Vila Santos

IPA.00005057
Portugal, Lisboa, Lisboa, Avenidas Novas
 
Vila operária composta por seis edifícios, que abrem para um pátio comum, com acesso por portal e possuindo fachada pública de aparato, formando três pisos, com lojas no inferior e com funções residnciais nos pisos superiores, as primeiras com vãos em arco abatido e as superiores com vãos rectilíneos, destacando-se o remate de inspiração barroca de um dos panos, em espaldar curvo, com festões e remate em frontão triangular, apresentando pináculos tipicamente seiscentistas. O portal apresenta uma decoração semelhante, contrastando com a simplicidade do interior da vila e dos próprios prédios, que seguem o esquema comum na época, composto por um corredor estreito que liga às várias dependências, duas delas situadas nos extremos. Vila situada no coração das Avenidas Novas, sendo um dos raros exemplos na zona, onde se construíam casas particulares abastadas ou prédios de rendimento, destinados a famílias com algumas posses. Deve-se destacar a modelação da fachada principal, virada à rua, com ressaltos e pilastras, apresentando os vãos com modinaturas simples de cantaria, envolvidas por uma segunda moldura recortada, as do piso intermédio com fecho escalonado, numa invocação art deco, contrastando com as cruzes do piso superior e os arcos canopiais de um dos tramos, que será considerado o mais nobre em cada um dos edifícios, rematado por empena recortada e volutada, ornada por festões barrocos; neste mesmo tramo, destaca-se a janela de sacada, com elegantes modilhões e com guarda formada por elementos sinuosos de inspiração Arte Nova. A mistura de estilos em voga na altura com exemplos ultrapassados do neobarroco constitui o mais interessante da fachada principal do conjunto.
Número IPA Antigo: PT031106230284
 
Registo visualizado 315 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial multifamiliar  Edifício    

Descrição

Núcleo edificado, formando planta rectangular, composta por dois edifícios gémeos, separados por um pátio interno e ligados por o portão de acesso ao mesmo. Cada um dos edifícios é de planta rectangular simples, com coberturas homogéneas em telhados de quatro águas. Os edifícios evoluem em três pisos, o inferior composto por lojas e com acesso pela via pública e os superiores de habitação, tendo acesso pelo pátio central, com fachadas rebocadas e pintadas de amarelo, percorridas por embasamento de cantaria e rematadas em friso, cornija e beirada simples, com a fachada principal virada a N.. No piso inferior, apresentam cinco vãos em arco abatido e molduras de cantaria, correspondendo ao acesso às lojas e respectivas montras. Os dois pisos superiores, divididos por friso boleado e rasgados regularmente por janelas rectilíneas com molduras de cantaria simples, definem quatro panos, através de um ressalto no piso intermédio dos segundo e quarto panos, de onde partem pilastras que delimitam os panos correspondentes do segundo piso, rematadas por pináculos piramidais. As janelas do piso intermédio, de peitoril, apresentam, a envolver a moldura de cantaria, moldura recortada, com falsa pedra de fecho escalonada, a do terceiro tramo prolongando-se inferiormente, criando um avental voltado e ornado por festões. Os vãos do último piso correspondem a três janelas de peitoril, com moldura recortada em torno da de cantaria, formando elemento cruciforme, bastante rudimentar, no fecho, que se encontra descentrado, e a uma janela de sacada, em cantaria e assente em quatro modilhões, com guarda em ferro forjado, pintado de verde, formando elementos geométricos e vegetalistas estilizados; o vão apresenta, tal como os demais, moldura recortada, formando remate em canopo, onde se inscreve elemento vegetalista. O terceiro tramo do lado esquerdo e o segundo do direito apresentam remate mais elaborado, composto por empena contracurva e volutada, decorada por cartela, onde se inscrevem as iniciais "FS", envolvida por festões, sendo sobrepujada por cornija e pequeno frontão triangular. O acesso à vila processa-se por portão em arco de volta perfeita, com moldura de cantaria, encimado por empena contracurva e volutada, enquadrando festão e rematada em frontão triangular, sobrepujado por pináculos piramidais. Encontra-se protegido por duas folhas de ferro pintado de verde, ornado por enrolamentos e motivos geométricos, com chapa na zona posterior, e está flanqueado por duas guardas metálicas que protegem o pátio superior. Este acede a dois lanços de escadas, cada um com oito degraus, possuindo corrimão de ferro pintado de verde, levando a um pátio, com dois corredores de circulação, pavimentados a calçada de calcário, tendo, ao centro, enorme canteiro com árvores e flores. Confrontantes, os dois edifícios, cada um deles rasgado por três portas e por doze janelas de peitoril, no piso inferior e por quinze janelas semelhantes no piso superior, todos com molduras de cantaria simples e portas e caixilharias de madeira, protegidas por estores e barras de ferro no piso inferior. INTERIOR com pequeno vestíbulo e escadas de madeira, com guardas metálicas e corrimões de madeira, que ligam ao último piso. Cada fogo é composto por um corredor de entrada, que liga às várias dependências, situando-se duas delas no topo.

Acessos

Campo Pequeno, n.º 75. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,741189, long.: -9,145517

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, flanqueado, no lado esquerdo, por edifício plurifamiliar e, no lado direito, por edifício bancário, encontra-se inserido num dos quarteirões que envolvem a Praça do Campo Pequeno, no lado S., encontrando-se fronteiro à Praça de Touros do Campo Pequeno (v. PT031106230138) e da zona comercial e ajardinada que a envolve, separada por uma larga via pública, existente na confluência da Avenida João XXI com a Avenida de Berna.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: vila operária

Utilização Actual

Residencial: edifício residencial e comercial

Propriedade

Privada: pessoa singular / Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Francisco dos Santos (1930-1931).

Cronologia

1930 - 1931 - construção da vila pelo arquitecto Francisco dos Santos (1882-1970); 2007, 19 fevereiro - despacho do Presidente do IPPAR para abertura do procedimento administrativo relativo à eventual classificação do imóvel; 2007, 31 outubro - parecer desfavorável à classificação do conjunto pelo Conselho Consultivo; 2008, 19 março revogação do Despacho de abertura do processo de classificação, pelo diretor do IGESPAR.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista, rebocada e pintada; embasamentos, modinaturas, pináculos, sacada e pavimento do pátio em cantaria de calcário; elementos decorativos e modinaturas em estuque pintado; portão, guardas da sacada, do pátio e das escadas, grades em ferro forjado; portas, caixilharias e pavimentos de madeira.

Bibliografia

FERNANDES, José Manuel, e OUTROS, A Arquitectura do Princípio do Século em Lisboa (1900 - 1925), Lisboa, 1991.

Documentação Gráfica

IGESPAR: IPPAR

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IGESPAR: IPPAR; CML: Arquivo de Obras (pº nº 15.681)

Intervenção Realizada

2004 - recuperação da fachada principal, com tratamento de rebocos e pinturas; reforma dos elementos em estuque que se encontravam deteriorados.

Observações

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 1998 / Paula Figueiredo 2008

Actualização

 
 
 
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