Igreja Paroquial de Murça / Igreja de Santa Maria

IPA.00005720
Portugal, Vila Real, Murça, Murça
 
Arquitectura religiosa, barroca. Igreja de planta longitudinal composta por nave e capela-mor, mais baixa e estreita com sacristia e torre sineira adossada. Fachada principal em frontão triangular com nicho no tímpano, rasgada por portal de verga recta com frontão de volutas e duas janelas laterais. Alçados com pilastras nos cunhais e remates em friso e cornija, sendo os laterais rasgados por janelas e portas confrontantes. Interior com cobertura em falsa abóbada de berço, em estuque, coro-alto, púlpitos, e retábulos em talha dourada e policroma, maneiristas, de tipo edícula, os colaterais, barrocos os laterais e o mor e um outro lateral rococó. Igreja com fachadas de cunhais ritmados pela alternância de frisos e cornijas, ambos moldurados, sobretudo na principal, devido ao frontão do remate ter os ângulos abertos, contribuindo para a sua dinamização. Esta constitui a fachada de maior riqueza decorativa, com portal encimado por frontão de volutas interrompido por cartela, datada, fechada por elemento decorativo, e com nicho no tímpano, ladeado por aletas volutadas, de asas abertas. Pia baptismal revela antiguidade, de forma parabólica. Coro-alto sobre pilares, os centrais de ângulos chanfrados. As fachadas laterais possuem portas travessas confrontantes, ainda que a do lado esquerdo esteja entaipada. No interior, possui dois púlpitos confrontantes, com guardas em talha pintada e dourada, com enrolamentos, fragmentos de cornija volutada e elementos fitomórficos, assentes em consola decorada com acantos. Retábulo-mor de três eixos, com tribuna de perfil semicirular, coberta por semicúpula, ligeiramente convexa na zona central da base, integrando o sacrário. Os retábulos colaterais, provenientes da antiga Matriz, têm estrutura maneirista, a que foram adicionados elementos barroquizantes, como as orelhas, pequeno espaldar de talha sobre a cornija das tabelas, altar em forma de urna, bem como as mísulas laterais e respectivos remates. O lateral do lado do Evangelho, proveniente de um convente é rococó, evidenciando-se o dinamismo do recorte da boca da tribuna, acompanhado pela moldura, pontuada de concheados, querubins e enrolamentos. A pia de água-benta é igualmente proveniente da antiga Matriz, e possui pia baptismal de forma parabólica, bastante rudimentar. As pinturas das coberturas interiores são do séc. 20, provavelmente dos anos 40.
Número IPA Antigo: PT011707050004
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal composta por nave única e capela-mor rectangular, mais estreita e baixa, com anexos, também rectangulares, adossados de ambos os lados à capela-mor, prolongando-se para a fachada posterior, e torre sineira quadrangular, na lateral direita. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja, uma e quatro águas nos anexos e cúpula bolbosa na torre sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com pilastras nos cunhais, sobrepujados por pináculos com a base decorada com folhas de acanto, e percorridas por embasamento de cantaria e remates em friso e cornija, ambos moldurados. Fachada principal terminada em frontão triangular, com friso e cornija, ambos moldurados, e de ângulos inferiores abertos. Portal central de verga recta, moldurado, entre pilastras almofadadas, que suportam friso e frontão de volutas, interrompido por cartela, fechada superiormente por enrolamento. Ladeiam o portal duas janelas rectangulares, junto à cornija do remate. No tímpano, possui nicho concheado emoldurado por pilastras, albergando imagem do orago; é ladeado por aletas volutadas, de asas abertas, assentes em pequeno friso. Fachadas laterais