Castro do Monte Castelo de Guifões / Monte Castelo

IPA.00004978
Portugal, Porto, Matosinhos, União das freguesias de Custóias, Leça do Balio e Guifões
 
Aglomerado proto-urbano. Povoado proto-histórico com ocupação romana e medieval. Povoado fortificado / castro circundado por três linhas de muralhas, tendo na plataforma superior um templo, e no sopé do outeiro um forno cerâmico. Integra ainda uma necrópole. O castro é apontado como o local onde foi instalada a primeira grande povoação do território que corresponde a Matosinhos. Segundo o arqueólogo José Varela, os vestígios "em zona periférica do castro", indicam que a povoação se estendia até à margem do rio Leça, "onde se crê ter existido um entreposto de comércio marítimo que terá assumido uma grande importância durante o período de romanização da Península Ibérica".
Número IPA Antigo: PT011308020006
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Povoado  Povoado proto-histórico  Povoado fortificado   

Descrição

Povoado fortificado defendido por três linhas de muralhas que o circundam. A plataforma superior do povoado, actualmente ocupada por um campo de tiro, foi ocupada por construções e arruamentos, estando estes, aparentemente, a estruturar a organização das mesmas. Um dos edifícios detectado, de planta rectangular, com piso em barro e possuindo um lareira com lastro em tijolos assentes horizontalmente, conservava in situ, numa parede, um silhar com insculturas apresentando um tetrásceles constituído por serpentes geminadas como tema decorativo principal, no que o arqueólogo Neves dos Santos interpretou como sendo um santuário ligado ao culto funerário. O mesmo arqueólogo detectou um outro edifício que conservava a base de coluna e o respectivo fuste, aventando a hipótese de se tratar de um templo romano. Na encosta O., na zona recentemente intervencionada, foi detectado um núcleo habitacional familiar de construções de planta circular e rectangular, com pátio lajeado, verificando-se sobreposições de muros reveladores de ocupações sucessivas do local. Na base O. do povoado, durante as escavações da década de 1960, também foram detectadas construções de planta rectangular, aparentemente organizadas em bairros, algumas com pátios lajeados, e estando todo o conjunto estruturado por arruamentos lajeados. Perto deste local, ainda durante as mesmas escavações, apareceu um possível forno cerâmico construído em tijolo, do qual já não se conserva qualquer vestígio. Também na base do outeiro, a E., foi detectada uma necrópole, entretanto destruída. Neste local terá existido um castelo medieval, e embora tenha aqui sido registado espólio cerâmico coevo não se tenha detectou qualquer estrutura com ele relacionado.

Acessos

Guifões, caminho de pé posto a partir do final da Rua do Monte do Castelo

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 516/71, DG, 1.ª série, n.º 274, de 22 novembro 1971

Enquadramento

Rural, na periferia de Guifões, outeiro destacado urbanizado no topo e na vertente E., estando coberto com pinhal a restante área, sobranceiro à foz do Rio Leça.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Época Construção

Proto-história

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUEÓLOGO: José Varela (2016).

Cronologia

900 a.C., cerca - data mais antiga dos artefactos arqueológicos encontrados no castro; séc. 05 a.C. - séc. 05 - período durante o qual o castro é habitado; alta Idade Média - documentada a reocupação do local com a construção de um pequeno castelo; séc. 10 / 11 - o local é referenciado na documentação como castrum quiffiones; 2018 - os proprietários de uma parcela de terreno ocupado pelo castro decidem vender as árvores a madeireiros, os quais, com maquinaria pesada provocam a destruição de várias estrituras e caminhos do povoado; na sequência, a Câmara Municipal de Matosinhos apresenta uma queixa-crime ao Ministério Público.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes; muralhas construídas com silhares assentes em seco, constituídas por dois paramentos paralelos preenchidos interiormente com pedra miúda; paredes das construções em dois paramentos.

Materiais

Muralhas e construções em granito; cobertura de construções com tegula e imbrex; pavimentos das construções em terra batida e barro; arruamentos pavimentados com lajes graníticas; estrutura do forno em tijolo.

