Convento de Santa Cruz do Buçaco e Via Sacra na Mata do Buçaco

IPA.00005690
Portugal, Aveiro, Mealhada, Luso
 
Convento carmelita descalço maneirista, de planta poligonal, repetindo o modelo de origem espanhola característico da ordem (cruz latina e cúpula inserta no cruzeiro; arcaria tripla na entrada). Integrado num recinto murado compreendendo o convento, capelas devocionais, ermidas penitenciais, vinte capelas dos Passos e várias fontes, numa fusão da arquitectura com a natureza que, transformando este espaço num jardim, estavam ao serviço dos ideais ascéticos dos Carmelitas Descalços. A decoração do Buçaco é conseguida essencialmente através do embrechado que forma molduras rectilíneas nas portas e nos cunhais, acentuando outros elementos como janelas e arcos, do tipo encontrado noutras construções eremíticas como o Convento da Arrábida (v.PT031512040018), dos Capuchos na Serra de Sintra (v. PT031111050021), de São Paulo em Palmela (v. PT031508020013). Todos os frontais de azulejo se inspiram nos modelos de frontais texteis, lavrados ou bordados com as arestas definidas por cantoneiras, pintada a azul ou azul e manganés sobre branco. Dividem-se em três grupos, o primeiro com pano tipo brocado segundo o modelo produzido em Talavera de La Reina (finais do séc. 15, primeiras décadas de 16); o segundo do tipo chamado de aves e ramagens e o terceiro feito com aproveitamento de azulejos. O Convento e a Via Sacra do Buçaco representam no conjunto dos Monumentos Nacionais caso único no país pois, por um lado, expressam o ideal carmelita seiscentista português com a criação de um "deserto", a exemplo de outros eremitérios carmelitas europeus, e por outro, reflectem o combate às heresias levado a cabo pela Inquisição e encabeçada pelos bispos de Coimbra, ao procurar recriar, nesse local, a cidade de Jerusálem por ter sido aí que Jesus Cristo foi acusado, condenado e morto, numa tentativa didáctica de evangelização. Por estas razões os dois quadros, um representando a cidade de Jerusalém, cópia da gravura do padre Christian van Adricham Delfo, mandado decerto executar pelo bispo-conde de Coimbra D. João de Melo, e o outro a sentença de Pilatos a Jesus Cristo, que se encontram na igreja do convento, são duas obras fundamentais para a compreensão deste conjunto. A igreja é localizada no centro do Convento simbolizando o Templo de Salomão que também se situava no meio da cidade de Jerusalém; a Via Sacra é uma verdadeira encenação dos locais por onde Cristo passou desde o Horto, local onde foi condenado, até ao Túmulo; os Passos são explicados através de inscrições descritivas dos mesmos e do seu percurso dentro da cidade de Jerusalém, que estão colocadas nas capelas e em locais específicos (escadaria, arcos, caminhos) do itinerário da Via Sacra dentro da Mata. As ocorrências epigráficas assumem aqui um papel de extrema importância contribuindo para a leitura iconográfica da imaginária das capelas e indicando ao caminhante as várias etapas a percorrer na Via Sacra. Relativamente ao azulejo destaca-se o importante conjunto de frontais de altar do séc. 17, inspirados em tecidos orientais com motivos de animais e ramagens, de grande riqueza cromática e decorativa, conservados no seu local de origem. Decoração em embrechados de grande originalidade pelos materiais utilizados e pela perfeita integração na arquitectura bem como no enquadramento de natureza em que se insere. A iconografia do presépio é pouco comum, associando ao nascimento de Jesus, temas do Antigo Testamento. O sino de bronze apresenta extraordinário cinzelamento quer a nível do trabalho da cruz do calvário e dos respectivos medalhões, quer da legenda. Os grupos escultóricos colocados nas capelas dos Passos da Paixão de Cristo, num número de 13, foram dimensionados ao espaço das capelas e enquadrados por um cenário apropriado a cada uma das estações *3. Os últimos grupos escultóricos (4) foram realçados pelo uso da policromia nas figuras, tendo ficado os 9 primeiros da cor natural do barro.
Número IPA Antigo: PT020111040006
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem dos Irmãos Descalços de Nossa Senhora do Monte do Carmo - Carmelitas Descalços

