Igreja de São José das Taipas / Igreja das Taipas / Capela de São José das Taipas / Capela das Almas e de São José das Taipas

IPA.00005565
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
 
Arquitectura religiosa, neoclássica. Igreja de planta longitudinal e nave única, com abóbada de berço e fachada principal de 2 registos, 3 corpos separados por pilastras e coroado por frontão triangular, adossando num dos lados torre sineira com coruchéu. Decoração interior com retábulos de talha dourada e pintada. A leitura mais significativa da fachada é a do eixo central, portal - janela - óculo - cruz, sendo o portal, enquadrado por arco de volta-perfeita e por jogo de curva e contra-curva, tendo a janela frontão semelhante aos de Bom Jesus do Monte e do Hospital de São Marcos, em Braga, elementos decorativos ainda marcadamente barrocos, sendo também o coroamento da torre uma simplificação das deste hospital (Duarte, op. cit.). Segundo alguns autores (CASTRO, op. cit.) a igreja das Taipas, encerra no desenho do espaço interior e de todo o conjunto retabular, uma enorme unidade estilística, que bem expressa o neoclássico portuense.
Número IPA Antigo: PT011312150054
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja  

Descrição

Igreja de planta longitudinal, composta por nave única, capela-mor rectangular e torre sineira quadrangular adossada a E. da fachada principal. No prolongamento da torre um corpo corredor * 2, com entrada pela base desta até um outro corpo mais largo de 3 pisos, confrontante com a R. das Taipas, n.º 127, onde se localiza no último piso a antiga sala de reuniões da Irmandade. Do lado oposto outro corpo estreito com entrada, pelo n.º 125, que permite o acesso à casa do guarda, à Sacristia e ao pátio de planta rectangular da mesma. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhado, de 2 águas na nave e Sacristia e 3 na capela-mor. Na cobertura da Sacristia, ressalta um lanternim de 8 faces, iluminado por 10 janelas de arco de volta perfeita e por uma clarabóia elíptica. Fachada principal orientada a poente, antecedida por escadaria vedada por grade de ferro assente em muro baixo, de cantaria, que apresenta num dos extremos, adossada, e também em cantaria, uma caixa de esmolas com espaldar encimado por volutas a ladear uma flor de lis. No espaldar, lê-se inscrito "ALMAS". O alçado principal, dividido por pilastras em 3 panos, apresenta no central um portal de verga recta inscrito num vão de arco pleno. A encimar o portal um frontão curvo abatido, com inscrição em medalhão encimado por grinalda. No alinhamento do portal um janelão com frontão curvo abatido, sobre 2 pilastras. A rematar o alçado um frontão triangular com óculo no tímpano encimado por uma grinalda, 2 urnas nos extremos, e cruz sobre acrotério com volutas. A torre ligeiramente recuada, subdividida em diversos registos, apresenta na fachada principal, o 1º registo em cantaria, com uma porta na base encimada por janelão de verga curva, e o 2º registo com revestimento em azulejos padrão azuis e brancos, integrando-se aí um janelão de verga recta. As restantes faces destes 2 registos são rebocadas. O último registo da torre com sineiras de arco pleno, é revestido com o mesmo azulejo em 2 das 4 faces, rematado por coruchéu piramidal onde apoia cruz metálica sobre esfera. Nas esquinas, sobre a cornija, 4 urnas. A fachada posterior da igreja subdividida por pilastras, apresenta ao centro o corpo tardoz, ladeado por 2 corpos de cérceas diferentes. O corpo central, de 3 pisos, rematado por forte entablamento, apresenta nos 2 últimos 3 janelas alinhadas emolduradas e no piso inferior uma abertura quadrangular engradada inscrita num vão com moldura que se prolonga até ao passeio. No INTERIOR: Na nave coro alto sobre arco abatido, com órgão balançado do lado do evangelho. Na parte inferior páravento ladeado por 2 pias de água benta. Nave e a capela-mor cobertas por abóbadas de berço em estuque, simplesmente decorada com um medalhão central, e subdividida por arcos torais. A abóbada apoia numa cornija corrida, saliente e em granito onde ressalta uma grade de ferro. As paredes laterais estucadas apresentam pilastras nos alinhamentos destes arcos. O arco cruzeiro de volta perfeita sobre pilastras com grinaldas na parte superior é encimado por enorme sanefa neoclássica. A nave apresenta 4 altares laterais, do lado esquerdo o de Nossa Senhora das Dores e de Nossa Senhora da Saúde e do lado direito, de Santo António e de Nossa Senhora da Conceição. Entre os altares de cada lado da nave um púlpito com guarda em talha dourada e pintada sobre mísula de granito, e superiormente, em correspondência com estes, vãos com balaustradas douradas e pintada encimados por sanefas em talha dourada neoclássicas. Na capela-mor sobre supedâneo ergue-se retábulo-mor, neoclássico, com um nicho central para o trono, tapado por tela pintada, representando Nossa Senhora das Almas. A ladear sobre 2 plintos, do lado esquerdo a imagem de S. José e do lado direito, São Nicolau Tolentino. A sacristia de planta longitudinal, coberta por tecto estucado com lanternim central, profusamente trabalhado, apresenta numa das paredes um retábulo neoclássico, com nicho central. Numa outra parede, um extenso arcaz, sobrepujado por 2 enormes espelhos de moldura neoclássica entalhada e dourada. Em frente 2 armários embutidos de parede, com mísulas salientes de madeira entalhada. Sobre cada vão da sacristia sanefas em talha neoclássica.

