela-mor e banco do retábulo-mor. Existência de púlpito no lado do Evangelho, com acesso pela parede e com talha dourada do mesmo período, revelando uma forte unidade de estilo. Na zona monacal surge uma rede de corredores longitudinais desenvolvidos ao longos das alas, articulados com escadas nos extremos das mesmas, os quais permitem a circulação não só nos pisos mas também entre os pisos, com compartimentos desenvolvidos ao longo das fachadas principaos das alas e também do claustro. Edifício notável não só pela sua considerável dimensão, gosto pela simetria na zona conventual, apesar de algo adulterada pelas suas actuais funções, mas especialmente pela igreja, constituindo um notável exemplo de complementaridade das artes, com todo o espaço forrado a talha, do estilo nacional, com a persistência dos acantos enrolados, com telas pintadas, com a vida de Santa Brígida, Santo Agostinho e cenas Cristológicas ou Marianas, os embutidos de calcário e azulejos que, com cenas de género, nos mostram episódios alegóricos, mostrando o carácter diáfono do prazer, bem patente no coro-baixo, com cenas do Cântico dos Cânticos. Aliás, a azulejaria não se cinge ao interior da igreja, existindo uma gande diversidade tipológica, podendo observar-se azulejos monócromos de figura avulsa, padronados e de temática seriada com o tema das albarradas e das folhas de acanto, ao mesmo tempo que se observam painéis do período pombalino, e sobretudo pela abundância, que permitiu que os mesmos fossem aplicados no revestimento não só de zonas circulação e compartimentos mas também nos capialços das janelas, em muros exteriores e até mesmo em cornijas de emolduramento, com reaproveitamentos nos elementos de remate dos corpos que formam o pátio exterior. Os retábulos, especialmente os do coro-baixo e o mor sofreram reformas no séc. 18, com introdução de elementos joaninos, bem patentes nos nichos em arco de volta perfeita, flanqueados por estípides que terminam em elegantes cariátides, podendo ser do mesmo período o que resta do arcaz da sacristia, transformado em mesas dos altares do coro-baixo. O portal de acesso, apresenta, contudo, uma estrutura que manifesta a transição do período maneirista para o barroco, bem visível no remate, onde os pináculos típicos dos esquemas de Vignola se mantêm, ladeando uma tabela, que se encurva e remata nos célebres frontões semicirculares maneiristas.
Número IPA Antigo: PT031106210064
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  

