Mosteiro de Refóios do Lima / Igreja Paroquial de Refóios de Lima / Igreja de Santa Maria

IPA.00005318
Portugal, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Refóios do Lima
 
Arquitectura religiosa, renascentista, maneirista, barroca. Mosteiro de linhas exteriores sóbrias, denotando uma certa regularidade na fenestração e organização das fachadas. O claustro, com fonte central datada e autografada por José Lopes, é renascentista, bem como são alguns portais das antigas dependências. Os troços pintados com volutas e enrolamentos em alguns corredores são barrocos. Os azulejos da cozinha, com composições de enchidos, caça e pesca pendentes são joaninos e os da antiga casa mortuária, com diferentes hábitos dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho são já neoclássicos, tal como são os estuques da Sala de Música. Igreja com pórtico renascentista, num frontispício rococó; a talha dos altares é barroca e insere-se no chamado "estilo nacional" excepto os altares colaterais, que são "Joaninos". Claustro conventual de ordem toscana num esquema semelhante ao do Mosteiro de Grijó. Os edifícios modernos da Escola, construídos à parte, formam um conjunto harmonioso com os do antigo mosteiro.
Número IPA Antigo: PT011607370006
 
Registo visualizado 2479 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho

Descrição

Planta composta por igreja em cruz latina, torre sineira adossada no lado direito do frontispício e dependências conventuais, de vários corpos adossados neste mesmo lado, mas já sem ligação directa. Volumes articulados com coberturas diferenciadas a 2 e 4 águas. Frontispício da igreja com pilastras nos cunhais, frontão recortado, rasgado por portal de vão pleno enquadrado por colunas estriadas sobre socos, suportando cornija saliente e com medalhões nos seguintes; encima-o janelão, de frontão triangular, envolvido por decoração ramiforme. Torre sineira seccionada em 4 níveis por frisos e com cúpula bolbosa. Nave única com capelas colaterais de altares em talha, e altares laterais; coro-alto com cadeiral; tecto em abóbada de berço em caixotões. Capela-mor com altar de talha em 3 andares. Frontispício da zona conventual com 2 corpos avançados, de 4 registos; o da esquerda, ritmado por pilastras e terminado em frontão triangular, tem escadaria de 1 lanço dando acesso a portal no 3º registo. O da direita, mais comprido e com friso separando o 3º do 4º, tem fenestração sensivelmente regular, com janelas quadradas de verga superior curva molduradas a cantaria e 3 delas de sacada. No 1º piso, vão de arco pleno dá acesso a pátio aberto que estabelece ligação entre vários corpos, com fachadas de topo simétricas, formadas por arcada sobre colunas ao nível do 2º. O 3º corpo do frontispício é mais recuado e adossa-se à igreja. Por ele tem-se acesso ao claustro, de 2 pisos com colunata de ordem jónica no 1º e o 2º fechado com janela de avental sobre cornija. Ao centro, fonte de taça redonda gomada e remate em pirâmide boleada, dentro de tanque quadrado. No 1º piso, alguns portais decorados, actualmente entaipados, outros dando para salas, uma delas com lambril de azulejos. Cozinha de 2 naves, com paredes forradas a azulejos, abóbada de cruzaria em alvenaria, grande chaminé e mesa de granito. Refeitório com pequeno lambril de azulejos, mesas laterais com pés de granito, bancos de madeira pintado, púlpito e tela com "Calvário" num nicho ao fundo; tecto em abóbada de cruzaria com trabalhos de estuque. Nos outros pisos, os elementos antigos remanescentes, como pinturas, portas, etc., são integrados juntamente com materiais modernos, destacando-se a sala de música com trabalhos de estuque alusivos, pequeno oratório, etc.

Acessos

Refóios do Lima, EN. 202

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 29 604, DG, 1.ª série, n.º 112 de 16 maio 1939 *1

Enquadramento

Rural, isolado, implantação destacada. Ergue-se a 7 km. da vila de Ponte de Lima, na margem direita do rio, tendo a igreja amplo largo fronteiro com cruzeiro e algumas construções laterais baixas. O mosteiro tem muro divisor, vedado por gradeamento e está pintado em cor ocre, destacando-se assim de toda a paisagem envolvente. Perpendicularmente ao frontispício do mosteiro, ergue-se fonte de espaldar decorado com nicho e rematado por frontão redondo e pináculos.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Educativa: escola superior

Propriedade

Pública: estatal (mosteiro) / privada: pessoa singular (igreja)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: José do Couto (1802); José Lopes (séc. 16); Fernando Távora (1986). ARQUITECTO PAISAGISTA: Ilídio de Araújo (1988). PEDREIRO: João Alves (1819).

