Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Vitória / Igreja de Nossa Senhora da Vitória

IPA.00005484
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
 
Igreja barroca, com características ainda maneiristas, de nave única e capela-mor rectangulares. Simetria compositiva da fachada principal, com recurso a frontões curvos, triangulares, nichos e colunas coríntias. Pias de água benta, em formas concheadas.
Número IPA Antigo: PT011312150153
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Igreja de planta longitudinal, composta por nave única, capela-mor rectangular, torre sineira adossada à capela-mor, corpo rectangular alongado no lado S. e outro a N. mais estreito onde se integra a residência paroquial. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhado, de duas águas na nave e capela-mor, e quatro ou três águas nos corpos anexos. Torre sineira quadrangular, de paredes de cantaria aparente, com diversos registos é rematada por cobertura de granito em abóbada de aresta de barrete de clérigo encimada por cruz metálica, apoiada numa esfera sobre pináculo piramidal. Em cada face uma luneta emoldurada e entaipada. A linha de entablamento superior, integra círculos sobre as sineiras e serve de suporte a fogaréus nas esquinas. Fachada principal orientada a O., em cantaria, encaixada entre pilastras duplas toscanas, rematadas por frontão triangular, em cujo tímpano ressalta ao centro o símbolo do Sol. O portal ladeado por colunas coríntias encimado por frontão curvo abatido e interrompido no entablamento onde encaixa pedra de armas dos Souza e Arronches. A sobrepujar o frontão um janelão rectangular engradado, ladeado por dois nichos vazios, encimados por frontões interrompidos com volutas onde se destaca ao centro uma forma concheada. Sobre o frontão, ergue-se ao centro uma cruz com volutas na base, ladeada por altos fogaréus. A fachada lateral, com um registo horizontal é marcada por quatro grandes janelões engradados. O primeiro, junto à esquina, remata uma entrada lateral na nave. Os restantes encimam um volume com duas janelas sobre a sala de entrada da sacristia. A iluminar a capela-mor um janelão em arco abatido. A fachada posterior da Igreja ladeada pelo volume da Sacristia e da Casa Paroquial, com embasamento em cantaria e com um registo horizontal, apresenta dois janelões rectangulares e um pequeno óculo na parte superior. No INTERIOR, o coro-alto, apoia num arco abatido, tem balaustrada de ferro, e ao eixo adossado à parede um órgão pintado com remates em talha dourada. As paredes da capela-mor e nave em cantaria apresentam um registo saliente. No coro-baixo, do lado do Evangelho, num espaço fechado por um portão metálico, insere-se o baptistério, revestido a azulejo padrão azul e branco. A pia baptismal em cantaria lavrada, com motivos concheados, é encimada por uma pintura sobre tela alusiva ao baptismo. Na nave de um e outro lado púlpito com guarda em talha dourada, assente em mísula de granito. Os púlpitos são ladeados cada um, por dois altares em talha rocócó, rematados por sanefas neoclássicas também em talha dourada. Sobre o registo de cada lado quatro vãos com guarda metálica rematados por sanefas neoclássicas em talha dourada, mostram percurso intra-paredes. Tecto em abóbada de canhão estucado encaixado entre arcos torais. Arco cruzeiro de volta perfeita apoiado em pilastras coríntias de bases áticas, ao qual se sobrepõe sanefa barroca em talha dourada. O tecto da capela-mor estucado, decorado com grinaldas é iluminado por dois janelões curvos engradados. As paredes em cantaria apresentam duas portas rematadas por frontões triangulares em silharia, sobre as quais estão apostas sanefas douradas neoclássicas. Entre as portas um cadeiral. Destaca-se o retábulo-mor em talha dourada que enquadra uma tela alusiva a Nossa Senhora da Vitória pintada por João Glama Stroberle. A sacristia muito ampla, de paredes com lambril de azulejo padrão, azul, branco e amarelo, ostenta tecto plano estucado trabalhado. Destaca-se na parede S. da sacristia, um extenso arcaz em pau-santo, com ferragens douradas, encimado por retábulo em talha dourada *1, ladeado por dois espelhos *2 e duas mísulas fortemente trabalhadas com imagens. Salienta-se neste espaço entre duas portas, um lavabo com duas bicas, com espaldar limitado por pilastras encimado por uma concha, ladeada por volutas.

Acessos

Rua de São Bento da Vitória

Protecção

Incluído na Zona Histórica da cidade do Porto (v. PT01131207086), do Centro Histórico da Cidade do Porto (v. PT011312140163) e na Zona de Protecção do Edifício da R. de São Miguel (v. PT011312150031)

Enquadramento

Urbano, em pleno centro histórico de gaveto entre a Rua de S. Bento da Vitória e a Rua da Bateria da Vitória. Esta última rua confronta com um espaço triangular, vedado e murado, tipo varanda sobre a cidade do Porto e o Rio Douro. A fachada principal da Igreja localiza-se no enfiamento da Rua de S. Miguel. Do lado N. um portão permite a entrada para um espaço tipo corredor de acesso à residência paroquial e torre. Do lado S. da Igreja um portão em ferro ostenta a data de "1853" e fecha um espaço rectangular com guarda em balaústres de granito que antecede o corpo da Sacristia. A fachada posterior da Igreja confronta com a Rua da Vitória, ao qual se adossa a N. um edifício de quatro pisos, onde está instalada a residência paroquial e as salas de catequese. No edifício adossado a S. confrontante com a Rua da Bateria da Vitória, insere-se a entrada, salas de catequese no piso superior e sacristia. Na parte inferior deste corpo com porta voltada para a Rua da Vitória, funciona uma Sala de Convívio para Terceira Idade.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Francisco Pereira Campanhã (retábulo-mor)