Descrição

Planta rectangular composta por claustro quadrangular, ao qual se adossam duas alas, formando um U, dando origem a um pátio rectangular, fechado por muro e portão; a ala do lado Sudoeste corresponde à igreja e a oposta a uma das alas que forma o asilo, o qual é, ainda composto por cinco pavilhões, uma de maiores dimensões, rectangular e situado a N., surgindo dois rectangulares a Nordeste e outros dois a Sudoeste. A igreja articulava-se com o Convento, através dos coros, persistindo essa ligação no que concerne ao coro-alto. O PÁTIO é fechado, a NO., por muro de altura variável, adaptando-se ao declive do terreno, revestido a cantaria e encimado por grades de ferro pintadas de verde e com os extremos lanceolados; ao centro, rasga-se portal rectilíneo, flanqueado por dois pilares toscanos, assentes em altos plintos, rematados por candeeiros metálicos, sendo protegido por duas folhas metálicas. No interior do pátio, pavimentado a calçada á portuguesa, erguem-se algumas árvores, entre as quais uma palmeira e, ao centro, um chafariz do tipo centralizado, de tanque quadrangular e coluna central formando a bica. O conjunto possui fachadas rebocadas e pintadas de branco ou vermelho, rematadas por cornija e platibanda plena, no caso de se manter as originais, em betão e com guarda metálica nas novas alas e corpos. No lado direito do pátio, ergue-se a IGREJA, de planta longitudinal, composta por nave, capela-mor, a antiga sacristia adossada ao lado esquerdo, a actual capela mortuária, as dependências paroquiais na zona posterior, construídas no séc. 20, e os dois coros sobrepostos. A fachada principal, virada a E., abre para o pátio, rasgada por sete janelas rectilíneas, duas de menores dimensões, marcando o coro-baixo, e por portal com acesso por escadaria de cinco degraus, com corrimão adossado à fachada; é de verga recta e moldura almofadada, flanqueada por quatro pilastras toscanas, assentes em plintos paralelepipédicos, todos almofadados, encimadas por pináculos bojudos e gomeados, rematada por friso, ornado por padrão geométrico, e por cornija, que sustentam espaldar de perfil curvo, onde surgem as armas da Ordem e a inscrição "VENI CORONABERIS" (entra e serás coroado), sobrepujado por frontão semicircular, de tímpano concheado, encimado por dois pináculos que centram cruz latina; é protegido por porta de duas folhas de madeira almofadada e pintada de verde, com bandeira, formando dois almofadados. Fachada lateral esquerda adossada ao claustro, sendo a oposta, rectilínea, encimada por tabela rectangular horizontal, assente em duas mísulas, rematada por frontão triangular e com aletas volutadas. Na tabela, evolui um painel de azulejo, em monocromia, azul sobre fundo branco, com moldura recortada e flanqueado por quarteirões, contendo uma cena de género *1; no frontão, evolui uma albarrada, rodeada por festões de flores, surgindo, nas aletas, azulejo de padrão policromo, sobre faixa fitomórfica, em monocromia, azul sobre fundo branco. Adossado à fachada, um pequeno corpo, compondo a capela mortuária, com acesso por portal de verga recta e moldura recortada, encimado pelas armas do fundador. É prolongado por um muro, rasgado por amplo portão rectilíneo. INTERIOR com as paredes totalmente revestidas a azulejo e com dois andares de telas pintadas, envolvidas por molduras de talha dourada, com cobertura em falsa abóbada de berço, pintada com vários apainelados recortados, ornados por rosetões e elementos fitomórficos, possuindo, no central, a representação de "Nossa Senhora da Conceição" rodeada de anjos, acantos e festões de flores; o pavimento é em ladrilho cerâmico vermelho; a estrutura assenta em ampla cornija de cantaria e possui tirante metálico; sobre a cornija, na parede fundeira, uma luneta pintada, a representar uma "Lamentação de Cristo morto". Esta tem amplo vão de verga recta e moldura de cantaria, ladeado por duas portas, protegidas por folha de madeira almofadada e com respiradouros na zona superior, que correspondem aos confessionários das freiras, com pequeno postigo no lado oposto, rodeado por painéis de azulejo com anjos que sustentam grinaldas de flores, encimado pelo vão do coro-alto, com a mesma forma e tapado por portada de madeira, ornadas por arabescos, e vidro fosco; ambos se encontram rodeados por cinco telas pintadas, com molduras de talha, representando cenas da vida de Santa Brígida. O portal possui guarda-vento de madeira encerada, encimado por bandeira de vidro. No lado do Evangelho, com acesso pela parede, através de porta de verga recta, o púlpito, de perfil recortado, com bacia em cantaria de calcário, com mísula em talha dourada, ornada de acantos, e guarda plena, também em talha dourada, formando apainelados de acantos, colunas torsas e, na face frontal, um querubim, envolvido por cartela. Elevado por degraus de calcário vermelho e protegido por teia de madeira balaustrada, o presbitério, com pavimento embutidos de calcário de várias tonalidades (vermelho, negro e branco), formando quadrados que encerram uma flor de quatro pétalas. Neste, integram-se duas estruturas retabulares à face, dedicadas ao Sagrado Coração de Jesus (Evangelho) e a Nossa Senhora de Fátima (Epístola). Arco triunfal de volta perfeita em cantaria de calcário, com pormenores de calcário vermelho, com fecho saliente e assentes em plintos paralelepipédicos e pilastras toscanas, de fustes almofadados, possuindo um tirante metálico, dando acesso à capela-mor. Esta possui cobertura em falsa abóbada de berço, pintada com enorme painel