Casa de Sistelo / Castelo de Sistelo

IPA.00005335
Portugal, Viana do Castelo, Arcos de Valdevez, Sistelo
 
Casa nobre eclética, integrando ampla propriedade agrícola, desenvolvida em socalcos, onde se dispõem os campos de cultivo, com predomínio da vinha, uma eira, um espigueiro, um tanque de rega e, num nível superior, a casa, composta por dois corpos ligados pos passadiço e formando um pátio. O corpo principal tem planta rectangular, com dupla fachada de aparato, a principal, de influência neobarroca, com vãos rasgados de forma simétrica, com portas de verga recta no piso inferior e com janelas de sacada no superior, sendo o remate em friso e cornija, alteada e curva na zona central, sublinhando a pedra de armas; é antecedida por quintal murado, com tanque circular central. A fachada posterior, virada ao vale, possui maior aparato, com características neogóticas, composta por ampla arcada no piso inferior e loggia no superior, flanqueada por duas torres ameadas, octogonais, rasgadas por portas rectilíneas, e, no nível superior, por frestas, tendo coberturas em cantaria. Fachadas flanqueadas por cunhais de cantaria e rematadas em cornija, sendo as laterais rasgadas por vãos rectilíneos, a lateral direita com escadas de acesso ao piso superior. Interior composto por corredor central, que liga às várias dependências. Um passadiço liga ao corpo secundário, talvez a antiga habitação dos caseiros, de dois e três pisos, rasgados uniformemente por vãos rectilíneos.
Número IPA Antigo: PT011601450037
 
Registo visualizado 792 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre    

Descrição

Quinta bastante vasta, com o perímetro totalmente murado, composta por campos de cultivo, em socalcos, onde se destaca a vinha e árvores de fruto, uma eira com espigueiro, tanque de rega, quadrangular, sendo a água distribuída por caleiras de cantaria e, no socalco mais elevado, a casa, de planta trapezoidal irregular, composta pelo edifício principal, rectangular, antecedido por quintal murado, também trapezoidal, tendo edifício rectangular, na fachada N., que se liga ao principal por passadiço, formando um pátio de estrutura irregular. CORPO PRINCIPAL de massa simples, de tendência horizontalista, quebrada pelos corpos torreados, sem cobertura e com fachadas em alvenaria de granito, parcialmente rebocadas, excepto os corpos torreados, em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo, flanqueadas por cunhais de cantaria e rematadas em cornija. Fachada principal, virada a E., antecedida por quintal protegido por murete de alvenaria de granito, capeado a cantaria, onde assentam as grades de ferro, interrompidas por acrotérios, do mesmo material, tendo acesso por portões metálicos, um frontal e outro na face S.. O recinto possui vinha em latada, parcialmente arruinada, com tanque circular central, em cantaria de granito e bordo boleado. A fachada evolui em dois pisos, com os vãos dipostos de forma simétrica, todos rectilíneos e com molduras salientes, de cantaria; possui remate em friso e cornija, alteado e curvo na zona central, dando lugar à pedra de armas. O piso inferior tem três portas de verga recta, a que correspondem, no superior, três janelas de sacada, também em cantaria, protegidas por guardas de ferro. Fachada lateral esquerda, virada a S., rasgada por duas frestas jacentes no piso inferior e duas janelas de sacada em cantaria e guarda de ferro forjado, no segundo. Adossa-se à fachada, o muro que limita a propriedade, rasgado junto à mesma por portão de verga recta, encimado por três merlões. Fachada lateral direita, virada a N., marcada por escadas de dois lanços, adossadas ao muro, que ligam a porta de verga recta, ladeada por duas janelas de peitoril, rectilíneas; no piso inferior, junto ao primeiro patamar, porta de verga recta. A fachada posterior é composta por duplo corpo, a fachada propriamente dita, em empena e rasgada por óculo e por janela de volta perfeita, rematada em cornija, a que se adossa um pequeno alpendre com acesso por dois arcos de volta perfeita, assentes em pilares toscanos e com pedra de fecho saliente, encimados por loggia de cinco vãos rectilíneos, divididos por pilares de cantaria, e rematada em cornija. O conjunto é flanqueado por dois corpos torreados, formando octógono, pelo chanfro dos ângulos, de quatro registos divididos por friso ou cornija de cantaria, o inferior rasgado, em duas das faces, por portas de verga recta, com moldura recortada, sendo o segundo cego; o terceiro tem janelas de varandim em duas das faces, com guardas de ferro forjado e com molduras semelhantes às do piso inferior, surgindo, na terceira face, porta de verga recta de acesso à loggia, de onde partem as escadas para a cobertura das torres, em terraço; o quarto registo apresenta pequenas frestas, surgindo, sobre um ressalto, marcado por cachorros, o muro que protege o terraço, encimado por merlões lisos. Possuem cobertura interna em cantaria, assente em mísulas do mesmo material e têm vestígios de terem possuído dois pisos. INTERIOR inacabado e bastante arruinado, mas mantendo algumas divisórias, com corredor central, que liga às várias dependências. No lado esquerdo da fachada posterior, surge, separado por um arco abatido, assente em impostas salientes, encimado por duas janelas de verga recta, formando um passadiço, o CORPO SECUNDÁRIO, de planta rectangular e evoluindo em três e dois pisos, com cobertura homogénea a seis águas, tendo, na fachada SO., vãos rasgados em eixo, composto por porta e duas janelas de peitoril. Na fachada NO., possui dois panos, o do lado esquerdo mais baixo e rasgado por duas portas de verga recta, a que correspondem, no segundo piso, duas janelas de peitoril e, no corpo do lado direito, duas janelas de peitoril semelhantes às anteriores, rasgadas no segundo e terceiro pisos. Fachada SE., virada ao pátio, marcada por quatro portas de verga recta no piso inferior, a que correspondem janelas rectilíneas nos superiores, sendo a fachada virada a NE. cega no primeiro piso, adossada à qual surgem as escadas de acesso ao imóvel. INTERIOR não observado. Num socalco inferior, surge ampla eira, em lajeado de cantaria, e um ESPIGUEIRO, de planta rectangular, de paredes aprumadas, apresentando pés, mós, mesa, colunas, padieira e cápeas em granito e ripado de madeira vertical. O telhado, de duas águas, é de telha plana. Acesso por porta em arco de volta perfeita. Os extremos são em empena saliente, com cruzes latinas no vértice.

