Edifício e Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Palmela

IPA.00005846
Portugal, Setúbal, Palmela, Palmela
 
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca. Maneirismo no alçado austero, nos vãos rectangulares na fachada e no portal classicizante, com interior de espaço unificado em planta longitudinal e com entablamento de cornija muito balançada. Do barroco, a talha dos altares de estilo nacional, com colunas pseudo-salomónicas, em organização arquitectónica de arquivoltas concêntricas, decoração de enrolamentos de folhas de videira, com abertura do espaço central para o trono no altar-mor; do barroco ainda a decoração azulejar de tapete polícromo com padrão, com colocação horizontal; resultando uma transfiguração barroca do espaço estruturalmente chão com azulejaria, pela dinâmica decorativa da combinação dos próprios motivos, integrando pequenos painéis de albarradas. Templo do final de quinhentos de uma só nave com azulejos seiscentistas de feitura erudita. Todo o conjunto é um exemplo do estilo chão, franqueado à variedade e riqueza do recheio ornamental.
Número IPA Antigo: PT031508020007
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade  Edifício, igreja e hospital  Misericórdia

Descrição

Planta longitudinal, composta de corpo do templo e o anexo da sacristia, coincidência interior / exterior, volumes articulados, verticalidade. Cobertura homogénea em telhado de 2 águas. Fachada orientada a SO., embasamento de pequena proeminência; 1 pano delimitado por pilastras dóricas, de capitel duplo onde assentam beirais; 2 registos definidos pelo portal e pelo janelão gradeado que se lhe sobrepõe; portal sobre 2 degraus, ladeado por pilastras toscanas, rematando em entablamento e frontão triangular, de molduras bem marcadas, com inscrição: "1566"; remata em frontão curvo com beiral sanqueado, encimado por pequena cruz. Articulação exterior / interior desnivelada, acedendo-se ao interior, subindo 2 degraus. INTERIOR: átrio com guarda vento, de planta quadrangular. Nave de 6,8 m de altura máxima, com cornija saliente, bem marcada; a meio do corpo da igreja, à esquerda, 1 porta conduz às dependências do antigo hospital de Misericórdia. Capela-mor em destaque sobre patamar alto, com teia de balaustrada de madeira, delimitada por balaústres de mármore colorido; 3 altares de talha dourada, com as imagens de Cristo crucificado, Senhor dos Passos, Nossa Senhora das Necessidades, Santa Catarina, Santo Amaro; altar-mor de talha joanina, com variada imaginária: representações de Pietá, Senhora das Dores, Senhor do Monte, Senhor da Boa-Hora; à esquerda, incrustada na parede, lápide do comendador de Vera Cruz da Ordem de Malta, sobre cadeiral; no pé-direito da capela-mor 2 registos definidos por vãos: à direita, 1 porta que dá para a sacristia, a qual se sobrepõe 1 janela moldurada; do lado oposto, fronteira àquela, 1 janela de vitral; Iluminação dada apenas por janelão sobre portal. Todo o corpo é revestido a azulejos, com dois tipos de motivos diferentes: quadros de albarradas com bordadura de tipologia azul e branco, inseridos no meio de padrões de tapete com cercadura, de tipologia azul, amarelo e branco. Tecto de madeira de 3 planos; chão de laje de pedra e tijoleira, com tampas de sepultura.

Acessos

Largo Duque de Palmela, nº 30; Rua Jaime Freixo. WGS84 (graus decimais): lat. 38,568002, long. -8,899659

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 740-AV/2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012 / Incluído na Zona Especial de Protecção do Castelo de Palmela e Igreja de Santiago (v. PT031508020002) e do Pelourinho de Palmela (v. PT031508020003)

Enquadramento

Urbano, meia-encosta, flanqueado à direita a prédio de dois pisos e à esquerda ao edifício do antigo hospital de Misericórdia, também de dois pisos, de que faz parte integrante, de fronte para um largo da cidade.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: 1. Inscrição de determinação de prece gravada numa lápide, num campo epigráfico delimitado por moldura simples filetada, enquadrada por moldura de mármore rosa com cantos em resalto e preenchidos ao centro por um circulo de pedra de cor negra. Sob o texto e dentro do campo epigráfico foram gravadas duas cruzes da Ordem de Malta estando uma ao centro e a outra no flanco direito. Calcário e Mármore. Sulcos das letras preenchidos com betume negro. Inclusões e nexos. Dimensões:Totais: 140x73,5; campo epigráfico: 137,5x71. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: ESTA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DA VILA DE PALMELA ESTÁ OBRIGADA POR UMA ESCRITURA PÚBLICA FEITA NAS NOTAS DE DIOGO DE MOURA TABELIÃO NA MESMA DE MANDAR DIZER UMA MISSA QUOTIDIANA PARA SEMPRE POR FREI JERÓNIMO DE BRITO DE MELO NATURAL DA MESMA VILA COMENDADOR DA VERA CRUZ DA RELIGIÃO DE SÃO JOÃO DE MALTA E A ISSO OBRIGOU A MISERICÓRDIA TODOS SEUS BENS E RENDAS POR QUANTO RECEBEU PARA A DITA MISSA DE ESMOLA 635.OOO MIL REIS EM DINHEIRO E A ESCRITURA SE FEZ EM SETEMBRO DE 1631 EM ELA ESTÁ UMA CLÁUSULA QUE NÃO SE DIZENDO AS MISSAS O CONVENTO RECOLHA A ESMOLA E AS MANDE DIZER E POR ESSE RESPEITO ESTÁ A ESCRITURA NO CARTÓRIO DO DITO CONVENTO DE SANTIAGO DA DITA VILA. 2. Inscrição comemorativa da doação e instituição de uma capela. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: ESTA CAPELA DEU A MISERICÓRDIA A FRANCISCO COELHO CARDOSO E A SEUS DESCENDENTES NELA SE DIZ CADA ANO MISSA POR SUA ALMA TODAS AS QUARTAS FEIRAS E 33 MISSAS E 5 ANIVERSÁRIOS E 3 MISSAS POR SEU PAI MÃE E ALMAS DO PURGATÓRIO E PELA ALMA DE ANA MENDES SUA MULHER 20 MISSAS E 2 ANIVERSÁRIOS E 4 MISSAS POR SEU PAI E MÃE AVÔ E ALMAS DO PURGATÓRIO COMO TUDO É DECLARADO NA INSTITUIÇÃO FEZ DA FAZENDA QUE COM ESTA OBRIGAÇÃO DEIXOU A PEDRO COELHO CARDOSO SEU FILHO E SEUS DESCENDENTES. 3. Inscrição funerária. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: AQUI JAZ ANA COELHA DE ANDRADE MULHER DE PEDRO CARDOSO.