Acessos

Rua Dr. Barbosa de Castro *1, Rua das Taipas, n.º 125 - 127

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 28 / 82, DR, 1ª série, n.º 47 de 26 fevereiro 1982 / incluído no conjunto da Zona histórica da cidade do Porto (v. PT01312070086), no Centro histórico da cidade do Porto (v. PT011312140163), na zona de protecção da Igreja e Convento de São Bento da Vitória (v. PT011312150039) e na Zona Especial de Protecção da Igreja e Torre dos Clérigos (v. PT011312150003)

Enquadramento

Urbano, adossado, com frente para a R. Barbosa de Castro e Jd. da Cordoaria (v. PT011312150181), confronta nas traseiras com a R. das Taipas. Implanta-se nas proximidades do Palácio da Justiça e de vários imóveis classificados como a Cadeia da Relação do Porto e a Igreja e Convento de São Bento da Vitória. Localizada em pleno centro histórico nas imediações do Campo dos Mártires da Pátria (Jardim da Cordoaria), no enfiamento da R. Dr. António de Sousa Macedo.

Descrição Complementar

A Sala das Sessões da Irmanadade, apresenta um tecto liso, estucado e pintado com algumas molduras e um medalhão central com ramagens. Ao centro uma mesa extensa com gavetões é ladeada por cadeirões de espaldar e assento em couro policromado. Numa extremidade da Sala um retábulo neoclássico e na oposta um vão encimado por sanefa do mesmo estilo. O pequeno núcleo museológico exposto no corredor a nascente, contém entre outras peças, um cruzeiro medieval, em granito policromado e decorado com cenas da Paixão *3, um presépio em terracota do séc. 18, dentro de maquineta, com variadas figurinhas e diferentes materiais, um Sacrário ou Urna da Semana Santa, em talha dourada "rocaille", um relógio de caixa alta, séc. 18, pintado e decorado com "chinnoiserie".

