Igreja Paroquial de Possacos / Igreja de Nossa Senhora das Neves

IPA.00005733
Portugal, Vila Real, Valpaços, Possacos
 
Arquitectura religiosa, seiscentista e barroca. Igreja paroquial de planta rectangular composta por nave e capela-mor, mais baixa e estreita, interiormente com iluminação axial e bilateral e coberturas em falsa abóbada de berço. Fachada principal terminada em empena truncada por dupla sineira e rasgada por portal de verga recta entre pilastras suportando frontão de volutas interrompido por nicho com imagem do orago e por dois óculos e pequenas janelas com frontões semicirculares laterais. As fachadas laterais, com cunhais apilastrados e terminadas em friso e cornija, são rasgadas por porta travessa de verga recta e janelas de capialço; a posterior é cega e termina em empena na capela-mor. Interior com coro-alto, confessionários embutidos laterais, púlpito no lado do Evangelho, acedido por porta, dois retábulos laterais, o do Evangelho de talha policroma rococó, de planta côncava e um eixo, e o da Epístola em barroco nacional, de planta reta e um eixo, e retábulo-mor em talha dourada de estilo nacional, de planta reta e três eixos. A cobertura da capela-mor apresenta caixotões entalhados barrocos, com cenas da Paixão de Cristo pintadas. Igreja de construção seiscentista e / ou setecentista substituindo uma outra medieval, a que deve aludir a inscrição de 1340 existente sobre o portal axial. A fachada principal apresenta a empena de caráter geométrico, sublinhado por dupla cornija e friso intermédio, sobre a qual se desenvolve a dupla sineira, e com os recortes laterais preenchidos com elementos de cantaria decorados com motivos vegetalistas, geométricos e aletas. O retábulo-mor tem a decoração do banco com influência maneirista, nomeadamente nos motivos lanceolados das pilastras.
Número IPA Antigo: PT011712160005
 
