Convento de Nossa Senhora da Conceição / Quinta dos Frades / Quinta de Nossa Senhora da Conceição

IPA.00005346
Portugal, Porto, Vila Nova de Gaia, Oliveira do Douro
 
Convento de Lóios construído no séc. 17 e ampliado no séc. 18, de que subsiste a igreja e alguns corpos da zona conventual, implantada no lado esquerdo da igreja, parte da marcação da quadra do claustro no jardim e a cerca. A igreja é de planta retangular composta por nave antecedida por galilé e capela-mor mais estreita, esta com cobertura em falsa abóbada de berço de estuque, intensamente iluminada pelos vãos da fachada principal e lateral. Fachadas com cunhais apilastrados, coroados por pináculos. Fachada principal com remate em frontão triangular, acedendo-se à galilé por triplo arco de volta perfeita, tendo no interior o portal axial, de verga reta encimada por decoração, e janelas laterais. Sobre a galié, abrem-se janelas retilíneas e, no tímpano, um óculo. No lado direito, dispõe-se torre sineira, construída em 1747, de dois registos separados por friso e cornija, tendo no superior sineira, na frontaria duas sineiras, em arco de volta perfeita, e remate simples em friso, cornija e pináculos. Interior com coro-alto em arco abatido, capela lateral profunda e arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas, encimado por nicho. Capela-mor com vestígios de pintura mural nas paredes e cantarias, e amplo nicho para albergar o retábulo-mor Do convento subsiste corpo retangular na fachada posterior da igreja, onde se localizava o refeitório setecentista, com fachadas de dois pisos, regularmente rasgadas por vãos retilíneos, correspondendo no segundo piso a janelas de sacada. No exterior de um dos portões da quinta, conserva o pavimento em lajes mandado executar em finais do séc. 18, pelo Rev. Superior Manuel de São José Oliveira.
Número IPA Antigo: PT011317120018
 
Registo visualizado 2030 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Congregação dos Cónegos Seculares de São João Baptista - Frades Lóios

Descrição

Conjunto formado pela igreja, parte da zona regral, desenvolvida na fachada posterior dessa, a sudoeste, ambas em ruína consolidada, e por um corpo reaproveitando outras estruturas conventuais a este, constituindo a atual zona residencial, desenvolvidos à volta de um pátio pentagonal, onde se dispõe a piscina. IGREJA de planta retangular composta por nave antecedida por galilé, e capela-mor mais estreita, tendo adossado à fachada lateral direita torre sineira quadrangular e capela lateral profunda e à esquerda corpo retangular. Volumes articulados com coberturas diferenciadas, a nave sem telhado, a capela-mor e capela lateral em telhado de duas águas, e o corpo à esquerda de três águas. Fachadas rebocadas e pintadas a ocre, percorridas por soco, com pilastras toscanas nos cunhais, os da nave coroados por pináculos piramidais sobre duplos plintos paralelepipédicos. Fachada principal virada a nordeste, terminada em frontão triangular, coroado por cruz sobre acrotério, abrindo-se no tímpano óculo circular. Organiza-se em dois registos, o primeiro rasgado por três arcos de volta perfeita sobre pilares, o central maior, de acesso à galilé e, o segundo por igual número de vãos retilíneos, com o central maior. Na galilé, de teto plano, rasga-se o portal de verga reta, encimado por cornija recortada, entre dois vãos retilíneos laterais, de molduras simples. Torre sineira de dois registos marcados por friso e cornija, sendo o primeiro cego e o segundo rasgado, em cada uma das faces, por ventana em arco de volta perfeita, à exceção da frontaria que tem dois arcos, todos desnudos, rematando em friso e cornija, sobrepujada por guarda em ferro, e tendo nos cunhais pináculos sobre plintos; a cobertura é em cúpula, coroada por cruz. Na fachada lateral direita, terminada em cornija, rasgadam-se três janelas retilíneas, gradeadas, duas na nave e uma na capela-mor. A capela lateral, termina em empena, coroada por cruz, incompleta, e acrotérios laterais, abrindo-se a nordeste óculo circular. INTERIOR com a nave percorrida por friso e com coro-alto, sustentado por amplo arco abatido, em cantaria. Arco triunfal de volta perfeita, encimado por nicho, sobre cornija e rematado por frontão triangular. A capela-mor apresenta vestígios de pinturas murais nas paredes e nas cantarias das molduras dos vãos, cobertura em abóbada de berço e, na parede testeira, vão em arco de volta perfeita com frontaleira em talha dourada e o camarim do antigo retábulo-mor. ZONA REGRAL: formada por corpo retangular, sem cobertura, conservando apenas as paredes mestras e os dois lanços de escada de interligação entre os pisos. Fachadas de dois pisos, terminadas em cornijas, rasgadas regularmente por vãos retilíneos de molduras simples, correspondendo a janelas de peitoril ou portas no piso térreo, e a janelas de sacada, que teriam guarda em ferro, no superior; no térreo abrem-se ainda alguns óculos circulares. Na fachada principal, no alinhamento de um pano da zona regral, desenvolve-se, em plano ligeiramente oblíquo, pano de um piso, rebocado e pintado de branco, terminado em cornija reta e em empena alteada ao centro, coroada por cruz, sendo rasgado por três janelas de peitoril e uma porta, de verga reta. Destaca-se o espaço correspondente ao refeitório, com excelente pavimento em granito e moldura em cantaria no vão de acesso através do claustro, que já não existe. As restantes edificações, foram reconstruídas e adaptadas a habitação.