recortado, ladeado por painéis de menores dimensões e rosetões, possuindo, ao centro, elementos fitomórficos entrelaçados e albarradas, que se repetem lateralmente; no lado da Epístola, é visível a pintura anterior, setecentista, que segue o mesmo esquema; pavimento em embutidos de calcário preto e branco, formando um enxaquetado. Sobre supedâneo de cinco degraus centrais, com as zonas laterais em embutidos de mármore e plintos galbados, ergue-se o retábulo-mor, de talha dourada, planta recta e três eixos definidos por quatro colunas torsas, ornadas por pâmpanos, que se prolongam em duas arquivoltas, dando origem a apainelados entrecortados por aduelas no sentido do raio, tendo no fecho um escudo, rodeado por anjos e pela imagem de Deus Pai. Ao centro, tribuna do tipo camarim, com luz proveniente do lado esquerdo, com o fundo apainelado e ornado por acantos, integrando trono expositivo de três degraus; esta é fechada por tela pintada, a representar uma alegoria à Eucaristia, sendo movível. Na base da tribuna, surge estrutura de talha tripartida, tendo, ao centro nicho trilobado, ladeado por dois nichos em arco de volta perfeita, assentes em pilastras toscanas, contendo peanhas com imaginária, ladeados por estípides, que terminam em cariátides; rematam em cornija e elementos recortados e vazados. Nos eixos laterais, apainelados de acantos, separados por querubins, possuindo, ao nível do banco, as figuras do Menino (Evangelho) e Cristo Redentor (Epístola). Sotobanco em embutidos de calcário, formando friso de rosetões, a banqueta com profusa decoração fitomórfica e o altar-mor com cinco apainelados, ornados por motivos geométricos; sobre este, o sacrário em forma de templete, com pilastras e remate em cornija; é ladeado por duas portas de verga recta e moldura em cantaria de calcário vermelho, de acesso à zona paroquial e à tribuna. Nas paredes laterais, sobre o supedâneo, dois painéis com embutidos de calcário, formando cartela, envolvido por acantos e animais fantásticos, o do Evangelho com inscrição e o da Epístola com as armas da benfeitora. CORO-BAIXO com paredes revestidas a azulejo figurativo e a talha, com cobertura em abóbada de lunetas, bastante abatida, ornada por grotesco, que centra um medalhão em quadrifólio com a representação de uma "Adoração da Eucaristia"; nos pendentes da abóbada, surge a representação, em "grisaille" de uma Fénix e de um pelicano a alimentar os filhos, ambos símbolos de Cristo, "um Agnus Dei" e SantoAgostinho com o favo de mel; pavimento em tijoleira vermelha, tendo duas sepulturas com lápides em calcário, pertencentes a D. Isabel Henriques e à filha, Soror Juliana Maria de Santo António. Na parede fundeira, totalmente revestida a talha dourada, surgem, a ladear uma porta central de verga recta, encimada pela pintura de uma "Sagrada Família", duas estruturas retabulares dedicadas, actualmente, ao Sagrado Coração de Jesus e ao Crucificado. O intradorso do vão de acesso acha-se revestido a talha dourada, com acantos, que enquadram telas pintadas, a representar um Cristo Redentor, Nossa Senhora da Conceição e uma visão Celeste. Junto aos retábulos, uma mesa com tampo em calcário vermelho e pé em lioz. CAPELA mortuária bastante simples, rebocada e pintada de branco, com pavimento em ladrilho vermelho e com altar de madeira, protegido por estrutura do mesmo material. O ASILO evolui em dois pisos, rasgado regularmente por janelas de peitoril rectilíneas com caixilharias de alumínio lacado de verde, excepto na zona mais antiga, em que aproveita as antigas janelas, com molduras de cantaria de calcário. O corpo do extremo esquerdo, prolongado por muro, remata em frontão triangular, tal como a fachada posterior da igreja, com o tímpano revestido a azulejo, formando uma albarrada em monocromia, azul sobre fundo branco, rodeada por festões de flores, surgindo, nas aletas, azulejo de padrão policromo, sobre faixa fitomórfica, no interior e exterior, possuindo, na tabela, uma cena de género *1, mas com faltas de alguns azulejos. O acesso é feito pelo pátio, pela ala virada a N., com fachada rematada em platibanda plena e tripartida, com o corpo central marcado por pilastras pintadas de bege, que sustentam remate em frontão triangular; é rasgado por portal recortado, flanqueado por pilastras de fuste almofadado, que sustentam cornija curva, sob a qual surge um açafate com flores; sobre esta, janela de peitoril, contendo relógio circular e pano de peito rebocado e pintado, com moldura de cantaria, revelando que a janela era de maiores dimensões. Os panos laterais são semelhantes, possuindo duas janelas de peitoril no piso inferior e duas de varandim, com guarda em ferro forjado, no superior, todas com molduras simples em cantaria. No lado O., fechado o pátio, fachada de dois pisos, com janelas de peitoril no piso inferior e de varandim no superior, tendo acesso pela casa do guarda, situada no extremo esquerdo. INTERIOR evolui em tono do CLAUSTRO com cinco arcadas por ala, assentes em pilares toscanos, de um único piso, formando terraço no superior, protegido por guarda metálico. No piso inferior, coberturas em abóbadas de aresta e pavimento em lajeado, abrindo, para cada ala, várias portas e janelas, todas rectilíneas. A quadra possui árvores de médio e grande porte e vegetação espontânea. A partir da ala E., acede-se a escadaria e ao CORO-ALTO, com cobertura de madeira em masseira, formando apainelados recortados, pintados de branco, com molduras salientes e vermelhas, enquadradas por fundo pintado de bege escuro.

