Praça do Comércio / Praça Velha em Coimbra

IPA.00005910
Portugal, Coimbra, Coimbra, União das freguesias de Coimbra (Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu)
 
Componente urbano. Espaço urbano de confluência. Praça. Conjunto formado a partir dos núcleos de São Bartolomeu e São Tiago, predominando arquitectura dos séculos 16 e 18. Arquitectura religiosa Românica e Barroca, Arquitectura civil Românica, renascentista, barroca e de feição popular (habitações dos séc.16 / 17 / 18 / 19).
Número IPA Antigo: PT020603190027
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Elemento urbano  Espaço de confluência  Praça    

Descrição

Espaço em forma de paralelograma irregular, limitado a N. e S. pelas igrejas de São Tiago (PT020603190008) e de São Bartolomeu (PT020603190039), respectivamente, e a E. e O. por alinhamentos de edifícios de volumetria média de 5 / 6 pisos, com lojas no andar térreo. Ao centro implanta-se o pelourinho assente em base quadrangular de 3 degraus, coroada por 4 braços em cruz e haste com esfera armilar, rosa-dos-ventos e cruz de Cristo. Na Praça confluem, a O., as ruas dos Esteireiros, das Azeiteiras e Adelino Veiga; a N., a Rua Eduardo Coelho; a E., as Escadas de São Tiago e de São Bartolomeu, junto às extremidades N. e S., respectivamente. A numeração dos prédios faz-se a partir da esquina com a Rua dos Esteireiros, junto à igreja de São Bartolomeu.

Acessos

Escadas de Santiago, Escadas de São Bartolomeu, Rua das Azeiteiras, Rua dos Esteireiros, Rua dos Gatos.

Protecção

Incluído na Zona Especial de Protecção da Igreja de Santiago (PT020603190008) / Inclui Igreja de São Bartolomeu (PT020603190039)

Enquadramento

Urbano. Situada no coração da Baixa, em terreiro plano entre a Alta e o rio Mondego. Implanta-se paralelamente à Rua Ferreira Borges, eixo principal de circulação pedonal da Baixa, com acesso directo através das escadas de São Tiago e São Bartolomeu. A Rua dos Gatos une aquele espaço ao Largo da Portagem. Espaço cívico devolvido ao uso e circulação pedonal, lugar de lazer com algumas zonas verdes.