Bibliografia

«Abate de árvores destrói parcialmente estação arqueológica em Matosinhos». In ZAP - aeiou. 05 setembro 2018; ALMEIDA, Carlos A. Ferreira de - Romanização das terras da Maia. Maia: 1969, p. 33; ALMEIDA, Carlos Alberto F. de - Castelogia Medieval de Entre-Douro-e-Minho. Desde as origens a 1220. Porto; Dissertação complementar de doutoramento, 1978, pp. 37-38; CLETO, Joel - «Castro de Guifões: A primeira cidade de Matosinhos». In Matosinhos - Revista Municipal. Matosinhos: 1993, n.º 4, pp. 38-44; FELGUEIRAS, Guilherme - Monografia de Matosinhos. Matosinhos: 1958, pp. 3, 12-15; PINTO, Rui de Serpa - «Introdução à arqueologia portuense». In O Tripeiro. Porto, 1927, n.º 26, pp. 24-25; SANTOS, Joaquim Neves dos - «Altar com covinhas do Castro de Guifões». In Studium Generale. Porto: 1962, n.º 9, pp. 111-117; SANTOS, Joaquim Neves dos - «Coberturas vitrificadas em louça doméstica do Castro de Guifões». In Lucerna. Porto: 1963, n.º 3, pp. 157-166; SANTOS, Joaquim Neves dos - Guifões. Notas Arqueológicas, Históricas e Etnográficas. Matosinhos. 1955, vol. 1, pp. 25-60; SANTOS, Joaquim Neves dos - «Marcas dedadas nas telhas romanas do Castro de Guifões». In Studium Generale. Porto: 1962, n.º 9, p. 230-282; SANTOS, Joaquim Neves dos - «Serpentes geminadas em suástica e figurações serpentiformes do Castro de Guifões». In Lucerna. Porto: 1963, n.º 9, pp. 136-156; VASCONCELLOS, José Leite de - «O Castelo de Guifões». In O Archeologo Português. Lisboa: 1898, n.º 4, pp. 270-272; VIEIRA, André - «Encontrada casa do séc. I a.C. em Matosinhos». In Público. Porto: 02 junho 2016, p. 15; VIEIRA, José Augusto - O Minho Pittoresco. Lisboa: 1887, n.º 2, p. 670.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1878 - Escavações arqueológicas sob orientação de Martins Sarmento; séc. XX, inícios - escavações arqueológicas sob orientação de Rocha Peixoto; séc. XX, primeiro quartel - escavações arqueológicas sob orientação de Rui de Serpa Pinto e Mendes Corrêa; década de 1950 / 1960 - escavações arqueológicas sob orientação de Joaquim Neves dos Santos; 1993 / 1994 - escavação arqueológica sob orientação de Joel Cleto; 2016 - campanha de escavações arqueológicos no castro, no âmbito de um protocolo estabelecido entre a Câmara Municipal de Matosinhos e o Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo-se posto a descoberto as ruínas de uma casa do séc. 01, encontrados alguns muros e artefactos provenientes do sul de Espanha, Itália e norte de África.

Observações

A plataforma superior do povoado foi completamente destruída pela construção do campo de tiro e instalações do Clube de Caçadores de Matosinhos, enquanto a encosta E. está completamente ocupada por uma urbanização. O seu espólio é constituído por machados polidos, fragmentos de cerâmica comum da Idade do Ferro, cerâmica comum romana, alguma da qual pintada, cerâmica de importação romana, ânfora, lucernas, recipientes em vidro, tegula, imbrex, mós manuárias, pesos de tear e pesos de rede de pesca, fíbulas, objectos de adorno, escória de ferro, artefactos metálicos (ferramentas artesanais, alfaias agrícolas), numismas, cerâmica de importação tardo-romana, cerâmica comum medieval, cerâmica medieval vidrada. O espólio está depositado no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, no Museu do Instituto de Antopologia da Faculdade de Ciências do Porto, no Museu Municipal da Figueira da Foz, e no Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Matosinhos.

Autor e Data

Isabel Sereno e Paulo Amaral 1994

Actualização

 
 
 
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