Acessos

Rua Direita de Marvila, n.º 7 a 11. WGS84 (graus decimais): lat. 38,74266; long. -9,10381

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 37 077, DG, 1.ª série, n.º 228 de 29 setembro 1948 (Igreja Paroquial)

Enquadramento

Urbano, parcialmente adossado a outros edifícios de habitação, em zona de meia-encosta, formando um ligeiro declive, cujo aglomerado urbano assegura a transição entre os bairros de Marvila e Poço do Bispo. Encontra-se envolvido por muro rebocado e pintado de rosa, rasgado por alguns portões de acesso aos pátios que vai formando. A entrada principal abre para uma estreita via pública, sinuosa, pavimentada a calçada de basalto, da qual se separa por estreito passeio público, pavimentado a calçada. Junto à fachada posterior da igreja, ergue-se um fontanário novecentista, com a zona superior em metal, onde se enquadra a bica. Encontra-se situado na proximidade do Palácio dos Marqueses de Abrantes (v. PT031106211050).

Descrição Complementar

As paredes da nave têm azulejos, encimados por telas com cenas da vida de Santo Agostinho e cenas Cristológicas e Marianas, como a "Exaltação da Cruz" e uma "Adoração dos Pastores"; surgem, ainda, telas de preenchimento, representando anjos, e, sobre o portal, um grupo de anjos que ladeiam uma cartela enrolada com inscrição latina. Os painéis da nave são cercados por amplas molduras, assentes em pequenos rodapés, onde surgem meninos e ramagens espiraladas, anjos, elementos arquitectónicos, como um plinto, mascarão, ramagens e volutas. O painel do Evangelho encontra-se dividido em três cenas por folhagem, com uma cena campestre, uma vista de ravina com jardim e uma cidade; no lado oposto, o mesmo, apesar de menores dimensões, devido à porta. Os retábulos laterais são semelhantes, de talha dourada, planta recta e corpo côncavo, com um eixo definido por quatro pilastras, as exteriores com os fustes ornados por acantos, e por duas colunas torsas, assentes em consolas, as quais se prolongam em quatro arquivoltas, duas torsas, unidas por aduelas no sentido do raio e com fecho composto por cartela oval, ladeada por dois anjos de vulto e rodeada por acantos e centrando estrela, revelando o antigo orago do retábulo. Ao centro, apainelado em arco de volta perfeita, composto por acantos, onde se erguem três peanhas com imaginária e altar em forma de urna, com o frontal decorado por elementos enrolados. Na capela-mor, surgem telas com momentos da vida de Santa Brígida, como a "Apresentação da Regra" e a "Morte de Santa Brígida". No painel de embutidos do lado do Evangelho da capela-mor, surge a seguinte inscrição em capitais romanas, insculpidas e avivadas a negro: "DONNA IZABEL ENRIQVES MVLHER QVE FOI DE DIOGO LOPES TORRES FIDALGO DA CAZA DE SUA MAGESTADE MANDOV FAZER ESTA OBRA A SVA CVSTA ANNO DE 1690". Na capela-mor, no lado do Evangelho, uma lápide em cantaria de calcário, com capitais romanas, insculpidas e avivadas a negro: "DONA IZABEL ENRIQVES MVLHER QUE FOI DE DIOGO LOPES TORRES FIDALGO DA CAZA DE SUA MAGESTADE MANDOV FAZER ESTA OBRA A SSVA CVSTA E DEIXA 4 CAPELOIS COM 4 MISSAS CVTIDIANAS PELA SUA ALMA E DE CEV MARIDO E CEVS FILHOS ANNO 1690". Os painéis de azulejo do coro-baixo apresentam moldura com folhas de acantos e brasão com "ferronerie" e rodapé com formas arquitectónicas. Os painéis são tripartidos e têm alusão ao "Cântico dos Cânticos". No lado do Evangelho, a primeira cena apresenta damas, uma a tocar harpa e um anjo com a inscrição "EACMAE AUDIRE VOSEM TUAM" - Faz-se ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e a tua face aprazível (Ct, 2).; na segunda, um casal numa ponte e, na filactera, "AQUA MULTA NON POTUERUM EXTINGERE CANTATE TUO" - As muitas águas não poderiam apagar este amor, neo os rios afogá-lo (Ct. 8:7); no terceiro, uma dama admormecida e um homem a ser persuadido a não a acordar com a inscrição "NESVSCITETIS NEQ EVIGILA RETACIATIS DILECTAM DONEC IPSA VELICI - não perturbeis nem acordeis o amor até que ela o queira (Ct. 2:7). No lado da Epístola, um homem de toga oferece frutos a uma dama e a inscrição "FRUCTUS IVS DULCIS GUTURI MEO" - e o seu fruto é-me doce ao paladar (Ct. 2:3), a que se sucede uma fonte com uma mulher a receber flores "FLORES APARUERUNT IN TERRA NOSTRA" - aparecem as flores na terra, o tempo de cantar chega (Ct.2:12); uma mulher corre a acudir uma outra ferida no peito " VVLNERAVERUN METULERUNT PALIUM MEUM MIHI CUSTODES - acharam-me os guardas que rondavam pela cidade espancaram-me, feriram-se, tiraram-me o meu manto (Ct. 5:7). Os retábulos do coro-baixo são semelhantes, de talha dourada, de planta recta e um eixo definido por duas estípides, que terminam em cariátides, as quais sustentam friso de acantos, cornija e um frontão semicircular, ornado por acantos, que centram uma tela pintada, a do Evangelho a representar uma Virgem (talvez da Natividade) e a da Epístola uma "Pietà". Ao centro, possui painel rectilíneo, ladeado por dois de perfil semicircular, assentes em pilastras toscanas, os quais inscrevem mísulas, a central bojuda e as laterais em forma de florão. Possuem banqueta de talha dourada, decorada por acantos, servindo de altar os antigos arcazes da sacristia, em pau-santo, o do Evangelho com um armário almofadado e três gavetas, divididos por cariátides, surgindo, no oposto, dois registos de três gavetas, separados por cariátide.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Assistencial: lar

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Lisboa) / Pública: estatal (convento)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: António Flores Ribeiro (1980); José Maria Nepomuceno (séc. 19); Luísa Cortesão (1994-2004). EMPREITEIROS: Anselmo Costa (1961-1963); Antão Marques, Lda. (1960-1962); António da Costa Saraiva (1976); António de Jesus da Silva (1985); Fernando Franco de Almeida (1983); Filipe Raposo Lopes (1979); Fonseca & Irmão Lda. (1985); Isaías de Almeida (1991); João Laerte (1970-1971); Junqueira 220 (1994-1995); Lourenço, Simões & Reis (1994); Maximiano Monteiro Mendes (1980). ENGENHEIRO: Quirino da Fonseca (1991); Silva Macedo (1960-1962). ENTALHADOR: José Rodrigues Ramalho (1690). PINTORES: Bento Coelho da Silveira (séc. 17, atr.); Francisco Ferreira de Araújo (séc. 17). PINTORES de AZULEJO: António de Oliveira Bernardes (séc. 17, atr.); PMP (séc. 17, atr.). RESTAURADORES de AZULEJO: AZULARTE, Azulejaria de Arte, Lda. (1985-1986).