Utilização Inicial

Religiosa: igreja

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Carlos Amarante (atr. projecto arquitectónico, po. cit. PIMENTEL, e risco dos retábulos e do órgão, op. cit., DUARTE)

Cronologia

1634 - A Irmandade de São Nicolau Tolentino funcionava em São João Novo; 1666 - a Irmandade de São José das Taipas *5, funcionava na Capela das Taipas, na R. das Taipas; 1755, 4 Mai. - dado o estado de conservação da Igreja de Nossa Senhora da Vitória, as imagens são transferidas por ordem do "Governador do Bispado" *6, para a Capela de São José das Taipas *7; 1795 - início da construção da igreja; 1799 - Carlos Amarante é incumbido da "direcção dos trabalhos de construção de pontes do Reino"; séc. 18 - feitura do presépio em terracota; 1801 - C. Amarante é promovido a capitão do Real Corpo de Engenheiros; 1806 - C. Amarante projecta a Ponte das Barcas; 1809, 29 Mar. - desastre da Ponte das Barcas; 1810 - os moradores da Ribeira conferem à Irmandade das Almas, o encargo de colocar na Igreja 2 velas, recolher esmolas e celebrar pelas almas dos que morreram no desastre da Ponte das Barca; 1878 - conclusão da igreja; 1975 - a Opus Dei deixa de ocupar o imóvel; 1978, 12 Set. - é publicado o edital n.º 7/78 da CMP da classificação da Igreja, incluindo os altares com pinturas e esculturas da qual fazem parte integrante; 1995 - candidata-se ao Projecto-Piloto de Conservação do Património Arquitectónico Europeu *8; 2003, Setembro - Data do concurso de adjudicação para conservação do interior de espaços anexos à Igreja - 5ª fase.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Alvenaria de granito nos alçados; azulejo no revestimento de 2 das fachadas da torre; reboco no interior e em algumas das fachadas exteriores; telha cerâmica na cobertura apoiada em estrutura de madeira; madeira pintada nas caixilharias; tectos em estuque, sendo um em estuque policromado *9; supedâneos dos altares em mosaico hidráulico; pavimento em laje de granito *10, ou soalho de madeira, ou conjugação dos dois *11; grades em ferro pintado

Bibliografia

PIMENTEL, FORJAZ, Memórias do Bom Jesus do Monte, Coimbra, 1844; FEIO, Alberto, Uma Figura Nacional: Carlos Amarante (insigne, arquitecto e engenheiro), Braga, 1951; SMITH, Robert, Três Estudos Bracarenses, in Belas Artes, Lisboa, 2ª série n.º 24 - 26, 1970, pp 49 - 80; PACHECO, Helder, Novos Guias de Portugal - Porto, Lisboa, 1984; CABRAL, Luís, Edifícios do Porto em 1833, Porto, 1987; ALVES, Joaquim Jaime B. Ferreira, O Porto na época dos Almadas, Braga, 1989; Dicionário da Arte Barroca em Portugal, Lisboa, 1989; Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, IPPAR, vol.II, Lisboa, 1993; Porto a Património Mundial, Câmara Municipal do Porto, Porto, 1993; Guia de Portugal, IV-I, Fundação Calouste Gulbenkian, Coimbra, 1994; QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho, Inventário Artístico de Portugal, Cidade do Porto, Lisboa, 1995; PEREIRA, Paulo, História da Arte Portuguesa, Espanha, 1995; CASTRO, Maria Joana B. M. Fereira da Silva Vieira de, Retábulos neo-clássicos do Porto, uma proposta tipológica, texto policopiado, tese de mestrado, Univ. do Porto, 1996; PAIS, Alexandre Manuel Nobre da Silva, Presépios Portugueses Monumentais do século XVIII em Terracota [ dissertação de Mestrado na Universidade Nova de Lisboa ], Lisboa, 1998; DUARTE, Eduardo Alves, Carlos Amarante (1758 - 1815) e o final do classicismo um arquitecto de Braga e do Porto, FAUP, 2000; Jornal Comércio do Porto, Ed. 10/04/2000.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN / DSID, DGEMN / DREMN

