Povoação de Castelo Mendo / Aldeia de Castelo Mendo

IPA.00005929
Portugal, Guarda, Almeida, União das freguesias de Castelo Mendo, Ade, Monteperobolso e Mesquitela
 
Núcleo urbano. Povoação situada em encosta. Vila medieval de jurisdição régia com castelo e cerca urbana. Núcleo urbano fortificado medieval, com intervenções manuelinas e seiscentistas. Composto pela justaposição de dois núcleos muralhados: o primeiro, de traçado oval, integra o Castelo e é estruturado a partir de um eixo principal de ligação entre a porta e a igreja matriz. O segundo núcleo, de traçado irregular, mantém a estrutura axial fixada na R. Direita, que articula lateralmente e na sequência de duas portas o Lg. do Pelourinho e o Lg. (da Igreja) de São Vicente. Eixo principal complementado por via paralela, R. da Praça, também relacionando duas portas e dois anteriores largos secundários (Mercado e Corro). Tendência para uma organização rudimentar de malha reticulada. Espaço edificado dominado pelo tipo construtivo beirão com casas de dois pisos com diferenciação funcional, planta rectangular concentrada e telhado de duas águas, mostrando o acesso à habitação com escada de tiro interna ou escada exterior com patamar e balcão simples ou alpendrado. Justaposição de dois núcleos muralhados, unidos pela continuidade do eixo principal. Pólo administrativo espacialmente ambíguo. A Igreja de Santa Maria constitui o elemento mais marcante do perfil urbano. Adossamento de estrutura abaluartada ao castelo. Ausência de arrabalde. Sede de freguesia extinta na reforma administrativa de 2013.
Número IPA Antigo: PT020902080007
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Povoação  Vila medieval  Vila fortificada  Régia (D. Sancho II)

Descrição

Estrutura urbana: conjunto formado pela justaposição de dois núcleos muralhados. O primeiro (sanchino) é delimitado por um perímetro muralhado de traçado oval e integra o recinto do Castelo (v. PT020902080005), único pólo exclusivamente militar. Apresenta uma malha muito rarefeita, contando apenas três quarteirões dispostos em função de um eixo principal, que liga a Porta do Castelo ao espaço central, amplo e dominado pela Igreja de Santa Maria, o pólo religioso matricial (v. PT020902080015). A antiga Casa da Câmara e Cadeia, implantada sobre a muralha, constitui um elemento de articulação entre ambos os núcleos. O segundo núcleo intramuros (dionisino ou fernandino), de traçado irregular adaptado à topografia, corresponde a uma área de expansão do povoado em torno de duas paróquias periféricas: São Pedro e São Vicente. A malha urbana torna-se aqui mais densa e observa-se um maior número de construções adossadas à muralha, sobretudo no pano compreendido entre a Porta da Guarda e a Porta da Vila. Este núcleo estrutura-se a partir de um eixo viário principal, a R. Direita, que liga a Porta da Vila à Porta do Castelo. Prolonga-se através da R. do Castelo, marcando um percurso ascensional até à Igreja de Santa Maria. Lateralmente à R. Direita, e na sequência da Porta da Vila e da Porta do Castelo, formam-se os dois espaços fundamentais, respectivamente o Lg. de São Vicente e o Lg. do Pelourinho ou da Igreja (de São Pedro). Este eixo principal é complementado com outras vias de ligação entre as portas, destacando-se a R. da Praça. Esta via paralela permite a ligação entre a Porta da Guarda, e a hoje denominada Porta Falsa (hoje entaipada e encoberta no interior de uma construção, constituiria uma ligação entre o largo onde se realizava o mercado, junto à Porta da Guarda), onde se organiza um largo de configuração triangular, o Corro. A R. Direita engendra uma rede de vias paralelas e transversais, nem sempre claramente definida, mas relacionada com a hierarquia dos acessos às portas da muralha. A partir do Lg. de São Vicente assumem maior importância as travessas de ligação à R. da Praça e à Porta da Guarda, enquanto a partir do Lg. do Pelourinho se destaca a R. do Forno orientada para a Porta do Sol. O tecido urbano é composto por quarteirões muito irregulares, integrando frequentemente logradouros amplos, que coexistem com a tendência para o alinhamento das fachadas face à rua. A delimitação entre espaço público e privado nem sempre é muito precisa, em especial no primeiro núcleo muralhado e nas zonas angulares de união entre as duas cercas urbanas. No espaço extramuros não se formou qualquer arrabalde, registando-se somente a proximidade do Cemitério e do Calvário junto à Porta da Vila (v. PT020902080018) e (v. PT020902080019). Na zona mais baixa e fértil conserva-se a Devesa destinada às pastagens e o Terreiro ou Campo da Feira, onde se ergue o respectivo alpendre e um razoável número de fontanários e cruzeiros (v. PT020902080024) e (v. PT020902080026). Espaço construído: o tipo dominante refere-se à casa de dois pisos com diferenciação funcional, apresentando planta rectangular concentrada e formando um volume compacto coberto com telhado de duas águas. No piso térreo localizam-se as lojas, reservando-se o segundo piso para a habitação. O acesso ao andar pode ser interior (através de uma escada de tiro) ou exterior (através de escada com patamar e balcão simples ou alpendrado, variando os elementos de sustentação: pilares e mais raramente colunas). A fenestração reduz-se às aberturas essenciais, surgindo pontualmente os vãos decorados. Caracterização dos espaços mais significativos: o Lg. de São Vicente desenvolve-se na sequência imediata da Porta da Vila e é marcado ao centro pela Igreja de São Vicente (v. PT020902080017). Constituindo um espaço desnivelado e de configuração vagamente triangular, caracterizado pela presença de uma antiga sede paroquial, congrega em seu redor um significativo número de casas quinhentistas, algumas com decoração manuelina (v. PT020902080031) e (v. PT020902080032). O Lg. do Pelourinho é fortemente condicionado pela presença da Igreja Matriz de São Pedro (v. PT020902080016), implantada no eixo da R. Direita. Reflectindo a dualidade entre um carácter religioso e laico, a definição deste espaço enquanto pólo civil administrativo ressente-se do relativo afastamento da Casa da Câmara e Cadeia (v. PT020902080022). Dos alçados urbanos, salienta-se uma casa grande com varanda alpendrada (v. PT020902080028). Relativamente ao espaço construído, as variantes ao tipo dominante referem-se principalmente aos edifícios morfologicamente notáveis, revelando influências eruditas pontuais. Descontando a excepcionalidade do Castelo (autoridade militar), do Pelourinho, e por inerência de funções, da Casa da Câmara e Cadeia (autoridade civil), bem como as igrejas paroquiais (autoridade religiosa), observa-se que existe um razoável número de casas que se destacam pelo tratamento diferenciado, mas discreto, da fachada principal (recurso às pilastras, cornijas, pilares, colunas e emolduramento dos vãos). Porém, a torre - mirante da Casa do Fidalgo (v. PT020902080029), erguida na R. Direita, tem especial impacto no perfil urbano.