Acessos

Oliveira do Douro, Avenida dos Frades. WGS84 (graus decimais): lat.: 41,122688; long.: -8,571529

Protecção

Em vias de classificação (Homologado como IIP - Imóvel de Interesse Público, Despacho de 14 fevereiro 1980) *1

Enquadramento

Urbano, isolado. Implanta-se a meia encosta junto à margem sul do Rio Douro, próximo do Areinho de Avintes, rodeado por campos agricultados pertencentes à quinta, que preserva ainda grande parte da cerca, vedada por muro encimado por gradeamento.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Residencial: casa de quinta

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

AUTOR DO RISCO: José Miranda e Vasconcelos (1727).

Cronologia

1632 - construção de uma capela na quinta em Oliveira do Douro; 14 julho - o bispo D. João de Valadares autoriza a celebração de missa e outros atos na capela da quinta; 1652, 12 junho - data do nascimento de António Leite de Albuquerque, filho de António do Amaral Albuquerque e de D. Maria Pereira Leite, fidalgos naturais do Porto, o qual mais tarde segue a carreira eclesiástica; posteriormente, regressa a Portugal, devido à morte de seu irmão João de Albuquerque, e passa a viver recolhido na quinta; o bispo D. Nicolau, seu primo nomeia D. António de Albuquerque Visitador Geral do Bispado; este resolve fundar uma Congregação para recolher todos os sacerdotes pobres e inabitados, elaborando para tal os respectivos estatutos e doando todos os seus bens à nova Congregação; 1679, 15 dezembro - data da colocação da primeira pedra para construção do recolhimento, anexo à capela já existente na sua quinta; 1681, 27 julho - alvará de D. Pedro II aprova os estatutos da Congregação e o seu hospital; 1682, 22 setembro - entra no hospital o primeiro doente, o reverendo Jerónimo Goulão dos Santos, para ser tratado dos achaques; a congregação, tendo inicialmente 8 clérigos residentes, resolve adquirir, em homenagem ao seu fundador, uma imagem de Santo António e dar essa invocação à capela onde se celebra diariamente missa; 1684, 12 janeiro - D. António de Albuquerque manda tocar os sinos da capela, convocando os freires para uma reunião do Capítulo, para se proceder à eleição trienal para os pelouros da comunidade; o fundador é nomeado diretor perpétuo da comunidade; 07 março - D. António de Albuquerque preside à cerimónia do lançamento da primeira pedra da capela atual, tendo-se aproveitado para altar a antiga capelinha de Santo António; 1688, 25 janeiro - confirmação da nomeação de D. António de Albuquerque como diretor perpétuo da comunidade pelo Núncio Apostólico; 1689, 11 junho - alvará de D Pedro II concede um auxílio de 400$000 à comunidade; posteriormente, por meio de outro alvará, o rei concede mais 50$000; 1696, 24 junho - inauguração da nova capela; os irmãos da Congregação pagam 30$000 de quota anual, mas as enfermarias estão sempre ao dispor dos doentes e pobres; D. António estabelece o património de 15$000 anuais para igual número de irmãos leigos, habilitando-os ao direito de internamento nas enfermarias quando doentes; 1698, 04 setembro - parte para Roma dois enviados de D. António de Albuquerque, para obtenção de uma bula do papa Inocêncio VI, para libertação da Congregação da soberania do bispo da Diocese e do pároco da freguesia, continuando apenas subordinada ao Provincial da Ordem de São Francisco, mas apenas nos assentos que os Estatutos lhe atribuíam; 10 novembro - data do falecimento de D. António de Albuquerque, sendo sepultado na capela de Santo António, que no tempo servia de capela-mor da nova igreja; 1699, 18 outubro - regressa de Roma os enviados de D. António, portadores da bula