Casa da Ponte

IPA.00005682
Portugal, Braga, Cabeceiras de Basto, Cavez
 
Casa vernácula e barroca, de planta em U, transversal com torre e capela, no extremo do edifício, articulando três corpos com arco de passagem, varandas alpendradas e pátio empedrado. Capela de planta rectangular, massa simples com fachada principal decorada por pilastras, óculos, nicho e frontões circulares interrompidos. Interior com cobertura em abóbada de berço de madeira pintada e pavimento em laje de cantaria. Retábulo-mor ao gosto do barroco joanino, com elementos rocócos. Conjugação de corpos de arquitectura vernácula com elementos eruditos, de que resultou um conjunto austero e harmonioso, bem implantado na paisagem, onde ressaltam as arcarias e as varandas alpendradas. A fachada da capela com excelente trabalho de cantaria. O interior é revelador da vida austera dos fidalgos rurais de setecentos, nomeadamente a preocupação pela defesa, bem patente nas soluções encontradas no reforço de portas e portadas. É de salientar, ainda, a ampla adega, que ocupa todo primeiro piso do corpo principal, estruturada em arcarias, com pias, lagares e armários em pedra.
Número IPA Antigo: PT010304070011
 
Registo visualizado 1296 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa    

Descrição

Planta transversal, em U, composta por três corpos rectangulares, articulados, cerrado por muro formando pátio interior. O corpo principal, voltado a N., integra torre quadrangular, e o de S., mais comprido, faz ligação com a capela, no extremo E.. Volumes articulados e escalonados, de dominante horizontal, quebrados pelo verticalismo da torre, com coberturas diferenciadas em telhados de quatro e três águas. Edifício de dois pisos e três pisos na torre com fachada principal voltada a N., em aparelho pseudo-isódomo, rematada por cornija, sob beiral com pilastras toscanas nos cunhais, rasgada, no primeiro piso, por vão rectangular e quatro gateiras, e no segundo, por onze janelas rectangulares, ladeando a pedra de armas dos CARVALHOS E VALES. No extremo O., virado à fachada lateral, desenvolve-se escadaria, de um só lanço recto, com arranque volutado e patim coberto por alpendre suportado de acesso a portal de verga recta. Esta fachada integra ainda a torre, com porta de arco de volta inteira, no primeiro piso e janela de ângulo fechada por gelosias, seteira e janela rectangular, no último piso. A fachada voltada a S., revela, no primeiro piso, um portal, janelas rectangulares e escadas de acesso à única porta, do segundo piso, o qual é marcado por uma sucessão de janelas rectangulares. A fachada E., reveladora da junção dos diversos corpos, possui no primeiro piso, portal de verga recta encimado por janela rectangular, vão rectangular, de passagem para o pátio interior, arco de volta inteira de comunicação com a capela, e escada de acesso ao corpo S. As fachadas voltadas ao pátio interior, apresentam, no corpo N., arco de passagem para o exterior, e varanda alpendrada suportada por colunelos de secção circular, assente em quatro arcos de volta inteira, e nas de S. e E., varandas alpendradas de madeira, suportadas por mísulas de pedra, com acesso por escadas de granito, de um só lanço recto. No INTERIOR desenvolve-se, a adega, cozinha, alambique e lojas, no primeiro piso, e salas e quartos, no segundo, tendo uma das padieiras das portas inscrição. Coberturas em tectos de masseira de madeira e pavimentos de madeira. CAPELA de planta longitudinal, rectangular. Massa simples com cobertura em telhado de duas águas. Fachadas em aparelho pseudo-isódomo, percorridas por embasamento e rematadas por cornija sob beiral, nas fachadas laterais e em empena na pirncipal e posterior, com pilastras toscansas nos cunhais sobrepujadas por pináculos e cruz sobre acrotério no remate das empenas. Fachada principal orientada, rematada por frontão curvo, interrompido, rasgada por portal de verga recta, ladeado inferiormente por duas frestas horizontais de moldura recortada, com flor-de-lis. O portal é enquadrado por pilastras dóricas, sobrepujadas por duas mísulas estriadas, onde descarrega frontão curvo interrompido com remates espiralados, que servem de base a uma edícula concheada, ladeada por pilastras jónicas, profusamente decorada com motivos vegetalistas, que alberga a imagem de São Bartolomeu. Ladeiam a edícula dois óculos ovalados, moldurados. Fachadas laterais, semelhantes, com porta de verga recta e janelão com moldura recortada, tendo a voltada a N., nicho rectangular, moldurado, com tábua pintada representando São Bartolomeu e, a do lado S., arco de passagem com escadas de acesso à porta do coro-alto e sineira de arco de volta inteira, na linha do telhado. INTERIOR da capela rebocado e pintado de branco, coberta por abóbada de berço de madeira pintada de azul, com o brasão da família, ao centro. Pavimento em lajes de granito. Coro-alto assente em arco abatido sobre duas pilastras e guarda em crivaria de madeira. Sub-coro com pia gomada, do lado da Epístola. Do lado do Evangelho, confessionário, sepultura com inscrição, cerrada por grade de ferro, pia gomada e púlpito com base quadrangular sobre mísula volutada, guarda plena de madeira pintada e escada de acesso em pedra. No lado oposto, ladeando a porta, confessionário e pia gomada. Supedâneo em granito, com três degraus ao centro, e dois nichos, confrontantes, em arco de volta inteira, com pintura a fresco representando, no do lado do Evangelho, a Paixão e no do lado da Epístola, o Purgatório. Retábulo-mor de talha polícroma, a verde, castanho e vermelho, com decoração pontuada a dourado, de planta recta, de três eixos, rematado por cornija sob ático decorado por sanefa assente em quarteirões. Painel central com o Crucificado, ladeado por peanhas de ângulo com imaginária e a enquadrar as peanhas dos eixos laterais colunas com estrias espiraladas, demarcadas no terço inferior e com capitéis coríntios. Altar recto com paineis pintados com flores.