Descrição Complementar

Nº.19-31 - edifício do antigo hospital real, ocupado por estabelecimentos comerciais no rés-do-chão, casas de habitação e uma pensão nos andares; a fachada para a praça divide-se em 2 corpos: o da esquerda com 2 andares, tem janelas de sacada com verga direita, friso e cornija no 1.º andar e sinais de 3 vãos antigos, em forma de arco, entremeados por 2 janelas rectangulares no 2.º; o da direita tem 3 andares com 4 sacadas de verga direita, friso e cornija sobrepujadas de outras tantas janelas de verga direita, cornija e friso em cada andar. N.ºs 32-33 - casa da esquina N. da R. das Azeiteiras, com rés-do-chao, 3 andares e ático; o piso térreo está ocupado por loja comercial; no 1.º andar, quase encostadas, rasgam-se 2 sacadas de verga curva e cornija em traçado mistilínio; no 2.º e no 3.º, 2 janelas em cada, de aventais recortados, tendo cimalhas como as de sacada. N.ºs 34-36 - 1.º andar de prédio muito adulterado, vêm-se 2 sacadas com verga de cornija e bacias ligadas formando varanda corrida, com grades de ferro recortado. N.ºs 37-42 - casa na esquina S. da R. Adelino Veiga feita pela justaposição de duas iguais, de 3 vãos; apresentam rés-do-chão, entresolho, 3 andares e ático; tem janelas rectangulares no entresolho, varanda corrida no andar nobre, com grades de bandinha curva, mais 2 andares com janelas de igual recorte, cujas ombreiras descem até à cimalha das inferiores, em forma de pilastra misulada; na fachada que dá para a R. Adelino Veiga ostenta, em cada andar, 3 janelas de avental rectangular e almofadado. N.ºs 43-49 - casa na esquina N. da R. Adelino Veiga, recuada cerca de 5 metros relativamente ao alinhamento anterior; tem 4 pisos e 7 vãos; no 1.º andar, sacadas com bacias ligadas nos 5 vãos centrais e independentes nos vãos extremos; no 2.º, janelas de avental almofadado, aventais que assentam em falsas bacias de sacada, que se apoiam em cachorros, simulando remate dos vãos inferiores; cimalha, em forma de entablamento, com friso ornado pelas mísulas da cimalha e espaços intermédios almofadados; na cimalha, gárgulas cilíndricas, correspondendo ao intervalo dos vãos; acima do entablamento, ático com parede inclinada revestida a telha marselha e os 7 vãos dos pisos regulares. N.ºs 50-53 - prédio de esquina com a R. Eduardo Coelho, delimitando a praça a N.: 6 pisos, incluindo o entresolho e o ático, e 4 vãos; em largura sacadas no andar nobre, cujas bacias assentam em cachorros, a formar varanda corrida; as janelas dos 2 andares acima têm avental rectangular. N.ºs 68-71 - edifício do restaurante Praça Velha; tem rés-do-chão e 6 andares e 4 vãos por piso; janelas de verga curva e remate muito levantado. N.ºs 72-73 - prédio alto e estreito de 7 pisos, cada com 2 vãos; janelas de avental com verga e ombreiras com molduras extensivas ao avental nos 3.º, 4.º e 6.º pisos; no 5.º sacadas com grades de ferro recortado. N.º 89 - prédio junto às Escadas de São Bartolomeu; tem 6 pisos e 2 vãos; no 1.º andar e no último janelas de sacada; no 2.º e no 4.º sacadas com varanda corrida que apoiadas em cachorros, simulando coroamento das ombreiras das janelas inferiores; revestimento azulejar de padronagem azul e branco com faixa lateral. N.º 90 - prédio de 7 pisos, incluindo o entresolho e 2 vãos; no 2.º e 4.º andares varandas com grades de ferro forjado; revestimento azulejar com padronagem de policromia pobre. N.º 96 - casa de 8 pisos com entresolho e 3 vãos por piso; janelas de sacada com varanda corrida, no andar nobre; sacada ao centro e janelas de avental recortado e cimalha direita, no 2.º; 3 janelas, no 3.º, idênticas às de baixo; os 3 andares superiores seguem o esquema do 3.º, embora denunciando remodelação recente; N.º 107 - casa curiosa, com 7 pisos e apenas um vão por piso; 2 janelas de avental rectangular sobrepostas, no 2.º andar e no 3.º; janelas de sacada nos 2 seguintes. N.ºs 109-111 - é a última casa deste alinhamento e da Praça; tem rés-do-chão e 4 andares de 2 vãos cada; janelas de avental rectangular no 1.º, 2.º e 3.º andares; um registo de azulejos azul e branco com enquadramento de concheados entre as janelas do 1.º *2.

