Igreja do Carmo / Igreja dos Terceiros do Carmo

IPA.00005521
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
 
Arquitectura religiosa, rococó. Igreja rococó de planta longitudinal com fachada principal em cantaria e de grande exuberância decorativa e fachada lateral revestida a azulejos alusivos ao orago. A fachada principal acusa marcada influência da Igreja da Misericórdia, nos seus elementos estruturais sublinhados pela vigorosa decoração de festões, jarras e estátuas. As cornijas bem avançadas e de linhas ondulantes, barromínicas, têm um carácter inovador que marca bem a personalidade de quem fez o projecto e o executou. Os azulejos da fachada lateral revelam um gosto tradicionalista e revivalista quanto à concepção e decoração com elementos setecentistas, embora constitua o melhor exemplo deste tipo de revestimento, que se tornou vulgar nas igrejas da região do Porto e Aveiro na 1ª metade do séc. 20. O retábulo-mor, rococó, ainda que menos feliz nas suas proporções do que os tipologicamente afins e contemporâneos, é de trabalho extraordinariamente perfeito, tendo por novidade a protuberância das bases, descendo em cascata de folhas e volutas, motivo que faz a ligação entre o estilo propriamente do Porto e o gosto do Alto Minho.
Número IPA Antigo: PT011312150182
 
Registo visualizado 3569 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de confraria / irmandade  Ordem dos Irmãos de Nossa Senhora do Monte do Carmo - Carmelitas Terceiros

Descrição

Planta longitudinal composta, de nave e capela-mor rectangulares, seguida de sacristia e Casa do Despacho. Volumes articulados por coberturas diferenciadas em telhado de duas águas. Fachada principal, em cantaria, voltada a S., dividida em três registos por cornijas decoradas. Cunhais com duplas pilastras com decoração centralizada na zona superior de cada registo, formando capitéis. No 1º, portal central de verga recta ladeado por nichos de frontão ondulado com imagens de Santo Elias e de Santo Eliseu e encimado por cartela com a inscrição: "SANCTAE ANNAE PRIMIS A JOANNE SILVIO FERRERIO / TANGETINO EPISCOPO JACTIS FUNDAMENTIS / CARMELI TERTARIORUM COETUS DICAVIT / AN.MDCCLV / GLORIA LIBANI ET DECOR CARMELI". No 2º registo as pilastras e o espaço entre elas têm festões. Ao centro, sobre balaustrada ondulada de cantaria, abre-se nicho entre pilastras caneladas apoiando remate muito decorado sobrepujado por óculo redondo em frontão triangular que interrompe a cornija; ladeando este nicho envidraçado com imagem de Santa Ana, 2 janelas de remate superior curvo e exuberante decoração. O 3º registo corresponde ao coroamento da fachada e é constituido por frontão de lanços com tímpano ritmado por pilastras decoradas por festões, tendo ao centro as armas dos carmelitas descalços e sendo sobrepujadas por urnas nos extremos, estátuas dos 4 Evangelistas e cruz central. Fachada lateral E. com embasamento de cantaria, coroada por platibanda e ritmada por pilastras. Nela rasgam-se 2 portais e várias janelas de vergas decoradas. Toda a fachada é revestida a azulejos azuis e brancos representando a imposição do escapulário no Monte Carmelo e onde se vêm os escudos de 2 Papas e do bispo do Porto, D. António Barroso. Interior ritmado por pilastras de capitéis compósitos, 6 capelas colatrais, 3 de cada lado, com retábulos de talha, encimadas por tribunas com balaustrada e 2 púlpitos colaterais quadrados com sanefa superior; arco triunfal pleno, entre duplas pilastras que suportam frontão de lanços interrompido com brasão da Ordem ao centro; sensivelmente a meio das pilastras, mísulas com 2 imagens. Tecto em abóbada de berço sobre cornija saliente. Capela-mor com cadeiral de ambos os lados encimado por tribunas com balaustrada e sanefa de talha; amplo retábulo-mor em talha dourada e tecto em abóbada de berço com pinturas decorativas.

Acessos

Gaveto da Rua do Carmo e da Rua Carlos Alberto e da Praça Gomes Teixeira

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 4/2013, DR, 1.ª série, n.º 85 de 03 maio 2013*1

Enquadramento

Urbano, adossado a O. pela Igreja dos Carmelitas. Encostado para N. desenvolve-se o edifício do Hospital da Ordem do Carmo, que faz frente para a Praça Carlos Alberto.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

José Figueiredo Seixas (arqº), Francisco Pereira Campanhã (retábulo-mor), Silvestre Silvestri (revestimento azulejar do alçado lateral); organeiros: Luís António de Carvalho, Peter Conachen.