Cronologia

Séc. 12 - D. Afonso Ansemondes funda Mosteiro para Clérigos da Regra Santo Agostinho; 1124 - estando de passagem por Refóios, o Cardeal D. Jacinto, legado apostólico em Espanha do Papa Calisto II, o fundador cede os seus direitos sobre o mosteiro aos cónegos regrantes; o 1º prior, Pedro Mendo, filho do fundador, a quem D. Afonso Henriques fizera mercê do Condado de Refóios, não tendo descendência, doa o seu condado ao mosteiro; 1143 / 1144 - início da construção da igreja; 1154 - Bispo de Tuy isenta o mosteiro e suas igrejas anexas, dando direito de visita ao prior do Mosteiro; 1163 - Alexandre III fá-lo imediato à Santa Sé eximindo-o da submissão a qualquer outra diocese; 1564, 26 Julho - D. Julião de Alva, Bispo de Miranda e comendatário de Refoios dá poder ao Prior de Santa Cruz para iniciar a reforma do convento, enquanto não chegasse autorização papal para o incorporar no mosteiro de Coimbra; estava então muito arruinado; 1571 - data na cornija do claustro; 1567, 12 Agosto - Geral da Congregação de Santa Cruz toma posse do mosteiro, embora a bula papal fosse expelida só em 1572; 1581 - data gravada no contraforte N. da capela-mor assinalando reedificação da igreja e reconstrução do convento; 1582 - deslocação da sepultura de D. Mendo, do adro da igreja para o mosteiro; séc. 17 - altar-mor da igreja; 1683 - data da fonte do claustro; séc. 18 - reforma da zona conventual; execução do órgão; 1711 - data gravada no arco para a sacristia; 1769 / 1770 - extinção do mosteiro; 1784 - os frades regressam ao convento; 1802 - decorriam trabalhos destinados a concluir a reedificação do mosteiro, sob projecto do Arquitecto José do Couto; 1807 - pagamento de azulejos adquiridos em Lisboa; a partir desta data as obras foram abandonadas; 1809 - a documentação refere apenas alguns reparos; 1811 - aumenta o número de trabalhadores; 1811 / 1818 - melhoramentos na quinta; 1818 / 1819 - construção da varanda; 1819, 19 Maio - Dom Bartolomeu de Nossa Senhora, vigário do mosteiro, procurador do prior prelado do mosteiro e demais cónegos conciliares, ajustaram a obra das casas do celeiro e outras acomodações, na freguesia de São Martinho de Crastro com o pedreiro João Alves, morador em Gondoriz, por 500$000, devendo a obra ser concluída no prazo de um ano; 1834 - após extinção das Ordens religiosas, a igreja passou a Matriz da freguesia e vendeu-se a zona conventual e cerca; foi comprado por 48 contos, por José Mendes Ribeiro, sendo depois herdado pelo seu filho, Tomás Mendes Norton; 1859 - data a meia altura da torre sineira, assinalando reconstrução; 1874 - abertura de vão para acesso ao claustro; posteriormente, foi adquirido pelo escultor Aleixo Queirós Ribeiro, casado com Sara Elisabet Stetson de Queirós Sottomaior de Almeida e Vasconcelos, que, tendo enviuvado, regressou aos Estados Unidos; por morte da senhora, os seus bens foram herdados pelo seu sobrinho John B. Stetson Junior e esposa D. Ruby F. Stetson; por procuração passada a Bernardo Gomes de Amorim, foi o convento vendido a José Maria Pereira de Castro e esposa Virgínia rebelo de Carvalho Pereira de Castro em 1938; posteriormente o convento e propriedades anexas foram herdadas por Margarida de Carvalho Pereira de Castro, casada com o coronel Alberto Machado, e sua filha Maria José, casada, com separação de bens, com Jorge Paço de Sousa; 1986, 23 Maio - seus herdeiros venderam o convento à Câmara Municipal de Ponte de Lima, por 70 mil contos; 1986 - data do projecto do Arquito Fernando Távora para adaptação do mosteiro a Escola Superior Agrária; 1987 - a Câmara Municipal doa-o ao Estado para instalação da Escola; 1988 - projecto de arquitectura paisagista para a cerca do mosteiro Ilídio de Araújo e sua posterior execução; 1992, Fevereiro - inauguração oficial da Escola Superior Agrária.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; betão; elementos estruturais, pilastras, frisos e cornijas, Granito, retábulos de talha; silhares de azulejos; decoração de estuques; pinturas murais; telas pintadas; caixilharia de alumínio e de madeira; pavimento de lajes e de madeira; cobertura de telha.

