Mosteiro do Santíssimo Sacramento / Convento dos Paulistas / Convento dos Eremitas de São Paulo da Serra da Ossa

IPA.00005186
Portugal, Lisboa, Lisboa, Misericórdia
 
Arquitectura religiosa, maneirista. Convento de Paulistas, maneirista de planta em L com igreja adossada a fazer o U. Caracterizado por linhas simples, sóbrias e ritmia de vãos, onde só se destacam a entrada principal e a janela de sacada do andar nobre. Azulejos rococó, da fase pombalina. Apesar de despojado dos seus elementos decorativos, alusivos à sua fundação, e de já muito descaracterizado, o convento ainda conserva o "ambiente" conventual, traduzido pelo longo corredor, com mais de 100 m., com entrada para as antigas celas dos monges. Pavimento térreo com circulação quase orgânica. Existência, em algumas escadas, de lambrins de azulejos com motivos florais simples, e rodapés esponjados. Embora muito mais pobre, existe uma semelhança decorativa (painéis de azulejos) entre este convento e o Convento de São Paulo, na Serra d'Ossa, em Redondo, também dos monges Paulistas (v. PT040710020006). Justifica-se a classificação, por este imóvel fazer parte do conjunto conventual que integra também a Igreja de Santa Catarina. A biblioteca é considerada uma réplica, numa escala mais pequena, da existente no Convento de Mafra (v. PT03110909010001).
Número IPA Antigo: PT031106280343
 
Registo visualizado 1246 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem dos Eremitas de São Paulo - Paulistas

Descrição

Planta articulada, em L, com a Igreja de Santa Catarina adossada a E., a fazer o U. Ao centro o claustro, de pequenas proporções, e um edifício de planta rectangular (Biblioteca do Exército). A N., a cerca conventual, com grande poço circular. Edifício com 4 pisos, composto por 2 corpos articulados com coberturas diferenciadas de 2 águas. Fachada da Cç do Combro, mais estreita, virada a S., no alinhamento do frontispício da Igreja. Piso térreo revestido a cantaria, no qual se abre a porta principal, restantes pisos demarcados por frisos, também de cantaria. Ângulo SO. com largo cunhal de pedra aparelhada. Fenestração regular, mas de dimensões diferentes, sendo as janelas do 2º o 4º piso de sacada. Fachada O., estreita e muito longa, correspondente aos antigos dormitórios, de 4 pisos, separados por frisos de cantaria. São perceptíveis 3 corpos, sendo o central mais estreito, demarcado por pilastras ligeiramente salientes, e coroado por frontão curvo. Nos corpos laterais, fenestração regular e de dimensões similares, tendo as janelas do 3º e 4º piso 2 mísulas sob as molduras. O corpo central quebra a ritmia da fachada, tendo só demarcado 3 pisos. Piso térreo revestido a cantaria, justaposto no 2º, de uma janela de sacada, com balaustrada de cantaria sobre modilhões, e de moldura recortada, encimada por óculo coroado por frontão curvo. Por cima, nova janela de sacada, mas mais simples, com gradeamento de ferro. Tímpano com motivo decorativo de estuque. A SO., junto à Calçada do Combro, adossa-se, na diagonal, um edifício de época posterior, de planta quadrangular e de um piso. Edifício da Bibliteca do Exército no alinhamento do braço E. do transepto da igreja. Claustro de planta quadrangular, enquadrado por esse edifício, a N., pela ala mais curta do convento, a S., pela nave da igreja, a E., e pela ala mais longa do convento a O.. Conserva parte de 2 alas, com arcada de arcos plenos, separados por pilastras, estando a quadra ocupada com construções abarracadas. Acesso aos diferentes pisos desarticulado, através de escadas situadas em vários locais do edifício. 2º piso composto por 2 longos corredores em L, com entrada para as antigas celas dos monges. Duplo pé direito do corredor no 2º piso fazendo com que o 3º tenha a menos área útil. No corpo da Biblioteca, no piso abaixo, sacristia poligonal, com aberturas para a cerca e tecto em estuque representando Santa Sara, São Jerónimo, São Simão e Santa Maria Madalena. No piso superior, o espaço da bibloteca, com estantes de 2 andares e balaustrada.