rasgadas na nave por duas janelas rectangulares e porta central de verga recta, simples, confrontantes, sendo a porta lateral esquerda cega. Neste mesmo lado, o anexo tem três portas, duas de verga recta, emoldurada a cantaria e duas janelas; ao centro, cartela recortada com inscrição. A torre sineira, sensivelmente recuada relativamente ao frontispício, possui dois registos separados por friso e cornija, ao mesmo nível dos da igreja, tendo, nas faces viradas a O. e S., dupla sineira, de arco pleno, encimadas por relógio circular, encimado por cornija curva, e, na E., porta de verga recta, que acede a escada interna de caracol, e janela gradeada. Os cunhais são coroados por pináculos sobre acrotérios. INTERIOR rebocado e pintado de branco com pavimento lajeado. Nave percorrida por silhar de azulejos modernos, de padrão, com coro-alto sobre pilares quadrangulares, os centrais de ângulos chanfrados, com balaustrada de madeira. Guarda-vento também de madeira, encerada, com bandeira envidraçada. No sub-coro, rasga-se na espessura da caixa murária, do lado esquerdo do portal, vão de arco pleno, com silhares de cantaria, albergando pia baptismal de forma parabólica, sobre base quadrangular, encimado por painel com figuração do "Baptismo de Cristo". Junto abre-se nicho quadrangular, fechado por porta de madeira. No lado do Evangelho, dispõe-se confessionário embutido no vão da porta travessa e um retábulo de talha pintada de branco e dourada, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. Lateralmente, surgem, ainda, confrontantes, dois púlpitos de base quadrangular, sobre mísula volutada, em pedra, com guarda de talha pintada de branco e dourada, decorada, em cada uma das faces, com enrolamentos e fragmentos de cornija, e com acesso por escada de pedra com guarda de madeira balaustrada. Dois retábulos laterais, de estrutura semelhante, dedicados a Nossa Senhora das Dores ( Evangelho ) e Senhor dos Passos ( Epístola ). Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras, ladeado por dois retábulos colaterais, também de talha dourada e pintada de branco, o do Evangelho dedicado à Virgem. Sobre cornija de pedra assenta a falsa abóbada de berço, de estuque, com tirantes de metal, pintada com motivos geométricos e fitomórficos, com três cartelas, a central figurando a imagem da Virgem e putti nas laterais. Capela-mor com paredes revestidas a azulejos modernos, de padrão e rasgada, em ambos os lados, pos duas frestas de rampa. Sobre supedâneo de recorte ondulado ao centro, retábulo-mor de talha dourada, pintada de branco e com colunas em marmoreado azul, de planta recta e três eixos definidos por quatro colunas de fuste torso, com o terço inferior liso e decorado com laçarias e motivos fitomórficos, assentes em atlantes em forma de putti. No eixo central, a tribuna, de forma poligonal, apainelada e com profusa decoração fitomórfica, com trono de cinco degraus, sobre o qual surge um resplendor. Lateralmente, duas mísulas protegidas por baldaquinos com drapeados em forma de cortina, pintados de vermelho, protegem imaginária. O ático, em semicírculo, forma espaldar recortado e duas consolas com putti, que sustentam a sanefa, também com drapeados, e dois anjos. Na base da tribuna, em forma convexa, surge o sacrário, ladeado por dois putti que abrem duas cortinas, deixando antever a decoração da porta, com o "Agnus Dei" imolado. Altar paralelepipédico, com frontal decorado com motivos fitomórficos. Ara de altar sustentada por quatro colunas torsas, com espira fitomórfica. No lado do Evangelho, credência de madeira, pintada de marmoreados fingidos. Cobertura em falsa abóbada de berço de estuque, pintado com motivos geométricos e figurativos em cartelas.