Cronologia

1655, 16 Junho - doação feita por Fernão Cabral, arcediago da Sé de Lisboa, de parte da Quinta de Marvila da Mesa Pontifical (pouco tempo antes (1652) adquirida em hasta pública), à Madre Brígida de Santo António, D. Leonor de Mendanha, abadessa do Mocambo, para a instalação de um novo edifício monacal; início da construção do edifício, com a abertura de uma pedreira no local; o Padre Manuel de Pinho, futuro capelão do convento, doou dinheiro para a construção do sistema hidráulico; 1660, 18 Março - alojamento das primeiras religiosas, Soror Teresa de Jesus, Soror Inês de São Sebastião e Soror Aleixa de Santa Brígida, estando presente a rainha D. Luísa de Gusmão, que patrocinara a construção do mesmo, e de toda a Família Real; execução da imagem de Nossa Senhora da Conceição, orago do mosteiro, por ordem de Fernão Cabral; pintura do tecto do coro-baixo em grotesco por Francisco Ferreira de Araújo; 1665 - 1666 - Fernão Cabral, através do seu irmão e administrador da sua casa, o padre Frei Pedro de Santo Agostinho, iniciou as obras da igreja definitiva, uma vez que a igreja inicial seria demasiado pequena; 1666, 17 Março - morte de Fernão Cabral, sepultado no local, deixando, em testamento, dez mil cruzados e algumas casas em Marvila; séc. 17, 2.ª metade - pintura da abóbada da capela-mor; pintura dos azulejos da nave, atribuídos a PMP; pintura das telas da nave, atribuídas a Bento Coelho da Silveira; pintura dos azulejos do coro-baixo atribuídos a António de Oliveira Bernardes; 1668 - Madre Isabel das Chagas trouxe um Ecce Homo; 1669 - morte de D. Inês de São Sebastião deixando ao mosteiro uma pequena imagem de Nossa Senhora, uma pintura de Cristo e outra de Nossa Senhora da Conceição, que lhe fora oferecida por Dinis de Sampaio; 1680 - algumas das infraestruturas necessárias foram concluídas graças à fortuna doada por D. Isabel Henriques, esposa do fidalgo Diogo Lopes de Torres, concluindo-se os dormitórios, claustro e oficinas; 1681, 25 Março - recolhe-se no mosteiro D. Isabel Henriques, então viúva; 1690 - feitura do retábulo da capela-mor, atribuível a José Rodrigues Ramalho; séc. 17, década de 90 - Madre Francisca do Sepulcro restaurou o Crucificado em pasta, trazido de Génova pelas Fundadoras, colocando-lhe uma cruz de pau-santo, com remates em prata e um diadema; 1690 - graças ao empenhamento desta Irmã, conclui-se a construção da igreja e renova-se toda a capela-mor, com a construção do retábulo-mor e dos respectivos embutidos; doou ao mosteiro uma lâmpada de prata, que importou e 500$000 réis, uma cruz para as procissões, outra para o Santo Lenho, um cofre para o Santíssimo e resplendores para os santos; 1691, Julho - falecimento de D. Isabel Henriques, sem a obra concluída, tendo a sua filha, Soror Juliana Maria de Santo António mandado continuar a obra e dourar o retábulo-mor; 1695 - no mosteiro vivem 35 religiosas com 865$600 réis de renda; 1699 - a obra da capela-mor estava concluída; Roque Gonçalves Rocha, pai de uma religiosa, encomendou a talha da nave; Outubro - chegada da imagem do Senhor dos Passos, encomendada por Madre Francisca do Sepulcro aos mesteirais do Convento da Graça, para a qual mandou fazer um resplendor de prata e uma lâmpada do mesmo material; 1714 - Juliana Henriques mandou dourar o trono e a tribuna; 1714, Agosto - obra da igreja concluída; 1718 - D. Helena de Távora entra no mosteiro e faz muitos melhoramentos: celas para religiosas, ladrilhou o claustro, instalou água no jardim, e mandou decorar a capela do Senhor dos Passos com talha dourada, azulejos e pintura; mandou executar uma casa no exterior, para alojar algum visitante; 1725 - João Vicente dos Santos mandou construir o pórtico (portaria), uma vez que a sua filha era a porteira; 1758 - nas Memórias Paroquiais da freguesia dos Olivais é referido o edifício, como sendo de freiras brígidas; séc. 19 - 20 - feitura da pintura da abóbada da capela-mor, em quase toda a sua totalidade; 1833 - existência de três capelas no presbitério, uma delas dedicada a Nossa Senhora da Piedade; uma gravura do livro de Gonzaga Pereira mostra-nos o corpo de entrada composto por sete arcos de volta perfeita, encimado por um piso, com uma porta-janela com bandeira, flanqueada por quatro janelas de peitoril de cada lado e, no último, janela de varandim central e quatro de peitoril de cada lado; 1834 - a extinção das ordens religiosas, tal como nos restantes mosteiros femininos, não obriga à saída das freiras Brígidas; 1872 - supressão oficial, por decreto, do mosteiro de Marvila, sendo as duas últimas freiras, D. Eugénia de Nossa Senhora e D. Maria do Amor Divino, enviadas para Santa Clara de Santarém, com uma pensão de 120$000 réis; 1872, 20 Abril - inventário do espólio do mosteiro *2; 1873 - mediante alvará régio, a capela, as imagens, as alfaias e os paramentos