Descrição

CONVENTO: Planta rectangular onde se inscreve igreja a que se justapõe o coro a O. formando no conjunto uma cruz latina rodeada por quatro pátios. Fachada principal voltada a NO. com uma galilé aberta em arcada tripla, de altura diferenciada, sendo o arco do meio encimado por uma pequena lápide com a data da fundação do convento, e de dois panos laterais decorados de embrechados com representação de emblemas carmelitas, cruzes e vasos com ramagens. Fachadas laterais adossadas às construções do hotel; a torre sineira aberta por duas ventanas e uma outra pequena aberta no remate está situada na fachada posterior da igreja que inclui, lateralmente, capelas e sacristia. INTERIOR: no nártex duas lápides epigrafadas, uma localizada na parede SE., por cima do banco corrido, comemora a estadia no local de Wellington, e uma outra encima a porta de entrada no convento. A portaria é uma sala rectangular tendo à esquerda um painel de azulejos seiscentista, que fazia parte de um frontal de altar, proveniente da extinta capela da Encarnação conforme se pode ler na inscrição que o encima; paredes contornadas por embrechados, pavimento em seixo e lajeado de pedra sendo uma delas uma tampa sepulcral numerada; tecto forrado com cortiça; na parede, sobre a porta da entrada, um sino seiscentista epigrafado suspenso por cabeçado de madeira; à direita uma pia de água benta de embrechado e a capela de Ecce-Homo com altar paralelepipédico apresentando frontal de azulejos policromos, azul e amarelo em fundo branco; padrão simulando motivo de tecido tendo ao centro cruz carmelita; friso azul em fundo branco, motivo de renda; retábulo de planta recta de 3 eixos definidos por pilastras toscanas de fustes almofadados com nicho central em arco de volta perfeita sustentado por duas colunas de fuste liso e capitel coríntio com balaustrada na zona inferior; nos eixos laterais surgem apainelados com marmoreados fingidos envolvidos por molduras de concheados; ático composto por arquivolta que prolonga as pilastras exteriores, acompanhando a estrutura da cobertura com pintura sugerindo o prolongamento do retábulo; banco com almofadados fingidos; defronte do hostiário pintada num pequeno quadro uma inscrição alude aos proprietários da capela. Através de um arco pleno acede-se ao claustro-corredor, formando quadrado, tendo na parede fronteira um arco cego de embrechado centrado por uma cruz de cortiça, ladeado por dois quadros legendados, representando o do lado esquerdo D. João de Melo, Bispo-conde de Coimbra, e o do lado direito o Padre Sebastião da Encarnação, fundador do Deserto; os tectos são revestidos de cortiça, assim como as portas das antigas celas, actualmente com uma função meramente cenográfica. Em cada topo do claustro-corredor: frontal de altar em azulejos policromos, com motivos de aves e ramagens, tendo ao centro, cartela com a cruz carmelita. Este corredor está revestido de pinturas em tela onde se salienta a representação do Extase místico de Santa Teresa, pintura de Josefa d'Óbidos apresentando um paraelismo estílistico com a chamada oficina do Mestre do Sardoal. A IGREJA sem porta axial, é aberta nos dois braços do transepto, dando para pequenos corredores, cada um ladeado de duas capelas. O acesso é feito pelo lado direito passando por uma capela cujo altar é encimado por um quadro alusivo à "Adoração dos Magos" integrado num retábulo ladeado por pilastras rematado por cornija com frontão interrompido com tímpano pintado; defronte do altar num pequeno nicho um relicário das onze mil virgens; no pavimento lajeado uma tampa de sepultura anepígrafe e com duas aberturas nos topos; a igreja de nave única, coberta em abóbada e cúpula na intersecção da nave com o transepto, tem dois altares colaterais paralelipipédicos, idênticos, em talha poplicroma, de um eixo com nicho central com imagens, circunscrito por duas colunas de fuste liso e duas pilastras com almofadados fingidos a imitar embutidos; ático de volta perfeita com tímpano pintado, consagrados um a São José, à esquerda, sob o qual está representado o falecimento do Santo e o outro a Santa Teresa de Ávila, também com a representação da sua morte; no pavimento, composto por lajes, estão 8 tampas de sepultura tendo uma delas, a que se encontra defronte do altar de Santa Teresa, uma inscrição; a capela-mor sobre supedâneo com 3 degraus e arco triunfal pleno tem altar-mor com retábulo de talha policroma de estrutura vertical tripartida, definida por colunas de fuste liso com capitéis e frisos decorados, zona central com tribuna com Cristo Crucificado sobre trono aberto ao centro incorporando a imagem da Virgem da Soledade e sob esta o sacrário; nos eixos laterais 2 mísulas suportando imaginária sob baldaquino; ático circular com pintura a emitar embutidos, rematado com sanefa de lambrequim; sob a mesa de altar paralelepipédico a representação da Deposição no túmulo; o coro dos monges eleva-se acima do solo da igreja por 1 degrau, separado do corpo desta por teia de balaústre e um altar colocado ao centro tendo na face posterior um frontal de azulejos policromos, com motivos de aves e ramagens; ao centro, cartela com cruz carmelita; nas fiadas inferiores representação de elefantes, unicórnios, coelhos e cabras; sanefa e sebasto simulando bordado a ouro (amarelo) em fundo branco, motivos ornamentais vegetalistas; friso com motivo de rendas, azul em fundo branco; na face voltada à igreja abre-se no altar urna com a representação do falecimento da Virgem; à volta o cadeiral; no pavimento 15 tampas de sepulturas, sendo 13 numeradas, e uma epigrafada, pertencente a D. João de Melo, e rodeada por guardas de madeira. O presépio, inserto no muro sob a janela do topo do coro, com espelho interno, representando a Sagrada Família, a "Adoração dos Pastores" e "Cortejo dos Reis Magos", "Anúncio aos Pastores", "Fuga para o Egipto", "Judite com a cabeça de Holofernes" e "Sansão a lutar com o leão". As capelas laterais colocadas no braço esquerdo do transepto, de planta quadrangular e e cobertura abobadada, com altares em forma de urna em madeira pintada a emitar marmoreados, são dedicadas uma à Senhora do Leite, cuja pintura está circunscrita num retábulo com frontão contracurvado tendo no tímpano simbolo mariano; outra a Santo Amaro, com retábulo com painel ladeado por pilastras encimado por cornija com frontão interrompido e tímpano pintado. A Sacristia de planta quadrangular tem um arcaz sobre o qual se ergue um