Igreja Paroquial de Santa Marinha / Igreja de Santa Marinha

IPA.00005347
Portugal, Porto, Vila Nova de Gaia, União das freguesias de Santa Marinha e São Pedro da Afurada
 
Igreja paroquial construída no séc. 16, sobre uma capela medieval, totalmente remodelada ao longo do séc. 18, com uma primeira fase de obras de arquitetura a partir de 1745, por Nicolau Nasoni e financiada pelo padroeiro, o Cabido da Sé do Porto, com a feitura de algumas estruturas retabulares, sendo totalmente remodelada, do ponto de vista decorativo, na década de 60 do séc. 18, resultando, especialmente na capela-mor, numa obra total rococó. É de planta retangular composta por nave, capela-mor com anexos e torre sineira adossados à fachada lateral direita, com coberturas interiores em falsas abóbadas de berço, a da nave de lunetas, as quais, a par dos janelões, criam um duplo clerestório a iluminar intensamente a nave, que contrasta com uma maior penumbra na capela-mor, estando as janelas do lado da Epístola desativadas pelo adossamento dos anexos. Fachada principal bastante dinâmica e erudita, com recurso ao remate em frontão encimado por peanha contracurva, um recurso de Nasoni, com os vãos rasgados em eixo composto por portal e óculos, tendo molduras recortadas, que extravasam para o remate. A solução mais interessante é a do corpo poligonal das sineiras, nunca construídas, sendo a existente no lado direito oitocentista, bastante longilínea e certamente aquém das estruturas harmónicas que se projetavam. As fachadas rematam em frisos e cornijas, a lateral esquerda com porta travessa. Interior da nave ritmado por pilastras duplas, que se prolongam em arcos na cobertura, que assenta em frisos e cornijas de cantaria, protegidos por guardas metálicas. Coro-alto sobre arcos em asa de cesto, com acesso pela torre, revelando-se uma reconstrução do séc. 19, tendo na base o batistério, com teto em estuque decorativo. Possui capelas laterais à face, exceto a antiga Capela do Santíssimo mais profunda e atualmente com um retábulo neoclássico, o único que destoa do conjunto das demais estruturas de talha dourada rococó. Possui púlpitos confrontantes, também de talha neoclássica. Arco triunfal amplo, de volta perfeita, encimado por sanefão neoclássico, ladeado por estruturas retabulares colaterais. A capela-mor é rococó, formando um conjunto unitário composto pelo retábulo-mor, de excelente qualidade de talhe, as molduras das pinturas laterais e o azulejo, certamente executado em Lisboa, a representar cenas do Antigo Testamento.
Número IPA Antigo: PT011317160016
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta poligonal, composta por nave, capela-mor, anexos e torre sineira no lado direito, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de uma, duas, três e quatro águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixas pintadas de cinza, flanqueadas por cunhais apilastrados e rematadas em frisos e cornija, exceto nos anexos, um deles em alvenaria de granito aparente. Fachada principal virada sensivelmente a oeste, com pequeníssima rotação a norte, rematada em frontão triangular, flanqueado por pináculos piramidais, encimado por cruz latina sobre peanha de cantaria, recortada e volutada. É rasgada por portal de verga reta e moldura recortada, encimada por tímpano ornado por folhagem e sobrepujado por cornija contracurva, onde se apoiam fragmentos de cornija e volutas, de onde arranque o janelão do coro, ovalado e com vidro colorido formando cruz latina, e também com moldura recortada, sublinhado por cornija muito saliente que irrompe pelo frontão. Está flanqueada por dois corpos poligonais, formando o arranque das torres, com janelas de molduras recortadas, tendo sido construída apenas a do lado direito, esguia e com dois registos acima do corpo poligonal, definidos por frisos e cornijas, onde se rasgam quatro ventanas de volta perfeita, assentes em pilastras, cujas molduras se prolongam, abrangendo os mostradores do relógio, circulares, os quais extravasam para o remate, em cornija curva. Tem cobertura em coruchéu composto por bolbo e pirâmide, vazada por óculos, sobrepujada por pináculo de bola; nos ângulos, pináculos do tipo balaústre. A fachada lateral esquerda é rasgada, no corpo da nave, por porta e dois níveis de janelas, a inferior com amplos vãos em arcos abatido e o superior com duas janelas com o mesmo perfil e de molduras recortadas; o corpo da capela-mor possui duas janelas retilíneas e um pequeno postigo de arejamento. À nave, adossa-se um corpo poligonal com janela de moldura recortada, correspondente a uma capela saliente, ao qual se sucede um alpendre que protege a porta travessa. A fachada lateral direita é marcada pelos corpos anexos, de dois pisos, com escadas de acesso exteriores e com dois registos de vãos retilíneos. No topo direito, um corpo mais elevado, de três andares, rasgado por vão retilíneos, a porta alpendrada e as janelas com caixilharias de guilhotina. Fachada posterior em empena cega. INTERIOR da nave