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1529 - Fundação da Misericórdia de Palmela; 1530, Outubro - data de alvará da mão do o Cardeal D. Afonso, com a permissão de levantamento de um altar que a levantar no local onde existira a capela do Espírito Santo, sede de uma antiga confraria de caridade, que, por ser pequena, foi derrubada, nascendo mais tarde, no seu lugar, uma maior; 1534 - existência de uma capela de Misericórdia, enquanto não existisse casa maior para ela; 1536 - efectivação de solenidades já na igreja; 1566 - data da inscrição do portal, referente à verificação ou ao finalizar de importante campanha de obras; época da fachada actual; séc. 17 - obras de vulto na igreja, com ampliação; 1631 - data de sepultura de Maria Romba de Córdova; 1732 - as paredes da frontaria em ruína; séc. 17 / 18 - azulejos (SIMÕES, 1971); 1732 - a Misericórdia decidiu ter um letrado em Lisboa responsável pelo tratamento das causas crime dos presos e outros negócios da Casa; 1734 - data da apresentação de contas finais aos arrematantes, para efectivação das necessárias obras de restauro, do hospital da Santa Casa e da igreja; 1836 - o sino da igreja encontrava-se quebrado; 1840 - herança dos dois sinos da Igreja de Santa Maria do Castelo, por aquela servir de paróquia à freguesia de Santa Maria; 1874 - data de reparações de grande vulto na igreja, por mercê de um subsídio do Governo civil; 1887 / 1888 - orçamento para obras de restauro do madeiramento do telhado; 1986, 17 abril - iniciação do processo de classificação do imóvel no IPPC; 1990, 17 de Março - data da lápide evocativa dos restauros, afixada na sacristia; 1986, 17 abril - iniciação do processo de classificação do imóvel no IPPC; 2000, 07 fevereiro - proposta de classificação do imóvel pela Câmara Municipal de Palmela; 2001, 27 novembro - proposta de abertura do processo de classificação da DRLisboa; 29 novembro - despacho de abertura do processo de classificação do Vice-Presidente do IPPAR; 2002, 26 abril - proposta da DRLisboa para alteração do âmbito da classificação do imóvel; 03 junho - despacho de concordância do Vice-Presidente do IPPAR para alteração do âmbito da classificação do imóvel; 2004, 16 julho - proposta da DRLisboa a propor a classificação como Imóvel de Interesse Público; 2006, 12 julho - parecer favorável do Conselho Consultivo do IPPAR; 22 dezembro - despacho de homologação como Imóvel de Interesse Público, do Secretário de Estado da Cultura; 2013, 10 abril - Declaração de retificação n.º 447/2013, DR, 2.ª série, n.º 70.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Alvenaria, cantaria, madeira, talha de madeira, azulejos, telhas

Bibliografia

ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; ARAÚJO, Maria Marta Lobo de, Dar aos pobres e emprestar a Deus: as Misericórdias de Vila Viçosa e Ponte de Lima (séculos XVI - XVIII), s.l., 2000, p. 261; DUARTE, Ana, Igrejas e Capelas da Costa Azul, Setúbal, s. d.; FORTUNA, António Matos, Misericórdia de Palmela, Vida e Factos, Palmela, 1990; IDEM, Priores Mores do Real Convento. Provedores da Santa Casa da Misericórdia de Palmela, Lisboa 1994; SANTOS SIMÕES, J. M., A Azulejaria em Portugal no séc. XVII, Lisboa, 1971.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: 1990 - restauro da igreja sobre ameaça de ruína; CMPalmela: 2012, 10 fevereiro - anúncio de procedimento n.º 523/2012, DR n.º 30, 2.ª série, relativo à requalificação das infraestruturas de abastecimento de água, drenagem de águas residuais domésticas, pluviais, pavimentação e ajardinamento do Largo Duque de Palmela, Largo do Município, Alameda Nuno Álvares Pereira, Miradouro e Avenida dos Cavaleiros da Ordem de Santiago.

Observações

Autor e Data

Albertina Belo 1998

Actualização

 
 
 
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