oratório com estrutura em talha definida por pilastras, com sanefa, a imitar marmoreados que envolve a imagem de Cristo crucificado, e ladeado por duas pinturas de Santa Teresa e São João da Cruz. CAPELAS DA VIA SACRA: Planta quadrangular, coberturas piramidais rasgadas por clarabóias, remate em cruz, com portas de moldura recta na fachada principal e fachadas laterais com janelos, todas com embrechados decorando os cunhais, cimalha, embasamento e contornando as modinaturas; INTERIOR com falsa abóbada formada pelos embrechados que contornam igualmente as paredes, apresentando na parede fronteira à porta um pequeno altar com decoração diversificada formada pelos embrechados de seixos brancos e jôrra industrial. Num total de 20, cada capela tem afixado na fachada uma inscrição indicativa do passo representado. As primeiras sete capelas são alusivas às cenas da Prisão de Cristo e as restantes às cenas da Paixão. PASSOS DA PRISÃO: HORTO - com pequeno terreiro delimitado por um muro e aberto por 2 arcos e com escadaria; PRISÃO; CEDRON e PORTA DE SILOÉ - composta por dois arcos rústicos colocados em esquadria que dá passagem para o Passo de ANÁS; CAIFÁS - tendo junto um torreão rematado por cruz, com escada interna que dá acesso ao miradouro-, HERODES; PRETÓRIO - com grupo escultórico representando o julgamento de Cristo- e VARANDA DE PILATOS - construção teatral situada numa clareira da floresta, representando um palácio com duas torres piramidais nas extremidades e a varanda com balaustrada ao centro à qual se acede através de uma escada colocada num dos lados, com 28 degraus, "em memória dos que Nosso Senhor Jesus Cristo subiu até à casa de Pilatos". Na parede inferior está colocada uma lápide explicativa da sentença de Pilatos. No interior são ainda visíveis pinturas murais de brutesco. PASSOS DA PAIXÃO: as capelas com a representação dos Passos da Paixão têm todas grupos escultóricos alegóricos ao Passo,sendo os últimos quatro polícromos. CRUZ ÀS COSTAS, PRIMEIRA QUEDA, ENCONTRO DA VIRGEM, CIRINEU, VERÓNICA, SEGUNDA QUEDA e PORTA JUDICIÁRIA, FILHAS DE JERUSALÉM, TERCEIRA QUEDA, CRISTO DESPOJADO, CRUCIFICAÇÃO, CRISTO DESCIDO DA CRUZ e SANTO SEPULCRO. CAPELAS DEVOCIONAIS: CAPELAS DE SANTA MARIA MADALENA e de SÃO PEDRO têm a frontaria e modinaturas contornadas em pedra rústica; INTERIOR com abóbada e embrechados que contornam as paredes e cornijas. O frontal do altar da capela da Madalena, em azulejo, idêntico aos do claustro, é mais largo, centrado por uma cartela com a imagem da Santa. CAPELA DE SÃO JOÃO DA CRUZ contornada exteriormente por uma barra negra de pedra rústica acentuada na frontaria por uma linha recta branca de embrechado e por uma linha em zigue-zage nos cunhais da fachada principal. Sobre a porta de moldura recta contornada por embrechado eleva-se uma cruz de pedra rústica animada por uma linha branca. INTERIOR delimitado por embrechados acentuando os cantos, a cornija e as arestas da cobertura formando falsos caixotões; sobre o altar um nicho com decoração de gomos; o frontal do altar em azulejo polícromo totalmente preenchido por ramagens e aves tendo os sebastos e a sanefa decoração pintada a amarelo acentuada por grossas sombras azuis sobre fundo branco, gramática decorativa que se vê igualmente na capela de São Pedro. CAPELA DE SANTO ANTÃO, eleva-se sobre um penhasco, de planta circular, com porta de moldura circular; INTERIOR com um altar sobre o qual se abre um nicho contornado por pedra rústica, e cobertura em abóbada com panos evidenciados pelo mesmo material; a iluminação é feita através da porta e de 2 pequenas frestas colocadas lateralmente. FONTE DA SAMARITANA, também considerada capela, de planta rectangular e cobertura exterior de 2 águas, com frente aberta e abóbada de berço com falsos caixotões formados pelos embrechados; a parede fundeira tem adossado um tanque semi-circular sobre o qual se eleva uma cruz ladeada por dois nichos tudo em embrechados, e com baldaquinos de concha feitos em pedra branca, encimados por duas lápides epigrafadas; paredes laterais com bancos corridos. ERMIDAS PENITENCIAIS: planta rectangular, de cobertura homogénea em telhados de 2 águas. Dividem-se construtivamente em dois grupos - as dos terrenos mais planos e as das encostas. As primeiras são precedidas dum pequeno pátio que antecede a casa que se divide em dois espaços com funções distintas: espaço sagrado, com uma pequena capela e sacristia e o espaço profano com cozinha e quarto. Quase todas tinham cisterna ou uma fonte próxima. A fachada principal é rasgada por um porta de moldura rectangular e uma ou duas janelas, as fachadas laterais e posteriores são normalmente cegas. As Ermidas tipo encosta, mantendo a mesma estrutura arquitectónica, desenvolviam-se em função do terreno podendo apresentar pátio igualmente nas traseiras (São João do Deserto, Calvário, Sepulcro). Os telhados são pontuados pelas chaminés e nas empenas destacam-se as pequenas sineiras. ERMIDA DE SÃO JOSÉ; ERMIDA DE SÃO JOÃO DO DESERTO; ERMIDA DE SÃO MIGUEL; ERMIDA DO SANTO SEPULCRO, capela com pequena torre de planta circular; ERMIDA DO CALVÁRIO, onde termina a Via Sacra, constituída por uma capela hexagonal, coberta com telhado de 6 águas, adossada à direita de uma casa rectangular com cobertura de duas águas e remate em beiral duplo. A fachada principal da casa, de 2 registos separados por friso e apresentando no registo inferior falsos arcos formados pelos embrechados que decoram também o embasamento, cunhais, cimalha e as modinaturas; fachada posterior rodeada por pátio delimitado por muro de merlões. Capela com fachadas decoradas pelos embrechados formando falsos arcos; frontespício com portal em arco pleno contornado por embrechados que sugerem um pórtico com pináculos e volutas a enquadrarem um brasão fantasiado de Cristo composto por símbolos da paixão e do martírio que encima uma lápide epigrafada; remate em beiral duplo. INTERIOR igualmente decorado com embrechados formando falsos arcos nas paredes e definindo as arestas da abóbada e o fecho central; frontal do altar marcado por uma cruz. Na sacristia um lavabo em cantaria. ERMIDA DE SÃO ELIAS; ERMIDA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, fundada por D. Rodrigo de Melo; ERMIDA DE NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO, fundada por Diogo Lopes de Sousa e ERMIDA DO SACRAMENTO, fundada pela duquesa de Torres Novas, D. Mariana de Cardenas, tem de pé somente algumas paredes.