com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejo de padrão azul e branco, seccionada por duplas pilastras toscanas, da ordem colossal, estando as paredes rematadas em frisos e cornijas de cantaria, que sustentam guarda metálica, de onde arranca a cobertura em falsa abóbada de lunetas, rebocada e pintada de branco, seccionada por arcos que prolongam as pilastras. O pavimento é em ladrilho cerâmico com a zona dos bancos pavimentada a parquet. As portas, janelas e capelas laterais, possuem sanefas de talha pintada e dourada, as primeiras mais simples, com friso e urnas unidas por festões, a central de maiores dimensões, sendo as das capelas de maiores dimensões, curvas e com urnas, as centrais envolvidas por acantos vazados. Os grandes janelões possuem guardas balaustradas de talha em branco e dourado. Coro-alto assente em arcos em asa de cesto e consolas laterais, com guarda de madeira balaustrada e acesso por porta a partir da torre sineira, tendo, no lado oposto, um órgão de tubos. O portal axial está protegido por guarda-vento de madeira pintada de branco e dourado, ladeado por duas pias de água benta em cantaria de granito, cada uma delas composta por coluna e taça hemisférica, de bordo boleado. No sub-coro, no lado do Evangelho, o batistério, com acesso por amplo vão em arco abatido com sanefa de acantos e festões, protegido por teia metálica vazada, tendo apontamentos vegetalistas dourados e, no fecho, uma concha e um dístico com inscrição. O interior está revestido a azulejo de padrão azul e branco, com cobertura em falsa abóbada com estuque decorativo, formando cinco painéis pintados de azul com elementos decorativos dourados, os de enquadramento recortados e contendo glória de querubins e folhas sinuosas, que centram um redondo representando as alfaias inerentes ao batismo; pavimento em lajeado de granito. Possui pia batismal em cantaria de granito, composta por base, coluna e taça hemisférica tendo decoração foliácea, e altar em calcário vermelho, sobre o qual surge painel pintado. Confrontantes, surgem quatro capelas laterais, à face, exceto uma do lado do Evangelho, bastante profunda, enquadradas por arcos de volta perfeita e dedicadas a Nossa Senhora da Purificação e ao Senhor Jesus (Evangelho) e a Santa Luzia e Crucificado (Epístola). A capela profunda está protegida por teia de balaústres de madeira, tendo apontamentos de concheados em talha dourada, tendo na parede da Epístola, nicho com imaginária. Ainda confrontantes, os púlpitos com bacias retangulares e assentes em mísulas, com guardas plenas de talha pintada de branco e dourado, representando uma águia envolvida por folhagem; têm acesso por porta de verga reta. Arco triunfal amplo, de volta perfeita e assente em pilastras toscanas, encimado por sanefão de talha pintada e dourada, formando por friso, urnas e remate em pequeno espaldar curvo, superiormente vazado por urna e troféus de flores. Está flanqueado por capelas retabulares colaterais, dedicadas a Nossa Senhora da Conceição (Evangelho) e ao Sagrado Coração de Jesus (Epístola). Capela-mor com as paredes rebocadas e pintadas de branco, tendo silhares de painéis de azulejo figurativo azul e branco, encimado pelas janelas e por painéis pintados com amplas molduras douradas, tendo cobertura em falsa abóbada de berço, rebocada e pintada de branco e pavimento revestido a alcatifa. As janelas estão encimadas por sanefas de talha dourada, composta por cornija e lambrequins de rocalhas, encimado por fragmentos de cornija, acantos e concheados vazados. Sobre supedâneo, a mesa de altar em talha dourada e em forma de urna, profusamente decorada com acantos e rocalhas; junto a esta, o ambão, também de talha dourada. Na parede testeira, retábulo-mor de talha dourada, de corpo côncavo e três eixos definidos por quatro colunas torsas, percorridas por espiras fitomórficas, assentes em três ordens de plintos, os inferiores profusamente decorados por acantos e tendo, no intercolúnio, as portas de acesso à tribuna, ornadas e encimadas por cartelas, ladeadas por grinaldas. Ao centro, tribuna de perfil contracurvo e ornada por moldura fitomórfica, fechada por painel pintado a representar uma "Circuncisão". Os eixos laterais têm peanha com imaginária, enquadrados por fundo de pilastras de fustes fitomórficos. A estrutura remata em fragmentos de frontão laterais, encimados por anjos de vulto, que centram espaldar curvo e recortado, centrado por resplendor e remate em cornija contracurva. Altar paralelepipédico, encimado por sacrário em forma de templete com cobertura em domo sustentada por colunas de fustes lisos e capitéis coríntios, firmadas por urnas, tendo a porta ornada por motivos eucarísticos; está ladeado por decoração de rocalhas, acantos e festões. Confrontantes, surgem duas credencias douradas e duas portas de vergas recortadas, encimadas por frisos com pequenos enrolamentos e remate em cornijas em cortina. A sacristia possui arcaz amplo, encimado por oratório, e lavabo. Surgem, ainda, noutras dependências, um sacrário e uma estrutura retabular.

