Capela de Nossa Senhora do Monte / Igreja de Nossa Senhora do Monte

IPA.00005009
Portugal, Lisboa, Lisboa, São Vicente
 
Arquitectura religiosa, setecentista e oitocentista. Capela. O presépio possui peças executadas em várias épocas, algumas do início do séc. 19, reflectindo as gravuras dos Costumes Servis da Cidade de Lisboa, publicadas neste período. Possui duas Sagradas Famílias, uma moderna e a outra, secundarizada, que seria a original. As pastoras envergam camisas com as mangas bordadas, reflectindo influências italianas, bem como a existência de galinha paduana, num esquema semelhante ao utilizado no presépio da Madre de Deus (v. PT031106410009).
Número IPA Antigo: PT031106160047
 
Registo visualizado 3544 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta longitudinal composta por 2 rectângulos justapostos: nave e capela-mor, precedidos por galilé de planta quadrangular; a galilé é limitada por murete calcário sobre o qual assentam 9 pilares também em calcário, dois dos quais adossados à fachada principal; estes pilares suportam um telhado de três águas, em telha, com travejamento de madeira. Na fachada principal, dividida em dois registos, destaca-se o portal encimado por um óculo sobrepujado por empena com uma cruz. Torre sineira adossada ao flanco N. do edifício. Na fachada Sul, pórtico lateral antecedido por cinco degraus e, no registo superior uma janela. Nave e capela-mor cobertas por abobadilha de arco segmentado, decorada por pintura ornamental policroma: na capela-mor a pintura simula caixotões quadrados com rosetão central enquadrado em moldura poligonal. À entrada da nave, coro alto, sob o qual se encontra adossado, a extremo S. um compartimento com a cadeira de São Gens *2. Do outro lado, escada de acesso ao coro, assente em pilares de madeira de secção quadrangular e balaústre. Na nave, capela gradeada com presépio (em frente à porta lateral) e dois altares laterais, o da Epístola (lado S.) pouco profundo, o do lado do Evangelho (N.) mais profundo, em forma de capela. sendo mais profundo. Ladeando o arco triunfal, duas portas encimadas por nichos com as imagens de Sta Bárbara (lado N. porta de acesso à sacristia) e de Sta Luzia (lado S.) Na capela-mor, quatro painéis de azulejo formando silhar recortado, de composição figurativa, ilustrando cenas da vida de Maria. Retábulo em talha dourada, joanino, com a imagem de Nossa Senhora do Monte ladeada por Santo Agostinho e São Gens.

Acessos

Largo do Monte

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 23 421, DG, 1.ª série, n.º 296, de 28 dezembro 1933 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 4, de 06 janeiro 1960 *1

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado.

Descrição Complementar

O presépio, à entrada, do lado do Evangelho, representa uma Sagrada Família, estando Maria sentada com o Menino, disposta de forma piramidal, encontrando-se, no plano principal, uma segunda Sagrada Família e uma "Adoração dos Pastores"; em plano secundário, "Cortejo dos Reis Magos", com cavalgadas, no percurso das quais surge um templete clássico; algumas pastoras envergam camisas de mangas bordadas.

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Honorato José Correia de Macedo e Sá (séc. 19). ESCULTOR: António Ferreira (atr., séc. 18).