Registo visualizado 379 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta rectangular composta por nave única e capela-mor, mais estreita e mais baixa, tendo adossada à fachada lateral esquerda sacristia rectangular. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja e de três na sacristia, rematadas em beirada simples. Fachadas em cantaria aparente, de aparelho irregular, com as juntas tomadas e pintadas de branco, de cunhais apilastrados, coroados por pináculos piramidais com bola sobre plintos paralelepipédicos, e terminadas em friso e cornija. Fachada principal virada a O., terminada em empena truncada por dupla sineira, sublinhada por dupla cornija e friso intermédio, com vãos em arco de volta perfeita sobre pilastras, albergando sinos, e rematada em cornija recta, coroada por pináculos piramidais com bola, ladeando aletas sustentando globo e cruz latina em ferro; na face posterior tem balcão com guarda em ferro de acesso aos sinos. É rasgada por portal de verga recta, com moldura ladeada por duas pilastras toscanas suportando entablamento e frontão de volutas interrompido por mísula, encimado por nicho em arco de volta perfeita sobre pilastras, com florão no fecho, rematado por cornija e frontão semicircular, ladeado de aletas e albergando imagem pétrea policroma do orago; lateralmente abrem-se dois óculos polilobados, gradeados, e, superiormente, duas janelas molduradas e encimadas por frontões semicirculares, a da direita actualmente entaipada e sobreposta por relógio circular. Sobre o recorte geométrico da empena existe ainda elemento de cantaria inscrito com losango, elementos vegetalistas e rematado em aletas. Fachadas laterais rasgadas na nave por porta travessa de verga recta e moldura simples e duas janelas de capialço, gradeadas, abrindo-se na lateral direita ampla janela rectangular gradeada na capela-mor; na lateral esquerda abrem-se ainda uma porta sobrelevada de acesso ao coro-alto, precedida por escada de cantaria de dois lanços, com guarda plena, colunas de arranque e formando balcão no topo; a sacristia, de dois pisos, é rasgada a O. no piso térreo por porta de verga recta e no superior por janela de peitoril moldurada, tendo inferiormente gravada cruz latina, e por porta de verga recta com acesso por escada de cantaria adossada à nave, com coluna arranque, e sob a qual existem sanitários. Fachada posterior da capela-mor cega e terminada em empena, coroada por cruz latina, e a sacristia rasgada no piso térreo por três janelas jacentes de capialço, gradeadas. INTERIOR da nave com as paredes em alvenaria de granito aparente, com as juntas tomadas e pintadas de branco e com azulejos de padrão bícromo azul e branco formando silhar, pavimento de madeira e cobertura em falsa abóbada de berço, sobre cornija, formando caixotões pintados com elementos fitomórficos policromos e, ao centro, a imagem de Nossa Senhora das Neves. Coro-alto de madeira, assente em duas mísulas laterais de cantaria e duas colunas, formando no sub-coro três arcos de volta perfeita e com guarda em balaustrada. No sub-coro do lado do Evangelho, o baptistério, revestido por azulejos iguais aos do silhar, tem pequena pia baptismal de taça circular sobre pé cilíndrico e armário rectangular embutido, protegido por guarda em ferro. Lateralmente, dispõem-se quatro confessionários embutidos, de verga recta e moldura simples, dois de cada lado, tendo a meio as portas travessas, ladeadas por pias de água benta facetadas. No lado do Evangelho surge o púlpito, de bacia rectangular sobre mísula, com guarda em balaustrada e acedido por porta de verga recta. No topo da nave existem dois retábulos de talha policroma e dourada, de estrutura diferente, com presbitérios protegidos por guardas em ferro. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras toscanas. A capela-mor apresenta as paredes revestidas a azulejos bícromos, e cobertura em caixotões entalhados, com florões nos encontros, e painéis pintados com cenas da vida de Cristo. Sobre o supedâneo com vários degraus centrais, surge o retábulo-mor, de talha dourada, de planta reta, corpo côncavo e três eixos, definidos por seis colunas torsas, decoradas por anjos, aves e pâmpanos, assentes em plintos paralelepipédicos ornados de acantos e querubins e de capitéis coríntios; no eixo central abre-se tribuna em arco, interiormente revestida com apainelados de acantos e coberta por abóbada de berço, com apainelados contendo florões e albergando trono expositivo de vários degraus, decorados de acantos e querubins; nos eixos laterais surgem painéis sobrepostos por mísulas com imaginária; ático composto por duas arquivoltas torsas e uma plana, unidas no sentido do raio, ladeadas por apainelados de talha com acantos e anjos; banco com quarteirões laterais e pilastras decoradas com frisos lanceolados enquadrando as portas de acesso à tribuna, com elementos geométricos relevados; sotobanco decorado com painéis de acantos e florões; ao centro tem sacrário tipo templete com Cristo redendor relevado na porta, rectangular, enquadrada por acantos, querubins e com dois anjos tenentes segurando cruz com Crucificado. A sacristia possui no piso térreo pavimento em cantaria, paredes em alvenaria aparente com as juntas pintadas de branco e tecto rebocado e pintado de branco; possui lavabo de espaldar rectangular com carranca encimada por nicho do depósito de água, coroado por cruz latina e com torneira inferior, envolvida por aletas e dois pináculos piramidais relevados, tendo frontalmente bacia rectangular quase plana.

Acessos

Possacos, Rua da Igreja

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 28/82, DR, 1.ª série, n.º 47 de 26 fevereiro 1982

Enquadramento

Urbano, isolado, no limite SE. da aldeia, inserido em amplo adro, pavimentado e vedado por muro de cantaria aparente, integrando frontalmente duas aletas ladeando o principal portão de acesso, em ferro, com a data de 1948, entre dois pilares coroados por pináculos piramidais. O adro é pontuado de oliveiras.