Acessos

Santa Marinha, Largo Joaquim Magalhães; Rua de Santa Marinha

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 45/93, DR, 1.ª série, n.º 280 de 30 novembro 1993

Enquadramento

Urbano, isolado, mas totalmente envolvida pelas caves de vinho do Porto, que marcam esta área da cidade. Encontra-se em zona de forte declive, vencido por plataforma artificial, sustentada por muros de cantaria, que cria um acesso frontal moderno, pavimentado a cantaria, no topo do qual surge um banco corrido do mesmo material. No lado esquerdo, sustentado pelo antigo muro, em alvenaria rebocada e pintada, encimado por grades e tendo na base uma garagem, surge uma área ajardinada, com árvores de grande porte. Aqui, surge o cruzeiro paroquial, composto por plataforma ajardinada, onde se implanta grossa cruz de cantaria e madeira.

Descrição Complementar

Na TORRE SINEIRA, lápide de ângulos curvos com a inscrição: "1894"; no mostrador do relógio, a inscrição: "M.E.C. / ALMADA". No corpo de arranque da SINEIRA do lado esquerdo, um painel de azulejo figurativo azul e branco, a representar Nossa Senhora da Conceição, inscrita em reserva ovalada, recortada por rocalhas e acantos. Na base, a inscrição "À / CELESTE PADROEIRA / E / RAINHA DE PORTUGAL. / NO 3.º CENTENÁRIO DO SEU PADRO / ADO. SOLENEMENTE FESTEJA / DO NESTA IGREJA A 8 DE / SETEMBRO DE / 1946" e, em escudos, as datas "1646" e "1946". ÓRGÃO DE TUBOS do tipo positivo, com caixa de madeira envernizada, tendo apontamentos dourados, trapezoidal e composta por castelo central em meia cana, e quatro nichos, dois deles nas ilhargas, separados por pilastras, rematados por cornija e urnas, tendo gelosias vazadas, mas pouco expressivas, em harpa nos nichos e em boca de cena no castelo; na base, os tubos de palheta, os centrais dispostos em leque. Tem consola em janela, com um teclado e nove registos de cada lado. Na grade do BATISTÉRIO, um dístico com a inscrição: "PRINCIPIUM ET JANUA / SACRAMENTORUM". Três dos retábulos das CAPELAS LATERAIS são semelhantes, de talha dourada, com corpo côncavo e três eixos definidos por cartelões exteriores e pilastras interiores, envolvidas por acantos, assentes em consolas. Ao centro, nicho de perfil contracurvo, envolvido superiormente por friso de rocalhas, sobrepujado por cornija curva, que assenta em pequenos capitéis com pequenos querubins. Possui peanha com imaginária. Os eixos laterais possuem mísulas sublinhas por falso baldaquino na forma de acantos. A estrutura remata em frontão semicircular, com o tímpano decorado por concheados e acantos que envolvem cartela em asa de morcego. Altar em forma de urna, decorado por acantos e encimado por sacrário embutido na estrutura, rematado em cornija e acantos, tendo a porta ornada por cálice e hóstia. O RETÁBULO DO SENHOR JESUS é de talha pintada de branco e dourada, de corpo convexo e um eixo definido por duas pilastras com os fustes ornados por entrelaçados, e duas colunas coríntias, assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos, os superiores com rosetões e os inferiores com albarradas, as colunas encimadas por urnas. Ao centro, nicho de volta perfeita com os seguintes decorados por acantos. A estrutura remata em frontão semicircular. Altar em forma de urna, com acantos e cartela contendo as iniciais "IHS". O retábulo é sobrepujado por sanefa, de onde pendem drapeados a abrir em boca de cena. Os RETÁBULOS COLATERAIS são semelhantes, de talha dourada, cada um deles com corpo côncavo e um eixo definido por duas colunas de fuste liso, tendo o terço marcado por anel e acantos, e capitéis coríntios, assentes em consolas de querubins, em paraestática. Ao centro, nicho retilíneo, com o remate superior contracurvo, contendo pequena peanha e tendo, adossadas às pilastras, mísulas de querubins e rocalhas, encimadas por falsos baldaquinos em forma de conchas, contendo imaginária. A estrutura remara em fragmentos de frontão encimados por anjos de vulto, de onde evolui espaldar de perfil contracurvo, ornado por concheados e asas de morcego, sobrepujado por decoração vazada, de acantos e enrolamentos. Altar em forma de urna, com o frontal decorado por albarradas, encimado por sacrário embutido na estrutura, profusamente ornado por acantos e rocalhas, tendo na porta da estrutura da Epístola um ostensório. Os AZULEJOS DA CAPELA-MOR formam dois painéis historiados, ladeados por painéis figurativos e alguns de enchimento, em azul e branco, com molduras recortadas superiormente, tendo cornijas, encimadas por anjos. Estão divididos por cartelões encimados por urnas. No lado do Evangelho, surge a "Queda do Maná", sobre cartela de anjos a segurar as espigas, ladeado por São Mateus e São Marcos; no lado oposto, o Sacrifício de Malquisedeque, com anjos a segurar cachos de uvas, ladeado por São Lucas e São João Evangelista. Sobre o amplo ARCAZ, surge um oratório de talha pintada de branco e dourado, com corpo contracurvo e um eixo definido por duas colunas, com o terço inferior marcado por anel de folhagem e capitéis coríntios, e quatro pilastras. Ao centro, nicho de perfil contracurvo e moldura saliente com a imagem do Crucificado. A estrutura remata em fragmentos de frontão e espaldar curvo, ornado por folhagem. Numa dependência, o antigo SACRÁRIO da Capela do Santíssimo e que integraria o retábulo da capela profunda da nave, em forma de templete e com a porta ornada por pâmpanos, encimada por festões. Numa outra, um RETÁBULO de talha pintada de branco e dourado, de corpo reto e um eixo definido por duas colunas coríntias, assentes em dados. Ao centro, nicho de volta perfeita, sendo a estrutura rematada por friso de folhagem entrelaçada e frontão semicircular. Altar em forma de urna, decorado por laçarias e acantos. Na SACRISTIA, uma inscrição: "Á MEMÓRIA / DO / REVERENDO ABBADE / Antonio João Iria Carvalhal, / FALLECIDO A 4 de Outubro / de 1890 / Uma comissão de parochi / anos d'esta Freguezia, depois / de ter feito celebrar solemnes / exequias pelo eterno descanço / do suados extincto, mandou / erigir esta lapide como teste / munho de gratidão e reconhe / cimento; e para comemorar / perpetuamente este infausto / passamento, foram criadas, / por subscripção publica, es / molas que são distribuídas / pela Confraria do Santissimo / Sacrametno no dia d'este lu / ctuoso anniversatio, em se / guida a uma missa re / zada / suffragando assim / a alma do falecido.".

