Palacete da Ribeira Grande / Escola Secundária Rainha D. Amélia

IPA.00005007
Portugal, Lisboa, Lisboa, Alcântara
 
Palácio barroco e ecléctico organizado dentro de um rectângulo, integrando capela como entidade semi-autónoma e tratamento diferenciado ao nível da fachada.
Número IPA Antigo: PT031106020296
 
Registo visualizado 3144 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palácio  

Descrição

Extensa construção de planta rectangular e volumetria escalonada, desenvolve-se em dois pisos e quinze tramos em que dominam as linhas horizontais. Desenvolvendo-se ao longo da rua da Junqueira, é temperado pela composição em altura de um corpo central e dois corpos extremos extremamente marcantes na estrutura do alçado principal, virado a Sul. O corpo central constitui o eixo de simetria e, avança em relação ao corpo principal o suficiente para evidenciar a sua função de acesso e entrada no espaço interior do Palácio. Nele, rasga-se um portão, ladeado por outros mais estreitos, ambos cobertos por uma varanda que abarca as três aberturas do piso superior. Sobre este conjunto levanta-se o frontão triangular, com as armas dos Câmaras, encostado a um alto espaldar, coroado por platibanda arrendada e ornada de acrotérios sendo a cobertura feita por telhados diferenciados a duas e a quatro águas. Uma forte cornija parte então da base do frontão, ao longo de toda a fachada, continuando pelas faces laterais, acompanhada por platibanda semelhante à do corpo central. Os corpos laterais, idênticos, desenvolvem-se em dois níveis, cada um animado pelo rasgamento de seis janelas, de peito no piso térreo e de sacada no piso superior, sendo as duas dos extremos, de emolduramento mais elaborado e coroadas por áticas. Lateralmente delimitados por cunhais de cantaria, os corpos laterais apresentam ainda um remate superior em platibanda vasada e cobertura em terraço. O alçado posterior, sobre os terrenos dos antigos jardins, apresenta cinco corpos, sendo os do meio e extremos de dois pisos, ao contrário dos intermédios que se desenvolvem apenas ao nível térreo. O corpo central é também aqui rematado por frontão triangular coroado com a pedra de armas dos condes da Ribeira Grande. No extremo mais ocidental do Palácio surge a fachada principal da capela de invocação a Nossa Senhora do Monte do Carmo que apresenta três corpos de dois andares correspondentes: o do meio, ao interior da nave, e os outros, mais estreitos, ás capelas laterals e ás tribunas. O primeiro é coroado por frontão triangular, sobrepujado por um elevado ático, onde se rasga uma clarabóia semicircular. A concordância com os corpos laterais faz-se por aletas curvas. A ordem e a simetria exteriores não têm correspondência no interior do palácio, onde a planta é dificilmente legível, uma vez que a sequência de espaços se efectua sem qualquer principio de composição ; o que demonstra que a fachada foi aposta a um conjunto de acrescentamentos. Isto explica certas incongruências, sendo a primeira que a entrada que figura como principal, uma vez transposta a porta, pareça menos que secundária, apenas uma passagem de recurso, sem acesso ao andar nobre. No interior merece ainda referência a antiga capela, com planta rectangular quase quadrada, nave única e capelas laterais, sobrepujadas, no nível superior pelas tribunas, apresenta a cobertura vasada ao centro ostentando um varandim de balaústres. Na capela-mor, coberta por abóbada de berço segmentar, observa-se o retábulo delimitado lateralmente por 2 colunas e superiormente por um frontão curvo, enquadra uma composição pictórica tendo por temática o orago, da autoria de Máximo Paulino dos Reis.

Acessos

Rua da Junqueira, n.º 62 a 78

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção conjunta da Capela de Santo Amaro (v. IPA.00006224), Palácio Burnay (v. IPA.00006535), Salão Pompeia (v. IPA.00006536) e Casa Nobre de Lázaro Leitão Aranha (v. IPA.00006221)

Enquadramento

Edificado numa antiga zona de ocupação de cariz aristocrático caracterizada pela existência de um número significativo de casas nobres de características eminentemente barrocas. Numa situação sobranceira ao rio, materializa-se sobre um terreno rectangular de acentuada direcção Nordeste/Sudoeste paralelo ao eixo que define a Rua da Junqueira, contribuindo de forma significativa para a composição e definição do plano de rua. Integrada num conjunto urbano consolidado, é limitada a Sul pela rua da Junqueira e a Oeste pela Travessa Conde Ribeiro e encontra-se adossado ao Palácio Burnay (v. PT031106020121).