Descrição Complementar

A verga do portal axial tem a inscrição 1340. Capela lateral do Evangelho revestida a talha policroma, com marmoreados fingidos a verde, rosa e dourado, com planta côncava e um eixo, definido por duas pilastras exteriores, assente em plintos, decoradas com concheados, e duas colunas com cartela marcando o terço inferior e anel fitomórfico inferior, assentes em mísulas com anjos atlantes e de capitéis coríntios; ático em espaldar recortado ornado de concheados e cartela central; interiormente é revestida a apainelados pintados a marmoreados fingidos a verde, lateralmente sobrepostos por mísulas sustentando imaginária, encimada por baldaquinos, e com cobertura em abóbada de berço; alberga maquineta igualmente em marmoreados fingidos a verde e rosa, com vão polilobado, ladeado por colunelos suportando remate em cornija, encimado por espaldar curvo de elementos fitomórficos vazados, albergando imaginária no interior. Retábulo lateral da Epístola de planta reta, corpo côncavo e um eixo definido por quatro pilastras decoradas com elementos fitomórficos, duas exteriores e duas interiores, e quatro colunas torsas com espira fitomórfica, assentes em mísulas com anjos e de capitéis coríntios; estas prolongam-se no ático em duas arquivoltas, uma torsa e outra plana, enquadradas por espaldar recto assente em quarteirões e baldaquino com lambrequim e fecho fitomórfico relevado; ao centro, possui nicho em arco polilobado, interiormente contendo imaginária.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Vila Real)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1340 - data inscrita na verga do portal *1; séc. 17 - época provável da construção da actual igreja; 1706 - a freguesia tinha 120 fogos; era vigairaria da apresentação do cabido da Sé de Braga; mais tarde, o seu vigário passou a ser apresentado pelo da freguesia de Santiago da Ribeira de Alhariz e tinha o rendimento anual de 20$000, mais o pé de altar; sec. 18, 1ª metade - feitura do retábulo-mor e do lateral do Evangelho; 1758, 3 Abril - segundo o pároco das Memórias Paroquiais, a freguesia pertencia ao arcebispado de Braga, Comarca e termo de Chaves, sendo do Duque de Bragança a quem pagava foros; tinha 85 vizinhos e 260 pessoas de sacramento; a igreja, com orago de Nossa Senhora das Neves, ficava fora do lugar, com casas ao redor, num cabeço cheio de oliveiras; tinha três altares: o altar-mor de Nossa Senhora e dois colaterais, um de Santo António e outro do Santo Cristo; o pároco era vigário ad nutum apresentado pelo pároco de Santiago da Ribeira de Alhariz, tendo 10$000 de congrua e de cada freguês uma oferta de pão de centeio; sec. 18, 2ª metade - feitura do retábulo lateral do Evangelho; 1803 - data do primeiro registo de baptismo e de casamento documentados; 1835 - data do primeiro registo de óbitos e de testamentos documentados; 1840 - data inscrita na verga do portal axial; 1853 - a freguesia passou para o concelho de Valpaços; 1878 - a freguesia tinha 970 habitantes; 1892 - data do relógio; 1916 - data da colocação do pavimento frontal à igreja; séc. 20 - pintura do tecto da nave, colocação do silhar de azulejos; 1948 - data do portão do adro; 1950, década - colocação de silhar de azulejos.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria e cantaria de granito aparente; escadas, molduras dos vãos, sineiras, pináculos, cruzes, bacia do púlpito, pias de água benta e baptismal, nichos de alfaias, lavabo e outros elementos em cantaria de granito; portas e caixilharia de madeira; revestimento e silhar de azulejos bícromos; retábulos em talha dourada e pintada; cobertura de madeira pintada; caixotões entalhados e pintados; guardas e grades em ferro; guarda do púlpito e coro-alto em madeira; algerozes metálicos; cobertura em telha.

Bibliografia

CAPELA, José Viriato, BORRALHEIRO, Rogério, MATOS, Henrique, As Freguesias do Distrito de Vila Real nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património, Braga, 2006; MARTINS, A. Veloso, Monografia de Valpaços, Porto, 1978; Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, Inventário, Lisboa, 1993, vol. III, Distrito de Vila Real, p. 36; VALBEL, Joaquim de Castro Lopo, O Concelho de Valpaços, Lourenço Marques, 1954; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74685 [consultado em 11 janeiro 2017].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

DGEMN:DREMN, DGEMN:DSARH

Intervenção Realizada

1980 / 1990, décadas - obras de conservação e restauro da igreja tendo-se procedido, nomeadamente, à remoção do reboco interior e à pintura do tecto da nave.

Observações

*1 - A data de 1340 foi pintada de modo realçado sobre a inscrição da verga do portal axial, que tem gravado 1840. *2 - O topónimo Poçacos tem origem germânica, sendo derivado de poço com o raro sufixo "aco".

Autor e Data

Isabel Sereno e Paulo Dordio 1994 / Paula Noé 2011

Actualização

 
 
 
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