Acessos

Murça, Largo da Igreja

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Urbano, no centro histórico da vila, implantada a meia encosta, a 500 m. de altitude, constituindo o ponto mais setentrional da Região Demarcada do Vinho do Porto. Ergue-se isolada, junto a uma das principais artérias, com passeio frontal e pequeno adro ajardinado e com oliveiras, junto à fachada lateral direita; este é fechado por muro rebocado e pintado de branco, com gradeamento, tendo portal de ferro, entre pano murário, de perfil curvo, com embasamento e pilares de cantaria granítica, coroadas por pináculos e vasos.

Descrição Complementar

Capela do Sagrado Coração de Jesus com retábulo de talha dourada e pintada de branco, de planta recta e eixo único, composto por nicho e moldura de perfil contracurvado, decorado com concheados e acantos, rematado por espaldar com enorme resplendor e cornija. Os retábulos laterais são semelhantes, de planta recta, inseridos na estrutura murária, com um eixo composto por mísula central, ladeado por duas colunas torsas e pilastra, rematando internamente por fragmento de frontão e putti e, no extradorso, sanefa encimada por frontão interrompido, igualmente com putti. Altares sustentados por colunas de fuste liso e capitéis coríntios. Retábulos colaterais semelhantes, de planta recta e eixo único definido por duas colunas espiraladas, com o terço inferior decorado com motivos fitomórficos e querubins. São compostos por três mísulas com imaginária de madeira, a central com sanefa, sobrepujados por friso, cornija e tabela com aletas volutadas, comportando imagem, e remate em espaldar recortado. No exterior, surge a seguinte inscrição: "ESTA MVITO / ANTIQVISSIMA / E NOBRE CAPELA / DE N. S. DASVMPSAO / MANDOV EEDIFICAR / AGORA SEV PADROEIRO / DIOGO LEITE PERREIRA / DI__CO ANNO DE / 1707".

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Vila Real)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTOR: Pedro de França (1554 / 1556) (atr.).