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Nicolau Nasoni (1745). CARPINTEIROS: Inácio Francisco (1745); João Gonçalves (1751); Manuel Francisco (1745); Manuel Pereira (1751). ENTALHADORES: António José da Silva (1766); Caetano da Silva Pinto (1722); Luís Pereira da Costa (1722); Manuel de Araújo (1766); Sebastião Diniz da Fonseca (1670). ORGANEIROS: João Baptista Leal (1697); Miguel Hensberg (1669). PEDREIROS: António Domingues (1750); António Moreira (1782); António Silva (1745); Bento Carvalho (1750); José da Costa (1763); José Rodrigues (1722). PINTORES - DOURADORES: Francisco da Rocha (1671); José Moreira Coutinho (1724); Mateus Nunes de Oliveira (1671); Pedro Ferreira Neves (1751). SERRALHEIRO: Manuel António (1749).

Cronologia

Séc. 16 - construção da igreja paroquial, sobre uma pequena capela medieval; 1669, 26 janeiro - contratação de Miguel Hensberg para concertar os órgãos, e a desfazer os erros dos mesmos; 1670, 02 novembro - o Padre Francisco do Couto, João da Costa Dantas, Gonçalo de Sousa, Gualter Gonçalves, todos moradores em Gaia, contratam Sebastião Diniz da Fonseca, entalhador, para lhes fazer o retábulo-mor; o custo estipulado foi de 137$500; 1671 - o retábulo estava concluído e ampliavam a capela-mor; 26 novembro - pedido de dinheiro pela confraria do Santíssimo para as despesas de assentamento do retábulo; 1671 - os mordomos da Confraria do Santíssimo Sacramento mandam dourar o retábulo, com 120$000 cedidos pelo estalajadeiro João Dinis; 23 março - contrato com Mateus Nunes de Oliveira e Francisco da Rocha, mestres pintores-douradores; 1722, 04 fevereiro - Luís Pereira da Costa e Caetano da Silva Pinto, entalhadores, são contratados para executarem o retábulo do Senhor Jesus; o preço foi de 470$000; 02 março - o Padre Isidoro de Sousa, tenente Manuel Coelho Gomes e Marcos Pinto Pereira contratam José Rodrigues para a obra de pedraria da capela-mor e arco triunfal, obras na sacristia, empena e abaixamento do chão; 1724, 25 fevereiro - contratação de José Moreira Coutinho para o douramento, do sacrário, banqueta, 2 nichos do retábulo e duas credências e estofo das imagens da Capela do Senhor Jesus por 330$000; 1745 - o Cabido decide mandar reedificar o corpo da igreja com o dinheiro deixado em testamento de Bartolomeu Ferraz Almeida, moço fidalgo da casa de sua Majestade e comendador da Ordem de São Domingos; 13 setembro - contratação de António Silva e outros mestres pedreiros para a dita obra, tendo de seguir a planta de Nicolau Nasoni; a obra custou 6$250; 02 novembro - o Cabido contrata Inácio Francisco e Manuel Francisco para fazer tudo o que fosse necessário em carpintaria, e a desmanchar e aproveitar o que fosse possível da igreja velha; estes mestres ajustam também a obra de ferragens e telhado da igreja; 1749 - Manuel António, serralheiro, recebe 3$800 do conserto e acrescentamento das grades de uma capela colateral; 1750, maio - punha-se a lanços a sacristia e cinco altares de pedra, obra arrematada por Bento Carvalho e António Domingues; 25 julho - o Cabido ajusta a armação da sacristia, o forro da porta e ferragens necessárias por 55$000; 1751 - contratação de mestre para lajear a sacristia; Manuel Pereira e outros oficiais de carpintaria trabalham na limpeza e assentamento dos retábulos velhos e feitura de banquetas; Pedro Ferreira Neves, pintor, recebe 7$200 por limpar dois retábulos, duas