Acessos

Buçaco

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional / ASA - Área de Sensibilidade Arqueológica, Decreto n.º 5/2018, DR, 1.ª série, n.º 10/2018 de 15 junho 2018 *1 / RAU - Restrições Arquitetónicas e Urbanas, Portaria n.º 44/2018, DR, 2.ª série, n.º 13 de 18 janeiro 2018

Enquadramento

Rural, implantado a N., dentro da Mata Nacional do Buçaco (v. PT020111040014), o convento encontra-se no interior da estrutura do palácio (v.PT020111040001), com fachada principal rodeada por jardins, antecedida por um terraço onde se eleva, sobre degraus, uma cruz de grandes braços. Do conjunto religioso fazem ainda parte várias construções dispersas pela mata, entre as quais capelas da via sacra, ermidas, capelas devocionais e fontes.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: CONVENTO: 1. Inscrição comemorativa da construção do convento gravada numa lápide; moldura simples filetada ; sulcos preenchidos com argamassa estando alguns já vazios; calcário. Tipo de Letra: numeração árabe típica do séc. XVII. Leitura: 1628. 2. Inscrição indicativa de nome de construtor gravada no intradorso do arco central da galilé. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura: LUIS VERMELL AGOSTO DE 1870. 3. Inscrição comemorativa da estadia de Wellington no convento gravada numa lápide; o texto escrito em português e em inglês foi disposto em duas colunas, à da esquerda corresponde o texto em português e à da direita o texto em inglês, num campo epigráfico resaltado e rematado nos quatro cantos por um prego; moldura concava simples com 3 cm; reentrância das letras pintadas a sépia; calcário. Dimensões: 138x93,5; campo epigráfico: Tipo de Letra: capital quadrada (certas palavras foram gravadas com letras de módulo maior para chamar a atenção do leitor). Leitura: 1º texto: NESTE CONVENTO PERNOITOU EM 27 DE SETEMBRO DE 1810, APÓS A BATALHA DO BUSSACO, GANHA CONTRA O EXÉRCITO INVASOR DE MASSENA, O GLORIOSO GENERAL ARTHUR WELLESLEY VISCONDE DE WELLINGTON E BARÃO DO DOURO, MAIS TARDE CONDE DE VIMEIRO, MARQUÊS DE TORRES VEDRAS, E DO DOURO, DUQUE DE CIUDAD RODRIGO DE VICTÓRIA E DE WELLINGTON PRÍNCIPE DE WATERLOO; 2º texto: THE GLORIOUS GENERAL ARTHUR WELLESLEY VISCOUNT WELLINGTON AND BARON DOURO AND AFTER COUNT OF VIMEIRO, MARQUIS OF TORRES VEDRAS AND OF DOURO, DUKE OF CIUDAD RODRIGO OF VICTORIA AND OF WELLINGTON AND PRINCE OF WATERLOO SPENT THE NIGHT FOLLOWING THE VICTORY OF BUSSACO OVER THE INVADING ARMY OF MASSENA ON THE 27TH SEPTEMBER 1810 IN THIS CONVENT. 4. Inscrição gravada numa lápide; sem moldura nem decoração; sulcos preenchidos com argamassa preta; calcário. Dimensões: 19,5x86,5.Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura modernizada: VERE DOMINUS EST IN LOCO ISTO NON EST HIC ALIUD NISI DOMUS DEI ET PORTA CAELI. 5. Inscrição identificadora da proveniência e da data dos azulejos gravada numa lápide; o texto escrito respectivamente em português, francês e inglês, foi disposto em três colunas separadas entre si por um sulco vertical que delimita cada um dos textos; sem moldura nem decoração; sulcos das letras pintados a dourado; mármore. Dimensões: 30x152x31. Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura 1º texto: DEVANT D'AUTEL DE L'ANCIENNE CHAPELLE DE L'INCARNATION (BUSSACO) AZULEJOS DE LISBONNE CIRCA 1640; 2º texto: FRONTAL DO ALTAR DA ANTIGA CAPELA DA ENCARNAÇÃO (BUSSACO) AZULEJOS DE LISBOA CERCA 1640; 3º texto: ALTAR FRONT FROM THE OLD CHAPEL OF THE INCARNATION (BUSSACO) AZULEJOS MADE IN LISBON ABOUT 1640; 6. Inscrição relevada em sino de bronze entre a representação da cruz do calvário, esta tem na base três medalhões com a abreviatura do nome Jesus, o monograma de Maria, e a abreviatura latina de José. Dimensões: 26,5x92. Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura: PROFETAS ELIAS 1652. Tradução: Profeta Elias 1652. 7. Inscrição comemorativa da instituição da capela de Ecce Homo, pintada numa tábua de madeira a imitar um quadro; moldura marmoreada em azul: 2,8/3; madeira. Dimensões: 29x43,7; campo epigráfico: 23,8x38,8. Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura modernizada: ESTA ERMIDA É DE DONA TERESA DE FARO, E SEUS HERDEIROS; OS RELIGIOSOS QUE NELA DISSEREM MISSA, TÊM OBRIGAÇÃO DE ENCOMENDAR SUAS ALMAS A DEUS. 8. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura; moldura simples filetada, sendo o topo superior tapado pelo degrau do altar: 8/8,5; calcário. Dimensões actuais:182,3x78; campo epigráfico:171X60. Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura modernizada: SEPULTURA PERPÉTUA DO REVERENDO VIGÁRIO VICENTE LEITÃO DA IGREJA DE SÃO VICENTE DE SANGALHOS 1661. 9. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sobreelevada em relação ao pavimento, este composto por tampas sepulcrais anepígrafes mas numeradas, circundada por uma guarda de madeira; Na metade superior da tampa estão tenuamente gravadas as armas dos Melos e encimadas por um chapéu cardinalício cujo cordão tem 12 borlas; o texto está muito delido e existem falhas na pedra que já foram alvo de alguns restauros; moldura filetada com laçadas simples cantonais: 4,5; calcário. Dimensões: 217x103x5,5; campo epigráfico: 209x94.Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura modernizada: DOM VIVUS NON MORTUUS ESTAT NON IACET DOMINUS IOANNES DE MELLO CONIMBRICENSIS EPISCOPUS AEGRIS, AFFLICTIS, MISERIS, SALUS, LEVAMEN, PATROCINIUM: OMNIBUS OMNIA FACTUS. VIXIT VIRTUTE CLARUS: VIVIT GLORIA CLARIOR. QUONDAM PATER PAUPERUM: IAM DIVITUM BEATORUM SOCIUS, FELIX EREMI CULTOR: FELICIOR CAELI POSSESSOR, QUOS AMAVIT VIVUS SOCIOS ELEGIT SEPULTUS HIC IN PACE REQUIESCIT. CUIUS MEMORIA IN BENEDICTIONE EST OBIIT IV CALENDAS JULIO ANNORUM MDCCIV. Tradução: A Deus de infinita bondade e grandeza, vivo, não morto aqui está, não jaz D. João de Melo, bispo de Coimbra, dos enfermos, aflitos e miseráveis saúde, alívio e protecção: fez-se tudo para todos, viveu brilhando em virtude, vive brilhando mais em glória: antes, pai dos pobres, hoje, sócio dos ricos bem - aventurados: feliz habitador do ermo, mais feliz possuidor do céu: áqueles que amou em vida veio associar-se na sepultura. Descança em paz, e sua memória é abençoada. Faleceu em 28 de Junho de 1704. 10. Inscrição pintada numa cartela decorada por volutas e concheados; madeira. Dimensões: Campo Epigráfico ovalado. Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: O EXCELENTÍSSIMO E REVERENDÍSSIMO SENHOR DOM MIGUEL DA ANUNCIAÇÃO BISPO CONDE CONCEDEU 4O DIAS DE INDULGÊNCIA ÀS PESSOAS DO SEU BISPADO QUE NESTA CAPELA DA SENHORA DO LEITE ROGAREM A DEUS PELAS NECESSIDADES DA IGREJA CATÓLICA PELA SANTA FÉ PELAS QUE ESTÃO EM PECADO MORTAL AUMENTO DO SEU BISPADO DA REFORMA CARMELITA E DESTA CASA.11. Inscrição comemorativa da estadia do Duque de Wellington no convento gravada numa lápide que se encontra fracturada ao meio; o texto escrito em português e inglês está distribuido em duas colunas; sulcos das letras pintados a dourado; mármore; Dimensões: 63x97x3; Leitura:o texto é idêntico ao da inscrição nº. 2, devendo ser este o texto original que foi copiado para outra lápide por esta estar obliterada. VIA SACRA: 1. Inscrição descritiva do Passo do Horto e indicativa da construção das ermidas gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada de 0,5cm ; calcário; Dimensões:33x44,5; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: AQUI SE CONSIDERA O HORTO AONDE CRISTO SENHOR NOSSO OROU, E SUOU SANGUE, COM GRANDE AGONIA E FOI CONFORTADO PELO ANJO. TODAS ESTAS ERMIDAS, QUE SE SEGUEM ATÉ Ó CALVÁRIO, MANDOU FAZER O EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOM JOÃO DE MELO BISPO CONDE ANO DE 1695. 