Cronologia

1548 - Primeiro registo Paroquial; 1583 - criação da paróquia Senhora da Vitória no pontificado de D. Frei Marcos de Lisboa; 1638 - é edificado novo templo *4; 1756 /1766 - a Igreja é mandada construir pelo Bispo D. Frei António de Sousa *5; 1765 - execução do retábulo-mor *6; 1768 - execução dos púlpitos e duas sanefas *7; 1769 - conclusão das obras de reconstrução da Igreja; 1769 /1770 - execução da sanefa do arco cruzeiro *8; 1770 - adjudicação ao mestre pedreiro Henrique Ventura Lobo da construção da Pç. da Vitória, junto à Igreja; 1772- conclusão da Pç. da Vitória *9; 1801 - a Mesa do Santíssimo Sacramento decide mandar consertar o órgão, por este se encontrar danificado, confiando este trabalho a José Martelo, espanhol; 1807 - o órgão encontrava-se bastante arruinado, sendo o conserto confiado a Manuel de Sá Couto; 1832 / 1833 - durante e Cerco do Porto a igreja sofre diversos danos, tendo a paróquia sido transferida para a Igreja de S. Bento da Vitória *10; 1852 - reconstrução da Igreja, retábulo da sacristia; 1853 - conclusão da reconstrução e reparações e da execução do portão anexo á Igreja; 1857, antes de - aquisição de um novo órgão; 1865, 30 Janeiro - a Mesa decide vender o órgão, por ser pequeno para a igreja, e manda fazer um novo; 1869, 25 Janeiro - a Mesa contrata o organeiro José Joaquim da Fonseca para a execução do órgão; 1871, 19 Janeiro - o organeiro José Joaquim da Fonseca é admitido como Irmão Honorário; 1874 - incêndio destrói o retábulo de Nossa Senhora da Vitória; 1950 /1960 - passa a ter residência paroquial.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Paredes exteriores de alvenaria de granito rebocadas pelo lado interior e exterior; paredes exteriores revestidas a azulejo padrão (fachada lateral da sacristia e dos corpos adjacentes nas traseiras da Igreja); paredes exteriores em cantaria aparente na torre; cobertura em telha de barro sobre estrutura de madeira; tectos estucados; revestimento de pavimentos em soalho de madeira; revestimento de pavimentos a lajeado de granito (capela-mor e sub-coro); caixilharias em madeira pintada; caixilharias de ferro pintado ( lado interior dos janelões da nave)

Bibliografia

PACHECO, Helder, Novos Guias de Portugal, Porto, Lisboa, 1984; BRANDÃO, Domingos de Pinho, Órgãos da Sé do Porto e actividade de organeiros que nesta cidade viveram, Porto, 1985; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1988; ALVES, Joaquim Jaime B. Ferreira, O Porto na época dos Almadas, Braga, 1989; Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, IPPAR, vol. II, Lisboa, 1993; Porto a Património Mundial, Câmara Municipal do Porto, Porto, 1993; Guia de Portugal, IV-I, Fundação Calouste Gulbenkian, Coimbra, 1994; QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho, Inventário Artístico de Portugal, Cidade do Porto, Lisboa, 1995.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN: DREMN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN: DREMN

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN: DREMN

Intervenção Realizada

Comissão Fabriqueira e CCRN: 1981, 19 Agosto - Revisão das coberturas, recuperação da sacristia e das fachadas laterais; Comissão Fabriqueira: 1997 - Recuperação do interior da Igreja, balaustradas, pinturas, soalhos da Igreja e sacristia e instalação eléctrica; DRCNorte: 2023 - obras de recuperação da igreja, orçadas em cerca de 150 mil euros, cofinanciados pelo Programa Norte 2020; os trabalhos incluem a revisão geral das coberturas da nave lateral virada à Travessa de São Bento, isolamento da cobertura da torre sobre o órgão, com impermeabilização da cúpula; tratamento do remate da fachada principal, limpeza da cantaria da torre, recuperação das caixilharias da torre, para evitar a entrada de pombos na zona dos foles do órgão.

Observações

*1 - Julga-se que parte desta talha teria pertencido à primitiva Capela de Nossa Senhora da Vitória; *2 - diz-se pertencerem à Sacristia da Igreja do Convento de São Bento da Vitória; *3 - o rosto da imagem de Nossa Senhora, não agradando à população foi cortado e substituído por um rosto executado por santeiro, o rosto original, executado por Soares dos Reis, encontra-se restaurado e na posse do pároco; *4 - pois a anterior era uma pequena capela; *5 - até 1759 chamou-se D. Frei António Luís de Távora; *6 - obra do entalhador Francisco Pereira de Campanhã, sendo a pintura de João Glama Stroberle; *7 - da autoria de José Teixeira Guimarães; *8 - obra de Domingos Alves Pereira; *9 - segundo Padre Agostinho Rebelo da Costa esta era constituída por um mirante, rodeado de bancos de pedra lavrada com parapeitos da mesma; *10 - onde se manteve até 1852; *11 - o pároco recolheu um orçamento para o seu restauro no valor de vinte e cinco mil contos). João Glama Stroberle pintor português de origem austríaca desenvolveu vários trabalhos na cidade do Porto, tendo protecção do Bispo do Porto, D. Frei José Maria da Fonseca e Évora.

Autor e Data

Isabel Sereno 2001

Actualização

 
 
 
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