|
Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Mosteiro masculino
|
Descrição
|
De planta em L irregular, composta pela articulação de quatro corpos sensivelmente retangulares, em torno de átrio, de volumes paralelepipédicos e articulados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas e três águas. O CORPO PRINCIPAL, correspondente à zona dos antigos dormitórios, é constituído por quatro pisos, com fachadas rebocadas e pintadas, percorridas por soco em cantaria e tendo os pisos separados por frisos do mesmo material. A fachada principal, virada a SE., apresenta três panos separados por pilastras colossais em cantaria; é rasgada regularmente por 17 janelas de peitoril com molduras simples em cantaria, destacando-se, no eixo, três janelas de sacada, cada uma delas suportadas por cinco mísulas, que surgem sobre o portal principal. A fachada posterior possui, ao nível do segundo piso, uma arcaria de volta perfeita em cantaria, adossada à parede e que delimita parte do átrio. No lado SO., existe um corpo correspondente à primitiva igreja, com acesso por escadaria lateral exterior e pequena galilé, tendo um segundo corpo adossado, localizado contiguamente, que apresenta pano de muro com placagem de cantaria e amplo vão em arco de volta perfeita com gradeamento metálico, pelo qual se acede ao átrio interno e às fachadas posteriores. No INTERIOR, regista-se a presença de amplos corredores com cobertura em abóbada de aresta, que asseguram a circulação por todo o edifício, para onde abrem os vários compartimentos. |
Acessos
|
Rua Nova do Desterro |
Protecção
|
Parcialmente incluído na Zona de Proteção no Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) |
Enquadramento
|
Urbano, destacado, isolado. |
Descrição Complementar
|
|
Utilização Inicial
|
Religiosa: mosteiro masculino |
Utilização Actual
|
Devoluto |
Propriedade
|
Privada: ESTAMO S.A. |
Afectação
|
Ministério da Saúde, Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) |
Época Construção
|
Séc. 16 / 17 / 18 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ARQUITETOS: Baltazar Álvares (1586). PEDREIROS: André Dias (1678); Francisco Gomes (1678). |
Cronologia
|
1570 - 1590 - a Ordem de São Bento funda um edifício em Lisboa, onde pudessem ficar os monges quando se deslocavam à capital para tratar qualquer assunto (Convento de Nossa Senhora da Estrela - v. PT031106170623); os frades bernardos da ordem de Cister resolvem fazer o mesmo e procuram fundar uma casa em Lisboa; 1586 - o projeto já está concluído e deve-se ao arquiteto régio Baltazar Álvares (c. 1570-1624); 1591, 08 abril - lançamento da primeira pedra do mosteiro de Nossa Senhora do Desterro, na então denominada Rua Nova, nas proximidades da Gafaria de São Lázaro; para a sua construção, concorre a Ordem, tendo a casa-mãe doado alguns bens à nova casa, como a Quinta de Barcarena, o Casal de São Marcos e a Quinta dos Olivais; 1656-1683 - D. Afonso VI, durante o seu reinado, dá várias esmolas para a construção da igreja que ainda não se achava concluída; 1683-1706 - D. Pedro II doa várias esmolas para a construção da igreja; 1707 - o convento é composto por três dormitórios, com as suas celas, com tetos abobadados, surgindo em cada andar 18 janelas, centradas pela janela regral, prevendo-se, ainda, a construção de um quarto dormitório; todos eles dão para as hortas, que se espraiam pela freguesia dos Anjos; no segundo piso, adaptando-se ao desnível do terreno, a Portaria, que serve, nesta data, de igreja, que liga a um claustro quadrangular, com três arcos por ala, tudo em pedra lavrada; este liga a um segundo claustro, ainda em construção; a igreja conventual encontra-se em construção, tendo a fachada principal em pedraria, rematada em frontão triangular, sendo dividida em dois pisos e três panos, o inferior com três arcos de acesso a pequena galilé com três portas, e os superiores com janelas, ambos ladeados por quatro nichos de volta perfeita; no interior, a nave é em cantaria, composta por cinco capelas fundas de cada lado, com acesso por arcos de volta perfeita, surgindo, junto ao cruzeiro, dois púlpitos, estando a demais obra por concluir; conta com duas irmandades, a de Nossa Senhora do Desterro e da Cruz; 1750 - na sequência do incêndio que atinge o Real Hospital de Todos os Santos, os doentes são transferidos para as dependências do mosteiro; 1755, 01 novembro - o terramoto provoca danos significativos, nomeadamente a queda da abóbada da igreja, subsistindo parcialmente a fachada principal e os muros laterais; início das reparações pelos religiosos; 1758, 10 