banquetas e grades do púlpito; João Gonçalves, mestre carpinteiro, recebe 1$960 de jornas e madeiras para a casa dos sinos; 1753 - reabertura da igreja; 1754 - o Cabido compra terreno nas traseiras da capela-mor e aí manda fazer novo celeiro, tendo custado 1:569$432; 1758 - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco, surge referida a paróquia, como tendo um cemitério, denominado filial, onde se enterram os paroquianos; é dedicada a Santa Marinha, com o altar-mor com a imagem da padroeira, a do Senhor Jesus de Vila Nova e a de Santa Engrácia; os altares colaterais têm as imagens de Nossa Senhora da Conceição, São Gonçalo e São João Baptista; no lado oposto, o altar de São Sebastião, ladeado por São Brás e São Tude; no corpo da Igreja, os altares de São Pedro, ereto por Miguel Vaz, antigo vigário da igreja, para nela se sepultar e os seus descendentes, o de São Miguel Arcanjo, o altar das Almas com Santa Ana, São José e Santo António e o de Santa Luzia; tem a confraria do Santíssimo com o rendimento anual de 600$000, a irmandade das Almas, a Confraria de Nossa Senhora da Conceição com altar privilegiado; o pároco é vigário apresentado pelo Cabido da Sé do Porto, que recebe de dízimo 600$000, e a quem paga 30$000 por anos e 8$000 para o cura e outro tanto para o cura de Gaia, filial de Santa Marinha; a igreja rende, com o pé de altar cerca de 500$000 anuais; 1763, 10 setembro - escritura com José da Costa, pedreiro, para restaurar os sinais de ruína da capela-mor; 1764 - capela coberta de telha; 1765 - lajeamento da capela-mor; o Cabido paga $800 a dois pedreiros para determinarem o modo de concertar a ruína do corpo da igreja; 1766, 26 janeiro - feitura do retábulo-mor por Manuel de Araújo de Landim e Antóinio José da Slva, que importou 700$000; 1766 - colocação de um novo retábulo na capela-mor; 1782, 28 janeiro - contratação de António Moreira para restaurar a sacristia; séc. 19 - na sequência da nomeação do juiz da Confraria do Santíssimo Sacramento de um homem bastante rico, procederam-se a algumas reformas na igreja: colocação de lambril de azulejos, feitura do retábulo do Senhor Jesus, de dois púlpitos simétricos e novo coro-alto, com a feitura do órgão e cobertura do teto em abóbada de estuque; 1890, 04 outubro - falecimento do pároco António João Iria Carvalhal, que terá sido o responsável por obras no templo; 1974, outubro - Despacho de homologação da classificação da igreja como Imóvel de Interesse Público; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2011, 17 janeiro - proposta da DRCNorte para uma Zona Especial de Proteção conjunta com a Igreja do antigo Convento de Corpus Christi; 30 março - parecer favorável da SPAA do Conselho Nacional de Cultura para a fixação de uma Zona Especial de Proteção conjunta com a Igreja do antigo Convento de Corpus Christi.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada e pintada; modinaturas, frisos, cornijas, pináculos, cunhais, peanhas, pilastras, pias de água benta, pia batismal, pavimento do batistério em cantaria de granito; pavimentos de madeira e ladrilho; mobiliário, arcaz, guarda do coro, teia da capela lateral, portas e guarda-vento de madeira; altares, retábulos, sanefas e sanefão de talha pintada e dourada; retábulos e credencias em talha dourada; lambris de azulejo industrial; painéis de azulejo tradicional; coberturas em telha cerâmica.