Cronologia

1751 - Compra do terreno aos Frades Carmelitas; 1755 - Chega de Itália o Crucifixo da Sala das Sessões; 1756, 29 Agosto - D. João Ferreira da Silva, governador apostólico da diocese do Porto, lançava a 1ª pedra na igreja; 1761 - referência à existência de um órgão; 1762, 25 Julho - são aprovados os desenhos pela Mesa após a interferência de Nicolau Nasoni; 1764 / 1765 - execução das estátuas dos 4 evangelistas da fachada; 1768 - a Igreja abre ao culto, ainda que tivesse a decoração por concluir; 1769 - chegam de Itália as imagens em jaspe da Sala das Sessões; 1771 - execução dos altares e imagens das capelas laterais; 1773 - execução e desenho do retábulo da capela-mor por Francisco Pereira Campanhã; 1786, 25 Novembro - a Mesa da Ordem Terceira do Carmo decide mandar fazer um novo órgão para o coro ao organeiro Luís António de Carvalho, por 826$000; 1788 - colocação das grades do coro; 10 Fevereiro - manda-se fazer a sacristia e a Casa do Despacho; 1789 / 1790 - execução do tecto de estuque da sacristia, por um artista chamado Ângelo; 1791 - foi encarnado o crucifixo pelo pintor Domingos Francisco Vieira; 1806, Outubro - órgão executado por Luís António de Carvalho, de Guimarães, recebendo toda a canaria do órgão velho; 1818 / 1819 - a imagem de Nossa Senhora das Dores é encarnada por Manuel Moreno; 1825 / 1827 - os altares são encarnados e retocados pelo pintor Gaudêncio Lousada; 1829 / 1830 - restauro do órgão por Luís António de Carvalho; 1878 - execução das bandejas de prata repuxada por José Pereira Leite; 1880 - execução de um novo órgão para o coro-alto por Peter Conache & C.; 1912 - revestimento da fachada lateral com azulejos executados por Carlos Branco nas fábricas do Senhor do Além e da Torrinha, ambas em Vila Nova de Gaia, segundo cartões desenhados pelo italiano Silvestre Silvestri; 1974 - restauro do órgão, com patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian; 1994, 30 Novembro - Despacho de abertura do processo de instrução relativo à eventual classificação do imóvel, integrado na classificação da Igreja dos Carmelitas; 2008, 1 julho - proposta da DRCNorte para classificação como MN; 2011, 7 junho - devolvido à DRCNorte por despacho do Director do IGESPAR para cumprimento do artigo 54.º do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206 de 23-10-2009; 2012, 16 outubro - publicação do Projeto de Decisão relativo à classificação como conjunto de Interesse Nacional o conjunto constituído pelas Igrejas dos Carmelitas Desfcalços e Igreja de Nossa Senhora do Monte Carmo, em DR, 2.º série, n.º 200, anúncio n.º 13567/2012.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Paredes exteriores de alvenaria de granito revestidas a mármore rosa no interior da nave; Revestimento a azulejo na fachada exposta a E.; Granito aparente na fachada principal; Cobertura em estrutura de madeira revestida a telha de barro; Tecto em abóbada (nave) pintado com motivos florais; Tecto estucado na sacristia; Pavimento em soalho de madeira na nave, capela-mor e sacristia; Pavimento revestido a lajeado de granito no corredor de ligação entre a nave e a sacristia; Lambrim de azulejo no corredor de ligação entre a nave e a sacristia.

Bibliografia

SMITH, Robert C., A Talha em Portugal, Lisboa, 1963; Guia de Portugal, IV, I, vol. 4, Coimbra 1985; BRANDÃO, Domingos de Pinho, Órgãos da Sé do Porto e actividade de organeiros que nesta cidade viveram, Porto, 1985; MECO, José, O Azulejo em Portugal, Lisboa, 1989; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa 1988; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990; Porto a Património Mundial, Porto 1993; QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho, Inventário Artístico de Portugal. Cidade do Porto, Lisboa, 1995.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1993 - Restauro do altar-mor e altares laterais; 1994 - Limpeza da fachada lateral revestida a azulejos; 1995 - Limpeza da fachada principal em granito.

Observações

*1 - DOF: Classificação conjunta com a Igreja e Antigo Convento dos Carmelitas (v. PT011312150107). A sacristia possui um percurso de serventia sobre a cobertura da Igreja dos Carmelitas para tocar os sinos na Torre da Igreja dos mesmos. A parte N. desta Praça está incluída na classificação do conjunto da R. de Cedofeita. A planta da capela-mor de Francisco P. Campanhã foi escolhida entre as quatro submetidas a apreciação, dos arqºs. Frei Manuel de Jesus Maria José Converso da Sagrada Congregação dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho e Manuel Alves Martins.

Autor e Data

Isabel Sereno 1996 / Paula Noé 1998

Actualização

 
 
 
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