Acessos

Quinta da Ponte

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Rural, integrada em propriedade agrícola, rodeada de campos de cultivo de vinha, na encosta sobranceira ao rio Tâmega, fronteira à EN 206. Na proximidade encontra-se a Ponte de Cavez (v. PT010304070001). Na outra margem do rio, quase em posição confrontante, brota uma nascente com água termal, denominada de São Bartolomeu *1.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: (sepultura da capela) AQUI JAZ JOSÉ MAXIMO / DE CARVALHO E SOUZA, / FILHO DE JOÃO BAPTIS- / TA DE CARVALHO VALLE / E VASCONCELLOS, SAR- / GENTO MÓR DOS PRIVI- / LEGIADOS DE MALTA / DA COMMENDA DE VERA / CRUZ E DE D. MARIANNA / LUIZA DE SOUZA TAVO- / RA BOTTO SUA MULHER . / FALLECEU A VIII-IX- / MDCCCLXXII; (padiera da porta do corpo S.) 1718 DOS CARVAL.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 13, meados - Construção de uma ponte para travessia do rio Tâmega, perto de uma capela da invocação de São Bartolomeu; séc. 17 - edificação do corpo S.da Casa da Ponte, voltado ao rio; 1635 - casamento de Domingos Carvalho dos Santos com D. Maria Antunes, ambos proprietários das casas da Ponte; 1657 - provável reconstrução da ponte; 1664, 8 de Março- por carta régia são dispensados, perpetuamente, do serviço militar os senhores da Casa da Ponte, seus filhos, criados e caseiros, e isento o seu gado das obrigações de carretos e transportes em serviço público; 1668 - D. Afonso VI recompensa os bons serviços prestados por Domingos de Carvalho dos Santos, durante as Guerras da Restauração, nomeando-o Moço da Real Câmara de Sua Majestade com a renda mensal de 406 reais e três quartos de alqueire de cevada por dia para o seu cavalo; séc. 18 - construção do corpo N. da casa e reforma da capela; 1718 - provável reforma da ala S. da Casa da Ponte, por Domingos de Carvalho; 1726 - referência à capela de "São Bertholomeo junto à ponte de Cavez" que é "muito antigua, asim no edifficio, como em certo rendimento, que tem de foros e ofertas no dia do santo, en que junto della há huma grande feira"; 1728 - data inscrita numa das paredes; 1733 - casamento de D. Mariana Carvalho dos Santos com seu primo Sebastião Carvalho dos Santos, unificando as propriedades da Casa da Ponte; séc. 18, meados - ampliação da casa e reedificação da capela; 1750 - confirmação das armas dos Carvalhos e Valles; 1751 - João Carvalho dos Santos, irmão de D. Mariana institui o vínculo da capela de São Bartolomeu da Casa da Ponte; 1778 - data inscrita no lintel de uma porta.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes e estrutura mista.

Materiais

Estrutura do edifício, portais, fonte, chafariz e lagares, em granito; pavimentos do primeiro piso, em pedra e tijoleira; pavimento da varanda alpendrada, em tijoleira; azulejos nas casas de banho e no revestimento da varanda alpendrada; portas, janelas, pavimentos do segundo piso, tectos, lambris e fogão de sala, de madeira; portão da entrada NE. e gradeamento da varanda, em ferro; cobertura exterior em telha de canudo.

Bibliografia

Guia de Portugal, Entre Douro e Minho, II Minho, vol. 4, Lisboa, s/d, p. 1319; Guia de Portugal, Trás-os-Montes e Alto-Douro, I - Vila Real, Chaves e Barroso, vol. 5, Lisboa, s/d, pp. 330-331; Vv.Aa., À Descoberta de Portugal, Lisboa, 1982, pp. 48-49; CRAESBEECK, Francisco Xavier da Serra, Memórias Ressuscitadas da Província de Entre Douro e Minho no ano de 1726, Ponte de Lima, 1992, pp. 383-386; STOOP, Anne de, Palácios e Casas Senhoriais do Minho, Porto, 1993, pp. 141-144; Vv.Aa., Dicionário Enciclopédico das Freguesias, vol. 1, Matosinhos, 1997, pp. 68-69; Vv.Aa., Cabeceiras das Terras de Basto..., Paços de Ferreira, 1998, pp. 9, 60-61; FERREIRA, José Carlos, ASSIS, Francisco de, Casa setecentista da Ponte é uma mansão fortificada, in Diário do Minho, 21 Dezembro 2006, p. 25.

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: 1975 - Início da recuperação dos edifícios que se encontravam arruinados.

Observações

*1 - Os romeiros que acorrem no dia 24 de Agosto à festa de São Bartolomeu, bebem esta água pela manhã convictos de que ela é cura para todos os males.

Autor e Data

António Dinis / Ana Pereira 1999

Actualização

 
 
 
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