Cronologia

Séc. 13 - doação de uma devota aos eremitas de Santo Agostinho dos terrenos que compreendiam o cabeço do Monte para a construção de uma ermida, para substituir a primitiva capela de São Gens, situada a meia encosta; 1271 - os eremitas de Santo Agostinho mudam-se para o monte vizinho (onde viriam a edificar o convento da Graça); com a sua saída, a cadeira de São Gens, objecto de grande devoção popular, foi colocada no alpendre da capela, esta foi então entregue à irmandade de São Gens; 1306 - os Agostinhos pretendem recuperar a posse da ermida, o que conseguem, ficando a ermida a ser governada por um capelão (religioso do convento da Graça eleito em capítulo) que aí residia com um donato; séc. 18, 1.ª metade - execução de um presépio, talvez por António Ferreira; 1755, 01 novembro - a ermida é completamente destruída pelo terramoto e rapidamente substituída por uma provisória em madeira; 1757 - a ermida já se se encontra reconstruída e a cadeira de São Gens é recolocada no interior; remodelação do presépio; 1758, 10 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco dos Anjos, António Carlos de Oliveira, é referido que a capela é administrada pelos religiosos do Mosteiro da Graça, possuindo uma imagem alvo de grande devoção e romagem, sendo também alvo de grande devoção a imagem e cadeira de São Gens, onde se sentam as grávidas, a pedir um bom parto; séc. 19 - feitura de algumas peças para o presépio, nomeadamente um gurpo de vendedoras; reconstrução da capela pelo arquiteto Honorato José Correia de Macedo e Sá; 1834 - 1835 - as propriedades dos Agostinhos no Monte são adquiridas por Clemente José Monteiro, a quem o Governo confia a conservação e manutenção do culto na ermida; 1848 - falecimento de Clemente José Monteiro e reorganização da antiga irmandade dos Escravos de São Gens e de Nossa Senhora do Monte; 1969 - estragos provocados pelo sismo; 1999, 11 agosto - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, cantaria de calcário, reboco pintado, madeira, azulejos.

Bibliografia

CASTRO, João Baptista de, Mappa de Portugal, Lisboa, 1762 - 1763; LEAL, Joaquim José da Silva Mendes, Descripção Historica da Ermida de Nossa Senhora do Monte de São Gens, Lisboa, 1860; MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; Monumentos, n.º 18, Lisboa, DGEMN, 2003; PAIS, Alexandre Manuel Nobre da Silva, Presépios Portugueses Monumentais do século XVIII em Terracota [dissertação de Mestrado na Universidade Nova de Lisboa ], Lisboa, 1998; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à actualidade, Porto, Edições Afrontamento, 1994; PURIFICAÇÃO, Fr. António da, Chronica dos Agostinhos, Lisboa, 1656.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Intervenção Realizada

DGEMN: 1947 - pequenas reparações dos rebocos e da cobertura; 1949 - reparação geral das paredes exteriores; 1954 - reconstrução das coberturas dos anexos, reparação do telhado e limpeza do tecto da ermida, substituição de rebocos e pintura exterior, reparação de soalhos, pintura de caixilhos e portas, reparação geral da instalação eléctrica; 1955 - substituição de rebocos em paredes e tecto da sacristia e outras dependências, substituição de porta lateral; 1962 - obras de beneficiação geral, reparação da zona da cadeira de São Gens; 1964 - reconstrução do telhado; 1967 - obras de conservação, consolidação da torre sineira; 1969 - consolidação e reparação das coberturas; 1978 - obras gerais de conservação, demolição e reconstrução do tecto em placas de estafe; 1980 / 1982 - obras de conservação e reparação, substituição da estrutura do telhado em madeira por varas de betão; 1983 - pequenas obras de reparação nas paredes exteriores e portas; 1984 - fornecimento e instalação de um guarda-vento; 1993 - obras de reparação na zona do altar; 1997 - caiação de paredes; 2002 / 2003 - revisão das coberturas; reparação de rebocos e pinturas exteriores e interiores; reparação e pintura do tecto em madeira do alpendre; pintura das caixilharias e portas, gradeamentos e redes de protecção; revisão da instalação eléctrica.

Observações

*1 DOF: Capela de Nossa Senhora do Monte incluindo o alpendre, a cadeira de São Gens, móveis que guardam o presépio e o painel quinhentista com "Apresentação no Templo". *2 - a cadeira de São Gens ainda hoje é procurada por mulheres grávidas. Ainda existe a crença de que o facto de se sentarem na cadeira lhes propícia, supostamente, uma "boa e curta hora" na altura do parto.

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1993

Actualização

Lobo de Carvalho e Teresa Ferreira 1999
 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login