Acessos

Sistelo, EN 202-2, que liga Arcos de Valdevez a Monção

Protecção

Incluído na Paisagem Cultural de Sistelo (v. IPA.00035666)

Enquadramento

Urbano, isolado, situado a meia encosta, sobranceiro à confluência do rio do Outeiro com o rio Vez, na margem esquerda deste último. Para E., O., e N., a montanha ergue-se a cotas elevadas. A propriedade, bastante vasta, implanta-se em socalcos, com campos de cultivo nos inferiores e estando a casa no mais elevado, destacando-se pelo seu volume na paisagem e no conjunto da aldeia, com vocação eminentemente rural. Encontra-se enquadrado, no lado E. e S., por estreitas vias públicas, pavimentadas a cubos de granito, para onde abre o casario da aldeia, estando alguns edifícios, incaracterísticos, implantados no recinto da antiga propriedade. Para N. situa-se o cemitério, onde se ergue jazigo de planta rectangular, com acesso por vão em arco quebrado encimado por brasão e rematado em frontão e cruz e flanqueado por colunas embebidas rematadas por pináculos (v. PT011601450255).

Descrição Complementar

Pedra de armas com escudo partido em pala, onde surgem dois leões, das armas dos Gonçalves; é encimado por elmo e envolvido por paquife, tendo, na diferença, uma brica de azul carregada com uma estrela de ouro de 5 pontas *1.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1880, 3 Novembro - criação do título de Visconde de Sistelo, dado a Manuel António Gonçalves Roque, natural desta freguesia, após regresso do Brasil *2; 1883, 7 Fevereiro - concessão de pedra de armas ao Visconce de Sistelo; séc. 19, final - época provável do início da construção do palácio pelo 1.º Visconde; 1884, 4 Fevereiro - concedida alteração à pedra de armas, substituindo os tenentes, na forma de uma mulher, representando as Artes, e Mercúrio, representando o Comércio, por dois leões de ouro, armados de vermelho; 30 Março - data da carta de armas; 1885, Outubro - falecimento de Manuel António Gonçalves Roque, sem descendência directa, passando o título a um seu sobrinho, Francisco José Roque de Pinho, casado com Renate Solaro di Monasterolo, do Piemonte; 1941, 17 Julho - renovação do título de Visconde de Sistelo, pela Comissão de Verificação e Regulamentação de Mercês; 2005 - a Junta de Freguesia de Sistelo colocou a hipótese de expropriar o imóvel, para utilidade pública, destinando-o a Centro de Dia; 2015, 10 dezembro - publicação da abertura de procedimento de classificação da Paisagem Cultural de Sistelo, em Anúncio n.º 275/2015, DR, 2.ª série, n.º 241.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura em alvenaria e cantaria de granito, parcialmente rebocada; modinaturas, cunhais, cobertura das torres, mísulas, sacadas, escadas, tanques, estrutura do espigueiro e cruzes em cantaria de granito; espigueiro de madeira; guardas das sacadas e varandins em ferro.

Bibliografia

Sistelo in Grande Enciclopédia Portuguesa Brasileira, vol. 29, s.l., s.d., pp. 267-268; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Alto Minho, Lisboa, 1987; Vale do Lima, um rio dois países, ?coord. OLIVEIRA, Eduardo Pires?, Braga, 2001; Castelo de Sistelo vai ser transformado, in Notícias da Manhã, 28 Outubro 2005.

Documentação Gráfica

CMAV

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

CMAV

Intervenção Realizada

Proprietário: séc. 20, final - arranjo do corpo secundário, transformando-o em casa de habitação.

Observações

*1 - a pedra de armas, conforme consta na carta, tinha "escudo partido em pala, na primeira as armas dos Gonçalves; na 2.ª, em campo vermelho uma figura de mulher, de oiro, coroada, tendo na mão esquerda 3 dormideiras, também de ouro, assente sobre nuvens de prata, representando a Beneficência; no chefe, um sol de ouro. Coroa de Visconde. Timbre: o leão das armas dos Gonçalves. Diferença - uma brica de azul carregada com uma estrela de ouro de 5 pontas" (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, p. 267-268). *2 - era fidalgo da Casa Real, comendador da Ordem de Cristo e da Ordem da Rosa, do Brasil, e de São Silvestre, da Santa Sé; casou com a sua sobrinha, Júlia Labourdonnay Gonçalves Roque, filha do irmão, Visconde de Rio Vez, em 18 Julho 1870; o Visconde de Sistelo foi também responsável pela edificação da escola primária, do cruzeiro (v. PT011601450254) e chafariz da povoação (v. PT011601450253).

Autor e Data

Paulo Dordio 1996 / Paulo Amaral 2004

Actualização

 
 
 
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