Acessos

Calçada do Combro, n.º 96

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 16/2011, DR, 1.ª série, n.º 101 de 25 maio 2011 / ZEP, Portaria n.º 935/2013, DR, 2.ª série, n.º 252 de 30 dezembro 2013 / Incluído na Zona Especial de Proteção do Bairro Alto e imóveis classificados na área envolvente e na Zona Especial de Proteção do Liceu de Passos Manuel (v. IPA.00006461)

Enquadramento

Urbano, em rua de grande pendente. Harmonizado na malha urbana, Igreja de Santa Catarina, adossada a E.. A O. o Liceu Passos Manuel (v. PT031106220346).

Descrição Complementar

À esquerda da galilé, o portal de entrada à antiga portaria conventual, com painéis de azulejos sobre a vida de São Paulo Eremita, tecto com pinturas a têmpera e brasão central da Ordem.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Cultural e recreativa: biblioteca / Segurança: posto da Guarda Nacional Republicana (GNR) / Assistencial: centro paroquial / Extração, produção e transformação: oficina

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

PINTORES de AZULEJO: António de Oliveira Bernardes (séc. 18); PMP (séc. 18).

Cronologia

1646 - Eremitas de São Paulo da Serra de Ossa (Redondo) instalam-se na Calçada do Combro; 1647 - fundado o Convento do Santíssimo Sacramento, cujo instituidor foi o Pe. Mestre Fr. Diogo da Ponte; 1654 - iniciada a construção da Igreja de Santa Catarina, com o orago do Santíssimo Sacramento; 1680 - sagração do templo, com a presença do príncipe regente D. Pedro; séc. 18, 1º quartel - painéis sobre a "Vida de São Paulo Eremita" na portaria, a ladear o portal de entrada para a portaria, atribuídas a António de Oliveira Bernardes e com cercaduras de P.M.P.; 1707 - contruídas novas alas de dormitórios e celas (orientadas a S., para a Calçada do Combro); 1755, 01 novembro - o terramoto danifica duas celas do dormitório N. e ficou arruinado o dormitório novo; 1834, 21 agosto - requisitado o edifício conventual para o Ministério da Guerra para quartel militar, por Portaria; 1838 - Igreja de Santa Catarina requisitada para a freguesia e passa a ser paroquial; 1835 - requisitado o convento para: quartel de Sapadores, Sociedade Promotora de Agricultura, Casa de audiência de Juízo de Direito do 5º Distrito e quartel do Batalhão 16º da Guarda Nacional, por Portaria de 26 de Março; 1836 - mandada pôr à disposição da Academia das Ciências a cerca conventual, para aí instalar um jardim botânico, requisitadas 6 casas do convento, para instalação da Secretaria do Comando Geral da Artilharia; 1908, cerca - esteve preso no quartel dos Paulistas, João Chagas, por ocasião das tentativas revolucionárias de 18 de Janeiro; 1997, 27 julho - proposta de classificação do edifício pela DGEMN; 1998, 05 maio - proposta de abertura do processo de classificação pela DRLisboa; 18 maio - despacho do Vice-Presidente do IPPAR, determinando a abertura do processo para eventual classificação do imóvel; 2006, 17 fevereiro - proposta da DRLisboa de classificação do edifício como Imóvel de Interesse Público; 28 junho - parecer do Conselho Consultivo do IPPAR para alargar a classificação da igreja ao edifício do antigo convento e cerca; 2009, 25 setembro Despacho de homologação da classificação do Ministro da Cultura; 2013, 05 março - publicação do projeto de decisão de fixação da Zona Especial de Proteção, em Anúncio n.º 85/2013, DR, 2.º série, n.º 44.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes com estrutura entre pisos em laje de betão armado, tectos abobadados e lisos, telhado em estrutura de madeira e cobertura inclinada com telha.

