Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro / Hospital do Desterro

IPA.00005035
Portugal, Lisboa, Lisboa, Arroios
 
Arquitectura religiosa, maneirista e barroca. Mosteiro cisterciense.
Número IPA Antigo: PT031106060398
 
Registo visualizado 1772 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  

Descrição

De planta em L irregular, composta pela articulação de quatro corpos sensivelmente retangulares, em torno de átrio, de volumes paralelepipédicos e articulados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas e três águas. O CORPO PRINCIPAL, correspondente à zona dos antigos dormitórios, é constituído por quatro pisos, com fachadas rebocadas e pintadas, percorridas por soco em cantaria e tendo os pisos separados por frisos do mesmo material. A fachada principal, virada a SE., apresenta três panos separados por pilastras colossais em cantaria; é rasgada regularmente por 17 janelas de peitoril com molduras simples em cantaria, destacando-se, no eixo, três janelas de sacada, cada uma delas suportadas por cinco mísulas, que surgem sobre o portal principal. A fachada posterior possui, ao nível do segundo piso, uma arcaria de volta perfeita em cantaria, adossada à parede e que delimita parte do átrio. No lado SO., existe um corpo correspondente à primitiva igreja, com acesso por escadaria lateral exterior e pequena galilé, tendo um segundo corpo adossado, localizado contiguamente, que apresenta pano de muro com placagem de cantaria e amplo vão em arco de volta perfeita com gradeamento metálico, pelo qual se acede ao átrio interno e às fachadas posteriores. No INTERIOR, regista-se a presença de amplos corredores com cobertura em abóbada de aresta, que asseguram a circulação por todo o edifício, para onde abrem os vários compartimentos.

Acessos

Rua Nova do Desterro

Protecção

Parcialmente incluído na Zona de Proteção no Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811)

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: ESTAMO S.A.

Afectação

Ministério da Saúde, Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC)

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: Baltazar Álvares (1586). PEDREIROS: André Dias (1678); Francisco Gomes (1678).

Cronologia

1570 - 1590 - a Ordem de São Bento funda um edifício em Lisboa, onde pudessem ficar os monges quando se deslocavam à capital para tratar qualquer assunto (Convento de Nossa Senhora da Estrela - v. PT031106170623); os frades bernardos da ordem de Cister resolvem fazer o mesmo e procuram fundar uma casa em Lisboa; 1586 - o projeto já está concluído e deve-se ao arquiteto régio Baltazar Álvares (c. 1570-1624); 1591, 08 abril - lançamento da primeira pedra do mosteiro de Nossa Senhora do Desterro, na então denominada Rua Nova, nas proximidades da Gafaria de São Lázaro; para a sua construção, concorre a Ordem, tendo a casa-mãe doado alguns bens à nova casa, como a Quinta de Barcarena, o Casal de São Marcos e a Quinta dos Olivais; 1656-1683 - D. Afonso VI, durante o seu reinado, dá várias esmolas para a construção da igreja que ainda não se achava concluída; 1683-1706 - D. Pedro II doa várias esmolas para a construção da igreja; 1707 - o convento é composto por três dormitórios, com as suas celas, com tetos abobadados, surgindo em cada andar 18 janelas, centradas pela janela regral, prevendo-se, ainda, a construção de um quarto dormitório; todos eles dão para as hortas, que se espraiam pela freguesia dos Anjos; no segundo piso, adaptando-se ao desnível do terreno, a Portaria, que serve, nesta data, de igreja, que liga a um claustro quadrangular, com três arcos por ala, tudo em pedra lavrada; este liga a um segundo claustro, ainda em construção; a igreja conventual encontra-se em construção, tendo a fachada principal em pedraria, rematada em frontão triangular, sendo dividida em dois pisos e três panos, o inferior com três arcos de acesso a pequena galilé com três portas, e os superiores com janelas, ambos ladeados por quatro nichos de volta perfeita; no interior, a nave é em cantaria, composta por cinco capelas fundas de cada lado, com acesso por arcos de volta perfeita, surgindo, junto ao cruzeiro, dois púlpitos, estando a demais obra por concluir; conta com duas irmandades, a de Nossa Senhora do Desterro e da Cruz; 1750 - na sequência do incêndio que atinge o Real Hospital de Todos os Santos, os doentes são transferidos para as dependências do mosteiro; 1755, 01 novembro - o terramoto provoca danos significativos, nomeadamente a queda da abóbada da igreja, subsistindo parcialmente a fachada principal e os muros laterais; início das reparações pelos religiosos; 1758, 10 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco dos Anjos, António Carlos de Oliveira, é referido o Mosteiro, sem qualquer informação adicional; 1814 - saída dos religiosos cistercienses e instalação sucessiva no complexo arquitetónico conventual do Colégio dos Meninos Órfãos da Mouraria e da Casa Pia; 1834 - na sequência do decreto que determina a expulsão das ordens religiosas a Casa Pia transfere-se para o Mosteiro de Santa Maria de Belém, abandonando assim o antigo Convento do Desterro; 1955 - no local é criado o Museu da Dermatologia Portuguesa, Dr. Sá Penella; 1956, 15 maio - inauguração, com a presença do Ministro do Interior, da obra de melhoramentos do edifício; 1857 - o edifício é anexado ao hospital de São José, depois de nele terem funcionado sucessivamente um quartel e o hospital da Marinha, o edifício do Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro, que durante 164 anos tinha pertencido à Ordem dos Frades Bernardos, passa a chamar-se Hospital do Desterro; séc. 20, década de 30 - a igreja está entregue à Irmandade de Santa Cruz e dos Passos do Desterro; 2006, fevereiro - projeta-se o encerramento do hospital; 2007, março - o Governo encerra o hospital; 2012-2013 - é realizado pelo gabinete de arquitetura Inês Lobo o Estudo Urbano para a Colina de Santana, Lisboa, através de uma encomenda da ESTAMO (empresa que gere património imobiliário do Estado e que adquire este imóvel, hospital do desterro, ao Ministério da Saúde por 9,24 milhões de Euros), onde está incluído o edifício do hospital do Desterro; 2013, 28 maio - é assinado um protocolo entre a CML, a ESTAMO e a MAINSIDE (empresa promotora da Lx Factory), tendo em vista a reabilitação e reutilização do Hospital do Desterro, cuja empresa MAINSIDE será responsável pela gestão do espaço do antigo hospital, concessionado por um período de 20 anos pela ESTAMO, o projecto visa a adaptação do espaço para exploração e para a realização de eventos culturais.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira

