Casa Museu Fernando de Castro

IPA.00005411
Portugal, Porto, Porto, Paranhos
 
Casa oitocentista de planta rectangular alongada, com cave semi-enterrada, mais dois pisos e um acrescento. Interiormente todas as paredes e tectos forradas a talha dourada e policroma, compostas e associadas para cada espaço, remetem para um vocabulário revivalista. A galeria, em oposição é claramente um espaço modernista, simples, funcional e com o vocabulário típico da arquitectura dos anos 40: chamada de Estado Novo.
Número IPA Antigo: PT011312100172
 
Registo visualizado 982 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa    

Descrição

A Casa Museu propriamente dita é um edifício oitocentista de planta em L, de três frentes, com quatro pisos, sendo dois deles uma cave semi enterrada e um piso acrescentado. Volumes articulados com coberturas em telhado diferenciadas: o corpo principal à face da rua de quatro águas, e o corpo acrescentado de duas. Fachada principal orientada a S., marcada nos diferentes pisos por vãos alinhados, com moldura de granito, encimada por platibanda de granito, sobre a qual se eleva um piso amansardado. A fachada lateral é marcada pelo mesmo tipo de vãos, e a das traseiras dadas as diferentes intervenções a que foi sujeito o edifício, possui diferentes acrescentos, mantendo os alinhamentos dos vãos. No INTERIOR, hall com escada de um lanço, ladeada por uma guarda em madeira profusamente entalhada. Os diferentes espaços e saletas, apresentam-se decorados com variados peças de talha dourada ou policromada, sendo algumas dependências totalmente revestidas nas paredes e tectos, com preponderância dos elementos de arte sacra: sanefas, portas, mísulas, púlpitos, grades, florões e medalhões*2. Independentemente de as paredes serem estucadas, forradas a papel, ou tecido, a sobreposição da talha tem em conta princípios de composição formal e pictórica. Nas mísulas ou nos espaços livres, são expostas esculturas, pinturas *3 ou peças de cerâmica e vidro de diferentes épocas, com destaque para a pintura do sec. 19. Adossada à casa-museu e contrastando com a mesma, estabelecendo ligação através do hall central, desenvolve-se a GALERIA de planta rectangular alongada, de um só piso, com embasamento em cantaria lavrada, encimado por um janelão quadrangular em geito de vitral, em forma de grande quadrícula de cinco vidros por quatro, cada um subdividido em pequenos vidros com caixilho metálico. Não tem qualquer compartimentação, e apresenta um tecto central mais baixo. Superiormente, uma platibanda vasada constitui o remate deste volume. A CASA ANEXA de planta rectangular, de dois pisos, tem a fachada principal revestida a azulejo padrão, rematada por cornija saliente. Apresenta no primeiro piso, porta e duas janelas, e no segundo três vãos alinhados. INTERIORMENTE, profundamente descaracterizada, tem escada de tiro adossada à parede, um guarda-vento de alumínio no primeiro piso, e o segundo piso sem compartimentação.

Acessos

Rua Costa Cabral, n.º 716

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, constitui um conjunto de lotes associados com três construções distintas adossadas e com um percurso lateral a O. de acesso ao jardim nas traseiras. Este conjunto, mantém as características residenciais desta área, marcada por construções oitocentistas à face da Rua Costa Cabral. A parte posterior do actual lote, a N., confronta com as dos lotes da Avenida dos Combatentes.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Cultural e recreativa: casa-museu

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

António Pereira da Silva (construtor do acrescento e cozinha da casa-museu); Arquitecto Vítor Mestre (projecto de Reabilitação).

Cronologia

1888 - Nasce Fernando António de Castro poeta, caricaturista e coleccionador; 1893, 4 Março - requerimento por Fernando António de Castro (pai) *4 para construção de Casa na Rua Costa Cabral; 20 Março - aprovação da pretensão; 1893 - provável construção da Casa; 1907, 3 Junho - requerimento por Fernando António de Castro para construir um segundo andar, assim como uma cozinha nas traseiras da mesma casa; 9 Julho - aprovação da pretensão; 1910, 15 Janeiro - requerimento apresentado por Maria da Conceição Carrazedo, para reconstituir muro de vedação no nº 704; 3 Fevereiro - aprovação da pretensão; 1950 - morre Fernando de Castro, legando à cidade as suas obras de arte, especialmente pintura portuguesa;1951, 15 Dezembro - através do Decreto-lei 38: 560, nº261-I Série, a Casa-Museu Fernando de Castro passa a ficar anexa ao Museu Soares dos Reis; 1952, 24 Janeiro - escritura de doação onde D. Maria da Luz de Araújo Castro (irmã de Fernando de Castro) doou ao Estado dois prédios urbanos, na R. Costa Cabral, bem como todo o seu artístico e valioso recheio; 22 Abril - Auto de Cessão: fez cessão a título precário à Direcção Geral do Ensino Superior e das Belas Artes, para ficarem afectos ao Museu Nacional Soares dos Reis, os dois prédios urbanos nº 704 e 716, doados ao Estado por Escritura; 1987 - projecto de remodelação do edifício, nº 704 (encomenda do IPPC ao Arqº. Humberto Vieira); 1990 - projecto de arranjo do jardim (elaborado pela Casa de Serralves: Arqª. Teresa Marques); 1992 / 1993 - funcionou no imóvel um curso de restauro da talha promovido pela Fundação Gomes Teixeira; 1994 - esclarecido que a faixa de terreno do jardim, com blocos, faz parte do terreno vizinho (nº 722); 1966, 23 Maio - morre Dª. Maria da Luz; 1995 - projecto de reabilitação (DGEMN)