do papa, datada de 13 junho, isentando a congregação da soberania do bispo e do pároco da freguesia; 1702, 23 fevereiro - o novo abade da freguesia requer ao Vigário Geral do bispado o reconhecimento da antiga regalia de praticar os ofícios divinos na igreja do convento, mas o Tribunal dá provimento ao direito adquirido; não conformado com a decisão, o Arcediago tenta nova demanda; 1727, 18 abril - congregação decide iniciar as obras de ampliação da sacristia, construção de mais alguns dormitórios e levantar o claustro do convento conforme planta de autoria de José Miranda e Vasconcelos; 14 dezembro - acórdão da Casa da Suplicação acaba com as discórdias entre os frades e o pároco da freguesia; 1731, 15 outubro - data da morte do prior do convento, o qual é sepultado na igreja do convento; nesta data já está construída a sacristia e, sobre esta, alguns novos quartos para tratamento dos doentes; só após a eleição de novo reitor, o reverendo João Evangelista, se reiniciam as obras, procedendo-se à pintura do teto da igreja e capela-mor; 1747, 15 janeiro - no final da missa, o ministro anuncia a todos os irmãos que o Rev. Provincial autoriza a nomeação de um mestre em filosofia, Frei Lino da Purificação, para leccionar durante três anos os monges e outras pessoas amigas e protetoras da congregação; 30 maio - lança-se a primeira pedra da obra do campanário, cujas obras são arrematadas por 300$000; 1748, 11 setembro - inauguração da nova torre sineira com grande pompa; neste mesmo ano o Ministro a Congregação solicita autorização para ser lecionado um curso de Teologia, dado o grande êxito que o curso de Filosofia obtivera e cujos alunos haviam obtido elevadas classificações ao serem examinados por religiosos de outras Ordens do Porto; sendo deferida a petição, as aulas de Teologia são abertas com 10 alunos; 1755 - devido ao aumento da frequência de alunos, a comunidade convida o mestre jesuíta Joaquim Inácio do Amaral; 1756 - manda-se ampliar o refeitório e construir a denominada casa do "sol", sendo uma parte adaptada a biblioteca e outra a quarto de hóspedes estranhos à comunidade; 1758 - referência ao convento dos Padres Congregados, tendo como padroeira Nossa Senhora da Conceição, e como tendo sido instituído para hospital de número certo de clérigos pobres do bispado; é administrado pelos padres do Governo de que dão contas ao ilustríssimo ordinário; o rendimento é incerto por ser a maior parte dinheiro de juro e estar misto com os dotes que dão os que entram na Congregação; 1759 - conclusão das obras; 1797 - os padres congreganistas para se ordenarem têm de constituir um património de 400$000, importância tão elevada que impedia o ingresso na Congregação; assim, a Mesa delibera reduzir o património a favor dos candidatos mais pobres para 150$000; sob o ministério do Rev. Superior Manuel de São José Oliveira, manda-se lajear o claustro da sacristia, calcetar grande parte do caminho entre a margem do rio e o convento, ainda hoje denominado "caminho novo", e reedificar a capela do Calvário, já desaparecida, mas cujo terreno onde se erguia ainda é chamado de "leira do Calvário"; durante os 9 anos deste priorado procede-se ainda à colocação de novos cortinados na igreja e sacristia, e a várias obras, como uma nova sala de chá, recinto para jogos, melhoramentos nos jardins, onde é construída uma cascata, etc., importando tudo em 1:500$000; procede-se ainda à reorganização do arquivo do convento, por 815$400; séc. 19, início - durante as Invasões Napoleónicas, a Congregação é espoliada de uma lâmpada do Santíssimo Sacramento, outra do altar de Nossa Senhora da Soledade, turíbulo, naveta