Bibliografia

LEMOS, Miguel Roque dos Reis, Apontamentos para as Memórias das Antiguidades de Ponte de Lima, Arquivo de Ponte de Lima, 1873; AURORA, Conde d', Roteiro da Ribeira Lima, Porto, 1959; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Alto Minho, 1987; AAVV, Subsídios para a História do Convento de Refoios, Ponte de Lima, 1988; s.a., Escola Superior Agrária de Ponte de Lima in Cardeal Saraiva, Ponte de Lima, 17 Nov. 1989; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990; COSTA, João Gonçalves da, Elementos da História de Portugal. (O) Convento de Santa Maria de Refóios in Voz de Trás-os-Montes, 31 Janeiro 1991; s.a., A Descoberta do Património in Minho, Braga, 9 Agosto 1991; TÁVORA, Fernando, Convento de Refoios do Lima in ARCHITÉCTI, nº 13, Lisboa, s.d., p. 70 - 103; Anacleto, Regina, O Arquitecto José do Couto e as Igrejas Paroquiais de Midões e de Nogueira do Cravo, in Beira Alta, vols. LXI, fasc. 1 e 2, Viseu, 2002, pp. 185-219; CARDONA, Paula Cristina Machado, A actividade mecenática das confrarias nas Matrizes do Vale do Lima nos séc. XVII a XIX, vol. 3, Porto (Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Departamento de Ciências e Técnicas do Património), 2004.

Documentação Gráfica

ANTT: Mosteiro de Refoios do Lima, maço 10, doc. 91 - Processo de restituição do mosteiro dos Cónegos Regrantes; AHMF; Arquivo Distrital de Braga; CMPL

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Arquivo Pessoal de António Viana Barreto (Currilum Vitae do Arquitecto Paisagista Ilídio de Araújo)

Intervenção Realizada

1940 - Obras de conservação; 1950 - consolidação de elementos moldurados do tecto; reparação dos rebocos no claustro e sala do Capítulo; limpeza geral de alguns pontos dos rebocos, colocação de vidros; 1988 - início da 1ª fase das obras para adaptação da Escola Superior Agrária, a cargo da empresa Soares da Costa e por cerca de 170 mil contos; 1989, Agosto - início da 2ª fase ( construção de 1 edifício novo e alojamento ) adjudicado à empresa Construção Moderna, por cerca 220 mil contos; 1992 - decorrem ainda obras de restauro e conservação; 1993 - restauro do órgão por António Simões.

Observações

*1 - DOF: Mosteiro de Refóios do Lima, e os azulejos que revestem algumas das suas paredes. *2 - O edifício conventual abriga as instalações reservadas à administração e aos professores, centro de documentação, refeitório, bar e cozinha. *3 - Apesar da classificação considerar apenas o mosteiro, não pudemos deixar de referir a sua antiga igreja e actual matriz, adossada à qual se desenvolveram as dependências conventuais. *4 - Dada a impossibilidade do edifício conventual comportar todas as instalações previstas para o funcionamento da Escola Superior Agrária, houve que compatibilizar o programa da sua ocupação com a criação de edifícios novos e exteriores. Estes foram agrupados tendo em conta a sua natureza e função, a relação com o convento, a topografia do terreno e o ordenamento geral da quinta. Assim, proposeram-se dois grupos de edifícios: um formando uma "praça", com certo carácter urbano, constituído pelo alojamento, anfiteatro e ginásio, situado na antiga horta dos frades; o outro, com carácter mais rural, constituído pelos departamentos de zootecnia e mecanização, situado no olival N..

Autor e Data

Paula Noé 1992 / 1996

Actualização

 
 
 
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