Materiais

Pedra calcária (molduras vãos, elementos decorativos exteriores), alvenaria mista rebocada (paramentos exteriores), estuque (tectos, elementos decorativos exteriores), azulejo (lambrins), ferro (gradeamentos), mosaicos (instalações recentes), mármore (instalações recentes), vidro, madeira (portas,caixilhos), tijolo burro com argamassa (abóbadas e abobadilhas), telha de aba e canudo, capa e caleira e marselha, betão armado (lajes).

Bibliografia

ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, vol. II, Lisboa, 1968; CAEIRO, Baltazar Matos, Conventos de Lisboa, Lisboa, 1989; CALADO, Maria, FERREIRA, Vitor Matias, Lisboa, Freguesia de Sta Catarina (Bairro Alto), Lisboa, 1992; CASTILHO, Júlio de, Lisboa Antiga, O Bairro Alto, vol. II, Lisboa, 1955; História dos Mosteiros, Conventos e Casas Religiosas de Lisboa, tomo II, Lisboa, 1972; LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. IV, Lisboa, 1874; Lisboa na 2ª metade do sec. XVIII (Plantas e descrições das suas freguesias), Lisboa, s.d.; Livro de Lisboa, Lisboa, 1994; MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; MECO, José, O Azulejo em Portugal, Edições Alfa, Lisboa, 1989; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1955, Lisboa, 1956; Monumentos e Edifícios Notáveis de Lisboa de Lisboa, Lisboa, 1994; PEREIRA, Luís Gonzaga, Monumentos e Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 1927; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003; VALDEMAR, António, A Cidade dos Sítios, Lisboa, 1993; Dicionário de Lisboa, Lisboa, 1994.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DRMLisboa, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRELisboa/DIE/DEM, DGEMN/DRELisboa; DGA/TT: AHMF, Ministério do Reino, Cx 5270, IV/C/144 (19 a 22), Cx 5277 IV/C/121 (1)); IPPAR: DRL (pº nº 97/3 (60))

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa, DGEMN/DSARH; IPPAR: DRL (pº nº 97/3 (60))

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa; DGA/TT (AHMF, Nº 210, Cx 2226, Capiha 2); IGESPAR: DRL (pº nº 97/3 (60))

Intervenção Realizada

DGEMN: 1955 - obras de reparação periódica pela Delegação nas Obras de Edifícios de Cadeias das Guardas Republicana e Fiscal e das Alfândegas; Comando: c. 1970 - piso nobre, na ala O., subdividido em 2 pisos; 1970 / 1985 - readaptação das antigas celas de zonas residênciais para gabinetes de serviços; 1980 - construção no pátio a O., do barracão de recolha de viaturas e serviço operacional; 1984 - picagem do tecto da entrada principal (Cç do Combro) e do 2º piso, no átrio por cima da entrada principal, deixando o tijolo à vista; 1989 / 1990 - melhoramentos no 2º piso (colocação de novo pavimento); 1990 - sustituição da escada do 2º para o 3º piso de madeira por pedra; 1996 - cobrimento das paredes com pedra calcária no átrio da entrada principal; Comando, com apoio técnico da DGEMN: 1997 - remodelação da messe e bar dos oficiais, incluindo instalações sanitárias; Comando, com apoio técnico do GEP *2 do MAI: 1997 - transferência da cozinha (claustro) para junto do refeitório das praças (piso térreo do corpo O.), incluindo acesso, instalação do bar de praças no local deixado vago pela cozinha.

Observações

*1 - DOF: Antigo Convento dos Eremitas de São Paulo da Serra de Ossa (Paulistas), incluindo a cerca. *2 - Gabinete de Estudos e Planeamento.

Autor e Data

Anouk Costa 1997

Actualização

Anouk Costa 1999
 
 
 
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