foram entregues à Junta da Paróquia de Santa Maria dos Olivais; 1874, 2 Janeiro - o Asilo D. Luís I pede o edifício por necessitar de maior espaço, pois o asilo do Calvário era pequeno para as suas reais necessidades; por carta de lei, o Governo oferece o edifício monacal para o Asilo D. Luís I, fundado em 1861 com um legado testado pelo comendador Manuel Pinto da Fonseca, no valor de 140 contos de réis; 2 Março - envio das imagens do mosteiro para o Patriarcado *3; obras de adaptação por José Maria Nepomuceno; 1875 - as freiras, privadas de pecúlio para sobreviver, passam a confeccionar os famosos pastéis de Marvila; 1901 - o asilo passa a ser propriedade da Direcção de Beneficência Pública; 1911 - a designação do Asilo passa a ter o nome do seu instituidor, Manuel Pinto da Fonseca, passando, nesta altura, para a Provedoria da Assistência Pública; 1928 / 1929 - com a transferência do Asilo Manuel Pinto da Fonseca para Porto Brandão, no antigo convento foi instalado o Asilo de Mendicidade de Campolide, ao qual se juntou uma secção para cegos, tomando, por isso, o nome de Recolhimento para Desamparados e Asilo de Cegos e Cegas, chegando a albergar 470 pessoas; 1932 - a igreja reabre ao culto; 1936 - toma o nome de Asilo de Velhos de Campolide e Asilo de Santa Maria para Cegos e Cegas; 1940 - a designação volta, novamente, a mudar para Asilo de Velhos de Marvila, (a qual se manteve até 1973) ficando sucessivamente sob a tutela do Instituto de Assistência ao Inválido (a partir de 1945), da Direcção Geral da Assistência (em 1958) e do Instituto da Família e Acção Social do então Ministério da Saúde e Assistência (em 1971); anos 40 - construção de um salão paroquial anexo à igreja; 1943 - informação sobre o estado arruinado da capela e que ela mereceria ser classificada; 1947, 22 Agosto - a capela foi anexada à paróquia de Santa Maria dos Olivais; 1949 - referência ao facto das infiltrações estarem a danificar as talhas e pinturas; 1952 - estavam instaladas no coro da capela de Marvila as oficinas de costura e alfaiataria do Asilo dos Velhos que se encontrava devoluto, tendo-se solicitado a construção de uma escada com acesso directo pela igreja e independente da entrada para o Asilo; a DGEMN é do parecer que esta não deveria ser construída, fazendo-se o acesso pelo interior do Asilo; 1954 - uma visita ao imóvel (anterior à sua classificação) mostrava que um dos altares tinha já perdido o ouro da sua talha, para além de estar enegrecida e apodrecida, os tectos tinham perdido parte da sua pintura e os painéis estavam a cair, tendo uma das paredes aberto uma fenda; 1959 - na sequência da reforma administrativa e paroquial, a capela é cedida para igreja paroquial de Marvila, com o orago de Santo Agostinho; 1961 - igreja ameaçava derrocada pela zona do coro; 1962 - remoção de um lustre da igreja, a colocar no salão de festas, que viria a ser construído; 1963 - referido que o terramoto ocorrido em Lisboa, deixara marcas na cobertura, que levou à existência de infiltrações, e a problemas na talha do retábulo-mor, nomeadamente no trono; 1964 - referido que o salão paroquial, anexo à igreja, se encontrava em risco de ruir, o qual fora construído sem autorização da Junta Nacional de Educação, colocando-se a hipótese da sua demolição e construção de outro corpo; derrocada de talha dourada dos retábulos do coro baixo do lado do Evangelho; 1965 - pedido do pároco para aumentar o acesso ao púlpito, rasgado na espessura da parede; 1968 - pedido para a construção de um centro paroquial, para a catequese, reuniões e festas, sendo sugerido que a sua construção se processe pelo Secretariado das Novas Igrejas; 1973 - assume a actual designação de Mansão de Santa Maria de Marvila que, destinada ao acolhimento de pessoas idosas e / ou doentes mentais, foi inicialmente dependente do Ministério da Saúde e actualmente do Ministério da Solidariedade e Segurança Social (Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social de Lisboa), dispondo de capacidade para um total de 280 utentes; 1976 - construção da sacristia, cartório e casa mortuária pelo padre, aproveitando um anexo existente atrás da capela-mor; 1977 - o padre requer a remoção da teia que divide a nave e dos altares laterais; 1979 - desenho para os bancos do templo; 1991 - inauguração de residência na ala S. do claustro.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de calcário, rebocada e pintada, e em cantaria de calcário; modinaturas, portal, embasamentos, cornijas, pavimentos, banco do altar, escadas, supedâneo, lápides em cantaria de calcário; embutidos com elementos de mármore; retábulos, portas, caixilharias, altares, molduras em madeira; painéis de azulejo tradicional; estuque pintado; guardas em ferro forjado; janelas com vidro simples; caixilharia de alumínio lacado; coberturas em telha.