e colher, cruz processional, vaso de lavabo, caldeira e hissopo, galhetas com seu prato e haste, pirâmide da umbela e tudo com o peso de cerca de 20 kg e no valor de 559$200 *2; o general Junot lança ainda a contribuição de guerra, pela qual coube à Congregação 380$400 em três prestações, o que correspondia a metade do rendimento das casas que a Congregação possuía na Rua das Flores, das quais pagou apenas a primeira, de 127$300 em 30 março 1808; 1808, 05 setembro - a Congregação entrega 100$000 para a manutenção do exército português, que o Governo Provincial do Porto organizara para a defesa da nação; alargamento do caminho entre o convento e a Igreja Paroquial, feito com o auxílio da população; 1821 - inauguração dos altares de Nossa Senhora da Conceição no corpo da igreja, do lado do Evangelho, e do de São José, no lado oposto; 1828, 08 julho - Mesa contrata para mestre de filosofia e teologia o rev. José da Cunha Sequeira, com a renumeração de 20$000; construção no jardim de recreio de um grande tanque encimado pela imagem de São João Baptista; 1829, 24 junho - inauguração do tanque com imagem de São João Baptista; 1832, 30 maio - decreto extinguindo as Ordens Religiosas; a comunidade é constituída por 20 frades; 1836, 25 novembro - arrematação em praça pública do convento e respetiva cerca pelo Dr. Marcelino Maximiano de Azevedo e Melo, Visconde de Oliveira, Juiz Ordinário no Concelho de Gaia, presidente da Câmara de Gaia em 1839 e 1840; 1835, 04 abril - despacho do Governo cede os sinos da igreja do convento às igrejas paroquiais de Oliveira e de Pedroso: à de Oliveira coube o órgão e dois sinos e à de Pedroso o sino grande e os restantes; 1853 - data da morte de Marcellino Máximo d' Azevedo e Mello, a quinta fica na posse da viúva e de seus filhos; mais tarde passa para as mãos de Manuel Maria da Costa Leite, feito Visconde de Oliveira em 1886, e seus descendentes; 1976 - despacho de classificação com homologação superior de Imóvel de Interesse Público; 1980 - novo despacho de classificação com homologação superior de Imóvel de Interesse Público; 1984 - é adquirido pela GAF, Ltd.; 1985, Março - novo Despacho de classificação com homologação superior de Imóvel de Interesse Público.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria ou cantaria de granito, rebocada e pintada; soco, frisos, cornijas, molduras dos vãos, pináculos e cruzes em cantaria de granito; grades em ferro; portas de madeira; coberturas em telha.

Bibliografia

ALMEIDA, Luís Gomes de - Notas Monográficas sobre a Freguesia de Santa Eulália de Oliveira do Douro. Vila Nova de Gaia: Junta de Freguesia de Oliveira do Douro, 1985.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGEMN:DREMN, SIPA

Documentação Administrativa

IPPAR: - 84/3(88)

Intervenção Realizada

1984 - Reconstrução de parte do mosteiro e adaptação a residência bem como tratamento e consolidação da ruína.

Observações

*1 - DOF: "..., abrangendo toda a quinta, edifícios, jardins, edículas, lagos, fontes". *2 - Nem todas as pratas foram cedidas aos franceses pois, segundo o inventário da Congregação, ainda ficaram para as cerimónias de culto as seguintes peças: cinco vasos com patenas, dois vasos de sacrário, uma custódia, os resplendores de Cristo e das imagens dos Santos, a açucena de São José, a pena de São João Evangelista, a coroa de Nossa Senhora, os vasos dos Santos óleos, um cálice e patena em serviço no oratório do hospital da Congregação no Porto, um jarro e uma bacia não pertencentes ao uso litúrgico, tudo no valor de 540$000.

Autor e Data

Paula Noé 2015

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login