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco dos Anjos, António Carlos de Oliveira, é referido o Mosteiro, sem qualquer informação adicional; 1814 - saída dos religiosos cistercienses e instalação sucessiva no complexo arquitetónico conventual do Colégio dos Meninos Órfãos da Mouraria e da Casa Pia; 1834 - na sequência do decreto que determina a expulsão das ordens religiosas a Casa Pia transfere-se para o Mosteiro de Santa Maria de Belém, abandonando assim o antigo Convento do Desterro; 1955 - no local é criado o Museu da Dermatologia Portuguesa, Dr. Sá Penella; 1956, 15 maio - inauguração, com a presença do Ministro do Interior, da obra de melhoramentos do edifício; 1857 - o edifício é anexado ao hospital de São José, depois de nele terem funcionado sucessivamente um quartel e o hospital da Marinha, o edifício do Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro, que durante 164 anos tinha pertencido à Ordem dos Frades Bernardos, passa a chamar-se Hospital do Desterro; séc. 20, década de 30 - a igreja está entregue à Irmandade de Santa Cruz e dos Passos do Desterro; 2006, fevereiro - projeta-se o encerramento do hospital; 2007, março - o Governo encerra o hospital; 2012-2013 - é realizado pelo gabinete de arquitetura Inês Lobo o Estudo Urbano para a Colina de Santana, Lisboa, através de uma encomenda da ESTAMO (empresa que gere património imobiliário do Estado e que adquire este imóvel, hospital do desterro, ao Ministério da Saúde por 9,24 milhões de Euros), onde está incluído o edifício do hospital do Desterro; 2013, 28 maio - é assinado um protocolo entre a CML, a ESTAMO e a MAINSIDE (empresa promotora da Lx Factory), tendo em vista a reabilitação e reutilização do Hospital do Desterro, cuja empresa MAINSIDE será responsável pela gestão do espaço do antigo hospital, concessionado por um período de 20 anos pela ESTAMO, o projecto visa a adaptação do espaço para exploração e para a realização de eventos culturais. |
Dados Técnicos
|
Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
|
Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira |
Bibliografia
|
ALMEIDA, D. Fernando de, (dir. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Vol. II-Lisboa, 1975; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. III, Liv. IV, Lisboa, s.d.; CAEIRO, Baltazar Matos, Os Conventos de Lisboa, Lisboa, 1989; CASTILHO, Júlio de, Lisboa Antiga. Bairro Alto, Vol. IV, Lisboa, 1954 - 1966; HAUPT, Albrecht, A Arquitectura do Renascimento em Portugal, Lisboa, 1986 (1ª ed. 1903 - 1909); Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1951, Lisboa, 1952; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1954, Lisboa, 1955; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1955, Lisboa, 1956; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 1º Volume, Lisboa, 1959; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959, 1º Volume, Lisboa, 1960; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961, 1º Vol., Lisboa, 1962; Mosteiros, Conventos e Casas Religiosas de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1972, vol. II; PEREIRA, Luís Gonzaga, Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 1924; ICOMOS-FAUTL, 2014,01,23, http://icomos.fa.utl.pt/documentos/2010/hospitalar/CeliapilaoColina%20de%20SantAna%20Uma%20Rota%20Urbana.pdf; Público, Imobiliário, 2014,01,22, Hospital do Desterro vai ter vida nova;
Câmara Municipal de Lisboa, 2014,01,22, http://www.cm-lisboa.pt/noticias/detalhe/article/reabilitacao-e-reutilizacao-do-hospital-do-desterro; Inés Lobo arquitectos, 2014,01,22, http://www.ilobo.pt/ines_lobo_arquitectos_lda/portfolio.pdf, pp. 6-9. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRELisboa/DRC |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
|
|
Intervenção Realizada
|
DGEMN: 1951 - obras de beneficiação pelas Direcções dos Serviços de Construção e Conservação; 1954 - realização de obras de remodelação e conservação pela Direcção dos Serviços de Construção e Conservação; 1955 - execucão de obras de beneficiação do Serviço I, pela Direcção dos Serviços de Construção e Conservação; 1957 - beneficiação e remodelação do serviço de dermatologia pelos Serviços de Construção e Conservação; 1958 - realização de diversas obras na sala 1 e 2 do Serviço 3; 1959 - instalação de um monta-cargas no Serviço 1 Salas 1 e 2, pelos Serviços de Construção e Conservação; 1961 - execução da ampliação da sala 1, do serviço 1, pelos Serviços de Construção e de Conservação. |
Observações
|
|
Autor e Data
|
Teresa Vale e Maria Ferreira 1998 |
Actualização
|
joana vilhena (Contribuinte externo) 2014 |
|
|
|
|
| |