Bibliografia

ALMEIDA, D. Fernando de, (dir. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Vol. II-Lisboa, 1975; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. III, Liv. IV, Lisboa, s.d.; CAEIRO, Baltazar Matos, Os Conventos de Lisboa, Lisboa, 1989; CASTILHO, Júlio de, Lisboa Antiga. Bairro Alto, Vol. IV, Lisboa, 1954 - 1966; HAUPT, Albrecht, A Arquitectura do Renascimento em Portugal, Lisboa, 1986 (1ª ed. 1903 - 1909); Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1951, Lisboa, 1952; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1954, Lisboa, 1955; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1955, Lisboa, 1956; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 1º Volume, Lisboa, 1959; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959, 1º Volume, Lisboa, 1960; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961, 1º Vol., Lisboa, 1962; Mosteiros, Conventos e Casas Religiosas de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1972, vol. II; PEREIRA, Luís Gonzaga, Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 1924; ICOMOS-FAUTL, 2014,01,23, http://icomos.fa.utl.pt/documentos/2010/hospitalar/CeliapilaoColina%20de%20SantAna%20Uma%20Rota%20Urbana.pdf; Público, Imobiliário, 2014,01,22, Hospital do Desterro vai ter vida nova; Câmara Municipal de Lisboa, 2014,01,22, http://www.cm-lisboa.pt/noticias/detalhe/article/reabilitacao-e-reutilizacao-do-hospital-do-desterro; Inés Lobo arquitectos, 2014,01,22, http://www.ilobo.pt/ines_lobo_arquitectos_lda/portfolio.pdf, pp. 6-9.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRELisboa/DRC

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

DGEMN: 1951 - obras de beneficiação pelas Direcções dos Serviços de Construção e Conservação; 1954 - realização de obras de remodelação e conservação pela Direcção dos Serviços de Construção e Conservação; 1955 - execucão de obras de beneficiação do Serviço I, pela Direcção dos Serviços de Construção e Conservação; 1957 - beneficiação e remodelação do serviço de dermatologia pelos Serviços de Construção e Conservação; 1958 - realização de diversas obras na sala 1 e 2 do Serviço 3; 1959 - instalação de um monta-cargas no Serviço 1 Salas 1 e 2, pelos Serviços de Construção e Conservação; 1961 - execução da ampliação da sala 1, do serviço 1, pelos Serviços de Construção e de Conservação.

Observações

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 1998

Actualização

joana vilhena (Contribuinte externo) 2014
 
 
 
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