Abadia de Nossa Senhora da Nazaré do Mocambo / Convento das Bernardas do Mocambo / Real Mosteiro da Nossa Senhora da Nazaré do Mocambo

IPA.00005576
Portugal, Lisboa, Lisboa, Estrela
 
Arquitectura religiosa, barroca. Mosteiro feminino cisterciense.
Número IPA Antigo: PT031106370176
 
Registo visualizado 2584 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem de Cister - Cistercienses

Descrição

Plantimetricamente o edifício organiza-se dentro de um quadrilátero irregular, constituído pelas 4 alas que delimitam o antigo claustro, em paralelipípedos com coberturas a 2 águas articuladas nos ângulos. O alçado virado à Rua da Esperança, a S., organiza-se em 5 níveis e em 2 corpos delimitados por pilastras de cantaria. O acesso à porta principal, com moldura calcária e encimado por um relevo pétreo de forma retangular, figurando a Virgem com o Menino ladeada por São Bento e São Bernardo, sobrepujado de cruz, situada no corpo E. (em plano destacado), é feito por meio de uma escadaria de 2 lanços retos que se reunem num pequeno patamar à altura do 2.º nível. Neste piso rasgam-se janelas retangulares de peito e de sacada; um friso calcário separa-o, no corpo E., dos 3 níveis seguintes, com as suas janelas rectangulares. No corpo O., a mesma altura acima do friso apresenta um único nível, correspondente ao muro S. da igreja conventual, assinalada com 3 janelões retangulares. O conjunto do edifício é rematado por uma cornija calcária destacada. No interior é de destacar o claustro, quadrado, com alas de 5 arcos em asa de cesto descarregando em pilares de cantaria de secção quadrada, sendo as galerias cobertas por abóbadas de aresta. O desnível desde a entrada (2.º piso) até à cota da igreja e do claustro conventuais (3.º piso) é vencido mediante uma larga escada de um único lanço reto.

Acessos

Rua da Esperança, n.º 144 - 154; Calçada do Castelo Picão, n.º 1 - 3C; Rua de Vicente Borga; Travessa do Convento das Bernardas, n.º 8 - 12

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 2/96, DR, 1.ª série-B, n.º 56 de 06 março 1996 / ZEP, Portaria nº 512/98, DR n.º 183 de 10 agosto 1998 *1

Enquadramento

Urbano, destacado, adossado.

Descrição Complementar

Os 3 arcos centrais da ala E encontram-se emparedados como resultado do tipo de ocupação actual, que acrescentou um piso sobre as galerias do claustro, na porta, que dá acesso à igreja, abertura que correspondia à antiga bilheteira do cinema e respectiva cabine de proteção.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Residencial: edifício / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Privada: municipal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: Giacomo Azzolini (1758); João Antunes (séc. 17); João de Almeida (1996-2000); Pedro Emauz (1996-2000); Pedro Ferreira Pinto (1996-2000); PINTORES: António Pereira Rovasco (1696); Pedro Alexandrino de Carvalho (séc. 18).