Acessos

EN16

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 29/84, DR, 1ª série, nº 145 de 25 junho 1984 / ZEP, Portaria n.º 575/2022, DR, 2.ª série, n.º 130 de 07 julho 2022

Enquadramento

Rural. Paisagem natural e rural. Aglomerado urbano fortificado, situado a cerca de 762 m de altitude, ocupando um cabeço sobranceiro ao Ribeiro de Cadelos e ao Rio Côa. O acesso ao vale é feito através de uma calçada romana ou medieval (v. PT02090208037). A implantação é fortemente marcada pelas vertentes escarpadas e pela presença de afloramentos rochosos. Apresenta escassas construções extramuros, registando-se apenas três volumes dissonantes.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Não aplicável

Afectação

Não aplicável

Época Construção

Séc. 13 / 14

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

Época do Bronze - hipotético povoamento do sítio, hipótese relacionada com a presença de dois berrões Junto à Porta da Vila, esculturas zoomórficas pré-romanas que testemunham o culto da ganadaria e a celtização do povoado (RODRIGUES, 1958); Época Romana - hipotética romanização do castro, já que no sítio do Porto de São Miguel, junto ao Rio Côa, foi identificado um povoado da época romana (TELES, 1981); séc. 12, fins - a tradição historiográfica refere que D. Sancho I terá encontrado a povoação arruinada, ordenando a reedificação do castelo; 1229 - concessão de carta de foral por D. Sancho II; momento fundacional da Vila, coincidente com a estruturação do primeiro núcleo muralhado; também assinado pelo alcaide Mendo Mendes, o foral menciona a necessidade de povoar a zona do Castelo e institui a realização da feira e do mercado; 1281 - confirmação do foral por D. Dinis, a quem se atribui a construção da segunda cintura muralhada; 1320 / 1321 - existência de três paróquias: Santa Maria, São Pedro e São Vicente; séc. 14, fins - eventual alargamento da segunda cintura muralhada durante o reinado de D. Fernando; 1496 - o termo contava 346 vizinhos e não tinha fidalgos; 1510 - renovação do foral por D. Manuel e provável edificação do pelourinho; 1519, cerca de - desenhos efectuados por Duarte de Armas, onde se observa o castelo e os dois núcleos muralhados, verificando-se que o perfil urbano não sofreu alterações significativas até à actualidade; encontram-se assinaladas as três igrejas e o pelourinho, notando-se uma rarefacção de edificações entre a Porta da Guarda, a Porta Falsa e a Porta do Sol, sendo evidente uma maior densidade em torno da R. da Praça, Lg. de São Vicente e R. Direita; 1527 - possuía 73 vizinhos; séc. 16 - renovação de algumas casas e da Igreja de São Vicente; Época Filipina - renovação de algumas casas e hipotética construção da Casa da Câmara e Cadeia; criação de condado a favor de Jerónimo de Noronha no reinado de Filipe IV; 1640, depois de - construção de uma estrutura abaluartada adossado ao castelo; 1708 - contando 98 vizinhos, tinha Casa da Misericórdia e Hospital; 1834 - extinção das paróquias de São Vicente e de Santa Maria e provável remodelação da Igreja de São Pedro, alterando a configuração do Lg. do Pelourinho; 1855 - extinção do estatuto concelhio; 2013, 28 janeiro - Castelo Mendo passou a pertencer à União das Freguesias de Castelo Mendo, Ade, Monteperobolso e Mesquitela, por agregação das mesmas, pela Lei n.º 11-A/2013, DR, 1.ª série, n.º 19.