2. Inscrição descritiva do Passo da Prisão gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada de 0,5/2 cm; calcário; Dimensões: 29x42,5; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: AQUI SE CONSIDERA O LUGAR AONDE JUDAS TRAIDOR ENTREGOU À PRISÃO A CRISTO SENHOR NOSSO VINDO DO HORTO COM SEUS DISCÍPULOS E O LEVARAM PRESO COM GRANDE ESTRONDO E ALVOROÇO À CIDADE DE JERUSALÉM, TENDO-O POR MALFEITOR E AMOTINADOR DO POVO. 3. Inscrição descritiva da passagem pela Ponte de Cedrón gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada de 0,5/2cm; calcário; Dimensões: 36,5x46; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: AQUI SE CONSIDERA A PONTE DO RIO CEDRON POR ONDE CRISTO SENHOR NOSSO PASSOU E OS TIRANOS O LANÇARAM ABAIXO SOBRE AS PEDRAS QUE ESTAVAM NO RIO E FICARAM OS SINAIS IMPRESSOS, COMO SE VEÊM NO DIA DE HOJE. 4. Inscrição descritiva da passagem pela Casa de Anás gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada de 1/2,5cm; calcário; Dimensões: 31,5x45; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: AQUI SE CONSIDERA A CASA DE ANÁS AONDE, O REDENTOR DO MUNDO FOI APRESENTADO, E PERGUNTADO, DE ALGUMAS COISAS, O SENHOR RESPONDEU A VERDADE, UM DOS SOLDADOS LHE DEU UMA CRUEL BOFETADA, DIZENDO-LHE ASSIM RESPONDES AO PONTIFICE? E FOI PARA CASA DE CAIFÁS.5. Inscrição descritiva da passagem pela Casa de Caifás gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; apresenta sinais de erosão da 1ª à 3ª linha; pelo tipo de pedra e de letra trata-se de uma produção do séc. XIX e portanto a mais recente de todo o conjunto; moldura simples filetada de 2cm; calcário; Dimensões: 33x46; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: AQUI SE CONSIDERA A CASA DE CAIFÁS ONDE CRISTO O SENHOR NOSSO FOI AÇOITADO, DESPREZADO E FOI POR ESTA RUA ACIMA PARA CASA DE PILATOS. 6. Inscrição indicativa do percurso da VIA SACRA, gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, embebida no pano de muro que ladeia a escadaria; moldura simples filetada de 2/3cm; calcário; Dimensões: 31x46,5; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: POR ESTA ESCADA ACIMA SE CONTINUAM OS PASSOS DA PRISÃO, POR ONDE PASSOU CRISTO SENHOR NOSSO VINDO DA CASA DE CAIFÁS PRESO PARA CASA DE PILATOS. 7. Inscrição comemorativa da construção de dez ermidas dos Passos da Paixão, por D. João de Melo em 1694, gravada numa lápide (encimada pela pedra de armas do bispo: escudo de ..., com dupla cruz de..., acompanhada de 6 besantes de ..., e bordadura de ...., encimado por chapéu com 12 borlas e coronel de conde; campo epigráfico ressaltado e sulcos das letras preenchidos com argamassa ; moldura dupla filetada de 4,5 cm; calcário; Dimensões: 47x47,5; Campo Epigráfico: 37,5x38,6; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: ESTAS DEZ ERMIDAS DOS PASSOS MANDOU FAZER O ILUSTRÍSSIMO SENHOR DOM JOÃO DE MELO BISPO CONDE NA ERA DE 1694. 8. Inscrição descritiva da entrada na porta do Passo de Pilatos gravada numa lápide embebida no arco que dá acesso ao Pretório; moldura simples filetada de 1,5/3cm; pequena decoração floral assinala o fim do texto; sulcos das letras a preto; calcário. Dimensões: 37x43. Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura modernizada: ESTA É A PORTA DOS PASSOS DE PILATOS POR ONDE ENTROU CRISTO SENHOR NOSSO PRESO COM GRANDE ESTRONDO E FOI APRESENTADO EM SEU TRIBUNAL. 9. Inscrição descritiva da passagem pela Casa de Heródes gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada de 2cm; calcário; Dimensões: 34,5x43,5; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: AQUI SE CONSIDERA A CASA DE HERÓDES, AONDE CRISTO SENHOR NOSSO FOI TIDO COMO LOUCO, E POR TAL O VESTIRAM DE PÚRPURA E O TORNARAM A MANDAR A PILATOS; 10. Inscrição indicativa da entrada no Pretório gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta de entrada; sulcos das letras pintados a preto; tipo de letra denuncia produção recente; calcário; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: PRETÓRIO. 11. Inscrição descritiva da passagem pelo Pretório gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada; sulcos das letras pintados a preto; calcário; Dimensões: 24x35; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: AQUI SE CONSIDERA O PRETÓRIO DE PILATOS ONDE SENTENCIOU A MORTE A JESUS DE NAZARÉ. PADRE NOSSO AVÉ MARIA. 12. Inscrição descritiva da Sentença de Pilatos a Jesus Cristo, gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, embebida na parede sob a varanda; sem moldura; sulcos das letras pintadas a preto; calcário; Dimensões: 180,5x142; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: NESTE LUGAR SE REPRESENTA O PRETÓRIO DO PRESIDENTE PONCIO PILATOS AO QUAL NOSSO SENHOR JESUS CRISTO FOI TRAZIDO DEPOIS DE SER RELAXADO PELO CONSISTÓRIO DO SACRILEGO CAIFÁS. ACUSADO POR AMOTINADOR DO POVO CHAMANDO-SE FILHO DE DEUS E REI DOS JUDEUS E POR OUTROS CRIMES IMPOSTOS POR FALSAS TESTEMUNHAS. E COM INTRANHÁVEL ÓDIO AO SALVADOR DO MUNDO REQUEREU A IMPÍA SINAGOGA QUE FOSSE SENTENCIADO À MORTE PERDOANDO A BARRABÁS HOMEM FACINOROSO PELO QUE DEPOIS DE O SENHOR SER AÇOITADO, VESTIDO DE PÚRPURA DE REI DE ESCÁRNEO E COROADO DE ESPINHOS E SOFRENDO OUTROS MUITOS OPRÓBRIOS PELA SALVAÇÃO DO GÉNERO HUMANO PROFERIU O INJUSTO MINISTRO A SEGUINTE SENTENÇA. SENTENÇA: EU PONCIO PILATOS GOVERNADOR EM JERUSALÉM PELO IMPERADOR O POTENTISSIMO TIBÉRIO CÉSAR FAZENDO NO TRIBUNAL JUSTIÇA E AUDIÊNCIA ÀS PARTES E SINAGOGA DOS JUDEUS OUVIDA E CONHECIDA A CAUSA DE JESUS DE NAZARÉ, O QUAL TROUXERAM PRESO OS JUDEUS POR SER AMOTINADOR DOS POVOS DESPREZADOR DE CÉSAR E SE FAZER FALSO MESSIAS COMO SE PROVOU POR TESTEMUNHOS DOS PRINCIPAIS DE SUA GENTE JULGO SEJA LEVADO AO COMUM LUGAR DO SUPLÍCIO E COM ESCÁRNEO DA MAGESTADE REAL SEJA CRUCIFICADO ENTRE DOIS LADRÕES. VAI ALGOSA PARELHA AS CRUZES. 13. Inscrição descritiva do Passo da Cruz gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; a lápide encontra-se rachada; moldura simples filetada; calcário; Dimensões: 20x31,5; Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura modernizada: AQUI SE CONSIDERA O PASSO AONDE PUSERAM A CRUZ ÀS COSTAS A CRISTO SENHOR NOSSO. UM PADRE NOSSO E UMA AVÉ MARIA POR QUEM MANDOU FAZER ESTA ERMIDA. 14. Inscrição descritiva do Passo da Primeira Queda gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada; pequena decoração floral assinala o fim do texto; sulcos das letras pintadas a preto; calcário; Dimensões: 21,5x28,5; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: AQUI SE CONSIDERA O PASSO ONDE CRISTO SENHOR NOSSO CAIU PRIMEIRA VEZ COM A CRUZ ÀS COSTAS. PADRE NOSSO AVÉ MARIA.15. Inscrição descritiva do Passo do Encontro de Jesus com a Virgem gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; a lápide encontra-se rachada ao meio; moldura simples filetada; sulcos das letras pintados a preto; calcário; Dimensões: 23x32,3; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: AQUI SE CONSIDERA O PASSO AONDE CRISTO SENHOR NOSSO COM A CRUZ ÀS COSTAS ENCONTROU MARIA SANTA SENHORA NOSSA. PADRE NOSSO AVÉ MARIA. 16. Inscrição descritiva do Passo do Cireneu gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada com vestigios de betume preto; calcário; Dimensões: 22x32,5; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: AQUI SE CONSIDERA O PASSO AONDE MANDARAM AO CIRENEU AJUDA-SE A LEVAR À CRUZ A CRISTO SENHOR NOSSO. PADRE NOSSO AVÉ MARIA. 17. Inscrição descritiva do Passo da Verónica gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada; calcário; Dimensões: 20x36; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: AQUI SE CONSIDERA O PASSO ONDE A VERÓNICA SAINDO DE SUA CASA COM UMA TOALHA ALIMPOU O SUOR DO DIVINO ROSTO A CRISTO SENHOR NOSSO E NELA FICOU RETRATADO O ROSTO DO SENHOR. PADRE NOSSO AVÉ MARIA. 18. Inscrição descritiva do Passo da Segunda Queda gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada; calcário; Dimensões: 23,3x34; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: AQUI SE CONSIDERA O PASSO AONDE CRISTO SENHOR NOSSO CAIU SEGUNDA VEZ COM A CRUZ ÀS COSTAS. UM PADRE NOSSO E UMA AVÉ MARIA POR QUEM MANDOU FAZER ESTA ERMIDA. 19. Inscrição indicativa da passagem pela Porta Judiciária gravada numa lápide colocada sobre o fecho de um arco que passa sobre o caminho da Via Sacra; tipo de letra denuncia produção recente; calcário; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: PORTA JUDICIÁRIA. 20. Inscrição descritiva do Passo do Encontro com as Filhas de Jerusalém gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada; calcário; Dimensões: 24x34,5; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: AQUI SE CONSIDERA O PASSO AONDE CRISTO SENHOR NOSSO COM A CRUZ ÀS COSTAS SE VIROU ÀS FILHAS DE JERUSALÉM. 21. Inscrição descritiva do Passo da Terceira Queda gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada partida no lado esquerdo; calcário; Dimensões: 24x34,5; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: AQUI SE CONSIDERA O PASSO AONDE CRISTO SENHOR NOSSO COM A CRUZ ÀS COSTAS CAIU TERCEIRA VEZ. PADRE NOSSO AVÉ MARIA. 