Bibliografia

ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. XV, Lisboa, 1939; CAEIRO, Baltazar Matos, Os Conventos de Lisboa, Lisboa, 1989; CONSIGLIERI, Carlos e OUTROS, Pelas Freguesias de Lisboa. Lisboa Oriental, Lisboa, 1993; DELGADO, Ralph, A Antiga Freguesia dos Olivais, Lisboa, 1969; História dos Mosteiros, Conventos e Casas Religiosas de Lisboa, Vol. II, Lisboa, 1972; JORGE, Maria Júlia, Sítio de Marvila, in SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; K4 - Conservação e Restauro, Lda., Recuperação do tecto da nave da Igreja de Santo Agostinho, Marvila - Lisboa, in Monumentos, n.º 11, Lisboa, DGEMN, 1999, pp. 66-71; MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; MATOS, José Sarmento de, PAULO, Jorge Ferreira, Caminho do Oriente. Guia Histórico, Lisboa, 1999; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1954, Lisboa, 1955; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1955, Lisboa, 1956; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 1º Volume, Lisboa, 1959; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961, 1º Vol., Lisboa, 1962; MONTEIRO, Patrícia Alexandra Rodrigues e SIMÕES, João Miguel Ferreira Antunes, Os Azulejos da Igreja do Convento de Nossa Senhora da Conceição de Marvila, [trabalho de licenciatura em História - variante História da Arte], Lisboa, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1997; Monumentos, n.º 10 e n.º 15-20, Lisboa, DGEMN, 1999 e 2001-2004; PEREIRA, José Fernandes, (dir. de), Dicionário da Arte Barroca em Portugal, Lisboa, 1989; PEREIRA, Luis Gonzaga, Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 1927; PROENÇA, Raul, (dir. de), Guia de Portugal, vol. I, Lisboa, 1924; SÃO PEDRO, Maria Madalena de, Notícias fielmente relatadasdos custosos meios por que veio a este Reyno de Portugal a Religião Brigitana, que se intitula a ordem de São Salvador, e da prodiogiosa fundação e milagrosos argumentos deste convento de Nossa Senhora da Conceição de Marvila..., Lisboa, Officina de Miguel Manascal da Costa, Impressor do Santo Ofício, 1745; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003; SMITH, Robert C., A Talha em Portugal, Lisboa, Livros Horizonte, 1963; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. III.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSARH, DGEMN/DREL/DRC/DIE/DP/DEM, DGEMN/DRML

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA, DGEMN/DSID, DGEMN/DRML

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH; CML: Arquivo de Obras (Pº n.º 24.511)

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1718 - conserto dos telhados; 1919 / 1920 - Construção de 2 barracões, de um telheiro e ampliação de uma barraca; 1936 - colocação de vigas no pavimento da camarata n.º 2, demolição do tecto e construção de um em estafe, pintura das madeiras da camarata e das paredes, reparação e limpeza dos lambris de azulejo e pavimento de mosaico, assentamento de rodapé e de vidros nas janelas; 1950 - reparação dos telhados; restauro da talha dourada, limpeza das telas, fixação dos azulejos, reparação da cobertura e instalação eléctrica; DGEMN: 1954 - Realização de diversas obras de conservação e reparação no asilo dos velhos pela Direcção dos Serviços de Construção e Conservação; 1955 - reparações no sistema elétrico; 1956 - obras de conservação no asilo, pelos Serviços de Construção e Conservação; 1957 / 1958 - obras de beneficiação no asilo, pelos Serviços de Construção e Conservação; PROPRIETÁRIO: 1959 - diversas alterações, retirado um degrau de acesso à nave, criação de dois gabinetes na cabeceira da igreja, por detrás do altar-mor, com abertura de porta para o exterior; remoção da porta envidraçada que separava o templo do coro-baixo; DGEMN: 1960 - remodelação da instalação eléctrica na capela e sala de espectáculos do asilo, da responsabilidade do engenheiro electrotécnico Silva Macedo, obra adjudicada por Antão Marques, Lda.; 1961- desmontagem da talha dourada existente no coro, colocação de ligamentos de betão para assentamento das vigas de ferro e colocação de verga de lioz semelhante à existente; montagem da talha; a obra foi adjudicada a Anselmo Costa; segunda fase da remodelação da instalação eléctrica; 1961 / 1962 - obras de instalação de som, da responsabilidade do engenheiro Silva Macedo e do adjudicante Antão Marques, Lda.; 1962 - colocação de caixilhos nas janelas e respectiva pintura; colocação de projectores, obra adjudicada a Antão Marques; 1963 - consolidação da abóbada do átrio, do arco de passagem para a cerca e reparação do telhado da capela-mor, adjudicada a Anselmo Costa; 1970 / 1971 - substituição da estrutura da cobertura, executada em betão armado e consolidação de algumas paredes, obra a cargo de João Laerte; 1976 - substituição da cobertura da capela-mor por betão armado e consolidação de paredes, obra a cargo de António da Costa Saraiva; arranjo dos algerozes; PROPRIETÁRIO: 1979 - limpeza do Asilo e das fachadas da igreja; DGEMN: 1979 / 1980 - reparação da instalação eléctrica por Filipe Raposo Lopes e, em 1980, por Maximiano Monteiro Mendes; PROPRIETÁRIO: 1980 - obras de remodelação do interior; legalização, mediante projecto de alterações (produzido pelo arquitecto António Flores Ribeiro para o Secretariado das Novas Igrejas do Patriarcado de Lisboa), de construção de piso térreo anexa, adossada ao muro S. da igreja e que serve como salão paroquial e casa mortuária; DGEMN: 1981 - obras de consolidação do coro; 1983 - limpeza e arranjo das coberturas e algerozes por Fernando Franco de Almeida; 1985 / 1986 - reparação da instalação eléctrica, por António de Jesus da Silva; conservação de caixilharias, por Fonseca & Irmão, Lda.; reparação do azulejo da capela e coro-baixo por AZULARTE, Azulejaria de Arte, Lda., com o seu levantamento, tratamento e recolocação, após tratamento das paredes; 1986 - ampliação em um piso da construção anexa já legalizada, conforme o projecto do arquitecto António Flores Ribeiro; 1991 - impermeabilização da abóbada da antiga sacristia, desentupimento de algerozes, demolição de uma parede no interior da sacristia, tratamento de rebocos e pinturas, colocação de pavimento em tijoleira e uma guarda na escada, obra assinada por Quirino da Fonseca e adjudicada a Isaías de Almeida; 1994 - obras de beneficiação na cobertura, tratamento da platibanda, colocação de redes nos óculos e restauro da cruz metálica, por Lourenço, Simões & Reis; 1994 / 1995 - restauro das pinturas da capela-mor, quer as telas, quer as murais, e restauro dos embutidos de pedra pela firma Junqueira 220; a obra foi acompanhada pela arquitecta Luísa Cortesão; 1996 - recuperação da capela-mor; 1997 / 1998 - início da recuperação do interior da nave, com restauro do tecto e talha; restauro do suporte da pintura da cobertura, com preenchimento de fissuras e de bolhas de ar; fixação da película cromática; tratamento com um fungicida; limpeza da pintura e preenchimento de lacunas, com pontual reconstituição da pintura; 1998 / 1999 - beneficiação das coberturas da Mansão; 1999 - conservação e restauro de telas da nave; - recuperação da fachada O. e das caixilharias; 1999 / 2000 / 2001 / 2002 / 2003 - recuperação de fachadas e interiores, com a remodelação das cozinhas e da lavandaria; limpeza da caleiras e algerozes da igreja; substituição das coberturas e impermeabilização da galeria e dos claustros, substituição das madeiras das janelas, iluminação do jardim e remodelação de uma das enfermarias masculinas (ala 9 - 1º andar); 2003 - beneficiação da cobertura, fachadas nascente e norte da igreja; 2004 - colocação de mesa no antigo coro-baixo; beneficiação da fachada posterior; 2005 - nova instalação eléctrica, iluminação e som da igreja; colocação de novo altar; conservação e restauro da pintura em tela do retábulo-mor.