Dados Técnicos

Não aplicável

Materiais

Não aplicável

Bibliografia

HENRIQUES, João Baptista, Corografia Lusitana e República Portuguesa, Lisboa, 1691; COSTA, António Carvalho da, Corographia Portugueza, Lisboa, 1708; Dicionário Geographico de Portugal, (Memórias Paroquiais), 1758; LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1973; AZEVEDO, Joaquim de, História Eclesiástica da Cidade e Bispado de Lamego, Porto, 1877; DIONÍSIO, Sant'Ana, Guia de Portugal, Lisboa, 1924; COLAÇO, J. M. Tello de Magalhães, Cadastro da População do Reino, Lisboa, 1929; ALMEIDA, João de, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Lisboa, 1945; RODRIGUES, Adriano Vasco, O Culto da Ganadaria ao Sul do Douro Português, Guimarães, 1958; SILVA, José Antunes e FERNANDES, José Manuel, Castelo Mendo, Estudo de Recuperação Urbana e Arquitectónica, Lisboa, 1979; TELES, C. A. Chorão, TELES, J. A. Santos, Levantamento Toponímico e Arqueológico do Concelho de Almeida, (trabalho realizado na licenciatura em História-Arqueologia da Faculdade de Letras de Coimbra), Coimbra, 1981; DIAS, João José Alves, A Beira Interior em 1496, Sep.ª Arquipélago, Ponta Delgada, 1982, nº4; PEREIRA, Mário, dir., Castelos da Raia da Beira, Guarda, 1988; ARMAS, Duarte de, Livro das Fortalezas, Lisboa, INAPA, 1990; NEVES, Vítor Manuel Leal Pereira, Três Jóias Esquecidas, Marialva, Linhares e Castelo Mendo, Castelo Branco, 1993; CARVALHO, Amorim de, Castelo Mendo, um Conjunto Histórico a Preservar, Braga, 1995; CONCEIÇÃO, Margarida Tavares da, "Castelo Mendo: a partir de um espaço urbano medieval", Sep. Beira Interior, História e Património. Actas das I Jornadas de Património da Beira Interior, Guarda, 2000, pp. 301-314.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID. GEAEM: planta, doc nº 4082. CMAlmeida

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; DGARQ/TT: Memórias paroquiais, vol. 10, nº 217, p. 1413 a 1424

Intervenção Realizada

DGEMN: 1949 / 1951/ 1974 / 1979 / 1983 a 1985 - obras de restauro, reconstrução e consolidação do castelo, muralhas e portas; 1950 - obras de reparação e consolidação do Pelourinho; PRAHP/ CMA: 1996 / 1997 - obras de recuperação e remodelação da Casa da Câmara e Cadeia para adaptação a espaço museológico e posto de turismo; recuperação das fachadas e cobertura da Igreja de São Pedro; consolidação e reconstrução parcial do alpendre de feira; enterramento da rede eléctrica e de telecomunicações; pavimentação das vias (em fase de conclusão); CMA / Proprietários: 1996 / 1997 - recuperação de fachadas e telhados, remoção de elementos dissonantes em numerosas de casas privadas (em fase de conclusão); PRAHP / DGEMN: 1997 / 1998 - obras de conservação e valorização da Igreja de São Vicente (em curso).

Observações

Autor e Data

Margarida Conceição 1992 / 1997

Actualização

 
 
 
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