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID, DGEMN / DREMN

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN / DSID, DGEMN / DREMN

Intervenção Realizada

Irmandade: Anos 80 - Obras diversas de conservação; DGEMN: 1996 - Beneficiação geral das coberturas da nave e capela-mor, incluindo o reforço e consolidação dos madeiramentos estruturais nestes e na construção anexa à capela-mor; beneficiação geral dos remates das coberturas, incluindo rufos, caleiros, algerozes e tubos de queda; consolidação da cruz de remate da fachada principal e de elementos fragilizados da torre sineira; 1998 - restauro do sistema eléctrico; arranjo do pátio; pavimentação da nave, com substituição dos taburnos; picagem da fachada E. para remoção do revestimento degradado; restauro e reconstrução da trama de madeira que estrutura o tecto de estuque da sacristia; inventário e limpeza das jarras da igreja (130 peças) pelo Gabinete de Arqueologia Urbana do Porto *12; 1999 - tratamento, recolocação e substituição dos azulejos da torre sineira; diagnóstico e desmontagem parcial do órgão *13; 2000 - obras de conservação dos espaços anexos à igreja, 1ª fase: demolições, conservação e rectificação de coberturas, execução de estruturas de pavimentos, e de compartimentação interior, a SW, no espaço destinado à habitação do guarda; estudo da talha, estatuária e pinturas da igreja; 2001 - execução da casa do guarda; conservação da escultura Virgem com o Menino; conservação do altar da sacristia; conservação de 7 pinturas a óleo sobre tela; 2002 - obras de conservação do interiordos espaços anexos à igreja, 3ª fase: intervenção no espaço destinado a capela mortuária e depósito museológico, a NE; conservação do retábulo da capela-mor; tratamento de um pano de frontão do altar-mor; 2005 - conservação do lanternim e da cobertura da sacristia.

Observações

*1 - antiga R. do Calvário; *2 - destinado nas obras de 2002 a espaço expositivo, onde se podem ver alguns exemplares do espólio da igreja; *3 - deslocado das imediações, para resguardo no interior da igreja; *4 - inscrito na matriz perdial sob o artº 440; *5 - resulta da junção da Irmandade de São Nicolau Tolentino das Almas e a de São José das Taipas; *6 - D. João da Silva Ferreira, bispo de Tânger e Deão da Real Capela de Vila Viçosa; *7 - que funcionara como Igreja Paroquial até à conclusão das obras de reconstrução da Igreja de Nossa Senhora da Vitória; *8 - com uma estimativa de valor de obra de cerca de 140 mil contos; *9 - Sala de reuniões da Irmandade; *10 - piso térreo dos corpos laterais da capela-mor, torre, pátio e corredores laterais intramuros da igreja; *11 - taburnos de granito com soalho de madeira na igreja; *12 - da Câmara Municipal do Porto; *13 - segundo o diagnóstico adjudicado pela DGEMN, trata-se de um órgão ibérico, com eventual "proveniência das oficinas de Manuel Sá Couto". Neste momento a Irmandade não tem irmãos. Atendendo à fusão das duas irmandades e ao aumento do culto em sufrágio das almas que motivaram a sua construção, celebrava-se nesta igreja anualmente pelas almas das vítimas do desastre da Ponte das Barcas. Trata-se assim da única igreja no Porto que celebrava pelas almas dos que morreram após as invasões francesas. Daí a existência de um nicho na parede da nave do lado da Epístola, com uma pintura a óleo, comemorativa do Desastre da Ponte das Barcas. É também esta igreja que recolhe as esmolas colocadas no monumento comemorativo, Alminhas da Ponte, no cais da Ribeira. Carlos Amarante, nasceu em Braga no ano de 1748, filho de Manuel Ferreira da Cruz Amarante, músico de Câmara dos arcebispos de Braga D. José de Bragança e de D. Gaspar de Bragança e morreu no Porto no ano de 1815, sendo sepultado no cemitério da Ordem da Trindade. Foi arquitecto e engenheiro militar, tendo também projectado a Igreja do Santuário do Bom Jesus do Monte (v. PT010303580024) em 1781, o Hospital de São Marcos da Misericórdia de Braga (v. PT010303410018) em 1787, e a Igreja da Ordem da Trindade em 1803.

Autor e Data

Isabel Sereno 2001

Actualização

Maria Guimarães 2002
 
 
 
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