22. Inscrição descritiva do Passo do Despojamento das Vestes gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada; calcário; Dimensões: 29,5x30,5; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: NESTE LUGAR SE CONSIDERA COMO DESPOJARAM A NOSSO SENHOR JESUS CRISTO DAS SUAS VESTIDURAS. PADRE NOSSO AVÉ MARIA. 23. Inscrição descritiva do Passo da Crucificação gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada; calcário; Dimensões: 28,5x37,3; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: NESTE LUGAR SE CONSIDERA COMO PREGARAM A NOSSO SENHOR JESUS CRISTO NA CRUZ RASGANDO-LHE CRUELMENTE MÃOS E PÉS. PADRE NOSSO E AVÉ MARIA. 24. Inscrição descritiva do Passo da Descida da Cruz gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada; pequena decoração floral assinala o fim do texto; calcário; Dimensões: 28x37,5; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: NESTE LUGAR SE CONSIDERA COMO DESCIDO O SENHOR DOS BRAÇOS DA CRUZ O PUZERAM NOS DE SUA SANTISSIMA E MAGOADA MÃE. PADRE NOSSO AVÉ MARIA. 25. Inscrição indicativa do local do Sepulcro gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada sobre a porta da capela; moldura simples filetada; calcário; Dimensões: 20,5x32,5; Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura modernizada: NESTE LUGAR SE CONSIDERA O SEPULCRO EM QUE DEPOSITARAM O SANTÍSSIMO CORPO DE JESUS CRISTO. PADRE NOSSO AVÉ MARIA; ERMIDA DO CALVÁRIO: 1. Inscrição solicitando uma oração pelo fundador da ermida, gravada em relevo e num campo epigráfico regrado numa lápide trapezoidal de lados arredondados, emoldurada por embrechados e colocada sobre a porta da ermida; calcário; Tipo de Letra: capital quadrada. Leitura modernizada: PADRE NOSSO AVÉ MARIA POR QUEM MANDOU FAZER ESTA ERMIDA ANO DE 1694; a encimar a lápide encontra-se o brasão fantasiado de Cristo: escudo redondo com bordadura legendada: JESU CHRISTE REDEMPTOR MISERERE NOBLE QVI PASSVS ES PRO NOBIS; ao centro uma cruz em tau carregada com 3 cravos (pregos), nos braços e na haste, firmada por meio de duas estacas num monte pedregoso tendo aos pés uma caveira e duas tibias passadas em aspa; à destra: turquês, cálice, sol, vara com esponja, lanterna, palma, tronco de madeira onde possa um galo; à sinistra: martelo, cálice, lua, lança, a bolsa dos 30 dinheiros, dados de jogar sobre um prato, chicote, e escada. 2. Inscrição comemorativa da dedicação e consagração das Capelas da Paixão pelo bispo D. João de Melo, gravada numa lápide, emoldurada por embrechados, colocada à esquerda da porta da casa anexa à Ermida do Calvário; está lascada no topo inferior; moldura simples filetada de 0,5cm; em alguns sulcos das letras são visíveis restos de argamassa preta; calcário; Dimensões:28x34,7; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura modernizada: ILLUSTRISSIMUS DOMINUS, COMESQUE PRAECLARISSIMUS DOMNUS JOANNES DE MELLO CONIMBRICENSIS ECCLESIAE ET PIETATE PATER, ET VIGILANTIA, PASTOR EGREGUS, CUI ET, SI SUMMI PASTORUS PRINCIPATUS DESIT, PASTORIS MAXIMI PROMERITUM ADEST, AETERNO PASTORI, AC SERVATORI NOSTRO DOMINO DEO JESU CHRISTO PER GREGE SUO PASSO ET CRUCIFIXO PROPRIIS MANIBUS ALLACTO ET COLLOCATO HAEC SACELLA IN MIRIFICAE PASSIONIS MONIMENTUM ANACHORESIS ISTIS MUNIMENTUM ET SUI AMORIS PIGNUS, SACRO IN PONTIFICALIBUS PERACTO, GENUFLEXUS HUMIQUE PROV[O]LUTUS DICAVIT, VOVIT ET CONSECRAVIT SOLIS DEI, V NONAS O[CTOB]RIS IN ANNO MDCLXXXXIV; Tradução: O ilustríssimo senhor e preclaríssimo conde D. João de Melo, na piedade pai, e na vigilância pastor egregio da igreja conimbricense, a quem, embora falte a dignidade de sumo pastor, assiste por certo o mérito de pastor máximo ao eterno pastor e salvador nosso, o senhor Deus Jesus Cristo, que pela sua grei padeceu e foi crucificado, e cuja imagem por suas próprias mãos aqui foi trazida e colocada, estas capelas em memória da milagrosa Paixão, abrigo para estes anacoretas e penhor de seu amor; depois de dita missa pontifical, de joelhos e prostado no chão, dedicou, votou e consagrou, em um domingo, cinco das nonas de Outubro (=3 de Outubro) do ano de 1694. FONTE DA SAMARITANA: 1. Inscrição reproduzindo parte do diálogo entre Jesus e a Samaritana relatado em Jo 4. 13-14, gravada numa lápide, emoldurada por embrechados; calcário; Dimensões: 41x60; Tipo de Letra: capital quadrada e letra cursiva do séc. 17; Leitura: OMNIS, QVI BIBIT EX AQVA HAC, SITIET ITERVM: QVI AVTEM BIBERITEX AQVA QVAM EGO DA BOEI, NON SITI ET IN AETERNVM. JOÃO 4º; Tradução: Quem bebe desta água volta a ter sede. Mas aquele que beber a água que eu vou dar, nunca mais terá sede. 2. Inscrição reproduzindo o diálogo da Samaritana com Jesus, relatado em Jo 4. 15, gravada numa lápide, emoldurada por embrechados; calcário; sulcos das letras com restos de tinta preta; Dimensões: 41x61,5; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: DOMINE, DAMIHI HANC AQUA MUT AQUAM, UT NON SITIAM; Tradução: Senhor, dá-me dessa água, para que nunca mais tenha sede. ERMIDA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO: 1. Inscrição comemorativa de obras de reparação na ermida, gravada numa lápide colocada sobre a porta da ermida; sem moldura nem decoração; sulcos das letras pintadas a preto; calcário; Dimensões: Tipo de Letra: capital quadrada Leitura modernizada: O CONSELHEIRO ERNESTO DE FARIA SENDO ADMINISTRADOR GERAL DAS MATAS DO REINO, MANDOU REPARAR ESTA CAPELA À SUA CUSTA. ANO DOMINI (do senhor) 1866. AZULEJO: CONVENTO - ENTRADA: CAPELA de Ecce Homo: Frontal policromo, azul e amarelo em fundo branco; padrão simulando motivo de tecido (imitação dos azulejos de Talavera); ao centro cruz carmelita; sanefa e sebastos com motivos de "ferronerie"; friso azul em fundo branco, motivo de renda, 8 azulejos de altura x 12 de largura; séc. 17. Parede do átrio: Frontal policromo, azul e amarelo em fundo branco, padrão imitando motivo de tecido; produção de Talavera; 7 azulejos de altura x 10 de largura. CORREDOR DO CLAUSTRO: quatro altares com frontal de azulejo (na parede ao fundo de cada um dos quatro corredores); séc. 17: 1.Frontal policromo com motivos de aves e ramagens; ao centro, cartela com a cruz carmelita; sanefa e sebastos de fundo azul com motivos ornamentais vegetalistas em amarelo; friso em cantoneira, azul em fundo branco, motivo de rendas; 7,5 azulejos de altura x 10 de largura. 2. Frontal policromo com motivos de aves e ramagens destacando-se na fiada inferior elefantes e tartaruga (alguns azulejos desemparelhados); ao centro, cartela com cruz carmelita; sanefa e sebastos de fundo azul com motivos ornamentais vegetalistas em amarelo; friso em cantoneira, azul em fundo branco, motivo de rendas; 7,5 azulejos de altura x 10 de largura. 3. Frontal policromo com motivos de aves e ramagens destacando-se na fiada inferior a representação de serpentes (alguns azulejos desemparelhados); ao centro, cartela central com cruz carmelita ladeada por aves do paraíso pousadas em árvores; sanefa e sebastos de fundo azul com motivos ornamentais vegetalistas em amarelo; friso em cantoneira, azul em fundo branco, motivos de rendas; 7,5 azulejos de altura x 10 de largura. 4. Frontal policromo com motivos de aves e ramagens representando nas fiadas inferiores cabras, leão e elefante; ao centro, cartela com cruz carmelita; sanefa e sebastos de fundo azul com motivos ornamentais vegetalistas em amarelo; friso em cantoneira, azul em fundo branco, motivos de rendas; 7,5 azulejos de altura x 10 de largura. PÁTIO - parede: frontal de altar de proveniência desconhecida, incompleto, motivos de padrão, azul e amarelo, azulejos de Talavera; séc. 17. IGREJA: CORO: Frontal policromo com motivos de aves e ramagens; ao centro, cartela com cruz carmelita; nas fiadas inferiores representação de elefantes, unicórnios, coelhos e cabras; sanefa e sebasto simulando bordado a ouro (amarelo) em fundo branco, motivos ornamentais vegetalistas (falta um azulejo na fiada superior da sanefa); friso: motivo de rendas, azul em fundo branco; 2º quartel séc. 17; 7 azulejos de altura x 12 de largura.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Ministério da Agricultura: Direcção-geral das Florestas (Convento e Capelas)