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Não aplicável

Afectação

Não aplicável

Época Construção

Séc. 12 / 16

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

Época romana - terá existido no sítio o grande circo, junto à via Olissipo-Bracara Augusta, que seguia o curso das actuais ruas Ferreira Borges, Visconde da Luz e Direita; 957 - já documentada (BORGES, 1987) a construção da igreja de São Bartolomeu que incentivou em redor um primeiro núcleo de crescimento da cidade extramuros; 1109, cerca ) - reconstrução da igreja de São Bartolomeu em românico (BORGES, 1987) ; séc.12, finais - construção da colegiada de Sao Tiago (sagrada em 1206), também românica. Vai-se configurando o terreiro lugar do mercado abastecedor da cidade; 1441 - Existiam os açougues, que serviam de corro aos touros nas corridas, nos dias de Corpo de Deus, Visitação de Santa Isabel e do Anjo Custódio. Por cima dos açougues o Paço dos tabeliães *4. Em torno da praça vão-se estruturando as ruas e ruelas da Baixa, em direcção ao rio, a Santa Cruz e a Santa Justa, outros núcleos de povoamento extramuros. Tal como hoje existiriam escadinhas de acesso quer à Alta, pela Porta de Almedina, frente às escadas de São Bartolomeu, quer ao Corpo de Deus, onde fora da muralha, se acomodou a judiaria; séc.16 - período áureo do núcleo da Praça Velha e vida económica, social e administrativa da cidade, ali confluem os serviços públicos e equipamentos mais importantes, novos ou renovados. Ali se realizaram peças teatrais, cerimónias fúnebres da quebra dos escudos, fogueiras de auto de fé, construção de pavilhões para festas, danças populares. A par da reestruturação da praça, crescem também a volumetria dos alinhamentos da Calçada e Rua de Coruche, as actuais Rua Ferreira Borges e Visconde da Luz; 1756 - reconstrução total da Igreja românica de São Bartolomeu, por ruína da anterior, que hoje conserva; séc.18 - a praça perde o hospital e a Misericórdia; o hospital instala-se no colégio jesuíta e a Misericórdia na velha Sé; 1867 - com a inauguração do Mercado D. Pedro V, na Quinta de Santa Cruz, a Praça perde o seu papel preponderante, como espaço de mercado, e passa a ser designada por Praça Velha; séc. 20 - recente arranjo urbanístico beneficia o pavimento e é integrada no seu centro uma reconstituição do pelourinho da cidade *3; 2000, Setembro - projecto de requalificação da Praça, espaço urbano considerado de grande potencial para o lazer e entretenimento, contempla repavimentação, remodelação das infraestruturas em particular a nível subterrâneo e reforço da arborização do espaço da Baixa da cidade

Dados Técnicos

Não aplicável

Materiais

Não aplicável

Bibliografia

DIONÍSIO, Sant'Anna e outros, Guia de Portugal. Beira Litoral, III-1, 2.ª ed., Lisboa, 1984 (1.ª ed., Lisboa, 1944); CORREIA,Vergílio e GONÇALVES, A. Nogueira, Inventário Artístico de Portugal. Cidade de Coimbra, Lisboa, 1947; ALARCÃO, Jorge de, As Origens de Coimbra in Actas das I Jornadas do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro, Coimbra, 1979; DIAS, Pedro, Coimbra. Arte e História, Porto, 1983; BORGES, Nelson Correia, Coimbra e Região, Lisboa, 1987; ROSSA, Walter, A Musa do Mondego in Guia Expresso das Cidades e Vilas Históricas de Portugal, 7, Lisboa, 1996; Jornal Diário de Coimbra, Coimbra, 1 Setembro 2000, p.6.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMC; AHMC (Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Coimbra); DGOTDU: Arquivo Histórico (Plano de Ordenamento, de Extensão e Embelezamento da Cidade de Coimbra, Arq. urb. Etienne de Groër, 1940)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMC; IMC (Imagoteca Municipal de Coimbra)

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMC

Intervenção Realizada

Observações

*1 - A Praça velha teve a designação de Praça de São Bartolomeu até 1867, altura em que passou a funcionar no mercado de D. Pedro V. *2 - Trata-se de registo de 5 por 10 azulejos representando Cristo Crucificado com Nossa Senhora coroada ao lado. Num pequeno espaço inferior, uma alma no fogo e a legenda: «P.N.A.M.A Pas ALM.» (leitura de GONÇALVES, 1947). *3 - No período das cheias do Mondego as ruas a O. e N. da Praça eram invadidas pelas águas. *4 - 1590 -este Paço era destinado às audiências do Juiz dos orfãos e para tribuna da câmara nos dias de jogos e corridas; 1678 - servia de casa de arrecadações e das Junta dos 24 mesteres. Depois do terramoto de 1755 foi Paço do Concelho.

Autor e Data

Francisco Jesus 1998

Actualização

Anouk Costa, Cláudia Morgado, Rita Vale 2010
 
 
 
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