Bibliografia

BRANDÃO, Domingos de Pinho - Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação. Porto: Diocese do Porto, 1984-1987, vols. I, II e IV; BRANDÃO, Domingos de Pinho - Órgãos da Sé do Porto e actividade de organeiros que nesta cidade viveram. Porto: 1985; Igreja de Santa Marinha in História de Gaia, fasc. 23, vol. 2, s.l., 1985, p. 34 - 40; SIMÕES, João Miguel dos Santos - Azulejaria em Portugal no século XVIII. 2.ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010. VALENÇA, Manuel - A Arte Organística em Portugal. Braga: Editorial Franciscana, 1990, vols. I e II.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

SIPA: DGEMN/DSID; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

SIPA: PT DGEMN-DSID-001/013-004-1968/22, DGEMN:DSARH-010/288-0120; DGPC: 6.11.3/25-17(1); DGLAB/TT: Memórias Paroquiais, vol. 40, n.º 239, fls. 1437-1454

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1697, 12 agosto - o organeiro João Baptista Leal compromete-se, com a Confraria do Santíssimo de Santa Marinha de Gaia, a consertar o órgão, tendo recebido 78$000; 1779 - conserto da parede do adro.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2015 (no âmbito da parceria DGPC / Diocese do Porto)

Actualização

 
 
 
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