Dados Técnicos

Paredes autoportantes (casa-museu); estrutura mista (galeria e casa anexa)

Materiais

Paredes exteriores de alvenaria de granito rebocadas pelo lado interior e exterior; paredes exteriores revestidas a azulejo padrão (nº704); cobertura em estrutura de madeira, revestida a telha de barro; revestimento de pavimento a soalho (Casa Museu e galeria); revestimento de pavimento a tijoleira cerâmica e /ou alcatifa (Casa Anexa); caixilharias de madeira pintada; caixilharias de ferro pintada (marquise na varanda das traseiras da casa-museu e das aberturas da galeria); grades de ferro fundido e forjado pintado (casa museu)

Bibliografia

A.H.M.P., Livro de Plantas de Casas nº 213, fls 99 a 106; A. H. M.P. , Livro de Plantas de Casas nº125, fls 227 a 230; A.H.M.P., Livro de Plantas de Casas nº239, fls 118 a 120; PACHECO, Helder, Porto, Porto, 1984;Guia de Portugal, IV, I, Coimbra, 1985; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1988; PAIS, Alexandre Manuel Nobre da Silva, Presépios Portugueses Monumentais do século XVIII em Terracota [dissertação de Mestrado na Universidade Nova de Lisboa], Lisboa, 1998; Visita Guiada, Casa-Museu Fernando de Castro, RTP. 31 outubro 2022, https://www.rtp.pt/play/p10679/e650261/visita-guiada.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMN; CMP: AHMP

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DREMN, DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DREMN; CMP: AHMP

Intervenção Realizada

DGEMN: 1954 - Reparação da instalação eléctrica; 1969 - reconstrução de um muro e obras de conservação; 1970 - remodelação das instalações; 1970 / 1978 - alteração da galeria e salas destinadas a exposições temporárias e instalações sanitárias no exterior; 1975 - obras urgentes de reparação; 1977 - reparações diversas; 1980 - conservação e reparações diversas; CMP: 1980 - execução de rampa para entrada de viatura; DGEMN: 1955 / 1982 - remodelação da galeria intermédia; 1986 - beneficiações diversas na Casa-Museu; 1987 - reparação e pintura dos rebocos das fachadas exteriores; CMP: 1987 - limpeza do jardim; DGEMN: 1996, 20 Dezembro - auto de consignação de obras de reabilitação e restauro; IPM: 1998 - fornecimento e montagem de 5 janelas e reparações na cobertura do edifício anexo

Observações

*1 - O nome da rua onde se insere o museu, está ligado à memória do político António Bernardo da Costa Cabral, na época ministro do reino. Esta rua veio substituir a R. de Lindo Vale. Pela pouca simpatia que o Porto demonstrava com este ministro, em 1851, foi derrubada a placa com a designação da Rua, preferindo chamar-lhe "estrada da Cruz das Regateiras"; *2 - Fernando de Castro após coleccionar diferentes peças artísticas, que vão desde a pintura, à cerâmica, à escultura em madeira e pedra idealizou uma Casa - museu, com os elementos considerados em qualquer museu português dos anos 40: o museu, a galeria de exposições temporárias e uma casa para o guarda; *3 - De entre os pintores incluídos nesta colecção destacam-se: Josefa de Óbidos, Silva Porto, Marques de Oliveira, Henrique Pousão, António Carneiro, entre outros. *4 - o nome do requerente da construção da casa e da sua ampliação é o mesmo, no entanto julga-se que o primeiro será do pai de Fernando de Castro que tinha exactamente o mesmo nome. Também a sua irmã tinha o nome igual ao da mãe

Autor e Data

Isabel Sereno 1999

Actualização

 
 
 
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