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Frei Alberto da Virgem (conjetural); ESCULTOR: Machado Castro (conjetural); OFICIAL DE PEDREIRO: Irmão António das Chagas; PINTOR: Josefa d'Óbidos.

Cronologia

Séc. 17 - A Província de S. Filipe de Portugal pede autorização para fundar uma casa ermítica a exemplo de outras que existiam noutras províncias; 1625 - O pedido é atendido e em 1626 procura-se terreno para a construção; 1628 - Fundação do Convento dos Carmelitas Descalços, nas matas e terras pertencentes ao Bispado de Coimbra e sitas na Serra do Luso, tendo o bispo conde D. João Manuel autorização do Papa Urbano VIII através do breve Nuper pro parte para as ceder; 1628, 8 de Fevereiro - são escolhidos os frades Frei Tomás de S. Cirilo, Fr. João Baptista e Fr. Alberto da Virgem do Mosteiro de Nossa Senhora do Carmo, de Aveiro, para proceder a instalação do convento; 1628 - início da construção inscrita no arco central do átrio; 1629 - constroi-se o lanço poente do convento com a casa da livraria, adaptada a igreja provisória e que serviu até estar concluida a que chegou aos nossos dias; 1630 - o convento já se encontrava habitado; 1641 - fundação por D. Manuel de Saldanha reitor da Universidade de Coimbra, e bispo de Viseu (1669-1671), da Ermida de São José, terminada em 1644, sendo padroado dos descendentes de Luís de Saldanha, irmão do fundador; 1644 - por iniciativa também do mesmo D. Manuel de Saldanha, procedeu-se à abertura de um itinerário para a Via Sacra, numa extensão de mais de 3 Km. na qual se contemplavam os passos da Prisão e Paixão de Cristo, sendo assinalados, nesta época, por uma cruz de madeira, tendo ao pé um letreiro indicando o nome do passo; 1638 / 1646 - fundação das ermidas de Santa Teresa, por Bento Pereira de Melo; de Nossa Senhora da Conceição por D. Rodrigo de Melo; de Nossa Senhora da Expectação fundada pelo bispo-conde D. Joane Mendes de Távora e do Santo Sepulcro por D. Manuel Saldanha em memória de Rui Fernandes Saldanha; 1650 - construção da ermida de São João do Deserto que era do padroado de António de Saldanha; 1651 - construção da Ermida de São Miguel , padroado do licenciado António Vaz Preto, prior de Treixedo; 1652 - data inscrita no sino existente na portaria do convento; 1661 - data da morte de Vicente Leitão, vigário da igreja de Sangalhos *2; 1664 - Josefa de Óbidos pinta a imagem da Senhora do Leite; 1694 - o Bispo-Conde D. João de Melo deixou ao convento um legado de 1120$000 réis, tendo mandado edificar dez capelas dos passos, como refere a inscrição localizada junto do Pretório; construção da Ermida do Calvário segundo data gravada na inscrição da fachada; celebração de missa pontificial em 3 de Outubro deste ano; 1695 - data incisa na lápide que indica o local do Horto onde têm início os Passos da Via Sacra; 1704, 28 de Junho - morre o bispo-conde D. João de Melo que é sepultado na igreja do convento; 1706 / 1717 - foram executadas as esculturas de terracota representando as cenas dos Passos, outrora assinaladas por meio de pinturas, para as capelas por mandado do Bispo-conde D. António de Vasconcelos e Sousa, restando delas a imagem de Jesus em oração; 1722 - data gravada numa lápide da ermida do Sepulcro indicando que o padroado era de Ascenço de Paiva Pinto e Herdeiros; séc. 18 - execução do presépio; os "Meninos de Palhavã", filhos naturais de D. João V, ocuparam algumas das ermidas quando foram desterrados pelo Marquês de Pombal ; 1781 - data inscrita na abóbada semi-esférica do cruzeiro da igreja, correspondente às alterações efectuadas nos 3 altares e a renovação, ao gosto rococó, dos altares da Capela de Ecce Homo, da Sacristia e das capelas junto do transepto; 1810, 27 de Setembro - Wellington e os oficiais do seu estado-maior ficaram alojados no convento, tendo os restantes militares das forças aliadas ocupado a mata e as ermidas por altura da Invasão Francesa; 1812 - legado deixado pelo Dr. Ângelo Freire Leitão, de Maiorca, destinado a ser utilizado na recuperação dos estragos provocados pelas invasões francesas; 1834 - extinção das Ordens Monásticas e a nacionalização dos seus bens; as autoridades da Vacariça compareceram no Buçaco a fim de realizarem um auto de apreensão, tendo o conjunto da mata com todo o património construído pelos carmelitas, sido avaliado em 8.000$000 réis; foi último prior do convento Fr. António de Santa Luzia que acabou por ficar como arrendatário da mata e do convento; 1837 - o administrador geral do distrito de Coimbra, Manuel Joaquim Fernandes Tomás, numa portaria de Julho, encarregou oficialmente Fr. António de Santa Luzia da guarda e conservação do convento e da sua mata, podendo solicitar o apoio que julgasse necessário às autoridades do concelho; 1838 - o governo toma a decisão de excluir o convento e a mata do Buçaco da lista dos bens nacionais a vender; 1839 - o administrador geral do distrito de Coimbra envia ao agora Padre António de Santa Luzia um conjunto de paramentos a fim de servirem na igreja; 1863 - restauro da ermida do Sepulcro por Francisco Augusto Furtado de Mesquita Paiva Pinto, descendente do fundador: o conde de Foz de Arouce; 1866 - lápide comemorativa da reparação executada pelo administrador das matas do Reino, Ernesto de Faria, na Ermida de Nossa Senhora da Conceição, fundada por D. Rodrigo de Melo; 1870, Agosto - data inscrita no intradorso do arco central do nártex onde se lê o nome de Luis Vermell provavelmente envolvido numa campanha de obras do convento; 1878 - reforma da Fonte da Samaritana construída por frei Manuel de Santa Teresa, a mando de D. Manuel de Saldanha; 1883 - são transferidos para a biblioteca da Universidade de Coimbra os livros existentes na casa da livraria do convento; 1884 - demolição da Ermida de Santa Teresa para dar lugar a um chalet; 1887 - Luigi Manini risca projecto de palacete régio, destruindo o convento, à excepção da igreja e claustro; 1887, 31 de Janeiro - Rafael Bordalo Pinheiro celebra com o governo português um contrato para a execução dos grupos escultóricos da via sacra , que nunca chegaram a ocupar o seu lugar, encontrando-se actualmente no Museu das Caldas da Rainha; 1888 - início dos trabalhos sob a direcção de Ernesto Lacerda ; 1897 / 1899 - datas gravadas em cartelas neo-renascença; séc. 20, anos 30 - o Conselho Nacional de Turismo encomenda aos escultores António Augusto da Costa Mota Sobrinho e José Simões de Almeida Sobrinho uma narrativa dos Passos da Paixão de Cristo para as capelas da Via Sacra, acabando o trabalho por ficar a cargo exclusivo de Costa Mota Sobrinho;1938 - 1948 - execução dos grupos escultóricos da Paixão de Cristo para as capelas da Via Sacra , pelo escultor António Augusto da Costa Mota Sobrinho; 1939 - encontravam-se concluídos os Passos da "Verónica" e de "Cristo perante Pilatos"; 1943, 18 agosto - classificação do Palácio como Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto n.º 32.973, DG, 1.ª Série, n.º 175; 1996, 06 março - redenominação da classificação para a tornar mais abrangente, pelo Decreto n.º 2/96, DR, 1.ª série-B, n.º 56; 13 maio - Declaração de Retificação corrigindo a designação de Palacete para Palace, Declaração de Retificação, n.º 10-E/96, DR, 1.ª Série-B, n.º 127; 1999 - a tela Sagrada Família de Josefa d' Óbidos foi restaurada para integração de exposição; 2013, 24 dezembro - provável curto-circuito esteve na origem de incêndio na capela onde se encontrava a tela Sagrada Família, danificando parte da capela e destruindo a tela de Josefa d' Óbidos; 2016, 27 junho - publicação do anúncio de projeto de decisão relativo à reclassificação como conjunto de interesse nacional/monumento nacional (MN) do Palace Hotel do Buçaco e mata envolvente, incluindo as capelas e ermidas, Cruz Alta e tudo o que nela se contém de interesse histórico e artístico, em conjunto com o Convento de Santa Cruz do Buçaco, em Anúncio n.º 95/2017, DR, 2.º série, n.º 122; novembro - assinatura de protocolo entre a Câmara Municipal da Mealhada e a DRCC para para a recuperação do Convento e das Capelas dos Passos da Via Sacra, assumindo a Câmara a contrapartida do financiamento nacional; 2017, 27 junho - publicação do anúncio de projeto de decisão relativo à reclassificação como conjunto de interesse nacional/monumento nacional (MN) do Palace Hotel do Buçaco e mata envolvente, incluindo as capelas e ermidas, Cruz Alta e tudo o que nela se contém de interesse histórico e artístico, em conjunto com o Convento de Santa Cruz do Buçaco, em Anúncio n.º 95/2017, DR, 2.º série, n.º 122; 2018, 15 março - início das obras de requalificação do edifício, adjudicadas pela Câmara da Mealhada à empresa Augusto de Oliveira Ferreira & C.ª Lda., com fundos comunitários e apoio técnico da Direção Regional da Cultura do Centro; 2019, 19 julho - inauguração do convento e da Via Sacra, após obras de recuperação.

Dados Técnicos

Estrutura de paredes autoportantes em alvenaria de pedra argamassada e rebocada, travada por tectos em abóbadas de tijolo e coberturas em estrutura de madeira com barrotes, vigas e ripado, revestidas em telha de canudo.

Materiais

Estruturas em alvenaria de pedra argamassada e rebocada, travada por tectos em abóbadas e tijolo e coberturas em estrutura de madeira com barrotes, vigas e ripado revestidas em telha de canudo. Cantarias de calcário: pedra de Ançã; embrechados de pedra: quartzo, basalto e escórias ferruginosas; cortiça (tecto e portas do claustro); azulejo; ferro; vidro.