Descrição Complementar

A capela tem ornatos e estuques com pinturas a têmpera que representam motivos relacionados com a invocação da capela, dedicada a Nossa Senhora do Carmo. A pedra de armas tem a leitura heráldica é a seguinte: de verde com uma torre coberta de prata, rematada por uma cruzeta de ouro, e sustida por 2 lobos rampantes de sua cor afrontados. Divisa: Pela Fé, Pelo Príncipe, Pela Pátria.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1701 - edificação de umas casas nobres neste local, pelo 2º marquês de Nisa, D. Francisco Luís Baltazar da Gama; c. 1730 - venda das casas nobres da Junqueira pelo 4º marquês de Nisa (pelo seu casamento com a herdeira desta casa), D. Nuno Teles da Silva (1709 - 1739), a D. José Zarco da Câmara, 4º conde da Ribeira Grande (1712 - 1757); 1754 - nascimento no palácio de D. Luís António José da Câmara, 6ª conde da Ribeira Grande, 1º elemento desta família a nascer no palácio da Junqueira; 1755 - o terramoto afecta pouco o edifício; Séc. 19, meados - obras de reedificação, empreendidas por D. Francisco de Sales Gonçalves Zarco da Câmara, 8º conde e 1º marquês da Ribeira Grande (1819 - 1872); 1852 - nasce no palácio D. João Gonçalves Zarco da Câmara, filho do 1º e único marquês da Ribeira Grande, que se distinguiria como poeta e dramaturgo; 1922 - colocação na fachada do palácio de uma lápide alusiva a D. João da Câmara; 1927 - a capela foi desanexada do núcleo principal do palácio, tendo sido vendida por D. Rui da Câmara (irmão do 10º conde, D. Vicente de Paula Gonçalves Zarco da Câmara) à sua sogra D. Amélia Burnay Morales de los Rios; 1930 - o palácio era pertença de D. Maria João da Câmara Bianchi (filha do 10º conde da Ribeira Grande) e parcialmente habitado por D. Eugénia de Melo Breyner (m. 1947), viúva de D. João da Câmara; 1929 - encontra-se instalado no edifício há já alguns anos o Colégio Arriaga; 1936 - é proprietário do edifício Gabriel José de Bianchi; 1936 - abertura do Colégio Novo de Portugal, instalado em parte do edifício; 1937 - o edifício é posto à venda; 1939 - a parte principal do palácio encontrava-se então ocupada pelo Liceu D. João de Castro; 1947 - o edifício é parcialmente habitado por D. Maria de Jesus Zarco da Câmara, filha de D. Eugénia de Melo Breyner; 1954 - o edifício permanecia ainda na posse da família dos condes da Ribeira Grande; 1963 - encontrava-se instalado em parte do edifício o Liceu Rainha D.Leonor e a capela era propriedade de José Rino de Avelar Frois, marido de uma filha e herdeira de D. Amélia Burnay Morales de los Rios; 1991, 18 janeiro - proposta de abertura do processo de classificação pelo IPPC; 07 fevereiro - Desapcho de abertura do processo de classificação pelo presidente do IPPC; 1998, Agosto - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2002 - secessão da actividade escolar do Liceu Rainha Dona Amélia; 2009, 23 outubro - o processo de classificação caduca nos termos do artigo 78.º do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206, publicado nesta data; 2010, 31 dezembro - proposta de revogação do despacho de abertura do processo de classificação pela DRCLVTejo.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes, estrutura mista

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, estuques pintados, madeira dourada e pintada, ferro forjado

Bibliografia

LAMAS, Artur, A Rua da Junqueira, Lisboa, 1922; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Livro 9, Lisboa, s.d.; LEÃO, Luís Ferros Ponce de, Portas e Brasões de Lisboa, Lisboa, s.d.; SANCHES, José Dias, Belém e Arredores Através dos Tempos, Lisboa, 1940; ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fasc. 7, Lisboa, 1950; VIDAL, Frederico Gavazzo Perry, Os Velhos Palácios da Junqueira, in Olisipo, Ano XVIII, Nº 71, Jul. 1955; POVOLIDE, Condessa de, A Nossa Junqueira, Lisboa, 1959; SOUTO, António de Azevedo Meyrelles do, Uma Relíquia Setecentista em Via de Desaparecer, in Olisipo, Ano XXVI, Nº 102, Abr. 1963; SANCHES, José Dias, Belém do Passado e do Presente, Lisboa, 1970; FERREIRA, Fátima, DIAS, Francisco S., CARVALHO, José S., PEREIRA, Nuno Teotónio, PONTE, Teresa N. da, Guia

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; CML: Arquivo de Obras, pº nº 11.797

Intervenção Realizada

1930 - obras de pintura exterior; 1935 / 1936 - obras de reparação; 1940 - obras de pintura exterior; 1941 - obras de reparação do pavilhão do jardim e muro de suporte; 1950 - obras de pintura exterior; 1990, década - conservação da zona central; 1997 - conservação da cobertura na zona lateral direita.

Observações

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1995 / João Marques e Ricardo Porfírio 2003

Actualização

Lobo de Carvalho 1998
 
 
 
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