Cronologia

1220 - Aquando das Inquirições de D. Afonso II existiam na terra de Panóias trinta e três paróquias, uma delas a de Santiago de Murça, constituída em data incerta a partir do desmembramento da paróquia rural de Panóias; 1493 - a Igreja de Santiago, erguida na vertente S. do monte de Santiago, no sítio actualmente designado por Passal, pagava de visitação do arcebispo um marco e meio de prata; 1528 - o padroado da Igreja de Santiago pertencia à Colegiada de Nossa Senhora de Oliveira, de Guimarães, tendo o pároco 150$000 de rendimento; 1548 - data do Tombo da igreja; 1554 / 1556 - pintura dos painéis do retábulo, atribuídos a Pedro de França; séc. 17, finais / 18, inícios - a Igreja de Santiago deixou de ser paroquial, talvez por estar afastada do centro ou ameaçar ruína, optando-se pela capela de Nossa Senhora da Assunção, que ficava no terreiro da vila, para tal; 1706 - Carvalho da Costa já refere que a ermida de Santiago tinha sido antigamente Priorado e Paróquia; 1707 - data na cartela oval actualmente na parede N. do anexo assinalando o restauro da igreja pelo benemérito Diogo Leite Pereira; o padroeiro da paróquia foi substituído, passando a ser de Santa Maria e da antiga igreja transferiu-se algum recheio: os retábulos colaterais, as imagens de Santiago, São Vicente, São José da Roca, o Senhor da Cana Verde, a pia baptismal, alfaias religiosas, etc; 1716 - data do primeiro registo de Baptismos documentado; 1721 - data do primeiro registo de testamento documentados; 1731 - data do primeiro registo de óbitos documentado; 1734 - data do frontão do portal; construção da torre sineira; provável execução dos retábulos laterais, dedicados a São Macário e São José; 1738 - data do primeiro registo de casamentos documentado; 1758, 6 Março - segundo o reitor José Caetano Ribeiro e Sousa nas Memórias Paroquiais, a freguesia pertencia ao arcebispado de Braga, comarca de Vila Real, sendo seu donatário Luís Guedes de Miranda Mendonça e Albuquerque, que falecera neste ano; tinha 220 vizinhos e 700 pessoas de sacramento e menores; a igreja, com orago de Santa Maria, era de uma nave e tinha cinco altares, o altar-mor, o de Nossa Senhora, o do Nome de Jesus, o do Senhor dos Passos e de São Tiago Maior; tinha apenas uma Irmandade, dedicada ao Santíssimo Sacramento, com 60 Irmãos e sem número certo para crescerem ou diminuírem; o pároco era reitor e da apresentação da Colegiada de Guimarães, tendo de renda de frutos certos e incertos cerca de 15$000; 1834 - na sequência de decreto nacionalizando os bens das ordens religiosas, a Igreja recebe artigos de culto do mosteiro de São Bento: o retábulo lateral de São Vicente ( altualmente do Sagrado Coração de Jesus ), um sacrário e as imagens de Santa Escolástica, Nossa Senhora de Lapa e de São Roque, e talvez ainda as de Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora das Dores; séc. 19 - o provimento do lugar de reitor da Matriz fazia-se por concurso público; 1867, 20 Novembro - carta do rei D. Luís ao arcebispo de Braga informando do encerramento do concurso e da selecção do Pe. José Caetano Fontes, páraco do Candelo, devido aos "seus costumes, habilitações e louvavel desempenho de seus deveres parochiaes por espaço de mais de vinte annos"; 1902 - compra de terreno contínuo ao adro para jardim, que se murou e vedou, colocando-se ainda portão de entrada, datado; 1924 - durante as obras de restauro, o culto foi transferido para a Capela da Misericórdia; 1937, finais / 1938, inícios - colocação de relógio na torre sineira, oferecido por Manuel Fernandes Cousinha, de Almada; aquisição, restauro e ampliação de uma casa para residência Paroquial; 1940 - os painéis do antigo retábulo-mor figuraram na Exposição dos Primitivos Portugueses, em Lisboa; 1948 - a Igreja recebe duas vultuosas doações, uma da Marquesa de Val Flor ( 50 contos ) e outra de Américo Breia ( 30 contos ) para manter e enriquecê-la; 1954, Maio - acolhe a imagem de Nossa Senhora de Fátima, em peregrinação por Trás-os-Montes; 1987 / 1988 - concluídas as obras de manutenção da Igreja, procedeu-se à adaptação da antiga sede da Confraria do Santíssimo Sacramento, datada de 1896, a nova Residência Paroquial.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de cantaria granítica rebocada e pintada de branco; embasamento, frisos, cornijas, pilastras, pilares, molduras dos vãos, base dos púlpitos, arcos, escadas e outros elementos em granito; pavimento lajeado e cobertura interior em estuque; silhar de azulejos; retábulos de talha; painéis e telas pintadas; parapeito dos púlpitos em madeira entalhada e pintada; portas, guarda-vento e parapeito do coro-alto em madeira; cobertura exterior em telha; gradeamento e portão do adro em ferro.

Bibliografia

LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. V, Lisboa, 1875, p. 590; SANTOS, Reinaldo dos, O Tríptico de Murça do pintor Pedro de França in Boletim da Academia Nacional de Belas Artes, tomo 11, Lisboa, 1972, p. 74 - 78; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Porto, 1988; COSTA, António Luís Pinto da, O Concelho de Murça ( Retalhos para a sua História ), Murça, 1992; AUGUSTO, Marcelino, LOPES, Roger Teixeira, Murça, Património Artístico, Mirandela, 2000; CAPELA, José Viriato, BORRALHEIRO, Rogério, MATOS, Henrique, As Freguesias do Distrito de Vila Real nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património, Braga, 2006.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

IAN/TT: Dicionário Geográfico de Portugal, vol. 463, nº 25

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1924 - Restauro da Igreja: apeamento da talha do retábulo-mor, reforço e restauro das partes danificadas; substituição de azulejos deteriorados; refazer da cornija; execução de embasamento a massa de cimento; restauro de algumas imagens, nomeadamente do crucifixo do sacrário pela Casa Fânzeres, de Braga; 1942 - restauro das tábuas do antigo retábulo-mor por Fernando Mardel; 1987 / 1988 - obras de conservação.

Observações

Autor e Data

Ricardo Teixeira 2001

Actualização

 
 
 
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