Observações

*1 - estes azulejos poderão ser provenientes do interior do convento, havendo azulejos semelhantes na zona dos dormitórios. *2 - neste consta uma descrição circunstancial do espaço religioso, referindo-se que a igreja tinha o altar-mor e dois altares laterais, com uma sacristia adossada; o retábulo-mor era ornado por uma pintura a óleo a representar a "Exposição do Santíssimo", em péssimo estado de conservação; o coro-alto tinha duas capelas laterais em talha dourada, compostas por nichos, flanqueados por colunas; tinha duas ordens de assentos com 42 lugares e espaldar dividido por pilastras, dando origem a 28 mísulas com santos; o conjunto era executado em madeira de carvalho e4 casquinha, pintado de vermelho e amarelo. O coro-baixo, tinha dois altares com nichos para santos e sete apainelados, divididos por pilastras de talha. Na zona conventual, existiam várias capelas, uma com o altar flanqueado por quatro colunas torsas e com as ilhargas formadas por quatro apainelados pintados; existia uma capela com retábulo de talha dourada, com a tribuna de talha e duas portas pintadas com grinaldas de rosas; uma capela de madeira de carvalho, totalmente dourada, com duas colunas laterais, onde se integravam quatro maquinetas para relíquias e dois nichos, marcados por cúpulas; existia uma capela com uma estrutura retabular, mantendo os santos, protegidos por duas molduras de vidro, altar de madeira e duas meias-portas acharoadas com seis vidros; uma capela forrada de madeira, com um retábulo flanqueado por colunas e tendo uma pintura a óleo; uma armação de capela, com duas colunas em espiral, com arco e pintura em relevo a representar a figura de Deus Pai. Existia, ainda, um presépio de barro, tendo a maior parte das figuras defeitos. Tinha jardim com lago e poço, cerca, cerca denominada Mafra, as casas do capelão e várias terras. *3 - a listagem das imagens é enorme, constando de um Senhor da Cana Verde, de madeira, com uma capa de seda, um Senhor preso à coluna, de madeira, uma Nossa Senhora da Soledade de roca, com manto e vestido de seda bordado a prata, Nossa Senhora das Dores, São João Evangelista, Senhor dos Passos, cinco imagens com os Passos do Senhor, em madeira, dois Santos Cristos de madeira, 2 Cristos mortos, um Santo Cristo de marfim, uma Nossa Senhora da Soledade, de madeira, um Santo Cristo de madeira, uma Nossa Senhora da Conceição de roca, Nossa Senhora de Belém, de roca, uma Virgem de roca, uma outra com o Menino, sendo o conjunto em barro, duas Santas Brígidas de madeira, dois São José de madeira, dois Santo António, um de madeira e um em barro, um São Joaquim de madeira, um São João de madeira, um São João Evangelista de madeira; um São João Nepomuceno de madeira, um São Sebastião de madeira, um São Francisco de madeira, um São Bento e Santo António de roca, uma Santa Ana de roca, São Domingos e Santa Teresa em barro, um busto de Santa Apolónia, um São Camilo de madeira, uma Santa Dominicana, Santa Agostinha, em barro, um busto-relicário, em barro, uma Santa Luzia de madeira, Santa Bárbara de madeira, Santa sem o braço direito, Santos Mártires, de madeira, São Rafael com o Menino, de madeira, São Bernardo, de madeira, Santa Helena de madeira, meio-corpo de São Gonçalo de madeira, São Boaventura, Santa Rosa de Lima de madeira, São Tomás, de madeira, um Menino Jesus de cera em maquineta de vidro.

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1993 / Teresa Vale e Maria Ferreira 2002 / Paula Figueiredo 2008

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