Cronologia

1653 - concessão, por D. João IV, do alvará de fundação do convento de religiosas recoletas de São Bernardo, sob invocação de Nossa Senhora da Nazaré, no local onde já existia um recolhimento de mulheres penitentes, fundado por D. Maria da Cruz, sendo determinante a ação do abade D. Frei Vivaldo de Vasconcelos, abade do Convento do Desterro; construção da igreja, conforme plano de João Antunes, pago pela rainha D. Catarina de Bragança; 1655, 6 janeiro - fechada a clausura do convento, sendo abadessa D. Antónia Moniz, que teria mudado o nome para Soror Antónia do Espírito Santo; 1696, 4 julho - contrato entre António Pereira Rovasco e as freiras bernardas para a pintura de quatro painéis para a capela-mor do templo, por 120$000, contemplando cenas da vida de São Bento; 1706 - segundo uma descrição coeva, o convento possuía uma vasta igreja, com um coro de 57 cadeiras, uma ampla sala do capítulo ornada de talha, 6 grandes dormitórios e celas revestidos de azulejos, aí vivendo então 55 religiosas; 1755, 1 novembro - o convento é quase completamente arrasado pelo terramoto, ficando as freiras abarracadas no convento da Esperança; 1756, 25 maio - aquisição da Quinta dos Louros no Campo Pequeno por 20 mil cruzados, pagos pelo monarca, para onde se transferiram as religiosas; 1758 - inicia-se a reconstrução, segundo projetos do arquiteto italiano Giacomo Azzolini, ativo em Lisboa desde 1752; 1758, 27 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco de Santos-o-Velho, Gonçalo Nobre da Silveira, é referido o Convento como tendo ficado completamente destruído, refugiando-se as religiosas no sítio do Rego; 1760, 09 janeiro - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco de São Sebastião da Pedreira, José de Melo Pinto da Silva, é referido que as religiosas Bernardas, que estavam sediadas no lugar do Mocambo, compraram a quinta, usando a ermida para sua igreja; vivem no local 40 religiosas; 1786 - as religiosas voltam ao convento, apesar da igreja não estar ainda concluída; séc. 18, final - pintura do painel do teto por Pedro Alexandrino de Carvalho; 1833 - a igreja tem a capela-mor com a imagem de Nossa Senhora da Nazaré e dois nichos com santos da Ordem; surgem, ainda, outras duas capelas, a da Epístola com a imagem da Virgem; possui porta, degraus e, no topo, a portaria, tendo, à esquerda, a igreja, diferindo a planta do usual para cenóbios femininos; na base do edifício, lojas; 1834, 08 maio - decreto de extinção das ordens religiosas; 1851 - o convento é encerrado, indo as poucas religiosas que nele habitavam para o Mosteiro de Odivelas; 1855, 6 dezembro - o Colégio de Nossa Senhora da Conceição, propriedade de Joaquim Lopes Carreira de Melo, transita para o edifício; 1893 - funciona o Colégio Académico de Lisboa de Frederico Vilar (foram alunos D. João da Câmara e Dr. Sousa Martins); 1924, julho - o empresário Santos Malafaia inaugura no espaço da antiga igreja o cine-Esperança, sala de espetáculos e sede de filarmónica, e Teatro de Amadores, onde se estreou Hermínia Silva, servindo mais tarde de marcenaria e depósito de mobílias usadas; 1928 - a Câmara Municipal de Lisboa intima os proprietários "Carvalho e Dias, Lda." a fazer obras devido às condições degradantes em que vivem as famílias aí instaladas; 1934, abril - o edifício é adquirido por Manuel Amaral Marques mas continua a degradação das habitações; 1935 - o proprietário tem intenção de reduzir o número de moradores no local; séc. 20, década de 70 - mantém-se as mesmas condições, vivendo no local cerca de 250 pessoas e funcionando sete estabelecimentos comerciais; 1975 - é criada uma Comissão de Moradores, para tentar resolver as condições de habitação; 1980, 20 março - Despacho do Secretário de Estado da Cultura que aprovou o estabelecimento da Zona Especial de Proteção; 1994 - projeto da Câmara de Lisboa para remodelação do imóvel, para instalar um núcleo museológico; 1996 - atualização do levantamento arquitetónico, prospeções geotécnica, escavações arqueológicas, definição do programa funcional e consequentes projetos de arquitetura das especialidades; descoberta do cemitério das monjas; 1996-2000 - reabilitação do convento, da autoria dos arquitetos João de Almeida, Pedro Emauz e Pedro Ferreira Pinto; obras com diversos financiamentos IORU (Intervenção Operacional de Renovação Urbana), PRAUD (Programa para a Recuperação das Áreas Urbanas Degradadas) e REHABITA (Regime de Apoio à Recuperação Habitacional em Áreas Urbanas Antigas), o projeto foi sendo alterado sempre que surgiam elementos notáveis do imóvel, para sua a valorização (exemplo o Antigo Refeitório do Convento, ladeado pela cozinha com chaminé e forno de lenha).

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, cantaria de calcário, reboco pintado

Bibliografia

AA.VV. - Guia da Arquitetura de Lisboa, 1948-2013. Lisboa: A+A Books, 2013, p. 79; ALVES, Maria Paula e INFANTE, Sérgio, Lisboa. Freguesia de Santos-o-Velho, Lisboa, 1992; CAEIRO, Baltazar Matos, Os Conventos de Lisboa, Lisboa, 1989; GONÇALVES, António Nogueira, O Arquitecto e Cenógrafo Giacomo Azzolini em Coimbra, in Ocidente, Vol. LXXX, 1971; História dos Mosteiros, Conventos e Casas Religiosas de Lisboa, Vol. II, Lisboa, 1972; LEROUX, Gerard, A Abadia de Nossa Senhora da Nazaré do Mocambo, in O Dia, 11.03.85 e 08.04.85; MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; PEREIRA, Luís Gonzaga - Monumentos Sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927; SERRÃO, Vítor, António Pereira Ravasco, ou a influência francesa na arte do tempo de D. Pedro II, in A Cripto-História de Arte, Lisboa, Livros Horizonte, 2001, pp. 125-148.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Pº Nº 5914; IGESPAR: IPPAR, Pº Nº 86/3 (9)

Intervenção Realizada

1996-2000 - Reabilitação do convento, com projeto da autoria dos arquitetos João de Almeida, Pedro Ferreira Pinto e Pedro Emauz, respeitando a traça seiscentista do convento e retirando intervenções descaracterizadoras posteriores.

Observações

*1 - Zona Especial de Proteção Conjunta do Museu Nacional de Arte Antiga (v. PT031106370084) e edifícios classificados na zona envolvente. No piso sobre a galeria do claustro há vestígios de pintura.

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1994

Actualização

Anouk Costa 2013
 
 
 
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