Bibliografia

SACRAMENTO, Fr. João do, Cronica dos Carmelitas Descalços, II, Lisboa, 1721; SIMÕES, A. A. da Costa, História do Mosteiro da Vacariça e da Cerca do Bussaco, Coimbra, 1855; MATTOS, Silva e MENDES, Lopes, O Bussaco, Lisboa, 1874; GONÇALVES, Cardoso, No Bussaco, Lisboa, 1905; CASTRO, Augusto Mendes Simões de, Guia histórico do viajante no Bussaco, Coimbra, 1908; GONÇALVES, Nogueira, Inventário Artístico de Portugal. Distrito de Aveiro, VI, Lisboa, 1959, pp. 192 - 199; História da Arte em Portugal, Vol. 10, Alfa, Lisboa, 1986, pp. 95 - 131; ANACLETO, Regina, Arquitectura Neomedieval Portuguesa. 1780 - 1924, Vol. I, Coimbra, 1992, pp. 471 - 550; ANACLETO, Regina, O Neomanuelino ou a reinvenção da Arquitectura dos Descobrimentos, Lisboa, 1994; PAIS, Alexandre Manuel Nobre da Silva, Presépios Portugueses Monumentais do século XVIII em Terracota [dissertação de Mestrado na Universidade Nova de Lisboa ], Lisboa, 1998; SANTOS, J. J. Carvalhão, Novo Guia Histórico do Buçaco, Coimbra, 2002; GOMES, Paulo Varela, O Deserto Carmelita do Buçaco: hum breve mapa da Cidade Santa de Jerusalém, in Revista MONUMENTOS 20, DGEMN, Lisboa, 2004, pp. 36-43; MECO, José, Embrechados e Azulejos do Deserto Carmelita, in Revista MONUMENTOS 20, DGEMN, Lisboa, 2004, pp. 92-10; MORAIS, Cristina, Escultura de Motta Sobrinho: Os Passos da Paixão de Cristo para as Capelas da Via Sacra, in Revista MONUMENTOS 20, DGEMN, Lisboa, 2004, pp. 102-107; COUTO, Matilde Tomaz do, Os Passos da Paixão de Cristo segundo Rafael Bordalo Pinheiro, in Revista MONUMENTOS 20, DGEMN, Lisboa, 2004, 108-118; ANDRESEN, Teresa, MARQUES, Teresa Portela, Cerca do Bussaco: uma paisagem entre o sagrado e o srofano, in Revista MONUMENTOS 20, DGEMN, Lisboa, 2004, pp. 8-19; FERNANDES, José Manuel, O conjunto construído do palace-hotel e convento. Contributo para o conhecimento das suas diversas fases arquitectónicas, construtivas e estilísticas, in Revista MONUMENTOS 20, DGEMN, Lisboa, 2004, pp. 80-85; NERO, J. M. Gaspar, A cortiça no Convento de Santa Cruz do Buçaco, in Revista MONUMENTOS 20, DGEMN, Lisboa, 2004, pp.148-151; GOMES, Paulo Varela, Buçaco: O Deserto dos Carmelitas Descalços, Coimbra, 2005; COSTA, Alexandre - "Tela de Josefa d'Óbidos destruída valeria 70 mil euros" in Jornal Expresso. 6 dezembro 2013; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74851 [consultado em 21 outubro 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DREMC; Instituto de Conservação da Natureza

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMC; Instituto da Conservação da Natureza; IPM

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DREMC

Intervenção Realizada

DGEMN: 1957 - reconstrução da cobertura da igreja do Convento; 1958 - reparação e beneficiação da igreja do convento: picagem de rebocos, reparação de cantarias em vãos, execução de novos rebocos na torre, assentamento de novos caixilhos, reparação de portas e vitrais, pinturas; tratamento da envolvente; 1960 - beneficiação do conjunto da Via Sacra, (à excepção das capelas do Calvário e Sepulcro): arranjo e limpeza dos telhados e beirado, reparação de paredes; arranjo de portas e construção de gradeamentos; arranjo e comsolidação de pavimentos e escadas com substituição de algumas pedras de lajedo; limpeza e arranjo de acessos; 1961 - beneficiação do conjunto do calvário: reconstrução da cobertura, consolidação das paredes, refechamento de juntas, reparação dos rebocos e caiação, construção e assentamento de janelas e portas, restauro e consolidação de tectos em forro de cortiça, restauro do ameado e dos passadiços, desentupimento do poço, restauro da abóbada com pintura, arranjo dos altares e vitrais 1967 - beneficiação das capelas e ermidas da mata (à excepção das de Nossa Senhora e de São Miguel): Ermida de Nossa Senhora da Assunção - restauro da cobertura, consolidação de paredes interiores e tectos, reconstrução de duas janelas e uma portalimpeza de paredes e pintura de madeira; Ermida de Santo Elias - restauro da cobertura, consolidação, limpeza e pintura de paredes, reconstrução de uma porta e três janelas, reconstrução de pavimenmtos de madeira; consolidação das ruínas da Ermida do Sacramento; Ermida de São José - reparação do telhado, consolidação de paredes, reparação de portas e janelas; Ermida de São João do Deserto - reconstrução de telhados, fenestrações, tectos em placa de cortiça e pavimentos, consolidação de paredes; Ermida do Sepulcro - reconstrução do telhado, portas e janelas, consolidação de paredes e tectos; Capela de São João da Cruz - reparação da cobertura e paredes, reconstrução de uma porta e grade de protecção, restauro do revestimento dos cunhais; Capela de São Pedro - reconstrução da cobertura, arranjo de paredes, restauro do retábulo do altar; Capela de Santa Madalena - arranjo da envolvente, restauro das paredes, reconstrução de porta e grade de protecção, limpeza e arranjo do telhado restauro do retábulo do altar; Capela de Santo Antão - arranjo de paredes e restauro da porta; Passos do Horto - reconstrução do telhado, consolidação das paredes, reconstrução de uma porta e grade de protecção; Passos de Jordão - reconstrução do telhado, consolidação de paredes, reconstrução de uma porta com grade de protecção; Passos da Porta de Cedron - reparação do telhado e paredes, reconstrução de uma porta e grade de protecção, restauro dos cunhais e socos; Porta de Siloé - restauro e consolidação de paredes; Passos de Anaz - reparação do telhado e parede, reconstrução de uma porta e grade de protecção, restauro dos cunhais; Passos de Caifaz - reparação do telhado e paredes, reconstrução de uma porta e grade de protecção, restauro dos cunhais e soco; Passos de Herodes - reparação do telhado e paredes, reconstrução de uma porta e grade de protecção, restauro dos cunhais e soco; Fonte da Samaritana - reparação da cobertura, restauro dos revestimentos de vidraço nas paredes e abóbadas, limpeza e consolidação da escada lateral; 1983 - reconstrução da cobertura da igreja do convento; 1984 / 1985 - obras de conservação no interior da igreja: picagem de rebocos em paredes e tectos, instalação eléctrica, execução de novos rebocos colocação de 2 caixilhos; 1998 - conservação dos grupos escultóricos das três primeiras capelas dos Passos da Via Sacra, conservação e pintura. DRABL: 1998 - substituição das portas dos Passos da Via Sacra, reparação do telhado da Ermida do Sepulcro; DGEMN: 1998 / 2000 - conservação dos grupos escultóricos de nove capelas da Via Sacra; 2000 - consolidação de paredes, fundações e beneficiação de coberturas da Ermida de São Miguel; 2004 / 2005 - reparação parcial das coberturas do convento; 2018 / 2019 - restauro da imagem de Santo Elias, resultante da parceria da Direção Regional da Cultura do Centro, Fundação Mata do Buçaco e Fundação Luso.

Observações

*1: DOF: Conjunto denominado «Palace Hotel do Buçaco e mata envolvente, incluindo as capelas e ermidas, Cruz Alta e tudo o que nela se contém de interesse histórico e artístico, em conjunto com o Convento de Santa Cruz do Buçaco». A igreja carmelita inclui retábulos de talha dourada dos séc. 17 e 18, azulejaria polícroma do séc. 18 e obras pictóricas dos séc. 16 ao 18, obras de qualidade regular. Para além das capelas devocionais de São João da Cruz, São Pedro, São Maria Madalena, Santo Antão e Samaritana, bem como das vinte Capelas dos Passos, espalham-se pelo bosque do Buçaco onze ermidas - Santa Teresa, Santo Elias, Nossa Senhora da Conceição, São Miguel, São José, calvário, Sepulcro, São João do Deserto, Nossa Senhora da Expectação, Nossa Senhora da Assunção e Sacramento, e seis fontes - Fonte da Samaritana, Fonte Fria, Fonte de Santa Teresa, Fonte de Santo Elias, Fonte de São Silvestre e Fonte do Carregal. As capelas devocionais localizam-se entre as Portas da Cerca, antiga entrada oficial do convento, pelo caminho que conduz ao mosteiro. DRABI - Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior. *2: A "Memória das obrigações perpétuas deste Santo Ermo", existente na sacristia, dá-nos notícia de que o convento rezava várias missas pela alma deste vigário: duas missas quotidianas, 76 missas cada ano, um oficio de nove lições no oitavário dos santos, e um responso pela comunidade todas as 2ª feiras do ano; noticia ainda a doação de 283.000 réis para que se lhe sejam rezadas missas para sempre. *3: "Nesta obra monumental de temática sacra, realizada em pleno século XX, Costa Motta Sobrinho continuou a tradição bem portuguesa dos nossos escultores-barristas e santeiros, sendo hoje reconhecido e consagrado como um deles." (MORAIS, 2004)

Autor e Data

Carlos Ruão 1996 / Cecília Matias 2003 / Filipa Avellar e Paula Correia 2004

Actualização

Maria Fernandes 2005
 
 
 
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